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  Astroboletim #1721  
  04/09 a 07/09/2020  
     
     
 
Efemérides

Dia 04/09: 248.º dia do calendário gregoriano.
História:
Em 1958, nascia Jacqueline Hewitt, astrofísica e primeira descobridora dos anéis de Einstein - a deformação da luz a partir de uma fonte, como por exemplo uma galáxia, num anel conhecido como lente gravitacional.

Observações: Trânsito de Europa, entre as 19:39 e as 22:31.
Trânsito da sombra de Europa, entre as 21:49 e as 00:43 (já de dia 5).
A Lua começa a subir acima do horizonte depois do cair da noite. Depois de ficar visível, observe Marte, agora com um brilho invulgar de -2,0, a nascer a um punho ou pouco mais à distância do braço esticado para baixo e para a esquerda do nosso satélite natural. Sobem no céu com o passar da noite.

Dia 05/09: 249.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1977, era lançada a sonda Voyager 1.

Com um custo de 860 milhões de dólares (até à passagem por Neptuno), a missão foi uma "ninharia" considerando o vasto retorno científico de dados e conhecimento do Sistema Solar exterior.
Em 1984, o vaivém espacial Discovery completava o seu voo inaugural.
Observações: A Lua e o planeta Marte nascem juntos pouco antes das 22:00. Estão separados por menos de 2,5º.

Dia 06/09: 250.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1892, nascia Edward Victor Appleton, físico inglês que em 1947 ganhou o Prémio Nobel da Física ao provar a existência da ionosfera em 1924.
Em 1899, era fundada a Sociedade Astronómica e Astrofísica da América, agora com o nome Sociedade Astronómica Americana.
Em 1997 era descoberta a primeira lua irregular de ÚranoCaliban, por Brett J. Galdman (Instituto Canadiano para a Astrofísica Teórica), Philip D. Nicholson (Universidade de Cornell), Joseph A. Burns (Universidade de Cornell) e JJ Kavelaars (Universidade McMaster). 

Estavam usando o telescópio Hale de 5 metros do monte PalomarÚrano tem 27 luas conhecidas.
Observações: Eclipse de Calisto, entre as 00:28 e as 05:12.
Antes do amanhecer, observe a Lua e o planeta Marte, altos a sudoeste. Estão ainda mais próximos um do outro no céu (a Lua oculta Marte, visto a partir do continente americano).

Dia 07/09: 251.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1914, nascia James Van Allen, cientista americano, instrumental no estabelecimento do campo da pesquisa magnetosférica no espaço.

As cinturas de Van Allen têm o seu nome.
Em 1995, lançamento da missão STS-69 do vaivém espacial Endeavour. Foi o 100.º voo espacial bem sucedido da NASA.
Observações: Trânsito de Io, entre as 04:13 e as 06:35.
Trânsito da sombra de Io, entre as 05:22 e as 07:42.

 
     
 
Curiosidades


A estrela Epsilon Aurigae diminui de brilho (de magnitude 2,92 para 3,83) a cada 27 anos devido a um eclipse com um objecto escuro. Pensa-se que seja um grande disco escuro em órbita de um objecto desconhecido, possivelmente um sistema binário de duas pequenas estrelas do tipo-B. O eclipse dura entre 640 e 730 dias.

 
 
   
Um "bang" nos detetores LIGO e Virgo assinala a mais massiva fonte de ondas gravitacionais até agora
 
Impressão de artista de dois buracos negros prestes a colidirem.
Crédito: Mark Myers, OzGrav
 

Uma fusão de um buraco negro binário provavelmente produziu ondas gravitacionais iguais à energia de oito sóis.

Apesar de todo este vasto vazio, o Universo está repleto de atividade na forma de ondas gravitacionais. Produzidas por fenómenos astrofísicos extremos, estas reverberações ondulam e sacodem o tecido do espaço-tempo, como o toque de um sino cósmico.

Agora, os investigadores detetaram um sinal do que pode ser a fusão de buracos negros mais massiva já observada em ondas gravitacionais. O resultado desta fusão é a primeira deteção clara de um buraco negro de "massa intermédia", com uma massa entre 100 e 1000 vezes a do Sol.

O sinal, rotulado de GW190521 e ocorrido no dia 21 de maio de 2019, foi detetado com o LIGO (Laser Interferometer Gravitational-wave Observatory) da NSF (National Science Foundation), um par de interferómetros idênticos com 4 km de comprimento situados nos EUA; e com o Virgo, um detetor de 3 quilómetros de comprimento na Itália.

O sinal, que se assemelha a mais ou menos quatro abanões, é extremamente breve, durando menos de um-décimo de segundo. Pelos que os investigadores conseguem dizer, GW190521 foi gerado por uma fonte que está a cerca de 5 gigaparsecs de distância, quando o Universo tinha cerca de metade da sua idade, tornando-o uma das fontes de ondas gravitacionais mais distantes detetadas até agora.

