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INCLINAÇÃO DE SATURNO PROVOCADA PELAS SUAS LUAS
22 de janeiro de 2021

 

Impressão de artista da migração de Titã e da inclinação de Saturno.
Crédito: Coline Saillenfest/IMCCE

 

Dois cientistas do CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique) e da Universidade Sorbonne que trabalham no Instituto de Mecânica Celeste e de Cálculo de Efemérides (Observatório de Paris/CNRS) acabam de mostrar que a influência dos satélites de Saturno pode explicar a inclinação do eixo de rotação do gigante gasoso. O seu trabalho, publicado dia 18 de janeiro de 2021 na revista Nature Astronomy, também prevê que a inclinação vai aumentar ainda mais nos próximos milhares de milhões de anos.

Mais ou menos como Davi contra Golias, parece que a inclinação de Saturno pode na verdade ser provocada pelas suas luas. Esta é a conclusão de um trabalho recente realizado por cientistas do CNRS, da Universidade Sorbonne e da Universidade de Pisa, que mostra que a atual inclinação do eixo de rotação de Saturno é provocada pela migração dos seus satélites e, principalmente, da sua maior lua, Titã.

Observações recentes mostraram que Titã e as outras luas estão a afastar-se gradualmente de Saturno muito mais depressa do que os astrónomos haviam estimado anteriormente. Ao incorporar este ritmo mais elevado de migração nos seus cálculos, os investigadores concluíram que este processo afeta a inclinação do eixo de rotação de Saturno: à medida que os seus satélites se afastam, o planeta inclina-se cada vez mais.

Pensa-se que o evento decisivo que inclinou Saturno ocorreu há relativamente pouco tempo. Durante mais de 3 mil milhões de anos após a sua formação, o eixo de rotação de Saturno permaneceu apenas ligeiramente inclinado. Foi apenas há cerca de mil milhões de anos que o movimento gradual dos seus satélites desencadeou um fenómeno de ressonância que continua até hoje: o eixo de Saturno interagiu com o percurso do planeta Neptuno e inclinou-se gradualmente até atingir a inclinação de 27º observada hoje.

Estas descobertas questionam cenários anteriores. Os astrónomos já estavam de acordo sobre a existência desta ressonância. No entanto, pensavam que tinha ocorrido muito cedo, há mais de 4 mil milhões de anos, devido a uma mudança na órbita de Neptuno. Pensava-se que desde aquela época o eixo de Saturno estava estável. De facto, o eixo de Saturno está ainda a inclinar-se, e o que vemos hoje é apenas um estágio de transição nesta mudança. Ao longo dos próximos milhares de milhões de anos, a inclinação do eixo de Saturno pode mais que duplicar.

A equipa de investigação já havia chegado a conclusões semelhantes sobre o planeta Júpiter, que deverá sofrer inclinações comparáveis devido à migração das suas quatro principais luas e à ressonância com a órbita de Úrano: nos próximos cinco mil milhões de anos, a inclinação do eixo de Júpiter poderá aumentar de 3º para mais de 30º.

 


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Animação esquemática que mostra a migração de Titã e Saturno a entrar em ressonância.
Crédito: Melaine Saillenfest/IMCCE


// CNRS (comunicado de imprensa)
// Observatório de Paris (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (Nature Astronomy)

Saiba mais

CCVAlg - Astronomia:
12/06/2020 - Titã afasta-se de Saturno mais depressa do que se pensava

Saturno:
Solarviews
Wikipedia

Titã:
Solarviews
Wikipedia

 
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