NOVOS MISTÉRIOS EM REDOR DO PRÓXIMO ALVO DA NEW HORIZONS
11 de julho de 2017
Quatro membros da equipa de observação da África do Sul observam o céu enquanto esperam o início da ocultação de 2014 MU69, na madrugada de dia 3 de junho de 2017.
Crédito: NASA/JHUAPL/SwRI/Henry Throop
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A sonda New Horizons da NASA só passa pelo seu próximo alvo científico no dia de Ano Novo de 2019, mas o objeto da Cintura de Kuiper conhecido como 2014 MU69 já está a revelar surpresas.
Os cientistas têm vindo a analisar dados recolhidos durante a rápida passagem do objeto em frente de uma estrela - um evento astronómico conhecido como ocultação - de dia 3 de junho. Mais de 50 membros e colaboradores da missão instalaram telescópios na África do Sul e na Argentina, ao longo do percurso previsto da estreita sombra de MU69 que a ocultação produziria na superfície da Terra, com o objetivo de captar o vislumbre de dois segundos da sombra do objeto enquanto passava pelo nosso planeta. A realização das observações dessa ocultação foi possível com a ajuda do Telescópio Espacial Hubble da NASA e do Gaia, um observatório espacial da ESA.
Combinados, os telescópios móveis preposicionados capturaram mais de 100.000 imagens da ocultação estelar que podem ser usadas para avaliar o ambiente em torno deste objeto da Cintura de Kuiper. Embora o próprio MU69 tenha escapado à deteção direta, os dados de 3 de junho forneceram informações valiosas e inesperadas que já ajudaram a New Horizons.
"Estes dados mostram que MU69 pode não ser tão escuro ou tão grande quanto o esperado," afirma Marc Buie, líder da equipa de ocultação, membro da equipa científica da New Horizons do SwRI (Southwest Research Institute) em Boulder, no estado norte-americano do Colorado.
As estimativas iniciais do diâmetro de MU69, baseadas principalmente em dados recolhidos pelo Telescópio Espacial Hubble desde a descoberta do objeto em 2014, caem na gama dos 20-40 quilómetros - embora os dados das observações terrestres das ocultações, este verão, possam indicar que está no limite mínimo ou até abaixo dos tamanhos esperados antes da ocultação de 3 de junho.
Além do tamanho de MU69, os dados fornecem detalhes sobre outros aspetos do objeto da Cintura de Kuiper.
"Estes resultados dizem-nos algo realmente interessante," comenta Alan Stern, investigador principal da New Horizons e do SwRI. "O facto de termos realizado observações a partir de cada local de observação planeado, mas de não termos detetado o objeto propriamente dito, provavelmente significa que ou MU69 é altamente refletivo ou mais pequeno do que alguns esperavam, ou poderá ser um binário ou até um aglomerado de corpos mais pequenos deixados para trás aquando da formação dos planetas do nosso Sistema Solar".
Mais dados estão a caminho, com ocultações adicionais de MU69 nos dias 10 e 17 de julho. No dia 10 de julho, o SOFIA (Stratospheric Observatory for Infrared Astronomy) da NASA usou o seu poderoso telescópio de 2,5 metros para estudar o espaço em redor de MU69 em busca de detritos que podem representar um perigo para a New Horizons, que por lá vai passar daqui a 18 meses.
No dia 17 de julho, o Telescópio Espacial Hubble também procurará detritos em redor de MU69, enquanto os membros da equipa estabelecem outra linha terrestre de telescópios portáteis ao longo do percurso previsto da sombra da ocultação no sul da Argentina para melhor restringir, ou até determinar, o tamanho de MU69.