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BURACO NEGRO GIGANTE PODE PERTURBAR MODELOS DE EVOLUÇÃO GALÁCTICA
30 de Novembro de 2012

 

Um grupo de astrónomos liderados por Remco van den Bosch do Instituto Max Planck para Astronomia descobriu um buraco negro que poderá abalar as fundações dos modelos actuais da evolução galáctica. Com 17 mil milhões de vezes a massa do Sol, a sua massa é muito maior do que os modelos actuais preveem - particularmente em relação à massa da sua galáxia hospedeira. Este poderá ser o maior buraco negro já encontrado até agora.

Para o melhor do nosso conhecimento astronómico, quase todas as galáxias devem conter na sua região central o que é chamado de um buraco negro supermassivo: um buraco negro com uma massa entre centenas de milhares a milhares de milhões de vezes a massa do Sol. O buraco negro supermassivo mais bem estudado está situado no centro da nossa Via Láctea, com uma massa de aproximadamente 4 milhões de vezes a massa do Sol.

Para as massas de galáxias e seus buracos negros centrais, uma tendência intrigante surgiu: uma relação directa entre a massa de um buraco negro de uma galáxia e as estrelas dessa mesma galáxia.

Normalmente, a massa do buraco negro é uma pequena fracção do total da massa da galáxia. Mas agora uma pesquisa liderada pelo astrónomo holandês Remco van den Bosch descobriu um buraco negro que poderia perturbar a relação aceite entre a massa do buraco negro e a massa da galáxia, que desempenha um papel fundamental em todas as teorias actuais da evolução galáctica. As observações foram feitas com o Telescópio Hobby-Eberly e imagens existentes do Telescópio Espacial Hubble.

Com uma massa 17 mil milhões de vezes a do Sol, o buraco negro recém-descoberto no centro do disco da galáxia NGC 1277 pode até ser o maior buraco negro conhecido: a massa do detentor do recorde actual está estimada entre as 6 e 37 mil milhões de massas solares; se o verdadeiro valor estiver mais próximo da extremidade inferior desse intervalo, NGC 1277 bate o recorde. Pelo menos, NGC 1277 contém o segundo maior buraco negro conhecido.

A grande surpresa é que a massa do buraco negro de NGC 1277 corresponde a 14% da massa total da galáxia, em vez de valores habituais que rondam os 0,1%. Isto bate o recorde anterior por um factor de mais de 10. Os astrónomos teriam esperado um buraco negro deste tamanho dentro de galáxias elípticas dez vezes maiores. Ao invés, este buraco negro está situado dentro de uma galáxia em disco relativamente pequena.

Será este buraco negro surpreendentemente massivo um acidente da Natureza? A análise preliminar de dados adicionais sugere o contrário - até agora, a pesquisa descobriu cinco galáxias adicionais que são comparativamente pequenas, mas mesmo assim, tendo em conta as primeiras estimativas, parecem abrigar também buracos negros invulgarmente grandes. Serão precisas imagens mais detalhadas destas galáxias para retirar conclusões mais definitivas.

Se os candidatos adicionais forem confirmados, e existirem de facto mais buracos negros como este, os astrónomos terão que repensar fundamentalmente os seus modelos da evolução galáctica. Em particular, precisarão de olhar para o Universo primordial: a galáxia que contém o novo buraco negro parece ter sido formada há mais de 8 mil milhões de anos atrás, e não parece ter mudado muito desde então. O que quer que criou este buraco negro gigante deverá ter acontecido há muito tempo.

Links:

Notícias relacionadas:
Instituto Max Planck para Astronomia (comunicado de imprensa)
Universidade do Texas (comunicado de imprensa)
Nature
Science
SPACE.com
New Scientist
Universe Today
redOrbit
PHYSORG
Discovery News
BBC News
Ars Technica

Buracos negros supermassivos:
Wikipedia

Buracos negros:
Wikipedia

Instituto Max Planck para Astronomia:
Página oficial
Wikipedia

Observatório McDonald:
Página oficial
Wikipedia


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O diâmetro do buraco negro com 17 mil milhões de massas solares no coração da galáxia NGC 1277 é 11 vezes maior do que a órbita de Neptuno em torno do Sol.
Crédito: D. Benningfield/K. Gebhardt/StarDate
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Imagem do disco galáctico (galáxia lenticular) de NGC 1277, obtida pelo Telescópio Espacial Hubble. Esta pequena galáxia achatada contém um dos maiores buracos negros centrais supermassivos já descobertos. Com uma massa de 17 mil milhões de sóis, a massa do buraco negro corresponde a uns extraordinários 14% da massa total da galáxia.
Crédito: NASA/ESA/Andrew C. Fabian/Remco C. E. van den Bosch (MPIA)
(clique na imagem para ver versão maior)


A galáxia NGC 1277 (no centro) está embebida no vizinho enxame galáctico de Perseu, a uma distância de 250 milhões de anos-luz da Terra. Todas as galáxias elípticas e redondas amareladas na imagem são galáxias localizadas neste enxame. Comparada com todas as outras galáxias à sua volta, NGC 1277 é relativamente compacta.
Crédito: D. W. Hogg/M. Blanton, Colaboração SDSS
(clique na imagem para ver versão maior)

 
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