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Edição n.º 1383
09/06 a 12/06/2017
 
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30/06/17 - DIA DO ASTEROIDE - OBSERVAÇÃO NOTURNA
20:30 - Palestra e sessão de observação às estrelas comemorativa do dia do asteroide. No dia em que se comemora o Dia Internacional do Asteroide, promovido pela ONU, o Centro Ciência Viva do Algarve promove uma palestra com observação astronómica noturna com telescópio para toda a Família (dependente de meteorologia favorável). Este evento encontra-se inserido na Noite Europeia dos Investigadores e é completamente gratuito mediante inscrição.
Local: CCVAlg
Pré-inscrição: siga este link
Telefone: 289 890 920
E-mail: info@ccvalg.pt

 
EFEMÉRIDES

Dia 09/06: 160.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1812 nascia Johann Gottfried Galle, astrónomo alemão, que foi o primeiro a observar Neptuno sabendo do que se tratava.

Galle é também conhecido por ter sido assistente de Encke e foi um dos poucos astrónomos a observar o cometa Halley duas vezes - morrendo dois meses depois do cometa ter passado o periélio em 1910.
Observações: Lua Cheia, pelas 14:10.
Ao lusco-fusco, procure Saturno poucos graus para a direita da Lua Cheia. Observe a Lua a aproximar-se ligeiramente do planeta com o passar da noite.

Dia 10/06: 161.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1973, lançamento do Explorer 49, que foi colocado em órbita lunar e tinha o objetivo de recolher medições dos planetas, do Sol e da Galáxia no rádio.
Em 2003 era lançado o rover Spirit, começando a missão Mars Exploration Rover da NASA. Em Marte, operou durante largos anos, até que deixou de contactar com a Terra em março de 2010.

Observações: Com o verão a apenas 11 dias de distância, o Triângulo de Verão já está razoavelmente alto a este após o anoitecer. A sua estrela de topo é Vega. Deneb é a estrela mais brilhante para baixo e para a esquerda de Vega (2 ou 3 punhos à distância do braço esticado). Procure Altair a uma distância maior mas para baixo e para a direita de Vega.

Dia 11/06: 162.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1723 nascia Johann Georg Palitzsch, astrónomo alemão que observaria em 1758 o regresso do cometa Halley, tal como previsto por Edmond Halley em 1705.

Em 1867, nascia Charles Fabry, físico francês que se especializou em ótica e interferometria. Em 1913, demonstrou que o ozono na atmosfera superior é responsável por filtrar a radiação ultravioleta do Sol. 
Em 2004, a sonda Cassini-Huygens faz a sua maior aproximação a Febe.
Em 2008, lançamento do Telescópio Espacial de Raios-Gama Fermi.
Em 2013, lançamento do Shenzhou 10, a quinta missão tripulada da China e a segunda e última até ao laboratório espacial Tiangong-1, com 3 taikonautas a bordo e duração de 15 dias. 
Observações: Nesta altura do ano começamos a ver a cabeça de Escorpião acima do horizonte imediatamente após o pôr-do-sol, o que permite observar os enxames mais fáceis desta constelação - M4 (enxame globular), M6 (enxame aberto) e M7 (enxame aberto) - ainda cedo na noite.

Dia 12/06: 163.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1843, nascia David Gill, astrónomo escocês, famoso pela sua medição de distâncias astronómicas. Redeterminou a distância ao Sol com um grau de precisão tão elevado que o valor foi usado em almanaques até 1968.
Em 1967 era lançada a Venera 4 que seria a primeira sonda a enviar dados da atmosfera de outro planeta (Vénus) para a Terra. 

Em 2004, um meteorito condrito de 1,3 kg atinge uma casa em Ellserslie, Nova Zelândia, provocando grandes danos mas nenhuns ferimentos.
Observações: Ocultação de Io, entre as 01:06 e as 03:23.
Eclipse de Io, entre as 02:18 e as 04:35.
Trânsito de Europa, entre as 21:56 e as 00:33 (já de dia 13).
Trânsito de Io, entre as 22:21 e as 00:37 (já de dia 13).

