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CÉUS VERMELHOS DESCOBERTOS EM ANÃ CASTANHA EXTREMA
11 de Fevereiro de 2014

 

Um exemplo peculiar de corpo celeste, conhecido como anã castanha, com céus excepcionalmente vermelhos foi descoberto por uma equipa de astrónomos do Centro para Pesquisa de Astrofísica da Universidade de Hertfordshire. Os cientistas publicaram os seus resultados na revista "Monthly Notices of the Royal Astronomical Society".

As anãs castanhas situam-se na linha entre as estrelas e os planetas. São demasiado grandes para serem consideradas planetas; e não têm material suficiente para fundir hidrogénio nos seus núcleos e desenvolverem-se como estrelas. São objectos de massa intermédia entre estrelas, como o nosso Sol, e os planetas gigantes, como Júpiter e Saturno. Por vezes descritas como estrelas falhadas, não têm uma fonte de energia interna - por isso são frias e muito ténues, e continuam a arrefecer com o passar do tempo.

A anã castanha, de nome ULAS J222711-004547, chamou a atenção dos cientistas devido à sua aparência extremamente avermelhada em comparação com anãs castanhas "normais". Observações subsequentes com o VLT (Very Large Telescope) do ESO no Chile e o uso de uma técnica inovadora de análise de dados mostraram que a razão para a sua peculiaridade é a presença de uma camada muito espessa de nuvens na sua atmosfera superior.

Federico Marocco, que liderou a equipa de pesquisa da Universidade de Hertfordshire, afirma: "Estes não são os tipos de nuvens que vemos na Terra. As nuvens espessas nesta anã castanha em particular são principalmente constituídas por poeira mineral, como enstatite e corindo.

"Não só fomos capazes de inferir a sua presença, como também conseguimos estimar o tamanho dos grãos de poeira nas nuvens."

O tamanho dos grãos de poeira influencia a cor do céu. Um céu avermelhado numa anã castanha sugere uma atmosfera repleta de partículas de poeira e humidade. Se os nossos céus da manhã são avermelhados, é porque o céu limpo a Este permite com que o Sol ilumine a parte inferior de nuvens que vêm de Oeste. Por outro lado, a fim de ver nuvens vermelhas ao anoitecer, a luz do Sol deve ter um caminho livre a Oeste de modo a iluminar as nuvens a Este. No entanto, a anã castanha recentemente descoberta (ULAS J222711-004547) tem uma atmosfera muito diferente, onde o céu é sempre vermelho.

Os planetas gigantes do Sistema Solar, como Júpiter e Saturno, mostram várias camadas de nuvens, incluindo amónia e sulfeto de hidrogénio bem como vapor de água. A atmosfera observada nesta anã castanha em específico é mais quente - com vapor de água, metano e provavelmente alguma amónia mas, invulgarmente, é dominada por partículas minerais argilosas.

Uma boa compreensão de como uma atmosfera tão extrema funciona ajudar-nos-á a melhor entender a gama de atmosferas que podem existir.

Avril Day-Jones, do mesmo instituto universitário, que contribuiu para a descoberta e análise, realça: "ULAS J222711-004547 é uma das anãs castanhas mais vermelhas já observadas, o que a torna num alvo ideal para múltiplas observações em ordem a compreender o clima numa atmosfera tão extrema."

"Ao estudar a composição e variabilidade na luminosidade e cores de objectos como este, podemos compreender como o clima funciona nas anãs castanhas e como se relaciona com outros planetas gigantes."

Links:

Notícias relacionadas:
Universidade de Hertfordshire (comunicado de imprensa)
Sociedade Astronómica Real (comunicado de imprensa)
Artigo científico (formato PDF)
PHYSORG
Astronomy
Universe Today
Space Daily

Anãs castanhas:
Wikipedia
NASA
Andy Lloyd's Dark Star Theory

VLT:
Página oficial
Wikipedia


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Impressão de artista de ULAS J222711-004547. Esta anã castanha recentemente descoberta é caracterizada por uma camada invulgarmente espessa de nuvens, composta por poeira mineral. Estas nuvens espessas dão à anã castanha uma cor extremamente vermelha, distinguindo-a das anãs castanhas "normais".
Crédito: Neil J. Cook, Centro para Pesquisa de Astrofísica, Universidade de Hertfordshire
(clique na imagem para ver versão maior)

 
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