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Edição n.º 1242
02/02 a 04/02/2016
 
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26/02/16 - APRESENTAÇÃO ÀS ESTRELAS
20:00 - Apresentação sobre tema de astronomia, seguida de observação astronómica noturna com telescópio (dependente de meteorologia favorável).
Público: Público em geral
Local: CCVAlg
Preço: 2€ - adultos, 1€ jovens (crianças até 12 anos grátis)
Pré-inscrição: consultar este link
Telefone: 289 890 922
E-mail: info@ccvalg.pt

 
EFEMÉRIDES

Dia 02/02: 33.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1964, a sonda norte-americana Ranger 6 chegava à Lua. 
Em 2004 é detetado pela primeira vez oxigénio e carbono na atmosfera de um exoplaneta, HD 209458b.
No mesmo dia, os picos de Columbia Hills em Marte recebem os nomes dos sete astronautas que morreram no desastre do Columbia (STS-107) de 1 de Fevereiro de 2003.

O rover Spirit passou vários anos a explorar Columbia Hills até deixar de funcionar em 2010. 
Observações: Antes do amanhecer, a Lua brilha por cima da cabeça de Escorpião, quase a meio de caminho entre saturno e Marte.
Trânsito da sombra de Ganimedes, entre as 19:55 e as 23:31.
Trânsito de Ganimedes, entre as 23:07 e as 02:28 (já de dia 3).

Dia 03/02: 34.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1966, a sonda soviética Luna 9, não tripulada, faz a primeira aterragem assistida com motores na Lua e, por isso, a primeira em qualquer outro corpo planetário que não a Terra.

Em 1984, lançamento da missão STS-41-B do vaivém espacial Challenger.
Em 1994, lançamento da STS-60, do vaivém Discovery, com o primeiro cosmonauta russo a bordo desta nave americana. Foi também a primeira missão do programa Shuttle-Mir.
Em 1995, a astronauta Eileen Collins torna-se na primeira mulher a pilotar o vaivém espacial na missão STS-63, a partir do Centro Espacial Kennedy na Flórida, EUA.
Observações: Eclipse de Europa, entre as 05:03 e as 07:58.
Ao amanhecer, encontrará Saturno e Antares por baixo da Lua.
Orionte encontra-se alto a sudeste por estas noites, orgulhosamente mostrando a supergigante vermelha-alaranjadas mais brilhante do céu, Betelgeuse.

Dia 04/02: 35.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1600, Tycho Brahe e Johannes Kepler encontram-se no castelo Benátky, a nordeste de Praga.
Em 1906 nascia Clyde Tombaugh, famoso pela descoberta, em 1930, de Plutão

Também descobriu muitos asteroides.
Em 1932 era descoberto o asteróide 1239 Queteleta por Eugène Joseph Delporte.
Em 1934 era descoberto o asteróide 2824 Franke por Karl Wilhelm Reinmuth.
Observações: Trânsito da sombra de Ganimedes, entre as 23:22 e as 02:17 (já de dia 5).
Eclipse de Calisto, entre as 23:17 e as 03:17 (já de dia 5).

 
CURIOSIDADES


Esta quinta-feira, dia 4 de fevereiro de 2016, marca 17.000 dias desde que os astronautas da Apollo 11 aterraram na Lua. 17.000 dias é equivalente a 46 anos, 6 meses e 15 dias.

 
HUBBLE OBSERVA MONSTRUOSA NUVEM "BUMERANGUE" A VOLTAR À VIA LÁCTEA

Astrónomos do Telescópio Espacial Hubble estão descobrindo que o velho ditado "o que sobe tem que descer" até se aplica a uma nuvem imensa de hidrogénio fora da nossa Galáxia, a Via Láctea. A nuvem invisível está em "queda livre" em direção à nossa Galáxia a 1,1 milhões de quilómetros por hora.

Esta composição mostra o tamanho e posição da Nuvem Smith no céu. A nuvem tem cores falsas, observada no rádio pelo GBT (Green Bank Telescope). A imagem visível do campo estelar de fundo mostra a localização da nuvem na direção da constelação de Águia.
Crédito: Saxton/Lockman/NRAO/AUI/NSF/Mellinger
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Apesar de se conhecerem centenas de nuvens gigantes e velozes de gás em torno da periferia da nossa Galáxia, esta denominada "Nuvem Smith" é única porque a sua trajetória é bem conhecida. As novas observações do Hubble sugerem que foi lançada das regiões exteriores do disco galáctico há cerca de 70 milhões de anos atrás. A nuvem foi descoberta no início da década de 1960 pela estudante de doutoramento em astronomia Gail Smith, que detetou ondas de rádio emitidas pelo seu hidrogénio.