 
CURIOSIDADES


Júpiter conta agora com mais duas luas recém-descobertas pelo astrónomo Scott Shepard, S/2016 J 1 (na imagem) e S/2017 J 1, recentemente divulgadas em circulares eletrónicas do Centro de Planetas Menores. As descobertas elevam o total de luas conhecidas, em torno do maior planeta do Sistema Solar, para 69.

 
ALMA DESCOBRE INGREDIENTE DA VIDA EM TORNO DE ESTRELAS BEBÉ DO TIPO SOLAR

O ALMA observou estrelas como o Sol numa fase muito inicial da sua formação e descobriu traços de isocianato de metilo — um bloco constituinte de vida. Esta é a primeira vez que se deteta esta molécula prebiótica em protoestrelas do tipo solar, isto é, estrelas do tipo da protoestrela que deu origem ao Sol e, consequentemente, ao Sistema Solar. Esta descoberta ajuda os astrónomos a perceber melhor a origem da vida na Terra.

Duas equipas de astrónomos utilizaram o ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array) instalado no Chile para detetar a molécula orgânica complexa prebiótica de isocianato de metilo (o isocianato de metilo é uma substância muito tóxica que contém átomos de carbono, hidrogénio, azoto e oxigénio na configuração química CH3NCO) no sistema estelar múltiplo IRAS 16293-2422. Uma das equipas foi liderada por Rafael Martín-Doménech, do Centro de Astrobiología de Madrid, Espanha, e por Víctor M. Rivilla, do INAF-Osservatorio Astrofisico di Arcetri, Florença, Itália, e a outra foi liderada por Niels Ligterink do Observatório de Leiden, Holanda e por Audrey Coutens do University College London, Reino Unido.

O ALMA observou estrelas como o Sol numa fase muito inicial da sua formação e descobriu traços de isocianato de metilo — um bloco constituinte de vida. Esta é a primeira vez que se deteta esta molécula prebiótica em protoestrelas do tipo solar, isto é, estrelas do tipo da protoestrela que deu origem ao Sol e, consequentemente, ao Sistema Solar. Esta descoberta ajuda os astrónomos a perceber melhor a origem da vida na Terra.
Esta imagem mostra a região de formação estelar onde foi descoberto o isocianato de metilo, encontrando-se destacada a estrutura molecular deste composto químico.
Crédito: ESO/Digitized Sky Survey 2/L. Calçada
(clique na imagem para ver versão maior)
 

"Este sistema estelar não pára de nos surpreender! Depois da descoberta dos açúcares, descobrimos agora isocianato de metilo. Esta família de moléculas orgânicas está ligada à síntese de péptidos e aminoácidos, os quais formam, sob a forma de proteínas, a base biológica da vida tal como a conhecemos," explicam Niels Ligterink e Audrey Coutens.

As capacidades do ALMA permitiram às duas equipas observar esta molécula ao longo do espectro rádio, a vários comprimentos de onda diferentes e bem característicos. As equipas descobriram as impressões digitais químicas únicas desta molécula nas regiões internas e densas do casulo de gás e poeira que rodeia as estrelas jovens nas suas fases mais iniciais de evolução. Cada equipa identificou e isolou as assinaturas da molécula orgânica complexa de isocianato de metilo. Seguidamente fizeram-se modelos químicos de computador e experiências em laboratório com o intuito de compreendermos ao máximo a maneira como esta molécula se forma.

IRAS 16293-2422 é um sistema múltiplo de estrelas muito jovens situado a cerca de 400 anos-luz de distância na enorme região de formação estelar Rho Ophiuchi, na constelação do Ofiúco ou Serpentário. Estes novos resultados do ALMA mostram que o gás de isocianato de metilo rodeia cada uma destas estrelas jovens.

A Terra e os outros planetas do nosso Sistema Solar formaram-se a partir de material que restou da formação do Sol. O estudo de protoestrelas do tipo solar pode, por isso, abrir aos astrónomos uma janela para o passado, permitindo-lhes observar condições semelhantes àquelas que levaram à formação do nosso Sistema Solar há cerca de 4,5 mil milhões de anos atrás.

