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A NAVE ROSETTA CHEGA AO SEU COMETA DE DESTINO
8 de Agosto de 2014

 

Depois de uma viagem de dez anos, rumo ao seu destino, a nave Rosetta da ESA tornou-se anteontem na primeira nave a fazer um "rendez-vous" com um cometa, abrindo um novo capítulo na exploração do Sistema Solar.

O cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko e a Rosetta estão agora a 405 milhões de quilómetros da Terra, cerca de meio caminho entre a órbita de Júpiter e Marte, avançando em direcção ao interior do Sistema Solar, a quase 55.000 quilómetros por hora.

O cometa está numa órbita de 6,5 anos, cujo ponto mais distante está para lá de Júpiter e o mais próximo do Sol está entre as órbitas de Marte e a Terra. A Rosetta irá acompanhá-lo durante mais de um ano enquanto o cometa anda à volta do Sol e se afasta em direcção a Júpiter novamente.

Os cometas são considerados os blocos primitivos da construção do Sistema Solar e podem ter ajudado a "semear" a água na Terra e talvez até os ingredientes da vida. Mas há muitas questões fundamentais em torno destes enigmáticos objectos que permanecem sem explicação, e através de um rigoroso estudo "in situ" do cometa, a Rosetta poderá revelar alguns destes segredos.

A viagem para o cometa não foi directa. Desde o seu lançamento em 2004, a Rosetta fez três passagens pela Terra e uma por Marte para ajudar na sua viagem rumo ao cometa. Durante esta viagem complexa, a Rosetta passou ainda pelo asteróide Steins e pelo Lutetia, recolhendo dados científicos e imagens únicas destes dois objectos.

"Ao fim de dez anos, cinco meses e quatro dias em viagem rumo ao destino, às voltas em torno do Sol e acumulando 6,4 mil milhões de quilómetros, estamos encantados por poder anunciar finalmente que 'estamos aqui,'" disse Jean-Jacques Dordain, Director-Geral da ESA.

"A nave Rosetta da ESA é agora a primeira nave na história a fazer um 'rendez-vous' com um cometa, um marco na exploração das nossas origens. As descobertas podem agora começar."

No passado dia 6 assistimos à última de uma série de dez manobras de "rendez-vous" que tiveram início em Maio para afinar a velocidade e trajectória da Rosetta gradualmente, ajustando-a com a velocidade e trajectória do cometa. Se alguma destas manobras tivesse falhado, a missão falharia e a nave teria passado pelo cometa.

"A conquista de hoje é o resultado de um enorme esforço internacional, ao longo de décadas," disse Alvaro Giménez, Diretor de Ciência e Exploração Robótica da ESA.

"Percorremos um longo caminho desde as primeiras discussões sobre a missão, nos finais dos anos 70 do século passado e a sua aprovação em 1993. Agora estamos preparados para abrir uma arca do tesouro de descobertas científicas que está destinada a reescrever os livros de texto sobre os cometas pelas próximas décadas."

O cometa começou a revelar a sua personalidade enquanto a Rosetta fazia a aproximação. Imagens captadas pela câmara OSIRIS entre o final de Abril e o início de Junho mostraram que a sua actividade era variável. A "cabeleira" do cometa - uma cobertura de gás e poeira - tornou-se rapidamente mais brilhante para depois morrer ao longo daquelas seis semanas.

No mesmo período, as primeiras medições feitas pelo instrumento de microondas para o orbitador Rosetta, MIRO, sugeriram que o cometa estava a emitir vapor de água para o espaço a uma taxa de cerca de 300 mililitros por segundo.

Entretanto, o instrumento VIRTIS (Infrared Thermal Imaging Spectrometer) mediu a temperatura média do cometa, cerca de -70ºC, o que indica que a sua superfície é predominantemente escura e poeirenta em vez de limpa e gelada.

Depois, imagens deslumbrantes tiradas a uma distância de cerca de 12 mil quilómetros começaram a revelar que o núcleo é composto por dois segmentos distintos, unidos por um "pescoço", dando-lhe a aparência de um pato. As imagens seguintes mostraram cada vez mais pormenores - a imagem de alta resolução mais recente foi descarregada da nave no dia da chegada.

"A primeira visão clara do cometa deu-nos muito que pensar," diz Matt Taylor, cientista de projecto da ESA para a Rosetta.

"Será esta uma estrutura em duplo lóbulo, que resultou da junção ao longo da história do Sistema Solar de dois cometas separados, ou estamos perante um cometa que se foi erodindo de forma drástica e assimétrica ao longo do tempo? A Rosetta está na melhor posição para estudar estes objectos únicos e responder-nos a estas perguntas."