A nuvem está numa rota de colisão-retorno e espera-se que "lavre" o disco da Via Láctea daqui a 30 milhões de anos. Quando isso acontecer, os astrónomos acreditam que vai dar início a uma espetacular explosão de formação estelar, talvez fornecendo gás suficiente para fabricar 2 milhões de sóis.

Este diagrama mostra a trajetória de 100 milhões de anos da Nuvem Smith enquanto arqueia para fora do plano da Via Láctea e regressa como um bumerangue. As medições do Telescópio Espacial Hubble mostram que a nuvem veio de uma região perto da fronteira do disco de estrelas da Galáxias há 70 milhões de anos. A nuvem está agora esticada na forma de um cometa pela gravidade e pela pressão do gás. Seguindo um percurso balístico, a nuvem vai entrar novamente no disco e despoletar formação estelar daqui a 30 milhões de anos.
Crédito: NASA/ESA/A. Feild (STScI)
(clique na imagem para ver versão maior)
 

"A nuvem é um exemplo de como a Galáxia muda com o tempo," explica Andrew Fox, líder da equipa e do STScI (Space Telescope Science Institute) em Baltimore, no estado americano de Maryland. "Diz-nos que a Via Láctea é um lugar muito ativo e borbulhante onde o gás pode ser expelido para fora de uma parte do disco e, depois, regressar para outra. "

"A nossa Galáxia recicla o seu gás através de nuvens, sendo a Nuvem Smith um exemplo, e irá formar estrelas em lugares diferentes do que no passado. As medições da Nuvem Smith pelo Hubble ajudam-nos a visualizar quão ativos são os discos das galáxias," afirma Fox.

Os astrónomos determinaram que esta região de gás em forma de cometa mede cerca de 11.000 anos-luz de comprimento e 2500 de largura. Se pudesse ser observada no visível, teria um diâmetro aparente [no céu] 30 vezes maior que a Lua Cheia.

Os astrónomos há muito que pensavam que a Nuvem Smith podia ser uma galáxia falhada, sem estrelas, ou gás que caía para a Via Láctea oriundo do espaço intergaláctico. Se qualquer um destes cenários fosse verdadeiro, a nuvem deveria conter principalmente hidrogénio e hélio, não os elementos mais pesados fabricados pelas estrelas. Mas se viesse de dentro da Galáxia, ela conteria mais dos elementos encontrados no nosso Sol.

O instrumento COS (Cosmic Origins Spectrograph) do Hubble pode medir como a luz de objetos distantes de fundo é afetada quando passa pela nuvem, fornecendo pistas sobre a composição química da nuvem. Os astrónomos traçam a origem da nuvem ao disco da nossa Via Láctea. A combinação de observações no ultravioleta e no rádio correlaciona a velocidade de queda da nuvem, fornecendo evidências sólidas de que as características espectrais estão ligadas com a dinâmica da nuvem.
Crédito: NASA/ESA/A.Feild (STScI)
(clique na imagem para ver versão maior)
 

A equipa usou o Hubble para medir pela primeira vez a composição química da Nuvem de Smith e para determinar de onde veio. Observaram, no ultravioleta, os núcleos brilhantes de três galáxias ativas que residem a milhares de milhões de anos-luz por trás da nuvem. Usando o instrumento COS (Cosmic Origins Spectrograph) do Hubble, mediram como esta luz é filtrada através da nuvem.

Em particular, procuraram enxofre na nuvem, que pode absorver a luz ultravioleta. "Ao medir o enxofre, podemos aprender quão enriquecida em átomos de enxofre é a nuvem, em comparação com o Sol," explica Fox. O enxofre é um bom indicador da quantidade de elementos mais pesados que residem na nuvem.

Os astrónomos descobriram que a Nuvem Smith é tão rica em enxofre como o disco exterior da Via Láctea, uma região a cerca de 40.000 anos-luz do centro da Galáxia (aproximadamente 15.000 anos-luz mais para a periferia da Via Láctea do que o Sol e o Sistema Solar). Isto significa que a Nuvem Smith foi enriquecida por material das estrelas. Isto não acontecia se fosse hidrogénio pristino de fora da Galáxia, ou se fosse o remanescente de uma galáxia falhada e desprovida de estrelas. Em vez disso, a nuvem parece ter sido expulsa de dentro da Via Láctea e está agora de volta como um bumerangue.