O ALMA observou estrelas como o Sol numa fase muito inicial da sua formação e descobriu traços de isocianato de metilo — um bloco constituinte de vida. Esta é a primeira vez que se deteta esta molécula prebiótica em protoestrelas do tipo solar, isto é, estrelas do tipo da protoestrela que deu origem ao Sol e, consequentemente, ao Sistema Solar. Esta descoberta ajuda os astrónomos a perceber melhor a origem da vida na Terra.
Esta imagem artística mostra-nos de muito perto a estrutura destas moléculas. Crédito: ESO/L. Calçada
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Rafael Martín-Doménech e Víctor M. Rivilla, autores principais dum dos artigos científicos que descreve estes resultados, comentam: "Estamos particularmente entusiasmados com estes resultados porque estas protoestrelas são muito semelhantes ao Sol no início da sua vida, apresentando o tipo de condições propícias à formação de planetas do tamanho da Terra. Ao encontrarmos moléculas prebióticas, temos agora outra peça do puzzle que é compreender como é que a vida começou no nosso planeta."

Niels Ligterink está muito contente com os resultados complementares de seguimento feitos em laboratório: "Para além de detetarmos moléculas, queremos também compreender como é que elas se formam. As nossas experiências laboratoriais mostram que o isocianato de metilo pode, efetivamente, formar-se em partículas geladas sob condições de frio extremo, semelhantes às encontradas no espaço interestelar, o que implica que esta molécula — e por conseguinte, a base das ligações dos péptidos — tem efetivamente uma grande probabilidade de estar presente próximo da maioria das estrelas jovens do tipo solar."

Links:

Notícias relacionadas:
ESO (comunicado de imprensa)
Observatório ALMA (comunicado de imprensa)
Artigo científico (arXiv.org)
Artigo científico - 2 (arXiv.org)
Monthly Notices of the Royal Astronomical Society
Monthly Notices of the Royal Astronomical Society - 2
Science
EurekAlert!
PHYSORG

Isocianato de metilo:
Wikipedia
Pubchem - Open Chemistry Database

IRAS 16293-2422:
Wikipedia

ALMA:
Página principal
ALMA (NRAO)
ALMA (NAOJ)
ALMA (ESO)
Wikipedia

ESO:
Página oficial
Wikipedia

 
PROEMINÊNCIAS PODEM AMEAÇAR A HABITABILIDADE DE PLANETAS PERTO DE ANÃS VERMELHAS
Esta ilustração mostra uma anã vermelha e um hipotético exoplaneta em órbita.
Crédito: NASA/ESA/G. Bacon (STScI)
(clique na imagem para ver versão maior)
 

As estrelas anãs e frias são, atualmente, os principais alvos da caça exoplanetária. As descobertas de planetas nas zonas habitáveis dos sistemas TRAPPIST-1 e LHS 1140, por exemplo, sugerem que mundos do tamanho da Terra podem orbitar milhares de milhões de anãs vermelhas, o tipo estelar mais comum na nossa Galáxia. Mas, tal como o nosso Sol, muitas destas estrelas entram em erupção, lançando para o espaço intensas proeminências. Será que as anãs vermelhas são realmente assim tão amigáveis para a vida como parecem, ou será que estas explosões estelares tornam as superfícies de quaisquer planetas em órbita inóspitas?

Para abordar esta questão, uma equipa de cientistas estudou 10 anos de observações ultravioletas da missão GALEX (Galaxy Evolution Explorer) da NASA, à procura de rápidos aumentos no brilho das estrelas devido a erupções. As proeminências emitem radiação ao longo de uma ampla gama de comprimentos de onda, sendo que uma fração significativa da sua energia total libertada está nas bandas ultravioletas, bandas estas que o GALEX observou. Ao mesmo tempo, as anãs vermelhas a partir das quais estas erupções surgem, são relativamente ténues no espectro ultravioleta. Este contraste, em combinação com a sensibilidade dos detetores do GALEX no que a toca a alterações súbitas, permitiu com que a equipa medisse eventos com uma energia total inferior à de muitas proeminências detetadas anteriormente. Isto é importante porque, embora sejam individualmente menos energéticas e, portanto, menos hostis à vida, as proeminências mais pequenas podem ser muito mais frequentes e, ao longo do tempo, podem criar um ambiente inóspito.

