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Edição n.º 1443
05/01 a 08/01/2018
 
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EFEMÉRIDES

Dia 05/01: 5.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1969, lançamento da sonda soviética Venera 5.

Chega a Vénus no dia 16 de maio de 1969. Antes de se fragmentar na atmosfera, a cápsula foi suspensa por um pára-quedas durante 53 minutos enquanto recolhia dados da atmosfera venusiana. A sonda também transportava um medalhão com os símbolos da antiga União Soviética.
Em 2005, Éris, o mais massivo planeta anão conhecido do Sistema Solar, é descoberto pela equipa científica de Michael E. BrownChad Trujillo e David L. Rabinowitz, usando imagens obtidas originalmente a 21 de outubro de 2003, no Observatório Palomar.
Observações: Orionte sobe a sudeste após o anoitecer este mês. Para cima brilha a alaranjada Aldebarã, a 65 anos-luz de distância. Por cima de Aldebarã encontram-se as Plêiades, a cerca de 435 anos-luz. Bem para a esquerda de Aldebarã e das Plêiades, brilha Capella, situada a 42 anos-luz.

Dia 06/01: 6.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1912, o geofísico alemão Alfred Wegener apresenta pela primeira vez a sua teoria da deriva continental.

Observações: Antes ou durante o início do amanhecer, aviste o brilhante planeta Júpiter a sul-sudeste. Marte, mais ténue, está mesmo para a sua direita, a cerca de 0,2º. Os dois planetas cabem numa ocular de ampliação média, mas ambos estão quase à sua distância máxima da Terra e, portanto, estão praticamente no tamanho aparente mínimo. Marte é especialmente pequeno.

Dia 07/01: 7.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1610, Galileu Galilei observava pela primeira vez as quatro maiores luas de Júpiter, Ganimedes, Calisto, Io e Europa, mas só é capaz de discernir as últimas duas no dia seguinte.

Em 1968, lançamento da Surveyor 7, a última do programa Surveyor.
Em 1985, a agência espacial japonesa, JAXA, lança a Sakigake, a primeira sonda interplanetária lançada por um país que não os Estados Unidos ou a União Soviética.
Em 1998, era lançada a Lunar Prospector.
Observações: Júpiter e Marte continuam ainda bastante próximos um do outro no céu do planeta Terra. Mas note a diferença na sua posição em relação ao dia de ontem. Marte está agora menos de 0,2º para baixo de Júpiter.
Para a direita do par Júpiter-Marte encontra-se Alpha Librae, um binário muito largo para binóculos.
Vega ainda brilha baixa a noroeste ao cair da noite. É por vezes chamada de "Estrela de Verão", mas há muito que passou de estação. Em breve desaparece por trás do horizonte, para regressar na próxima primavera.

Dia 08/01: 8.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1587 nascia Johann(es) Fabricius, astrónomo alemão, descobridor das manchas solares (em 1610), independentemente de Galileu.
Em 1942 nascia Stephen Hawking, físico teórico, cosmólogo e autor.

Entre os seus importantes trabalhos científicos, destacamos os teoremas da singularidade gravitacional no contexto da relatividade geral, a previsão teórica que os buracos negros emitem radiação e a união da teoria geral da relatividade com a mecânica quântica.
Em 1973 era lançada a missão espacial soviética Luna 21
Em 1994, o cosmonauta russo Valeri Polyakov parte para a Mir a bordo da Soyuz TM-18. Permaneceria na estação espacial até 22 de março de 1995, completando um recorde de 437 dias no espaço.
Observações: Continue a observação dos últimos dias, o par Júpiter-Marte a sudeste antes do amanhecer. Marte está agora mais distante de Júpiter, a cerca de 0,4º para baixo e para a esquerda do maior planeta do Sistema Solar. A Lua encontra-se a sul e mais alta. A estrela situada entre a Lua e o par planetário é Espiga.
Lua em Quarto Minguante, pelas 22:25.

