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EVIDÊNCIAS DE SUPERNOVAS DESCOBERTAS EM AMOSTRAS GELO
25 de Fevereiro de 2009

 

Astrónomos chineses e árabes deixaram-nos documentos históricos de uma supernova que ocorreu na nossa própria Galáxia no ano 1006 (SN 1006), e outra 48 anos depois (SN 1054). Algumas das escrituras acerca de SN 1006 mencionam uma explosão visual com cerca de metade do tamanho da Lua, e com um brilho tão grande que iluminava o chão à noite. Nós sabemos que estas escrituras não eram apenas delírios de alguém com uma fantástica imaginação porque conseguimos observar os "restos" destas supernovas; o resto de supernova 1006 e a Nebulosa do Caranguejo. Mas agora existem mais provas. Uma equipa de cientistas japoneses descobriu evidências de supernovas em amostras de gelo.

Pensa-se que os raios-gama de supernovas vizinhas tenham tido um impacto significativo na nossa atmosfera, em particular na produção excessiva de óxido de nitrogénio. As amostras de gelo são conhecidas por conterem ricas informações no que toca a climas passados, e os cientistas pensam que as amostras possam também conter registos de fenómenos astronómicos. Em 1979, um grupo de investigadores sugeriu a ideia quando encontraram picos de concentração do ião nitrato (NO3-) numa amostra de gelo obtida no Pólo Sul, que pode estar relacionada com as supernovas conhecidas historicamente, Tycho (1572), Kepler (1604) e SN 1181 (1181). Os seus achados, no entanto, não foram suportados por estudos subsequentes por outros investigadores usando diferentes amostras de gelo, e os resultados permaneceram controversos e confusos.

Mas em 2001, uma equipa de cientistas do Japão obteve uma amostra de gelo com 122 metros na estação Dome Fuji na Antárctica. A uma profundidade de cerca de 50 metros, correspondendo ao século XI, descobriram três picos de óxido de nitrogénio, dois deles separados por 48 anos e facilmente identificáveis como pertencendo a SN 1006 e SN 1054. A equipa especula que o misterioso terceiro pico pudesse ter sido provocado por outra supernova, visível apenas do hemisfério sul.

Adicionalmente, a equipa viu uma variação de 10 anos nos níveis de fundo do óxido de nitrogénio, quase de certeza provocado pelo ciclo de 11 anos do Sol, um efeito que já tem sido observado nas amostras de gelo. Esta é uma das raras vezes em que um ciclo solar distinto foi observado, durante um período, antes dos estudos de referência de Galileu Galilei com o seu telescópio.

Também viram um número de picos de sulfato de erupções vulcânicas conhecidas como a de Taupo, Nova Zelândia, no ano 180, e El Chichon, México, em 1260.

A equipa disse que o esticar ainda mais a sua análise para amostras de gelo mais profundas e mais recentes, daria mais informações sobre as supernovas galácticas e sobre a história da actividade solar, e que se encontram agora no processo de fazer medições iónicas cobrindo os últimos 2000 anos, incluindo análises de todas as supernovas históricas conhecidas e de todos os períodos solares.

Links:

Notícias relacionadas:
Artigo científico (formato PDF)
Blog arXiv

Amostras de gelo:
Wikipedia

 


Montagem de fotos obtidas durante a perfuração de amostras de gelo na Groenelândia em 2005.
Crédito: Universidade Estatal Emporia
(clique na imagem para ver versão maior)


Gráfico que mostra a concentração de NO3 numa amostra de gelo.
Crédito: Yuko Motizuki, et al.
(clique na imagem para ver versão maior)

 
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