"E se os planetas são banhados constantemente por estas erupções mais pequenas, mas ainda importantes?" pergunta Scott Fleming do STScI (Space Telescope Science Institute) em Baltimore, EUA. "Poderá haver um efeito cumulativo."

Para detetar e medir com precisão estas erupções, a equipa teve que analisar dados em intervalos de tempo muito curtos. A partir de imagens com tempos de exposição de quase meia-hora, a equipa foi capaz de revelar variações estelares com a duração de meros segundos.

O autor principal Chase Million, de State College, no estado norte-americano da Pensilvânia, liderou um projeto chamado gPhoton que reprocessou mais de 100 terabytes de dados do GALEX arquivados no MAST (Mikulski Archive for Space Telescopes), localizado no STScI. A equipa, então, usou um software personalizado desenvolvido por Million e Clara Brasseur, do STScI, para procurar várias centenas de anãs vermelhas, detetando dúzias de proeminências.

"Descobrimos proeminências de anãs vermelhas em toda a gama a que o GALEX era sensível, desde proeminências 'bebé' com a duração de poucos segundos, a proeminências monstruosas que tornaram uma estrela centenas de vezes mais brilhante por alguns minutos," comenta Million.

As explosões estelares que o GALEX detetou têm uma intensidade semelhante às proeminências produzidas pelo nosso próprio Sol. No entanto, dado que um planeta terá que orbitar muito mais perto da anã vermelha e fria a fim de manter uma temperatura adequada à vida como a conhecemos, tais planetas seriam submetidos a mais energia do que a Terra.

As grandes erupções podem retirar a atmosfera a um planeta. A forte radiação ultravioleta destas proeminências, que penetra até à superfície do planeta, poderá danificar organismos ou impedir a formação da vida.

Atualmente, os membros Rachel Osten e Brasseur estão a examinar estrelas observadas tanto pela missão GALEX como pelo Kepler à procura de proeminências similares. A equipa espera, eventualmente, encontrar centenas de milhares de erupções escondidas nos dados do GALEX.

"Estes resultados mostram o valor de uma missão como a do GALEX, instigado a estudar a evolução das galáxias ao longo do tempo cósmico e que agora tem um impacto no estudo de planetas habitáveis vizinhos," comenta Don Neill, investigador do Caltech em Pasadena, Califórnia, EUA, que fez parte da colaboração GALEX. "Nós não antecipámos que o GALEX fosse usado para exoplanetas quando desenhámos a missão."

Em última análise, serão necessários instrumentos novos e poderosos, como o Telescópio Espacial James Webb da NASA, com lançamento previsto para 2018, para estudar atmosferas de planetas em órbita de anãs vermelhas vizinhas e procurar sinais de vida. Mas, à medida que os cientistas colocam novas questões sobre o cosmos, os arquivos de dados de projetos e missões passadas, como aqueles no MAST, continuam a produzir novos e excitantes resultados científicos.

Estes resultados foram apresentados numa conferência de imprensa da 230.ª reunião da Sociedade Astronómica Americana em Austin, no estado norte-americano do Texas.

Links:

Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
Caltech (comunicado de imprensa)
Artigo científico (arXiv.org)
The Astrophysical Journal
PHYSORG

Anãs vermelhas:
Wikipedia

Zona habitável:
Wikipedia
Simulador de zonas habitáveis (Universidade do Nebraska-Lincoln)

Planetas extrasolares:
Wikipedia
Lista de planetas (Wikipedia)
Lista de exoplanetas potencialmente habitáveis (Wikipedia)
Lista de extremos (Wikipedia)
Open Exoplanet Catalogue
PlanetQuest
Enciclopédia dos Planetas Extrasolares

TRAPPIST-1:
Wikipedia
Open Exoplanet Catalogue
TRAPPIST-1b (Wikipedia)
TRAPPIST-1b (Exoplanet.eu) 
TRAPPIST-1c (Wikipedia) 
TRAPPIST-1c (Exoplanet.eu)
TRAPPIST-1d (Wikipedia)
TRAPPIST-1d (Exoplanet.eu)
TRAPPIST-1e (Wikipedia)
TRAPPIST-1e (Exoplanet.eu)
TRAPPIST-1f (Wikipedia)
TRAPPIST-1f (Exoplanet.eu)
TRAPPIST-1g (Wikipedia)
TRAPPIST-1g (Exoplanet.eu)
TRAPPIST-1h (Wikipedia)
TRAPPIST-1h (Exoplanet.eu)