Quanto ao que produziu este sinal, com base num poderoso conjunto de ferramentas computacionais e de modelagem de última geração, os cientistas pensam que GW190521 foi provavelmente gerado por uma fusão entre dois buracos negros com propriedades invulgares.

Quase todos os sinais de ondas gravitacionais confirmados até agora foram provenientes de uma fusão binária, ou entre dois buracos negros ou duas estrelas de neutrões. Esta fusão mais recente parece ser a mais massiva até agora, envolvendo dois buracos negros com massas de aproximadamente 85 e 66 vezes a massa do Sol.

A equipa do LIGO-Virgo também mediu a rotação de cada buraco negro e descobriu que, à medida que os buracos negros orbitavam cada vez mais próximos um do outro, podiam também estar a girar sob os seus próprios eixos, em ângulos que estavam foram de alinhamento com o eixo da sua órbita. As rotações desalinhadas dos buracos negros provavelmente provocaram a oscilação das suas órbitas, ou "precessão", à medida que os dois "Golias" espiralavam um em direção ao outro.

 
Interpretação artística da fusão de um buraco negro binário responsável pelo evento GW190521. Nesta animação, o espaço-tempo, representado pelo tecido no qual uma imagem do cosmos está impressa, é distorcida pelo sinal GW190521. As grelhas verde e laranja representam os efeitos de arrasto devido à rotação dos buracos negros. O eixo de rotação dos buracos negros estão indicados com as suas setas correspondentes. O fundo sugere um enxame estelar, um dos possíveis ambientes onde GW190521 pode ter ocorrido.
Crédito: Raúl Rubio/Grupo Virgo de Valência/Colaboração Virgo
 

O novo sinal provavelmente representa o instante em que os dois buracos negros se fundiram. A fusão criou um buraco negro ainda mais massivo, com cerca de 142 massas solares, e libertou uma enorme quantidade de energia, equivalente a cerca de 8 massas solares, espalhada por todo o Universo na forma de ondas gravitacionais.

"Isto não se parece muito com um chilrear, que é o que normalmente detetamos," diz Nelson Christensen, investigador do CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique), França, comparando o sinal à primeira deteção de ondas gravitacionais do LIGO em 2015. "Isto é mais como algo que faz 'bang', e é o sinal mais massivo que o LIGO e o Virgo já viram."

A equipa internacional de cientistas, que compõe a Colaboração Científica LIGO e a Colaboração Virgo, relatou as suas descobertas em dois artigos publicados anteontem. Um, publicado na revista Physical Review Letters, detalha a descoberta, e o outro, na The Astrophysical Journal Letters, discute as propriedades físicas do sinal e as implicações astrofísicas.

"O LIGO mais uma vez surpreende-nos não apenas com a deteção de buracos negros em tamanhos difíceis de explicar, mas também com técnicas que não foram projetadas especificamente para fusões estelares," diz Pedro Marronetti, diretor do programa de física gravitacional da NSF. "Isto é de extrema importância, pois mostra a capacidade do instrumento em detetar sinais de eventos astrofísicos totalmente imprevistos. O LIGO mostra que também pode observar o inesperado."

Na divisão de massa

As massas excecionalmente grandes dos dois buracos negros, bem como o buraco negro final, levantam uma série de questões sobre a sua formação.

Todos os buracos negros observados até ao momento enquadram-se numa de duas categorias: buracos negros de massa estelar, que têm desde algumas massas solares até dezenas de massas solares e pensa-se serem formados quando estrelas massivas morrem; ou buracos negros supermassivos, como aquele no centro da Via Láctea, que variam de centenas de milhares a milhares de milhões de vezes a massa do nosso Sol.

No entanto, o buraco negro final de 142 massas solares produzido pela fusão GW190521 está dentro de uma faixa de massa intermédia entre os buracos negros de massa estelar e os supermassivos - o primeiro do seu tipo já detetado.

Os dois buracos negros progenitores que produziram o buraco negro final também parecem ser únicos no seu tamanho. São tão massivos que os cientistas suspeitam que um ou ambos podem não ter sido formados a partir do colapso de uma estrela, como acontece com a maioria dos buracos negros de massa estelar.