 
CURIOSIDADES


Os núcleos galácticos ativos são as fontes mais luminosas e persistentes de radiação eletromagnética do Universo. Os núcleos galácticos ativos mais poderosos são classificados como quasares.

 
UMA VISÃO PROFUNDA DOS CORAÇÕES DAS ESTRELAS

À primeira vista, parece impossível observar o interior de uma estrela. Uma equipa internacional de astrónomos, sob a orientação de Earl Bellinger e Saskia Hekker do Instituto Max Planck para Pesquisa do Sistema Solar em Gotinga, Alemanha, determinou pela primeira vez a estrutura interna profunda de duas estrelas com base nas suas oscilações.

O nosso Sol, e a maioria das outras estrelas, têm "pulsações" que se espalham pelo interior estelar como ondas sonoras. As frequências dessas ondas são impressas na luz da estrela e podem mais tarde ser observadas pelos astrónomos aqui na Terra. Semelhante à forma como os sismólogos decifram a estrutura interna do nosso planeta através da análise de sismos, os astrónomos determinam as propriedades de estrelas a partir das suas oscilações - um campo chamado asterosismologia. Agora, pela primeira vez, uma análise detalhada destas vibrações permitiu que Earl Bellinger, Saskia Hekker e colegas medissem a estrutura interna de duas estrelas distantes.

As duas estrelas que analisaram fazem parte do sistema 16 Cygni (conhecidas como 16 Cyg A e 16 Cyg B) e ambas são muito parecidas com o nosso Sol. "Devido à sua pequena distância de apenas 70 anos-luz, estas estrelas são relativamente brilhantes e, portanto, ideais para a nossa análise," comenta o autor principal Eartl Bellinger. "Anteriormente, só era possível fazer modelos do interior das estrelas. Agora podemos medi-los."

Um vislumbre do coração: impressão de artista do interior estelar, estudado através das suas oscilações de superfície.
Crédito: Earl Bellinger/ESA
 

Para fazer um modelo do interior de uma estrela, os astrofísicos variam os modelos de evolução estelar até que um deles encaixe no espectro de frequência observado. No entanto, as oscilações dos modelos teóricos diferem frequentemente daquelas das estrelas, provavelmente devido a alguma física estelar ainda desconhecida.

Bellinger e Hekker decidiram, portanto, usar o método inverso. Aqui, derivaram as propriedades locais do interior estelar a partir das frequências observadas. Este método depende menos dos pressupostos teóricos, mas requer uma excelente qualidade dos dados medidos e é matematicamente complexo.

Usando o método inverso, os investigadores analisaram mais de 500.000 km para o interior das estrelas - e descobriram que a velocidade do som nas regiões centrais é maior do que a prevista pelos modelos. "No caso de 16 Cyg B, estas diferenças podem ser explicadas corrigindo o que pensávamos ser a massa e o tamanho da estrela," explica Bellinger. No entanto, no caso de 16 Cyg A, a causa das discrepâncias não pôde ser identificada.

É possível que fenómenos físicos ainda desconhecidos não sejam suficientemente levados em consideração pelos modelos evolutivos atuais. "Os elementos que foram criados nos estágios iniciais da evolução da estrela podem ter sido transportados desde o núcleo da estrela até às suas camadas exteriores," acrescenta Bellinger. "Isso mudaria a estratificação interna da estrela, o que então afeta a forma como oscila."

Esta primeira análise estrutural das duas estrelas será seguida por mais. "Dez a vinte estrelas adicionais, adequadas para esta análise, podem ser encontradas nos dados do Telescópio Espacial Kepler," comenta Saskia Hekker, que lidera o Grupo de Investigação SAGE (Stellar Ages and Galactic Evolution) no Instituto Max Planck em Gotinga. No futuro, a missão TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite) da NASA e o telescópio espacial PLATO (Planetary Transits and Oscillation of Stars) planeado pela ESA vão recolher ainda mais dados para este campo de pesquisa.