LHS 1140:
SIMBAD
Wikipedia

GALEX:
Página principal
Wikipedia

Telescópio Espacial Kepler:
NASA (página oficial)
K2 (NASA)
Arquivo de dados do Kepler
Descobertas planetárias do Kepler
Wikipedia

 
DOIS EXOPLANETAS, COM CARACTERÍSTICAS IDÊNTICAS, SÃO DIFERENTES. PORQUÊ?

Com o auxílio do Telescópio Espacial Hubble da NASA, cientistas estudaram dois "Júpiteres quentes" numa experiência única. Dado que estes planetas têm virtualmente o mesmo tamanho e a mesma temperatura, e orbitam duas estrelas praticamente idênticas à mesma distância, a equipa teorizou que as suas atmosferas pudessem ser iguais. O que encontraram foi surpreendente.

O investigador principal, Giovanni Bruno do STScI (Space Telescope Science Institute) em Baltimore, no estado norte-americano de Maryland, explicou: "O que estamos a ver, quando estudamos estas duas atmosferas, é que não são iguais. Um planeta - WASP-67b - é mais nublado do que o outro - HAT-P-38b. Não estamos a ver o que estávamos à espera e precisamos de entender o porquê desta diferença."

Este diagrama compara observações, pelo Telescopio Espacial Hubble, de dois "Júpiteres quentes" em órbita íntima de duas estrelas parecidas com o Sol. Os astrónomos mediram o modo como a luz de cada estrela-mãe era filtrada pela atmosfera de cada exoplaneta. HAT-P-38b tem uma assinatura espectral da água indicada pelo pico da característica de absorção no espectro. Ou seja, a atmosfera superior está livre de nuvens ou neblinas. WASP-67b tem um espectro sem qualquer característica da absorção da água, sugerindo que a maior parte da atmosfera do planeta está mascarada por nuvens de alta altitude.
Crédito: arte - NASA, ESA e Z. Levy (STScI); ciência - NASA, ESA e G. Bruno (STScI)
(clique na imagem para ver versão maior)
 

A equipa usou o instrumento WFC3 (Wide Field Camera 3) do Hubble para observar as assinaturas espectrais dos planetas, que indicam a composição química. "O efeito que as nuvens têm na 'impressão digital' da água permite-nos medir a quantidade de nuvens na atmosfera," comenta Bruno. "Uma maior quantidade de nuvens significa uma maior redução na assinatura espectral da água." As equipas descobriram que, no caso de WASP-67b, existem mais nuvens às altitudes estudadas nestas medições.

"Isto diz-nos que algo no seu passado alterou o aspeto dos planetas," realça Bruno.

Hoje, os planetas completam uma órbita em torno das suas respetivas estrelas anãs amareladas a cada 4,5 dias terrestres, a uma distância inferior do que Mercúrio está do Sol. Mas, no passado, os planetas provavelmente migraram para o interior oriundos do local onde foram formados.

Talvez um planeta se tenha formado de modo diferente do outro, sob um conjunto diferente de circunstâncias. "Neste momento, parecem ter as mesmas características físicas. Assim, se a sua composição medida é definida pelo seu estado atual, então deveria ser a mesma para ambos os planetas. Mas não é esse o caso. Ao invés, parece que as suas histórias de formação podem ter desempenhado um papel importante," salienta o coinvestigador Kevin Stevenson.

As nuvens nestes quentes gigantes gasosos parecidos com Júpiter não são nada idênticas às da Terra. São provavelmente nuvens alcalinas, compostas por moléculas como sulfureto de sódio e cloreto de potássio. A temperatura média em cada planeta é superior a 700º Celsius.

