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VIA LÁCTEA
Se olhar para o céu numa noite limpa e escura, longe da poluição luminosa, verá uma ténue banda de luz a atravessar os céus. Esta é a Via Láctea, lar do nosso Sistema Solar. Aqui existem pelo menos outras 200 mil milhões de estrelas (estimativas mais recentes proporcionam um número que rondam as 400 mil milhões) e seus planetas, milhares de enxames e nebulosas, incluindo pelo menos quase todos os objectos do catálogo de Messier que não são galáxias (poder-se-á considerar dois enxames globulares como possíveis excepções, pois estão a ser, ou foram recentemente, incorporadas ou importadas para a nossa Galáxia, oriundos de galáxias anãs que estão actualmente a passar pela nossa Via Láctea: M54, da galáxia elíptica anã do Sagitário, e possivelmente M79 da anã de Cão Maior. Todos os objectos da Via Láctea orbitam um centro de massa comum, chamado Centro Galáctico.

Como uma galáxia, a Via Láctea é gigante, pois a sua massa situa-se provavelmente entre os 750 mil milhões e 1 bilião de massas solares, e o seu diâmetro é de cerca de 100,000 anos-luz. Investigações no rádio da distribuição das nuvens de hidrogénio revelaram que a Via Láctea é uma galáxia espiral do tipo Sb ou Sc da sequência de Hubble. Por isso, a nossa Galáxia tem uma componente discal pronunciada exibindo uma estrutura espiral, e uma região nuclear proeminente que faz parte dum componente bojo/halo. Não é ainda claro se tem ou não uma estrutura barrada (para ser do tipo SB), mas um número crescente de investigações já deu provas da sua existência, por isso a Via Láctea poderá parecer-se com M61 ou M83, e é melhor classificada como SABbc.

Em 2004, uma equipa de astrónomos estimou a idade da Via Láctea. Usaram o espectógrafo Echelle UV-Visual do VLT no Chile para medir, pela primeira vez, o conteúdo de Berílio em duas estrelas no enxame globular NGC 6397. Isto permitiu deduzir o tempo que passou desde o nascimento da primeira geração de estrelas em toda a Galáxia e a primeira geração de estrelas no enxame globular, há 200 ou 300 milhões de anos atrás. Acrescentam uma estimativa das estrelas no enxame globular: 13,400 ± 800 milhões de anos. A soma é a sua idade estimada da Via Láctea: 13,600 ± 800 milhões de anos.

Figura 1 - Forma aproximada da Via Láctea e posição do Sistema Solar.
Crédito: Tim Jones

 

Figura 2 - A nossa Galáxia está a ser invadida. Observações indicam que nos próximos 100 milhões de anos, a galáxia anã do Sagitário irá mover-se pelo disco da Via Láctea outra vez. A galáxia, delineada na parte de baixo da imagem, é a mais próxima das 9 galáxias anãs conhecidas que orbitam a nossa. Não se preocupe, não estamos em perigo. O mesmo já não se pode dizer de Sagitário: pode desfazer-se!
Crédito: R. Ibata (UBC), R. Wyse (JHU), R. Sword (IoA)

A Via Láctea pertence ao Grupo Local, um pequeno grupo de 3 grandes galáxias e de aproximadamente 35 outras mais pequenas, e é a segunda maior (seguida da Galáxia de Andrómeda, ou M31). No entanto, parece ser o membro mais massivo deste grupo. M31, a mais ou menos 2.9 milhões de anos-luz, é a maior galáxia vizinha, mas um outro número de ténues galáxias estão muito mais próximas: muitas das anãs do Grupo Local são satélites ou companheiras da Via Láctea. Os dois vizinhos mais próximos, referidos acima, foram apenas recentemente descobertos: a galáxia mais próxima, a anã de Cão Maior, descoberta em 2003, é uma galáxia quase despedaçada, em que o seu núcleo encontra-se a 25,000 anos-luz de nós e a cerca de 45,000 anos-luz do Centro Galáctico. A segunda é SagDEG (galáxia elíptica anã de Sagitário), a 88 mil-anos luz de e uns 50,000 anos-luz do Centro Galáctico. Estas duas anãs estão actualmente em "encontros imediatos" com a nossa Galáxia e várias secções das suas órbitas estão situadas bem dentro do volume ocupado pela Via Láctea. São seguidas em distância pelas mais inequívocas Grande e Pequena Nuvens de Magalhães, a 160,000 e 200,000 anos-luz, respectivamente.

Os braços espirais da Via Láctea contêm matéria interestelar, nebulosas difusas, e jovens estrelas e enxames estelares abertos que emergem desta matéria. Por outro lado, o bojo consiste de estrelas velhas e contém a maioria dos enxames globulares; a nossa Galáxia tem à volta de 200 globulares, dos quais conhecemos cerca de 150. Estes enxames globulares são fortemente concentrados na direcção do Núcleo Galáctico: a partir da sua distribuição aparente no céu, Harlow Shapley concluiu que este centro da Via Láctea situava-se a uma distância considerável (que exagerou em factores) na direcção de Sagitário e não tão perto, como se pensava anteriormente.

 
O nosso Sistema Solar está por isso situado nas regiões exteriores desta Galáxia, bem dentro do disco e a apenas cerca de 20 anos-luz do plano equatorial simétrico mais a aproximadamente 28,000 anos-luz do Centro Galáctico. Por isso, a Via Láctea aparece como uma banda luminosa que se estende por todo o céu ao longo deste plano simétrico, que também é chamado de "Equador Galáctico". O seu centro situa-se na direcção da constelação do Sagitário, mas muito perto das fronteiras dos dois vizinhos Escorpião e Ofiúco. A distância de 28,000 anos-luz foi recentemente (1997) confirmada por dados do satélite da ESA Hiparco. Outras investigações publicadas posteriormente disputaram este valor e propõem um mais pequeno de 25,000 anos-luz, com base na dinâmica estelar; uma investigação recente (McNamara et. al 2000, com base nas variáveis RR Lyrae) propõe um número de 26,000 anos-luz. Estes dados, tendo em conta a sua importância, não afectariam directamente os valores para as distâncias de objectos em particular, seja dentro da Via Láctea ou para fora.

