CURIOSITY COMEÇA PRÓXIMO CAPÍTULO MARCIANO
7 de outubro de 2016
Este autorretrato do Curiosity, obtido em setembro de 2016, mostra o veículo na área "Quela", local da sua 14.ª perfuração situado na área "Murray Buttes" no Monte Sharp. O panorama foi construído com várias imagens obtidas pela câmara MAHLI no fim do braço robótico.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/MSSS
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Depois de recolher pó de rocha perfurada no que será, indiscutivelmente, a paisagem mais bela já visitada por um rover marciano, o laboratório móvel Curiosity da NASA está subindo em direção a outros destinos como parte da sua missão estendida que teve início no dia 1 de outubro.
Os destinos incluem um cume coberto com hematita, um mineral rico em óxido de ferro, a cerca de 2,5 km de distância, e uma exposição rochosa rica em argilas mais adiante.
Estes são locais de exploração fundamentais na secção inferior do Monte Sharp, um grande monte em camadas que o Curiosity está a investigar à procura de evidências de ambientes antigos e ricos em água que contrastam com as áridas e secas condições à superfície de Marte hoje.
"Nós continuamos a atingir camadas mais altas e mais jovens do Monte Sharp," afirma Ashwin Vasavada, cientista do projeto Curiosity no JPL da NASA em Pasadena, no estado norte-americano da Califórnia. "Mesmo depois de quatro anos a explorar a montanha e seus arredores, ainda tem o potencial para nos surpreender completamente."
As centenas de fotos que o Curiosity captou ao longo das últimas semanas, por entre um aglomerado de formações sedimentares de diversas formas, são destaques frescos das mais de 180.000 imagens que o rover já obteve desde a sua aterragem em Marte no mês de agosto de 2012. As vistas recém-divulgadas incluem o mais novo autorretrato do rover obtido com a câmara a cores acoplada no seu braço robótico e um panorama com a câmara a cores na parte superior do mastro.
"Dizendo adeus a 'Murray Buttes,' a tarefa do Curiosity é continuar o estudo da habitabilidade passada e do potencial para vida," explica Michael Meyer, cientista do programa Curiosity na sede da NASA em Washington. "Esta missão, à medida que explora a sucessão de camadas rochosas, está a ler as 'páginas' da história de Marte - mudando a nossa compreensão de Marte e da evolução do planeta. O Curiosity tem sido e será um marco nos nossos planos para missões futuras."
As imagens que compõem o autorretrato foram captadas perto da base de uma das formações de Murray Buttes, no mesmo local onde o rover usou a sua broca no dia 18 de setembro para obter uma amostra de pó de rocha. Uma tentativa anterior, neste local, quatro dias antes, foi prematuramente parada devido a um problema de curto-circuito que o Curiosity sofreu, mas a segunda tentativa alcançou com sucesso a profundidade desejada e recolheu amostras. Depois de sair desta área, o Curiosity entregou um pouco da amostra rochosa ao seu laboratório interno para análise.
Este último local de perfuração - o 14.º do Curiosity - está numa camada geológica com cerca de 180 metros de espessura, denominada formação Murray. Até ao momento, o Curiosity subiu quase a metade da espessura desta formação e descobriu que consiste principalmente de lama seca, formada a partir de lama acumulada no fundo de lagos antigos. Os resultados indicam que o ambiente do lago era duradouro, não fugaz. Durante aproximadamente a primeira metade da nova extensão da missão com a duração de dois anos, a equipa do rover antecipa investigar a metade superior da formação Murray.
"Vamos ver se esse registo de lagos continua para cima," comenta Vasavada. "Quanto mais espessuras verticais vermos, mais tempo os lagos estiveram presentes, e mais tempo as condições habitáveis aqui permaneceram. Será que este ambiente antigo mudou ao longo do tempo? Será que o tipo de evidências encontradas até agora transita para outra coisa?"
A "Unidade de Hematita" e a "Unidade de Argila" acima da formação Murray foram identificadas com observações orbitais antes da aterragem do Curiosity. A informação da composição, obtida com o instrumento CRIS (Compact Reconnaissance Imaging Spectrometer) a bordo da sonda MRO (Mars Reconnaissance Orbiter), tornou estes locais uma prioridade para a missão do rover. Tanto a hematita como a argila normalmente formam-se em ambientes molhados.
Vasavada comenta: "As unidades de Hematita e de Argila provavelmente indicam ambientes diferentes das condições registadas em rochas mais velhas por baixo e diferentes uma da outra. Será interessante ver se uma ou ambas eram ambientes habitáveis."
A NASA aprovou a segunda missão prolongada do Curiosity este verão com base em planos apresentados pela equipa do rover. Poderão ser consideradas, no futuro, extensões adicionais para explorar Monte Sharp acima. A missão do Curiosity já atingiu o seu objetivo principal de determinar se a região de pouso já ofereceu condições ambientais favoráveis à vida microbiana, caso Marte alguma vez tenha tido vida. A missão descobriu evidências de antigos rios e lagos, com uma fonte de energia química e todos os ingredientes químicos necessários para a vida como a conhecemos.
Este panorama com 360º foi obtido no dia 4 de setembro de 2016 pela câmara no mastro do Curiosity, enquanto o rover estava num local chamado "Murray Buttes" no Monte Sharp. A formação rasa perto do centro da cena sobe 12 metros acima da planície em redor.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/MSSS
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Duas formações proeminentes numa imagem de dia 18 de agosto de 2016 na região "Murray Buttes" de Marte, obtida pelo Mastcam do Curiosity, separadas por aproximadamente 80 metros. A formação à direita mede cerca de 10 metros de altura e está a 82 metros da posição do rover aquando da captura das imagens.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/MSSS
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O topo desta formação, na imagem obtida dia 1 de setembro de 2016 com a Mastcam do Curiosity, está cerca de 4,9 metros acima do rover e mais ou menos 25 metros para este-sudeste do veículo. Encontra-se na região "Murray Buttes" do Monte Sharp, e esta formação particular foi apelidada "M9a".
Crédito: NASA/JPL-Caltech/MSSS
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Este gráfico mostra as posições dos locais onde o rover Curiosity perfurou as primeiras 18 rochas ou amostras de solo para análise no seu laboratório interno. Também mostra imagens das perfurações onde foram obtidas 14 amostras, a mais recente em "Quela", no dia 18 de setembro de 2016.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/MSSS/Universidade do Arizona
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Este mapa mostra o percurso do rover Curiosity desde o seu local de aterragem, em agosto de 2012, até setembro de 2016 em "Murray Buttes", e o percurso planeado até atingir destinos na "Unidade de Hematita" e na "Unidade de Argila" no Monte Sharp.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/MSSS/Universidade do Arizona
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