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Astrónomos descobrem um par de estrelas condenadas à nossa porta cósmica
8 de abril de 2025
 

Impressão artística de um sistema binário em que as suas duas estrelas estão prestes a colidir.
Crédito: Universidade de Warwick/Mark Garlick
 
     
 
 
 

Astrónomos da Universidade de Warwick descobriram um sistema estelar binário compacto, de massa elevada e extremamente raro, a apenas 150 anos-luz de distância. Estas duas estrelas estão em rota de colisão para explodir como uma supernova do Tipo Ia, aparecendo 10 vezes mais brilhante do que a Lua no céu noturno.

As supernovas de Tipo Ia são uma classe especial de explosões cósmicas, famosas por serem usadas como "velas padrão" para medir as distâncias entre a Terra e as galáxias que as acolhem. Ocorrem quando uma anã branca (o núcleo denso remanescente de uma estrela) acumula demasiada massa, é incapaz de resistir à sua própria gravidade e explode.

Há muito que se prevê teoricamente que duas anãs brancas em órbita são a causa da maioria das explosões de supernova de Tipo Ia. Quando numa órbita próxima, a anã branca mais massiva do par acumula gradualmente material da sua parceira, o que leva a que essa estrela (ou ambas) expluda.

Esta descoberta, publicada na revista Nature Astronomy, não só encontrou pela primeira vez um sistema deste tipo, como encontrou um par compacto de anãs brancas mesmo à nossa porta cósmica, na Via Láctea.

James Munday, investigador doutorado em Warwick e líder da investigação, afirmou: "Há anos que se previa a existência de um sistema duplo de anãs brancas local e massivo, por isso, quando vi pela primeira vez este sistema com uma massa total muito elevada às nossas portas, na nossa Galáxia, fiquei imediatamente entusiasmado.

"Com uma equipa internacional de astrónomos, quatro dos quais da Universidade de Warwick, perseguimos imediatamente este sistema em alguns dos maiores telescópios óticos do mundo para determinar exatamente o seu grau de compacidade.

"Ao descobrir que as duas estrelas estão separadas por apenas 1/60 da distância Terra-Sol, apercebi-me rapidamente de que tínhamos descoberto o primeiro binário de anãs brancas que, sem dúvida, conduzirá a uma supernova de Tipo Ia numa escala de tempo próxima da idade do Universo.

"Finalmente, nós, enquanto comunidade, podemos agora explicar com alguma fiabilidade a taxa de supernovas de Tipo Ia na Via Láctea".

Significativamente, o novo sistema de James é o mais massivo do seu género alguma vez confirmado, com uma massa combinada de 1,56 vezes a do Sol. Com uma massa tão elevada, isto significa que, aconteça o que acontecer, as estrelas estão destinadas a explodir.

No entanto, a explosão só ocorrerá daqui a 23 mil milhões de anos e, apesar de estar tão perto do nosso Sistema Solar, esta supernova não porá o nosso planeta em perigo.

Utilizando dados do NOT (Nordic Optical Telescope) e do Telescópio William Herschel, ambos localizados no Observatório Roque de Los Muchachos (Garafía, La Palma), a equipa conseguiu compreender os pormenores precisos de como as duas estrelas chegarão ao seu fim.

Neste momento, as anãs brancas estão a girar em torno uma da outra, numa órbita que dura mais de 14 horas. Ao longo de milhares de milhões de anos, a radiação das ondas gravitacionais fará com que as duas estrelas espiralem uma em direção à outra até que, no limiar do evento de supernova, estarão a mover-se tão rapidamente que completam uma órbita em apenas 30 a 40 segundos.

A Dra. Ingrid Pelisoli, professora assistente na Universidade de Warwick e terceira autora, acrescentou: "Esta é uma descoberta muito significativa. Encontrar um sistema deste tipo às nossas portas, na nossa Galáxia, é uma indicação de que devem ser relativamente comuns, caso contrário teríamos de olhar para muito mais longe, procurando num volume maior da nossa Galáxia, para os encontrar.

"Encontrar este sistema não é o fim da história, no entanto, a nossa pesquisa em busca de progenitoras de supernovas de Tipo Ia ainda está em curso e esperamos mais descobertas excitantes no futuro. Pouco a pouco, estamos a aproximar-nos da resolução do mistério da origem das explosões de Tipo Ia".

Para o evento de supernova, a massa será transferida de uma anã para a outra, resultando numa rara e complexa explosão de supernova através de uma detonação quádrupla. A superfície da anã que ganha massa detona primeiro onde está a acumular material, fazendo com que o seu núcleo expluda em segundo lugar. Isto ejeta material em todas as direções, colidindo com a outra anã branca, fazendo com que o processo se repita para uma terceira e quarta detonação.

As explosões destruirão completamente todo o sistema, com níveis de energia mil quadriliões de vezes superiores aos da mais poderosa bomba nuclear.

Milhares de milhões de anos no futuro, esta supernova aparecerá como um ponto de luz muito intenso no céu noturno. Caso a Terra ainda exista, em comparação, fará com que alguns dos objetos mais brilhantes pareçam ténues, aparecendo até dez vezes mais brilhante do que a Lua e 200.000 vezes mais brilhante do que Júpiter.

// Universidade de Warwick (comunicado de imprensa)
// IAC (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (Nature Astronomy)
// A explosão de supernova de Tipo Ia de WDJ181058.67+311940.94 (James Munday via YouTube shorts)

 


Quer saber mais?

Anã branca:
NASA
Wikipedia

Supernovas:
Wikipedia 
Tipo Ia (Wikipedia)

NOT (Nordic Optical Telescope):
Página principal
Wikipedia

WHT (William Herschel Telescope):
Página principal
Wikipedia

 
   
 
 
 
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