A Rosetta está a apenas 100 km da superfície do cometa, mas irá aproximar-se mais ainda. Ao longo das próximas seis semanas, irá descrever duas trajectórias triangulares em frente ao cometa, primeiro a uma distância de 100 km e depois a 50 km.

Paralelamente, o conjunto de instrumentos irá fornecer um estudo científico detalhado do cometa, examinando a superfície à procura de um local de aterragem para o "lander" Philae.

A Rosetta poderá mesmo chegar aos 30 quilómetros de distância, descrevendo uma órbita quase circular e, dependendo da actividade do cometa, chegar ainda mais próximo.

"A chegada ao cometa é apenas o princípio de uma aventura ainda maior. Grandes desafios surgirão à medida que aprendemos a trabalhar neste ambiente desconhecido, iniciamos a órbita e, eventualmente, aterramos," diz Sylvain Lodiot, director de operações da Rosetta para a ESA.

No final de Agosto, já terão sido identificados cinco possíveis locais de aterragem, e o local principal será escolhido em meados de Setembro. A cronologia para a sequência de eventos de instalação do Philae - prevista para 11 de novembro - será confirmada em meados de Outubro.

"Ao longo dos próximos meses, além da caracterização do núcleo do cometa e definição do resto da missão, serão ainda iniciadas as preparações finais para outra estreia na história: a aterragem num cometa," diz Matt.

"Depois da aterragem, a Rosetta irá continuar a acompanhar o cometa até à sua aproximação máxima ao Sol, em Agosto de 2015. Para além disso, irá observar o seu comportamento de perto, fornecendo-nos uma perspectiva única e uma experiência em tempo real sobre a forma como um cometa funciona, à medida que se desloca à volta do Sol.

Links:

Núcleo de Astronomia do CCVAlg:
05/08/2014 - Sonda Rosetta chega a cometa esta semana
01/04/2014 - Philae está acordado!
17/01/2014 - O despertador mais importante do Sistema Solar
13/07/2010 - Rosetta triunfa no asteróide Lutetia
13/11/2009 - Será que o "flyby" da Rosetta indica uma nova física exótica? 
06/11/2009 - Rosetta faz último "flyby" pela Terra a 13 de Novembro 
06/09/2008 - Rosetta passa por Steins: um diamante no céu 
03/09/2008 - Contagem decrescente para "flyby" por asteróide 
28/02/2007 - A semana dos "flybys" 
01/06/2004 - Primeira observação científica da Rosetta 
12/03/2004 - Escolhidos os dois asteróides para aproximação da Rosetta 
09/03/2004 - Sonda Rosetta finalmente lançada

Notícias relacionadas:
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NASA (comunicado de imprensa)
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Imagem do Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko pela câmara OSIRIS da Rosetta, obtida a 3 de Agosto a partir de uma distância de 285 km.
Crédito: ESA/Rosetta/MPS para a Equipa OSIRIS MPS/UPD/LAM/IAA/SSO/INTA/UPM/DASP/IDA
(clique na imagem para ver versão maior)


Imagem do Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko pela câmara OSIRIS da Rosetta, obtida a 3 de Agosto a partir de uma distância de 285 km.
Crédito: ESA/Rosetta/MPS para a Equipa OSIRIS MPS/UPD/LAM/IAA/SSO/INTA/UPM/DASP/IDA
(clique na imagem para ver versão maior)


Actividade no Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko a 2 de Agosto de 2014. A imagem foi capturada pela câmara OSIRIS da Rosetta a uma distância de 550 km. O tempo de exposição foi 330 segundos e o núcleo de cometa está saturado para realçar o detalhe da actividade do cometa. Note que existe uma imagem "fantasma" à direita.
Crédito: ESA/Rosetta/MPS para a Equipa OSIRIS MPS/UPD/LAM/IAA/SSO/INTA/UPM/DASP/IDA
(clique na imagem para ver versão maior)


Esta animação contém 101 imagens obtidas pela câmara de navegação a bordo da sonda Rosetta da ESA, aquando da aproximação ao Cometa 67P/C-G em Agosto de 2014. A primeira imagem foi capturada a 1 de Agosto às 11:07 UTC a uma distância de 832 km. A última foi capturada a 6 de Agosto às 06:07 UTC a uma distância de 110 km.
Crédito: ESA/Rosetta/Navcam
(clique na imagem para ver versão maior)

 
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