O Sistema Solar está situado dentro de um braço espiral mais pequeno, chamado Braço Local ou Braço de Orionte, que é uma mera ligação entre os braços mais massivos interior e exterior, o Braço de Sagitário e o Braço de Perseu.

Semelhantes a outras galáxias, ocorrem supernovas na Via Láctea em intervalos irregulares de tempo. Se não se encontrarem demasiadamente obscurecidas pela matéria interestelar, podem ser e têm sido observadas como eventos espectaculares a partir da Terra. Infelizmente, nenhuma ocorreu desde a invenção do telescópio (a última supernova observada na nossa Via Láctea foi estudada por Johannes Kepler em 1604).


Figura 3 - Vista da Via Láctea na região do Sagitário. São visíveis algumas nebulosas e enxames, como por exemplo M8 e M20 (a nebulosa vermelha no centro e a mais pequena para a direita, respectivamente).
Crédito: James Kelly
 
As imagens da Via Láctea são muitas vezes exposições de campo-largo. Além de serem atraentes e muitas vezes coloridas, são regularmente usadas para observar os objectos da Via Láctea (incluindo nebulosas e enxames estelares) na suas vizinhanças celestes de campos estelares.
 

Figura 4 - Vista da Via Láctea entre Cassiopeia e Popa (o que normalmente se vê no Inverno). A imagem cobre a região entre 120 e 260 graus da longitude Galáctica, o que corresponde a mais ou menos 40% da totalidade da Via Láctea. Embora a Via Láctea no Inverno não seja muito notável, observam-se bem as faixas escuras no lado direito.
Crédito: Naoyuki Kurita
 

Figura 5 - Esta imagem da Via Láctea mostra a região que normalmente vemos durante o Verão, entre as constelações de Cassiopeia e Sagitário, equivalente à área entre 0 e 140 graus da longitude Galáctica, o que corresponde a mais ou menos 40% da totalidade da Via Láctea. Nota-se vem numa faixa escura que se prolonga pelo centro da Via Láctea, e também muitas nebulosas avermelhadas por todo os lados.
Crédito: Naoyuki Kurita
 

Figura 6 - Na luz visível, a maioria do Centro Galáctico está obscurecido pelo pó opaco. Na luz infravermelha, no entanto, o pó brilha mais e obscurece menos, permitindo que se possa registar um milhão de estrelas na fotografia acima.
Crédito: Projecto 2MASS, UMass, IPAC/Caltech, NSF, NASA
A estrutura da Via Láctea pode ser melhor investigada no infravermelho, dado que as nuvens de pó que obscuram o que está por detrás têm uma transparência melhor em comprimentos de onda maiores no infravermelho do que no visível.

A região central da Via Láctea, como muitas outras galáxias, tem uma densidade estelar maior que as regiões exteriores, e contém um objecto central massivo, que se pensa ser um enorme buraco-negro.

Abaixo indica-se alguns dados para o Núcleo Galáctico:

 
Ascensão recta
 
17:45.6 (h:m)
 
  Declinação  
-28:56 (graus:m)
 
 
Distância
 
28 (kal)
 

O Pólo Norte Galáctico está a:

 
Ascensão recta
 
12:51.4 (h:m)
 
  Declinação  
+27:07 (graus:m)
 
 
O nosso Sol, em conjunto com a totalidade no Sistema Solar, orbita o Centro Galáctico à distância dada, quase numa órbita circular. Move-se a 250 km/s, e demora 220 milhões de anos para completar uma órbita (o Sistema Solar já orbitou o Centro Galáctico 20 ou 21 vezes desde a sua formação há aproximadamente 4.6 mil milhões de anos atrás).

Em adição à Rotação Galáctica total, o Sistema Solar move-se entre as estrelas vizinhas (num movimento peculiar) a uma velocidade de cerca de 20 km/s, numa direcção chamada "Ápex Solar", na posição aproximada RA=18:01, Dec=+26 (2000.0); este movimento foi descoberto por William Herschel em 1783.

Considerando o sentido da rotação, a Galáxia, na posição do Sol, está a rodar na direcção da Ascensão Recta 21:12.0, Declinação +48:19. Isto indica que roda "para trás" no sistema de coordenadas Galáctico, isto é, o Pólo Norte Galáctico é na realidade o Pólo Sul físico no que diz respeito à rotação galáctica (definida pela direcção do vector do momento angular).

 

 
LINKS
 

Mais informações (em inglês)
Wikipedia
Galáxia anã do Sagitário
O Grupo Local
Mais sobre a estrutura espiral da Via Láctea
Objectos de Messier na Via Láctea
Imagens da Via Láctea em vários comprimentos de onda
Panorama de 360º da Via Láctea
O Universo a 50,000 anos-luz da Via Láctea
Mapa da Via Láctea
O Universo a 500,000 anos-luz da Via Láctea
Mais links para páginas acerca da Via Láctea - Yahoo
Ilustração da Via Láctea - APOD
No centro da Via Láctea - APOD
Ventos a alta-velocidade e a Via Láctea - APOD

 


Figura 7 - Via Láctea a vários comprimentos de onda.
Crédito: NASA

 
Última actualização: 2005-04-07
 
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