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MANCHAS SOLARES AUMENTAM E DIMINUEM A DURAÇÃO DO DIA NA TERRA
31 de Agosto de 2010

 

A maioria de nós não se apercebe, mas nem todos os dias têm a mesma duração. Agora parece que as manchas solares - regiões escuras que aparecem na superfície do Sol - podem ser parcialmente responsáveis pelas flutuações de milisegundo no tempo que a Terra demora para completar uma volta sobre si própria. A descoberta pode ajudar às sondas e satélites moverem-se com mais precisão.

Já existem explicações do porquê da duração exacta de um dia variar. Alterações nos ventos e nas correntes dos oceanos fazem com que a Terra gire mais depressa ou mais devagar para compensar, preservando o momento angular do planeta. Entretanto, alterações na distribuição da matéria em torno do planeta devido às alterações climáticas podem também afectar a velocidade de rotação da Terra.

A última associação - entre manchas solares, cuja abundância cresce e decresce ao longo de um "ciclo solar" de 11 anos e a velocidade de rotação da Terra - é talvez a mais bizarra de todas.

Investigadores há muito que sabem que a velocidade de rotação flutua com as estações, em resposta às alterações dos padrões de vento. Agora, uma equipa liderada por Jean-Louis Le Mouël do Instituto de Geofísica de Paris, França, descobriu que este efeito sazonal também cresce e diminui num ciclo de 11 anos, tal como as manchas solares. De acordo com uma análise de dados entre 1962 e 2009, as estações têm um maior efeito na velocidade de rotação quando as manchas são raras, e um efeito menor quando as manchas são abundantes (artigo presente na edição n.º 37 da revista Geophysical Research Letters).

A equipa suspeita que esta relação entre a quantidade de manchas solares e a velocidade de rotação seja devida, de algum modo, à alteração dos padrões de vento na Terra pelas manchas solares. Isto pode acontecer através das alterações, pelas manchas solares, no brilho ultravioleta do Sol. Dado que a radiação UV aquece a estratosfera, as manchas solares podem plausivelmente alterar os padrões dos ventos, afirma Steven Marcus do JPL da NASA em Pasadena, Califórnia, EUA, que não esteve envolvido no estudo.

Ele acrescenta que os investigadores precisam de saber com maior precisão o onde e quando estas alterações nos ventos ocorrem e determinar se estão ligadas a estas flutuações UV. "Este é um resultado intrigante, mas ainda faltam algumas peças fundamentais do puzzle," afirma Marcus.

A descoberta dessas peças é importante porque pode melhorar as previsões de quando e como a rotação da Terra muda. Isto é especialmente importante quando se usa antenas terrestres de rádio para seguir as sondas. Um erro de 1 milisegundo no período de rotação pode distorcer os cálculos das posições das sondas por milhares de quilómetros à distância de Marte, afirma Marcus, "uma diferença importante quando se tenta aterrar ou até orbitar um planeta".

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Artigo científico (requer subscrição)

Sol:
Wikipedia
Núcleo de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve

 
A imagem mais recente do Sol, capturada pela sonda SOHO.
Crédito: SOHO; ESA/NASA
(clique na imagem para ver versão maior)
 
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