Este diagrama compara observações, pelo Telescopio Espacial Hubble, de dois "Júpiteres quentes" em órbita íntima de duas estrelas parecidas com o Sol. Os astrónomos mediram o modo como a luz de cada estrela-mãe era filtrada pela atmosfera de cada exoplaneta. HAT-P-38b tem uma assinatura espectral da água indicada pelo pico da característica de absorção no espectro. Ou seja, a atmosfera superior está livre de nuvens ou neblinas. WASP-67b tem um espectro sem qualquer característica da absorção da água, sugerindo que a maior parte da atmosfera do planeta está mascarada por nuvens de alta altitude.
Crédito: arte - NASA, ESA e Z. Levy (STScI); ciência - NASA, ESA e G. Bruno (STScI)
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Os exoplanetas sofrem o efeito de acoplamento de maré, isto é, o mesmo lado está sempre virado para a estrela. Isto significa que têm um lado diurno muito quente e um lado noturno mais frio. Em vez de ostentarem múltiplas bandas horizontais como Júpiter, cada um tem provavelmente apenas uma larga banda equatorial que move o calor lentamente do lado diurno para o lado noturno.

A equipa está apenas a começar a aprender quais os fatores mais importantes no que toca a produzir exoplanetas "nublados" e "limpos". Para melhor compreender o possível passado dos planetas, os cientistas necessitarão de mais observações com o Hubble e com o futuro James Webb, com lançamento previsto para 2018.

Os resultados da equipa foram apresentados dia 5 de junho na 230.ª reunião da Sociedade Astronómica Americana em Austin, Texas, EUA.

Links:

Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
Hubblesite
SPACE.com
astrobiology web
PHYSORG

HAT-P-38b:
Exoplanet.eu
Open Exoplanet Catalogue

WASP-67b:
Exoplanet.eu
Open Exoplanet Catalogue
SIMBAD

Planetas extrasolares:
Wikipedia
Lista de planetas (Wikipedia)
Lista de exoplanetas potencialmente habitáveis (Wikipedia)
Lista de extremos (Wikipedia)
Open Exoplanet Catalogue
PlanetQuest
Enciclopédia dos Planetas Extrasolares

Telescópio Espacial Hubble:
Hubble, NASA 
ESA
STScI
SpaceTelescope.org
Base de dados do Arquivo Mikulski para Telescópios Espaciais

JWST (Telescópio Espacial James Webb):
NASA
STScI
ESA
Wikipedia

 
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  Efeito cósmico de ampliação captura galáxias mais brilhantes do Universo (via NASA)
Ajudado por lentes naturais de ampliação no espaço, o Telescópio Espacial Hubble capturou imagens das galáxias infravermelhas mais brilhantes do Universo, cerca de 10.000 vezes mais brilhantes do que a nossa própria VIa Láctea. Ler fonte
     
  Sinal Wow! finalmente explicado (via PHYSORG)
Uma equipa de investigadores do CPS (Center of Planetary Science) resolveu finalmente o mistério do sinal "Wow!" de 1977. Era um cometa, dizem, um na altura desconhecido. O investigador principal Antonio Paris descreve a sua teoria e como a equipa a provou num artigo publicado na revista Journal of the Washington Academy of Sciences. Ler fonte
 
ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS - Ganimedes: A Maior Lua
(clique na imagem para ver versão maior)
Crédito: NASAJPLSonda Galileo
 
Qual o aspeto da maior lua do Sistema Solar? A lua de Júpiter, Ganimedes, é maior do que até mesmo Mercúrio e Plutão, tem uma superfície gelada salpicada com crateras jovens e brilhantes sobre uma mistura de terreno mais antigo, escuro e craterado entrelaçado com sulcos e cumes. A grande característica circular em cima e à direita, de nome Galileo Regio, é uma região antiga de origem desconhecida. Pensa-se que Ganimedes tenha uma camada oceânica com mais água do que a Terra e, talvez, seja habitável. Tal como a Lua da Terra, Ganimedes mostra sempre a mesma face ao seu planeta, neste caso Júpiter. A imagem em destaque foi obtida há cerca de 20 anos atrás pela sonda Galileo da NASA, que terminou a sua missão quando mergulhou na atmosfera do gigante gasoso em 2003. Atualmente, a sonda Juno da NASA está em órbita de Júpiter e estuda a estrutura interna do planeta, entre muitas outras características.
 

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