Top thingy left
 
TELESCÓPIO KEPLER VISLUMBRA POPULAÇÃO DE PLANETAS INTERESTELARES
9 de julho de 2021

 


Impressão de artista de um planeta flutuante.
Crédito: A. Stelter/Wikimedia Commons

 

Foram descobertas evidências tentadoras de uma população misteriosa de planetas interestelares, planetas que podem viajar sozinhos pelo espaço profundo, não ligados a qualquer estrela hospedeira. Os resultados incluem quatro novas descobertas que são consistentes com planetas de massas semelhantes à da Terra, publicados na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

O estudo, liderado por Iain McDonald da Universidade de Manchester, Reino Unido (agora da Open University), usou dados obtidos em 2016 durante a fase K2 da missão do Telescópio Espacial Kepler da NASA. Durante esta campanha de dois meses, o Kepler monitorizou um campo lotado com milhões de estrelas perto do centro da nossa Galáxia a cada 30 minutos para encontrar eventos de microlentes gravitacionais.

A equipa de estudo encontrou 27 sinais candidatos a microlente, de curta duração, que variaram em escalas de tempo uma hora e 10 dias. Muitos deles haviam sido vistos anteriormente em dados obtidos simultaneamente a partir do solo. No entanto, os quatro eventos mais curtos são novas descobertas que são consistentes com planetas de massas semelhantes à da Terra.

Estes novos eventos não mostram um sinal mais longo que pode ser esperado de uma estrela hospedeira, sugerindo que estes novos eventos podem ser planetas fugitivos. Estes planetas podem ter sido formados originalmente em torno de uma estrela-mãe antes de serem ejetados pelo puxão gravitacional de outros planetas mais massivos no sistema.

Previstas por Albert Einstein há 85 anos atrás como consequência da sua Teoria da Relatividade Geral, as microlentes descrevem como a luz de uma estrela de fundo pode ser temporariamente ampliada pela presença de outras estrelas em primeiro plano. Isto produz uma pequena explosão de brilho que pode durar de horas a alguns dias. Aproximadamente uma em cada milhão de estrelas na nossa Galáxia é visivelmente afetada por microlentes a qualquer momento, mas espera-se que apenas uma pequena percentagem delas seja provocada por planetas.

O Kepler não foi projetado para encontrar planetas usando microlentes, nem para estudar os campos estelares extremamente densos do interior da Galáxia. Isto significa que tiveram que ser desenvolvidas novas técnicas de redução de dados para procurar sinais dentro do conjunto de dados do Kepler.

Iain explica: "Estes sinais são extremamente difíceis de encontrar. As nossas observações apontaram um telescópio idoso, enfermo e com visão turva para uma das partes mais densamente povoadas do céu, onde já existem milhares de estrelas brilhantes que variam em brilho, e milhares de asteroides que deslizam pelo nosso campo. A partir desta cacofonia, tentámos extrair minúsculos aumentos de brilho, característicos de planetas, e só temos uma chance de ver um sinal antes que este desapareça. É tão fácil quanto olhar para o piscar de um pirilampo no meio de uma autoestrada, usando apenas um telemóvel."

O coautor Eamonn Kerins da Universidade de Manchester, também comenta: "O Kepler alcançou o que nunca tinha sido desenhado para fazer, ao fornecer mais evidências tentadoras para a existência de uma população de planetas flutuantes de massa parecida à da Terra. Agora, passou o bastão para outras missões que serão projetadas para encontrar tais sinais, sinais tão elusivos que o próprio Einstein pensou que provavelmente nunca seriam observados. Estou muito empolgado que a próxima missão Euclid da ESA também se possa juntar a este esforço como uma atividade científica adicional à sua missão principal."

A confirmação da existência e natureza dos planetas fugitivos será um foco importante para as próximas missões, como o Telescópio Espacial Nancy Grace Roman da NASA, e possivelmente a missão Euclid da ESA, ambas otimizadas para procurar sinais de microlentes.

 

 


comments powered by Disqus

 

// Sociedade Astronómica Real (comunicado de imprensa)
// The Open University (comunicado de imprensa)
// Universidade de Manchester (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (Monthly Notices of the Royal Astronomical Society)
// Artigo científico (arXiv.org)

Saiba mais

Planetas interestelares (ou "fugitivos"):
Wikipedia

Exoplanetas:
Wikipedia
Lista de planetas (Wikipedia)
Lista de exoplanetas potencialmente habitáveis (Wikipedia)
Lista de extremos (Wikipedia)
Open Exoplanet Catalogue
NASA
Enciclopédia dos Planetas Extrasolares

Microlentes gravitacionais:
Wikipedia

Telescópio Espacial Kepler:
NASA
NASA - 2
Wikipedia

Euclid:
ESA
Wikipedia

RST ([Nancy Grace] Roman Space Telescope, anteriormente WFIRST):
NASA
Wikipedia
Facebook
Twitter

 
Top Thingy Right