Embora isto resolva o mistério da origem da Nuvem de Smith, levanta novas questões: como é que a nuvem chegou onde está agora? Que evento desastroso a catapultou para fora do disco da Via Láctea, e como é que permaneceu intacta? Será que uma região de matéria escura - uma forma invisível de matéria - passou pelo disco e capturou gás da Via Láctea? As respostas poderão ser encontradas em investigações futuras.

A pesquisa da equipa foi publicada na edição de 1 janeiro de 2016 da revista The Astrophysical Journal Letters.

Links:

Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
Universidade de Notre Dame (comunicado de imprensa)
Artigo científico (arXiv.org)
HUBBLESITE
Hubble Hangout: Uma discussaõ sobre a origem e conclusões da investigação (via YouTube)
Astronomy
(e) Science News
Astronomy Now
PHYSORG
Forbes
TIME
METRO
Gizmodo

Nuvem de Smith:
Wikipedia

Nuvens de alta velocidade:
Wikipedia

Telescópio Espacial Hubble:
Hubble, NASA 
ESA
STScI
SpaceTelescope.org
Base de dados do Arquivo Mikulski para Telescópios Espaciais

 
GEOMETRIA NA ASTRONOMIA BABILÓNICA

Um cientista descobriu que astrónomos babilónicos calcularam a posição de Júpiter com métodos geométricos, cujo artigo científico foi publicado na revista Science.

Isto é revelado numa análise de tabuletas cuneiformes (três publicadas e duas não publicadas) do Museu Britânico pelo Professor Mathieu Ossendrijver, historiador de ciência da Universidade Humboldt de Berlim. As placas datam do período entre 350 e 50 AEC (Antes da Era Comum). Os historiadores de ciência, até agora, assumiam que os cálculos geométricos do género encontrado nestas placas foram realizados pela primeira vez no século XIV. Além disso, assumia-se que os astrónomos babilónicos usavam apenas métodos aritméticos. "A nova interpretação revela que os astrónomos babilónicos também usavam métodos geométricos," comenta Mathieu Ossendrijver.

Em quatro destas tabuletas, a distância percorrida por Júpiter é calculada como a área de uma figura que representa como a sua velocidade muda com o tempo. Nenhuma das placas contém desenhos mas, como Mathieu Ossendrijver explica, os textos descrevem a figura na qual a área é calculada como um trapézio. Conhecem-se dois destes textos trapezoidais desde 1955, mas o seu significado tinha permanecido incerto, mesmo depois de outras duas placas com estas operações terem sido descobertos nos últimos anos.

Nova interpretação foi motivada por uma recém-descoberta quinta placa

Uma razão para tal foi o estado danificado das placas, escavadas sem métodos científicos de preservação na Babilónia, perto do seu tempo principal de Esagila, no século XIX. Outra razão foi que os cálculos não podiam ser ligados a um planeta em particular. A nova interpretação dos textos trapezoidais surgiu de uma quinta placa recém-descoberta quase completamente preservada. Um colega de Viena, o Professor de Assiriologia Hermann Hunger, chamou a atenção de Mathieu Ossendrijver para esta placa. Ele presentou-o com uma fotografia antiga da placa que foi feita no Museu Britânico.

A nova tabuleta não menciona uma figura trapezoidal, mas contém um cálculo matematicamente equivalente aos outros. Estes cálculos podem ser atribuídos exclusivamente ao planeta Júpiter. Com esta nova informação, as outras placas, até agora incompreensíveis, puderam ser decifradas.

Esquerda: placa cuneiforme com cálculos que envolvem um trapézio. Direita: uma visualização de um procedimento trapezoidal da placa: a distância percorrida por Júpiter após 60 dias, 10º45', calculada como a área do trapézio. Este é então dividido em dois mais pequenos para encontrar o tempo (tc) que Júpiter demora para percorrer metade desta distância.
Crédito: Mathieu Ossendrijver
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Em todas as cinco placas, o deslocamento diário de Júpiter e o seu deslocamento total ao longo da sua órbita, ambos expressos em graus, são descritos para os primeiros 60 dias depois de Júpiter se tornar visível como "estrela da manhã". Mathieu Ossendrijver explica: "A nova visão crucial, fornecida pela placa sem a figura geométrica, é que a velocidade de Júpiter diminui linearmente no prazo de 60 dias. Por causa desta diminuição linear, emerge uma figura trapezoidal se desenharmos a velocidade contra o tempo."