 
O LIGO e o Virgo observaram a sua maior fusão de buracos negros até à data, um evento chamado GW190521, no qual um buraco negro final de 142 massas solares foi produzido. Este gráfico compara o evento com outros testemunhados pelo LIGO e pelo Virgo e indica que o remanescente da fusão de GW190521 cai na categoria conhecida como buraco negro de massa intermédia - e é a primeira deteção clara de um buraco negro deste tipo. Os buracos negros de massa intermédia, que foram anteriormente previstos teoricamente, teriam massas entre as dos buracos negros de massa estelar e os buracos negros supermassivos nos centros das galáxias.
Crédito: LIGO/Caltech/MIT/R. Hurt (IPAC)
 

De acordo com a física da evolução estelar, a pressão externa dos fotões e do gás no núcleo de uma estrela suporta-o contra a força da gravidade que o empurra para dentro, de modo que a estrela é estável, como o Sol. Depois do núcleo de uma estrela massiva fundir elementos pesados como o ferro, já não consegue mais produzir pressão suficiente para sustentar as camadas externas. Quando esta pressão externa é menor do que a da gravidade, a estrela colapsa sob o seu próprio peso, numa explosão chamada supernova de colapso do núcleo, que pode deixar para trás um buraco negro.

Este processo pode explicar como estrelas com 130 vezes a massa do Sol podem produzir buracos negros com até 65 massas solares. Mas para estrelas mais massivas, pensa-se que tenha início um fenómeno conhecido como "instabilidade de par". Quando os fotões do núcleo se tornam extremamente energéticos, podem transformar-se em pares de eletrões e antieletrões. Estes pares geram menos pressão do que os fotões, fazendo com que a estrela se torne instável contra o colapso gravitacional, e a explosão resultante é forte o suficiente para não deixar nada para trás. Estrelas ainda mais massivas, acima das 200 massas solares, acabariam por colapsar diretamente num buraco negro com pelo menos 120 massas solares. Uma estrela em colapso, portanto, não deve ser capaz de produzir um buraco negro entre 65 e 120 massas solares - uma gama que é conhecida como "intervalo de massa de instabilidade de par."

Mas agora, o mais pesado dos dois buracos negros que produziu o sinal GW190521, com 85 vezes a massa do Sol, é o primeiro até agora detetado dentro do intervalo de massa de instabilidade de par.

"O facto de estarmos a ver um buraco negro nesta divisão de massas fará muitos astrofísicos coçar a cabeça e tentar descobrir como é que estes buracos negros se formaram," diz Christensen, que é diretor do Laboratório Artemis no Observatório de Nice, França.

Uma possibilidade, que os investigadores consideram no seu segundo artigo, é a de uma fusão hierárquica, em que os próprios dois buracos negros progenitores podem ter-se formado a partir da fusão de dois buracos negros mais pequenos, antes de migrarem juntos e eventualmente se fundirem.

"Este evento abre mais perguntas do que fornece respostas," diz Alan Weinstein, membro do LIGO, professor de física do Caltech. "Do ponto de vista da descoberta e da física, é uma coisa muito emocionante."

"Algo inesperado"

Permanecem muitas perguntas no que toca a GW190521.

Ao mesmo tempo que os detetores LIGO e Virgo escutam as ondas gravitacionais passando pela Terra, buscas automatizadas vasculham os novos dados à procura de sinais interessantes. Estas pesquisas podem usar dois métodos diferentes: algoritmos que identificam padrões de onda específicos nos dados que podem ter sido produzidos por sistemas binários compactos; e pesquisas de "surtos" mais gerais, que procuram essencialmente algo fora do comum.

Salvatore Vitale, membro do LIGO, professor assistente de física no MIT (Massachusetts Institute of Technology), compara as pesquisas binárias a "passar um pente pelos dados, que apanha coisas num certo espaçamento," em contraste com pesquisas em rajada que têm uma abordagem "apanha tudo".

No caso de GW190521, foi uma pesquisa em rajada que captou o sinal um pouco mais claramente, abrindo a chance muito pequena de que as ondas gravitacionais surgissem de algo que não uma fusão binária.

"O nível de exigência para afirmar que descobrimos algo novo é muito elevado," diz Weinstein. "De modo que normalmente aplicamos o princípio da Navalha de Ockham: a solução mais simples é a melhor, que neste caso é um buraco negro binário."

Mas e se algo inteiramente novo tivesse produzido estas ondas gravitacionais? É uma perspetiva tentadora, e no seu artigo os cientistas consideram brevemente outras fontes no Universo que podem ter produzido o sinal que detetaram. Por exemplo, talvez as ondas gravitacionais tenham sido emitidas por uma estrela em colapso na nossa Galáxia. O sinal também pode ser de uma cadeia cósmica produzida logo após o Universo "inchar" nos primeiros momentos - embora nenhuma destas possibilidades exóticas corresponda aos dados tão bem quanto uma fusão binária.

"Desde que ligámos o LIGO pela primeira vez, tudo o que observámos com confiança tem sido colisões de buracos negros ou de estrelas de neutrões," diz Weinstein. "Este é o único evento em que a nossa análise permite a possibilidade de que este evento não seja uma colisão. Embora o evento seja consistente com uma fusão de dois buracos negros excecionalmente massivos, e desfavoreça explicações alternativas, está a empurrar os limites da nossa confiança. E isso potencialmente torna-o extremamente excitante. Porque todos nós estamos à espera de algo novo, algo inesperado, que possa desafiar o que já aprendemos. Este evento tem o potencial de fazer isso."

