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EM TITÃ ESTÁ A CHOVER METANO
4 de Fevereiro de 2009

 

Imagens recentes de Titã obtidas pela sonda Cassini da NASA confirmam a presença de lagos de hidrocarbonetos líquidos ao capturar mudanças nos lagos derivadas de precipitação.

Durante vários anos, os cientistas da Cassini suspeitavam que as áreas escuras perto dos pólos Norte e Sul da maior lua de Saturno pudessem ser lagos líquidos. Uma análise, publicada a semana passada na revista Geophysical Research Letters, de imagens recentes da região polar Sul de Titã, revela novas características de lagos não observadas em imagens da mesma região capturadas um ano antes. A presença de enormes sistemas de nuvens cobrindo a área no ano sucedido sugere que os novos lagos possam ser o resultado de grandes chuvas e que alguns lagos possam dever a sua presença, tamanho e distribuição pela superfície de Titã ao seu clima e estações.

As câmaras de alta-resolução do instrumento ISS (Imaging Science Subsystem) da Cassini estudaram agora quase toda a superfície de Titã numa escala global. Um mapa actualizado de Titã, também anunciado pela equipa de imagem da Cassini, inclui as primeiras imagens infravermelhas da porção Norte do hemisfério principal, o "distrito de lagos" - capturadas a 15 e 16 de Agosto, 2008. (O hemisfério principal de uma lua é aquele que aponta sempre na direcção do seu movimento à medida que orbita o planeta.) Estas imagens do ISS complementam dados em alta-resolução dos instrumentos VIMS (Visible and Infrared Mapping Spectrometer) e RADAR da Cassini.

Tais observações documentam maiores porções de metano líquido no hemisfério Norte do que no hemisfério Sul. E, à medida que o Verão chega ao hemisfério Norte, os cientistas da Cassini prevêm grandes sistemas convectivos de nuvens que aí se irão formar, e os maiores níveis de precipitação que os inferidos no Sul poderão fazer crescer o número e dimensão dos lagos de hidrocarbonetos a Norte.

Alguns dos lagos polares Norte são enormes. Cheio, Kraken Mare - com 400.000 quilómetros quadrados -- seria quase cinco vezes maior que o Lago Superior da América do Norte. Todas as áreas polares escuras (lagos) observadas pelo ISS totalizam mais de 510.000 quilómetros quadrados -- quase 40% mais que o maior "lago" da Terra, o Mar Cáspio.

No entanto, a evaporação destes grandes reservatórios à superfície não é grande o suficiente para reabastecer a perda de metano da atmosfera devida às chuvas, à formação e ao eventual depósito à superfície de partículas de neblina derivadas do metano.

"Um estudo recente sugeriu que não existe metano líquido suficiente na superfície de Titã para reabastecer a atmosfera ao longo de grandes períodos de tempo," disse a Dra. Elizabeth Turtle, associada da equipa de imagem da Cassini do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins em Laurel, Maryland, e a autora principal da publicação. "O nosso mapa providencia mais cobertura dos pólos de Titã, mas mesmo que todas as características que aí vemos estivessem preenchidas por metano líquido, continuava a não haver o suficiente para manter a atmosfera por mais de 10 milhões de anos."

Combinada com análises prévias, as novas observações sugerem a existência de reservatórios subterrâneos de metano.

Titã é o único satélite no Sistema Solar com uma espessa atmosfera na qual ocorre química orgânica complexa. "É unico," afirma Turtle. "Há quanto tempo existe a atmosfera de Titã ou pode continuar a existir, permanece ainda uma questão em aberto."

Essa questão e outras relacionadas com a meteorologia da lua e os seus ciclos sazonais podem ser melhor explicadas pela distribuição dos líquidos à superfície. Os cientistas também estão a investigar o porquê dos líquidos serem recolhidos nos pólos em vez de em latitutes baixas, onde ao invés as dunas são mais comuns.

"Os trópicos de Titã podem ser razoavelmente secos porque passam por breves episódios de precipitação na Primavera e no Outono, à medida que o pico da luz solar alterna de hemisfério," disse o Dr. Tony DelGenio do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da NASA em Nova Iorque, co-autor e membro da equipa de imagem da Cassini. "Será interessante descobrir se nuvens e lagos temporários se formam perto do equador nos próximos anos."

Titã e as transformações à sua superfície, trazidas pelas estações, irão continuar a ser um dos grandes alvos de investigação durante a missão Equinócio da Cassini.

Links:

Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
SPACE.com
New Scientist
SpaceRef
Science
Discover
PHYSORG.com
National Geographic
MSNBC

Titã:
Solarviews
Wikipedia

Saturno:
Solarviews
Wikipedia

Cassini:
Página oficial (NASA)
Wikipedia

 


Imagens da região polar Sul de Titã, obtidas pela Cassini em 2005 (imagens à direita), mostram áreas escuras que não estavam presentes em 2004 (imagens à esquerda), representando lagos. Durante o ano que passou entre as imagens, nuvens (características brilhantes) frequentemente apareciam e sugeriam a queda de chuva de metano, responsável pelo aparecimento dos lagos.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute
(clique na imagem para ver versão maior)


Mapas actualizados da lua de Saturno, Titã, que consistem de dados obtidos pelo sistema de imagem da Cassini.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute
(clique na imagem para ver versão maior)

 
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