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PEQUENO ASTEROIDE OU COMETA ESTÁ APENAS DE "VISITA" AO SISTEMA SOLAR
31 de outubro de 2017

 


Esta animação mostra o percurso de A72017 U1, um asteroide - quiçá um cometa - enquanto passava pelo nosso Sistema Solar interior em setembro e outubro de 2017. A partir da análise do seu movimento, os cientistas calculam que tem provavelmente uma origem extrassolar, ou seja, exterior ao Sistema Solar.
Crédito: NASA/JPL-Caltech
(clique na imagem para ver versão maior)

 

Um pequeno asteroide recentemente descoberto - ou talvez um cometa - parece ter origens extrassolares, ou seja, veio de outro lugar na nossa Galáxia. Se assim for, seria o primeiro "objeto interestelar" observado e confirmado pelos astrónomos.

Este objeto invulgar - por agora designado A/2017 U1 - tem menos de 400 metros em diâmetro e move-se incrivelmente depressa. Os astrónomos estão trabalhando urgentemente para apontar telescópios de todo o mundo e no espaço. Assim que estes dados sejam obtidos e combinados, os astrónomos podem saber mais sobre a origem e possivelmente sobre a composição do objeto.

A/2017 U1 foi descoberto no dia 19 de outubro pelo telescópio Pan-STARRS 1 da Universidade do Hawaii, em Haleakala, durante o curso da sua observação noturna por objetos próximos da Terra para a NASA. Rob Weryk, investigador pós-doutorado do Instituto de Astronomia da Universidade do Hawaii, foi o primeiro a identificar o objeto em movimento e a submetê-lo ao Centro de Planetas Menores. Weryk subsequentemente vasculhou o arquivo de imagens Pan-STARRS e descobriu que também estava em imagens obtidas na noite anterior, mas não tinha sido inicialmente identificado pelo processamento de objeto em movimento.

Weryk imediatamente percebeu que este era um objeto invulgar. "O seu movimento não podia ser explicado usando uma órbita de asteroide ou cometa normal do Sistema Solar," realça. Weryk contactou o estudante Marco Micheli, que chegou à mesma conclusão usando as suas próprias imagens de acompanhamento obtidas pelo telescópio da ESA em Tenerife, Ilhas Canárias. Mas com os dados combinados, tudo fazia sentido. Weryk disse: "Este objeto veio de fora do nosso Sistema Solar."

"Esta é a órbita mais extrema que já vi," comenta Davide Farnocchia, cientista do CNEOS (Center for Near-Earth Object Studies) do JPL da NASA em Pasadena, no estado norte-americano da Califórnia. "Está a mover-se extremamente depressa e numa trajetória tão invulgar que podemos dizer com confiança que este objeto está de saída do Sistema Solar e já não volta."

A equipa do CNEOS traçou a atual trajetória do objeto e até analisou o seu futuro. A/2017 U1 surgiu da direção da constelação de Lira, viajando através do espaço interestelar a uns velozes 25,5 km/s.

O objeto aproximou-se do nosso Sistema Solar quase diretamente "acima" da eclíptica, o plano aproximado no espaço onde os planetas e a maioria dos asteroides orbitam o Sol, de modo que não teve encontros próximos com os oito planetas principais durante o seu mergulho em direção ao Sol. No dia 2 de setembro, o pequeno corpo cruzou o plano da eclíptica apenas dentro da órbita de Mercúrio e fez a sua aproximação máxima ao Sol no dia 9 do mesmo mês. Puxado pela gravidade do Sol, o objeto fez uma curva apertada do nosso Sistema Solar, passando por baixo da órbita da Terra no dia 14 de outubro a uma distância de aproximadamente 24 milhões de quilómetros - cerca de 60 vezes a distância à Lua. Atualmente, já passou novamente para cima do plano dos planetas e, viajando a 44 km/s em relação ao Sol, o objeto está a acelerar na direção da constelação de Pégaso.

"Percebemos há muito que estes objetos deviam existir, porque durante o processo de formação planetária muitos materiais devem ser expelidos dos sistemas planetários. O que é mais surpreendente é que nunca tínhamos visto objetos interestelares a passar por cá," comenta Karen Mecch, astrónoma do Instituto de Astronomia da Universidade do Hawaii, especialista em corpos pequenos e na sua relação com a formação do Sistema Solar.

O pequeno objeto recebeu a designação temporária A/2017 U1 pelo Centro de Planetas Menores em Cambridge, Massachusetts, EUA, onde todas as observações de pequenos corpos no nosso Sistema Solar - e agora aqueles que estão só de passagem - são recolhidas. Matt Holman, diretor do Centro, comenta: "este tipo de descoberta demonstra o grande valor científico dos levantamentos contínuos de campo-largo do céu, juntamente com observações intensivas de acompanhamento, para encontrar coisas que de outra forma não conheceríamos."

Tendo em conta que este é o primeiro objeto encontrado do seu tipo, as regras de nomenclatura têm ainda que ser estabelecidas pela União Astronómica Internacional.

"Esperamos por este dia há décadas," comenta Paul Chodas, gestor do CNEOS. "Há muito tempo que teorizamos acerca da existência destes objetos - asteroides ou cometas que movem entre as estrelas e ocasionalmente passam pelo nosso Sistema Solar - mas esta é a primeira dessas deteções. Até agora, tudo indica que este é provavelmente um objeto interestelar, mas mais dados podem ajudar à sua confirmação."

 


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A/2017 U1 tem muito provavelmente uma origem interestelar. Aproximando-se de cima, passou pelo Sol no dia 9 de setembro. Viajando a 44 km/s, o cometa está agora a afastar-se da Terra e do Sol, de saída do Sistema Solar.
Crédito: NASA/JPL-Caltech
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Links:

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NASA (comunicado de imprensa)
Instituto de Astronomia da Universidade do Hawaii (comunicado de imprensa)
Queen's University Belfast (comunicado de imprensa)
Science
Sky & Telescope
SPACE.com
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PHYSORG
BBC
Forbes

A/2017 U1:
JPL/NASA
Wikipedia

Cometa interestelar:
Wikipedia

 
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