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EXPLICADA A ORIGEM DA MISTERIOSA LUZ ZODIACAL
20 de Abril de 2010

 

A origem do misterioso brilho que se prolonga pelo céu nocturno foi identificado por cientistas que examinaram as partículas que compõem a luminosa nuvem de poeira.

Com o nome de Luz Zodiacal, o ténue brilho é provocado por milhões de pequenas partículas ao longo do percurso seguido pelo Sol, pela Lua e pelos planetas, também conhecido como eclíptica.

O brilho ténue e esbranquiçado, que pode melhor ser observado no céu nocturno mesmo depois do pôr-do-Sol ou antes do nascer-do-Sol na Primavera e no Outono, foi pela primeira vez identificado por Joshua Childrey em 1661 como luz solar espalhada na nossa direcção por partículas de poeira no Sistema Solar.

Mesmo assim, a fonte desta espessa nuvem de poeira tem sido tópico de debate.

Num novo estudo, David Nesvorny e Peter Jenniskens descobriram que mais de 85% da poeira zodiacal é oriunda da família de cometas de Júpiter (assim denominados porque as suas órbitas são alteradas pela passagem próxima pelo gigante gasoso, Júpiter), e não de asteróides, como se pensava anteriormente.

"Este é o primeiro modelo inteiramente dinâmico da nuvem zodiacal," afirma Nesvorny, cientista planetário do Instituto de Pesquisa do Sudoeste em Boulder, Colorado, EUA. "Nós descobrimos que a poeira dos asteróides não é agitada o suficiente ao longo da sua vida para tornar a nuvem de poeira zodiacal tão espessa como é. Apenas a poeira de cometas de curto-período é suficientemente dispersada por Júpiter para tal acontecer."

Os investigadores identificaram a poeira oriunda da família de cometas de Júpiter após examinar a forma da nuvem zodiacal, afirma Nesvorny.

"Outros cometas, como os cometas tipo-Halley, têm grandes inclinações orbitais," salienta Nesvorny. "Eles aproximam-se do Sistema Solar interior a partir de todas as direcções, por isso se fossem estes os produtores da nuvem zodiacal, seria quase uma bola e não um disco. Os telescópios como o Spitzer, mostram que a nuvem zodiacal é um disco. Isto aponta para a família de cometas de Júpiter, que têm inclinações mais moderadas."

Estes resultados confirmam o que Jenniskens, um astrónomo do Instituto SETI em Mountain View, Califórnia, há muito suspeitava. Perito em chuvas de meteoros, Jenniskens notou que a maioria delas consiste de poeira que se move em órbitas similares às dos cometas da família de Júpiter.

Jenniskens descobriu um cometa inactivo na chuva de meteoros Quadrântidas em 2003 e desde aí já identificou vários corpos do mesmo género.

Embora a maioria deles estejam actualmente inactivos na sua órbita actual em torno do Sol, todos se fragmentaram violentamente à mesma altura, há milhares de anos atrás, criando detritos na forma de correntes de poeira que agora migraram para a órbita da Terra.

Nesvorny e Jenniskens, com a ajuda de Harold Levison e William Bottke do Instituto de Pesquisa do Sudoeste, David Vokrouhlicky do Instituto de Astronomia da Universidade Charles em Praga, e Matthieu Gounelle do Museu de História Natural em Paris, demonstraram que estas perturbações cometárias explicam a espessura observada na camada de poeira da nuvem zodiacal.

E ao fazê-lo, resolveram outro mistério.

Há muito que se sabe que a neve na Antártica contém uma percentagem notável de micrometeoritos, e que 80-90% destes têm uma composição primitiva peculiar, rara entre os meteoritos maiores que se formaram a partir de asteróides.

"Estes micrometeoritos são pequenos meteoritos com aproximadamente 0,1 mm em tamanho," explica Nesvorny. "São encontrados no gelo da Antártica, e não se sabia porque é que têm uma composição diferente dos maiores meteoritos encontrados noutros lados."

Nesvorny e Jenniskens sugerem que os micrometeoritos da Antártica são na realidade fragmentos de cometas, o que explica a composição diferente dos outros meteoritos que vêm da cintura de asteróides. De acordo com os seus cálculos, os grãos cometários mergulham pela atmosfera da Terra a velocidades baixas o suficiente para sobreviverem e alcançarem o chão.

O estudo encontra-se na edição de 20 de Abril do Astrophysical Journal.

Links:

Notícias relacionadas:
Artigo científico (formato PDF)
Science
SPACE.com

Luz Zodiacal:
Wikipedia

 


Luz Zodiacal observada em Paranal.
Crédito: ESO
(clique na imagem para ver versão maior)


A poeira entre os planetas, que espalha a luz solar, não veio da cintura de asteróides (aqui a verde), mas da perturbação periódica de cometas que passam a maior parte do seu tempo perto da órbita de Júpiter.
Crédito: Andrew Blanchard, David Nesvorny e Peter Jenniskens/SWRI/Instituto SETI
(clique na imagem para ver versão maior)

 
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