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ORGANISMOS EM MINAS DE OURO PODEM TAMBÉM VIVER EM MARTE
3 de Junho de 2011

 

"É como encontrar Moby Dick no Lago Ontario," afirma Tullis Onstott acerca dos seus vermes nemátodos, que a sua equipa da Universidade de Princeton descobriu vivendo nas profundezas da Terra, especificamente na África do Sul.

Os pequenos seres - com apenas 500 micrómetros de comprimento - foram encontrados a profundezas que variam entre os 900 metros e os 3,6 quilómetros, em três minas de ouro da bacia Witwatersrand perto de Joanesburgo. Este é um achado surpreendente dado que os organismos multicelulares normalmente vivem perto da superfície da Terra - até cerca de 10 metros, estima Onstott.

As criaturas parecem viver em água que se encontra entre as rochas das minas, podem tolerar temperaturas até 43º C e alimentar-se de bactérias. A datação por carbono da água onde vivem sugere que os organismos vivem nestas profundidades há 3.000-12.000 anos.

"Vida tão complexa como esta, conseguir sobreviver por si própria durante um período de tempo tão longo, completamente isolada de tudo - desde luz solar, até química superfícial - é realmente inacreditável," afirma Caleb Scharf do Centro de Astrobiologia de Columbia em Nova Iorque, EUA.

Onstott acrescenta que ninguém estava à espera de encontrar organismos multicelulares a viver em água nestas fracturas rochosas. Os microbiólogos estão ainda a estudar e a tentar compreender como é que até mesmo organismos unicelulares conseguem sobreviver a estas profundidades. "A falta de oxigénio, a temperatura e a sua alimentação, são grandes entraves," salienta.

"Tínhamos a noção que só podia haver certos tipos de organismos em certos ambientes," afirma Scharf. "Mas isto não é verdade. Existem organismos mais complexos nestes ambientes bizarros."

Se formas de vida complexas são capazes de sobreviver em fracturas rochosas bem dentro da Terra, isto levanta a possibilidade que podem também sobreviver em ambientes similares em Marte.

Carl Pilcher, director do Instituto de Astrobiologia da NASA em Moffett Field, Califórnia, realça que Onstott tinha previamente descoberto bactérias vivendo a 2,8 km de profundidade, completamente isoladas de todos os outros ecossistemas na Terra. O organismo recebe a sua energia do decaimento radioactivo de elementos nas rochas. "A importância destes achados é que podemos imaginar um ecossistema na subsuperfície de um planeta que não tem uma atmosfera fotossintética, como Marte," afirma.

Até agora, pensava-se que tal ecossistema podia ser constituído por apenas bactérias. Mas as novas descobertas de Onstott mudaram completamente esse pensamento. "Alargou o campo de trabalho científico para um animal," afirma Pilcher.

"Estes nemátodos são muito parecidos com micróbios. Por isso agora podemos imaginar animais [pequenos o suficiente para caberem em pequenas fracturas rochosas] que podem coexistir com ecossistemas microbiais alimentados pela radioactividade."

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The Scientist

Nemátodos:
Universidade de Nebraska-Lincoln
Wikipedia

 
Será este o aspecto de um marciano subterrâneo?
Crédito: Universidade de Ghent, Bélgica - Gaetan Borgonie
 
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