CARONTE, A LUA "HULK" DE PLUTÃO: UM POSSÍVEL ANTIGO OCEANO?
23 de fevereiro de 2016
Ampliação dos desfiladeiros de Caronte, a grande lua de Plutão, obtida pela New Horizons durante a sua aproximação ao sistema de Plutão do passado mês de julho de 2015. Várias fotografias captadas pela New Horizons permitem medições "estéreo" da topografia de Caronte, visível na imagem colorida. A escala indica elevação relativa.
Crédito: NASA/JHUAPL/SwRI
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A maior lua de Plutão pode ter ficado demasiado grande para a sua "pele".
As imagens obtidas pela missão New Horizons da NASA sugerem que a lua de Plutão, Caronte, teve um oceano subsuperficial que há muito tempo congelou e expandiu, empurrando para fora e fazendo com que a superfície da lua esticasse e se fraturasse numa escala massiva.
O lado da maior lua de Plutão, observado aquando da passagem da sonda New Horizons em julho de 2015, é caracterizado por um sistema de falhas tectónicas "separadas", expressas como cristas, escarpas e vales - esta última característica por vezes alcançando mais de 6,5 km de profundidade. A paisagem tectónica de Caronte mostra que, de alguma forma, a lua cresceu no seu passado e - tal como Bruce Banner que rasga a sua camisa quando se torna no Incrível Hulk - a superfície de Caronte fraturou-se e esticou-se.
A camada externa de Caronte é principalmente água gelada. Esta camada foi mantida quente quando Caronte era jovem por calor fornecido pelo decaimento de elementos radioativos, bem como pelo próprio calor interno da formação de Caronte. Os cientistas dizem que Caronte pode ter sido quente o suficiente para fazer com que a água gelada derretesse, criando um oceano subsuperficial. Mas à medida que Caronte arrefecia com o passar do tempo, este oceano congelou e expandiu-se (como acontece quando a água congela), levantando as camadas mais externas da lua e produzindo os enormes abismos que vemos hoje.
A parte superior desta imagem mostra parte da característica informalmente chamada Serenity Chasma, parte de uma vasta cintura equatorial de abismos em Caronte. Este sistema de falhas e fraturas mede pelo menos 1800 km de comprimento e em certos locais os abismos atingem 7,5 km de profundidade. Em comparação, o Grand Canyon mede 446 km de comprimento e apenas 1,6 km de profundidade.
A parte inferior da imagem mostra topografia colorida da mesma cena. As medições da forma desta característica informam os cientistas que a camada de água gelada de Caronte pode ter sido, pelo menos, parcialmente líquida no início da sua história e que, desde aí, congelou novamente.
Esta imagem foi obtida pelo instrumento LORRI (Long-Range Reconnaissance Imager) a bordo da New Horizons. O Norte é para cima: a iluminação vem do canto superior esquerdo da imagem. A resolução da imagem atinge os 394 metros por pixel. A imagem mede 386 km de comprimento e 175 km de largura. Foi obtida a aproximadamente 78.700 km de Caronte, cerca de uma hora e quarenta minutos antes da maior aproximação da New Horizons a Caronte de dia 14 de julho de 2015.