"É esta figura trapezoidal a partir da qual a área é calculada nas outras quatro placas," afirma o historiador de ciência. A área desta figura é explicitamente declarada como a distância percorrida por Júpiter após 60 dias. Além disso, o tempo que Júpiter demora a percorrer metade desta distância é também calculado, ao dividir o trapézio em dois trapézios de área igual.

Os académicos europeus usaram técnicas semelhantes

"Estes cálculos antecipam o uso de técnicas similares por estudiosos europeus, mas foram realizados, pelo menos, 14 séculos antes," acrescenta Ossendrijver. O grupo denominado "Calculatores de Oxford", um grupo de matemáticos que trabalhou em Merton College, Oxford, no século XIV, tem o crédito do desenvolvimento do "Teorema da velocidade média". Este teorema produz a distância percorrida por um corpo uniforme em desaceleração, o que corresponde à fórmula moderna S=t.(u+v)/2, em que u e v são as velocidades iniciais e finais.

No mesmo século, Nicole Oresme, bispo e filósofo escolástico em Paris, criou métodos gráficos que lhe permitiram provar essa relação. Ele calculou S como a área de um trapézio de largura t e alturas u e v. Os procedimentos do trapézio babilónico podem ser vistos como um exemplo concreto do mesmo cálculo.

As figuras trapezoidais babilónicas existem num espaço matemático abstrato

Além disso, até agora assumia-se que os astrónomos da Babilónia usavam métodos aritméticos, mas não os geométricos, apesar de serem comuns na matemática babilónica desde 1800 AEC. Os astrónomos gregos da época entre 350 BCE e 150 EC (Era Comum) também são conhecidos pelo seu uso de métodos geométricos. No entanto, os textos trapezoidais babilónicos são diferentes dos cálculos geométricos dos seus colegas gregos. As figuras trapezoidais não descrevem configurações no espaço real, mas surgem do desenho da velocidade do planeta contra o tempo. Ao contrário das construções geométricas dos astrónomos gregos, as figuras trapezoidais babilónicas existem num espaço matemático abstrato, definido pelo tempo no eixo x (abcissas) e pela velocidade no eixo y (ordenadas).

Links:

Notícias relacionadas:
Universidade Humboldt de Berlim (comunicado de imprensa)
Science
Nature
SPACE.com
New Scientist
Discover
COSMOS
Popular Mechanics
POPULAR SCIENCE
Smithsonian
PHYSORG
Discovery News
National Geographic
BBC News
Gizmodo
ars technica

Astronomia babilónica:
Wikipedia
Astronomia na Antiguidade (CCVAlg)

Trapézio:
Wikipedia

Calculatores de Oxford:
Wikipedia
Teorema da velocidade média (Wikipedia)

Nicole Oresme:
Wikipedia

 
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  Água gelada generalizada em Plutão (via NASA)
Novos dados da sonda New Horizons da NASA apontam para uma maior abundância de água gelada à superfície de Plutão do que se pensava. Ler fonte
 
ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS - Galáxia Escondida IC 342
(clique na imagem para ver versão maior)
Crédito: Fabiomassimo Castelluzzo
 
Semelhante em tamanho com as grandes e brilhantes galáxias espirais na nossa vizinhança, IC 342 está a uns meros 10 milhões de anos-luz de distância na constelação norte de Girafa. Um esplêndido universo-ilha, IC 342 seria uma galáxia de destaque no nosso céu noturno caso não estivesse escondida por trás do véu de estrelas, gás e nuvens e poeira do plano da nossa própria Via Láctea. Apesar da luz de IC 342 ficar obscurecida pelas nuvens cósmicas intervenientes, esta imagem telescópica de céu profundo traça a poeira, enxames azuis e regiões de formação estelar dos braços espirais em redor do núcleo da galáxia. IC 342 poderá ter sofrido uma recente explosão de atividade de formação estelar e está perto o suficiente para ser influenciada gravitacionalmente pela evolução do seu grupo gocal de galáxias e da Via Láctea.
 

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