O método inverso fornece novas informações que ajudarão a melhor entender a física no interior das estrelas. Isto levará a melhores modelos estelares, que aperfeiçoarão a nossa capacidade de prever a evolução futura do Sol e de outras estrelas na nossa Galáxia.

Links:

Notícias relacionadas:
Instituto Max Planck (comunicado de imprensa)
Artigo científico (arXiv.org)
The Astrophysical Journal
ZME Science
PHYSORG

Estrutura estelar:
Wikipedia

Asterosismologia:
Wikipedia 
asteroseismology.org

Telescópio Espacial Kepler:
NASA (página oficial)
K2 (NASA)
Arquivo de dados do Kepler
Arquivo de dados da missão K2
Descobertas planetárias do Kepler

TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite):
NASA/Goddard
Wikipedia

PLATO:
ESA
Wikipedia

 
BURACOS NEGROS SUPERMASSIVOS CONTROLAM FORMAÇÃO ESTELAR EM GALÁXIAS MASSIVAS

As galáxias jovens resplandecem com novas estrelas brilhantes que se formam a um ritmo elevado, mas a formação estelar eventualmente para quando uma galáxia evolui. Um novo estudo, publicado dia 1 de janeiro na revista Nature, mostra que a massa do buraco negro no centro da galáxia determina quando a "extinção" de formação estelar ocorre.

Cada galáxia massiva tem um buraco negro supermassivo central, com mais de um milhão de vezes a massa do Sol, revelando a sua presença através dos efeitos gravitacionais nas estrelas da galáxia e por vezes alimentando a radiação energética de um núcleo galáctico ativo. Pensa-se que a energia que a galáxia recebe do núcleo galáctico ativo desliga a formação estelar através do aquecimento e dissipação do gás que, de outra forma, se condensaria em estrelas à medida que arrefecia.

O poder de um buraco negro supermassivo pode ser visto nesta imagem de Centauro A, um dos núcleos galácticos ativos mais próximos da Terra. A imagem combina dados de vários telescópios em diferentes comprimentos de onda, mostrando jatos e lóbulos alimentados pelo buraco negro supermassivo no centro da galáxia.
Crédito: ESO/WFI (ótico); MPIfR/ESO/APEX/A. Weiss et al. (submilímetro); NASA/CXC/CfA/R. Kraft et al. (raios-X)
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Esta ideia já existe há décadas e os astrofísicos descobriram que as simulações da evolução galáctica devem incorporar feedback do buraco negro a fim de reproduzir as propriedades observadas das galáxias. Mas as evidências observacionais de uma ligação entre os buracos negros supermassivos e a formação estelar não existiam, até agora.

"Temo-nos debruçado no feedback para fazer com que as simulações funcionem, sem realmente saber como é que acontece," comenta Jean Brodie, professora de astronomia e astrofísica da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, coautora do artigo. "Esta é a primeira evidência observacional direta onde podemos ver o efeito do buraco negro na história da formação estelar da galáxia."

Os novos resultados revelam uma interação contínua entre a atividade do buraco negro e a formação estelar ao longo da vida de uma galáxia, afetando todas as gerações de estrelas formadas à medida que a galáxia evolui.

Liderado pelo autor principal Ignacio Martín-Navarro, investigador pós-doutorado da mesma universidade norte-americana, o estudo focou-se nas galáxias massivas para as quais a massa do buraco negro central já foi medida em estudos anteriores através da análise dos movimentos das estrelas perto do centro da galáxia. Para determinar as histórias de formação estelar das galáxias, Martín-Navarro examinou os espectros detalhados da luz obtidos pelo Levantamento de Galáxias Massivas do Telescópio Hobby-Eberly.

A espectroscopia permite aos astrónomos separar e medir os diferentes comprimentos de onda da luz de um objeto. Martín-Navarro utilizou técnicas computacionais para analisar o espectro de cada galáxia e recuperar a sua história de formação estelar, encontrando a melhor combinação de populações estelares que mais se adequa aos dados espectroscópicos. "Diz-nos a quantidade de luz oriunda das várias populações estelares com idades diferentes," realça.

