Top thingy left
 
REVELADA A MISTERIOSA "ESCURIDÃO" DE MERCÚRIO
8 de março de 2016

 


Esta imagem oblíqua de Basho mostra o halo escuro que rodeia a cratera. O halo é composto pelo denominado LRM (Low Reflectance Material; Material de Baixa Reflectância), que foi escavado das profundezas quando a cratera foi formada. A região é também conhecida pelas suas crateras com raios brilhantes, que tornam a área facilmente visível mesmo de longe.
Crédito: NASA/JHUAPL/Instituto Carnegie de Washington
(clique na imagem para ver versão maior)

 

Os cientistas há muito que se perguntam sobre o que torna a superfície de Mercúrio tão escura. O planeta mais interior do Sistema Solar reflete muito menos luz solar do que a Lua, um corpo cuja escuridão superficial é controlada pela abundância de minerais ricos em ferro. Sabe-se que estes são raros à superfície de Mercúrio. Então qual é aqui o "agente de escurecimento"?

Há cerca de um ano atrás, os cientistas propuseram que o tom escuro de Mercúrio era devido a carbono gradualmente acumulado pelo impacto de cometas que viajavam até ao Sistema Solar interior. Agora, os cientistas liderados por Patrick Peplowski do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins usaram dados da missão MESSENGER para confirmar uma alta abundância de carbono à superfície de Mercúrio. No entanto, também descobriram que, em vez de ser entregue por cometas, o carbono é provavelmente originário das profundezas do planeta, na forma de uma crosta agora perturbada e enterrada rica em grafite, alguma da qual foi mais tarde trazida até à superfície por processos de impacto depois da formação da maioria da crosta atual de Mercúrio. Os resultados foram publicados na edição de 7 de março de 2016 da revista Nature Geoscience.

Larry Nittler, coautor e vice investigador principal da missão MESSENGER, da Universidade de Carnegie, explicou: "A proposta inicial da entrega de carbono pelos cometas tinha por base modelos e simulações. Apesar de termos sugestões anteriores de que o carbono pudesse ser o agente de escurecimento, não tínhamos evidências diretas. Nós usámos o espectrómetro de neutrões da MESSENGER para resolver espacialmente a distribuição do material mais escuro em Mercúrio e este material é provavelmente originário das profundezas da crosta. Além disso, usámos neutrões e raios-X para confirmar que o material escuro não é enriquecido em ferro, em contraste com a Lua onde os minerais ricos em ferro escurecem a superfície.

A MESSENGER obteve os seus dados estatisticamente robustos via muitas órbitas em que a nave espacial passava a menos de 100 km da superfície do planeta durante o seu último ano de operações. Os dados usados para identificar o carbono incluíram medições recolhidas dias antes do impacto da MESSENGER em Mercúrio em abril de 2015. Medições repetidas pelo espectrómetro de neutrões mostraram quantidades mais elevadas de neutrões de baixa energia, uma assinatura consistente com a presença de carbono elevado, proveniente da superfície quando a sonda passava por cima de concentrações do material mais escuro. A determinação da quantidade de carbono presente necessitou da combinação das medições dos neutrões com outros conjuntos de dados da MESSENGER, incluindo medições em raios-X e espectros de reflectância. Em conjunto, os dados indicam que as rochas à superfície de Mercúrio são constituídas por uma baixa percentagem [em massa] de carbono grafítico, percentagem esta muito mais elevada do que noutros planetas. A grafite tem o melhor ajuste com os espectros de reflectância, a comprimentos de onda visíveis, e as condições suscetíveis para produzir o material.

"Quando Mercúrio era muito jovem, grande parte do planeta era provavelmente tão quente que havia um 'oceano' de magma derretido. A partir de experiências laboratoriais e modelos, os cientistas sugeriram que à medida que este magma arrefecia, a maioria dos materiais que solidificava afundava. Uma exceção notável é a grafite, que teria conseguido flutuar para formar a crosta original de Mercúrio.

"A descoberta de carbono abundante à superfície sugere que podemos estar a ver remanescentes da antiga crosta original de Mercúrio misturada com rochas vulcânicas e material expelido por impactos que formam a superfície que vemos hoje. Este resultado é uma prova do sucesso fenomenal da missão MESSENGER e contribui para uma longa lista de maneiras pelas quais o planeta mais perto do Sol difere dos seus vizinhos planetários e fornece pistas adicionais sobre a origem e evolução inicial do Sistema Solar interior," concluiu Nittler.


comments powered by Disqus

 

Links:

Cobertura da missão MESSENGER pelo Núcleo de Astronomia do CCVAlg:
21/04/2015 - Missão da MESSENGER aproxima-se do fim
2015/01/06 - Sonda MESSENGER pronta para última tournée de Mercúrio
2014/12/16 - Dados da MESSENGER sugerem chuva de meteoros recorrente em Mercúrio
2014/04/22 - MESSENGER completa 3000.ª órbita de Mercúrio, define data para maior aproximação
2012/12/04 - MESSENGER descobre novas evidências de água gelada nos pólos de Mercúrio
2012/03/27 - Sonda MESSENGER fornece novos dados sobre Mercúrio
2011/06/17 - Sonda MESSENGER fornece novos dados sobre Mercúrio
2011/03/15 - Sonda MESSENGER prepara-se para entrar em órbita de Mercúrio
2008/10/08 - MESSENGER envia imagens de um Mercúio nunca antes visto
2008/10/04 - MESSENGER regressa a Mercúrio
2008/07/05 - Superfície de Mercúrio dominada por actividade vulcânica 
2008/02/06 - Os mistérios de Mercúrio, velhos e novos
2008/01/26 - Mercúrio visto pela sonda MESSENGER 
2008/01/16 - Sonda MESSENGER passa por Mercúrio 
2008/01/12 - Sonda MESSENGER fará histórico voo rasante por Mercúrio
2005/06/07 - MESSENGER fotografa Terra e Lua
2004/04/03 - MESSENGER com destino a Mercúrio

Notícias relacionadas:
Instituto Carnegie (comunicado de imprensa)
Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins (comunicado de imprensa)
Nature Geoscience
Universe Today
New Scientist
PHYSORG

Sonda MESSENGER:
NASA 
JHUAPL
Wikipedia

Mercúrio:
Núcleo de Astronomia do CCVAlg
Wikipedia

 
Top Thingy Right