Quando comparou as histórias de formação estelar de galáxias com buracos negros de diferentes massas, encontrou diferenças marcantes. Estas diferenças só se correlacionaram com a massa do buraco negro e não com a morfologia, tamanho e outras propriedades galácticas.

"Para as galáxias com a mesma massa de estrelas, mas um buraco negro de massa diferente no centro, essas galáxias com buracos negros maiores 'apagaram-se' mais cedo e mais depressa do que aquelas com buracos negros mais pequenos. Portanto, a formação estelar durou mais tempo nas galáxias com buracos negros centrais menores," explica Martín-Navarro.

Outros investigadores procuraram correlações entre a formação estelar e a luminosidade dos núcleos galácticos ativos, sem sucesso. Martín-Navarro disse que tal pode ser devido às escalas de tempo serem tão diferentes, com a formação estelar ocorrendo ao longo de centenas de milhões de anos, enquanto as explosões dos núcleos galácticos ativos ocorrem em períodos mais curtos.

Um buraco negro supermassivo só é luminoso quando está engolindo ativamente matéria das regiões internas da sua galáxia hospedeira. Os núcleos galácticos ativos são altamente variáveis e as suas propriedades dependem do tamanho do buraco negro, da taxa de acreção de material que cai na sua direção e de outros fatores.

"Nós usámos a massa do buraco negro como 'proxy' para a energia lançada para a galáxia pelo núcleo galáctico ativo, porque a acreção em buracos negros mais massivos leva a um feedback mais energético dos núcleos galácticos ativos, o que extinguiria a formação estelar mais rapidamente," explica Martín-Navarro.

Segundo o coautor Aaron Romanowsky, astrónomo da Universidade Estatal de San Jose e dos Observatórios da Universidade da Califórnia, a natureza precisa do feedback do buraco negro que trava a formação estelar permanece incerta.

"Existem várias maneiras pelas quais um buraco negro lança energia para a galáxia e os teóricos têm muitas ideias sobre o modo como esta extinção acontece, mas para encaixar estas novas observações nos modelos precisamos de continuar a trabalhar," conclui Romanowsky.

Links:

Notícias relacionadas:
Universidade da Califórnia em Santa Cruz (comunicado de imprensa)
Instituto Max Planck para Astronomia (comunicado de imprensa)
Nature
Universe Today
ScienceDaily
Science alert
PHYSORG
Gizmodo
engadget

Buraco negro supermassivo:
Wikipedia

Núcleo galáctico ativo:
Wikipedia

Formação estelar:
Wikipedia

Telescópio Hobby-Eberly:
Universidade do Texas em Austin
Wikipedia

 
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ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS - Nebulosa da Hélice pelo CFHT
(clique na imagem para ver versão maior)
Crédito: CFHTCoelumMegaCamJ.-C. Cuillandre (CFHT) e G. A. Anselmi (Coelum)
 
Será que o nosso Sol será assim um dia? A Nebulosa da Hélice é um dos exemplos mais brilhantes e próximos de uma nebulosa planetária, uma nuvem de gás criada no fim da vida de uma estrela parecida com o Sol. Os gases exteriores da estrela que foram expelidos para o espaço fazem parecer, da nossa perspetiva, que estamos a olhar para uma hélice vista de cima. O remanescente do núcleo central estelar, destinado a tornar-se numa anã branca, brilha tão energeticamente que faz com que o gás expelido previamente fluoresça. A Nebulosa da Hélice, com o nome técnico de NGC 7293, situa-se a cerca de 700 anos-luz na direção da constelação de Aquário e tem um diâmetro de mais ou menos 2,5 anos-luz. A imagem em destaque foi obtida com o CFHT (Canada-France-Hawaii Telescope) localizado no topo de um vulcão adormecido no Hawaii, EUA. Uma ampliação do limite interior da Nebulosa da Hélice mostra nós complexos de gás cuja origem é desconhecida.
 

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