// LIGO (comunicado de imprensa)
// Virgo (comunicado de imprensa)
// MIT #1 (comunicado de imprensa)
// MIT #2 (comunicado de imprensa)
// Instituto Max Planck (comunicado de imprensa)
// Artigo científico #1 (Physical Review Letters)
// Artigo científico #1 (arXiv.org)
// Artigo científico #2 (The Astrophysical Journal Letters)
// Artigo científico #2 (arXiv.org)
// Simulação numérica de uma fusão de um buraco negro massivo (GW190521) (Instituto Max Planck para Física Gravitacional via YouTube)
// Ondulações no espaço-tempo da maior fusão já observada de um buraco negro binário (GW190521) (Colaboração MAYA via YouTube)
// GW190521, o Buraco Negro Invisível (OzGrav via YouTube)

 


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GW190521:
LSC
LIGO
Folheto PDF do LIGO
Wikipedia

Buracos negros:
Wikipedia
Buracos negros de massa intermédia (Wikipedia)

Supernova por instabilidade de par:
Wikipedia
Lista de possíveis supernovas por instabilidade de par (The Open Supernova Catalog)

Ondas gravitacionais:
GraceDB (Gravitational Wave Candidate Event Database)
Wikipedia
Astronomia de ondas gravitacionais - Wikipedia
Ondas gravitacionais: como distorcem o espaço - Universe Today
Detetores: como funcionam - Universe Today
As fontes de ondas gravitacionais - Universe Today
O que é uma onda gravitacional (YouTube)

LIGO:
Página oficial
Caltech
Advanced LIGO
Wikipedia

Virgo:
EGO
Wikipedia

 
   
Descoberta de especialistas ajuda a restringir a busca por vida inteligente na Via Láctea
 
Impressão de artista do Gaia e de 2 radiotelescópios (GBT e Parkes) a "escutar" civilizações extraterrestres avançadas.
Crédito: Universidade de Manchester
 

Foi descoberto, por uma equipa da Universidade de Manchester, um avanço analítico que poderá melhorar significativamente as nossas chances de encontrar vida extraterrestre na nossa Galáxia.

Numa nova investigação publicada anteontem na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, os cientistas demonstram uma reanálise de dados existentes que representa um novo marco na busca por inteligência extraterrestre (SETI - Search for Extra-Terrestrial Intelligence).

A equipa de investigação colaborativa foi capaz de expandir dramaticamente a busca por vida extraterrestre de 1400 para 280.000 estrelas - aumentando o número de estrelas analisadas por um factor de mais de 200.

O resultado sugere que menos de 0,04% dos sistemas estelares têm o potencial de hospedar civilizações avançadas com tecnologia de rádio equivalente ou ligeiramente mais avançada do que a dos humanos do século XXI. Além de melhorar os limites para estrelas vizinhas, a equipa pela primeira vez colocou limites para estrelas mais distantes com a ressalva de que quaisquer potenciais formas de vida habitando os limites externos da Galáxia precisariam de transmissores ainda mais poderosos a fim de serem detetadas.

A análise, dizem os investigadores, só pode localizar civilizações inteligentes e tecnicamente avançadas que usam ondas de rádio como forma de comunicação - não poderiam, por exemplo, detetar vida "simples" ou civilizações não-técnicas.

A equipa é formada pelo estudante de mestrado Bart Wlodarczyk-Sroka e pelo seu orientador, o professor Michael Garrett da Universidade de Manchester no Reino Unido, colaborando com o Dr. Andrew Siemion, Diretor da Iniciativa "Breakthrough Listen". Juntos, estabeleceram os melhores limites de todos os tempos no que toca à prevalência de radiotransmissores artificiais, a que chamamos tecnoassinaturas, na Via Láctea.

Vasculhando o catálogo produzido pela nave espacial Gaia da ESA, que mediu distâncias para mais de mil milhões de estrelas, os investigadores recalcularam os limites da prevalência de transmissores em torno de estrelas adicionais dentro dos campos de visão dos radiotelescópios GBT e Parkes. Ao selecionar estrelas a distâncias muito maiores (até cerca de 33.000 anos-luz) do que a amostra original de estrelas próximas, foram capazes de expandir o número de estrelas estudadas de 1327 para 288.315.

Mike Garrett, líder da equipa, sempre se preocupou com o facto de que as pesquisas SETI não levavam em consideração os muitos outros objetos cósmicos que cabem dentro do campo de visão de um telescópio, além do alvo principal. De acordo com Garrett, o Gaia mudou isso tudo: "Conhecer as localizações e distâncias destas fontes adicionais," diz, "melhora muito a nossa capacidade de restringir a prevalência de inteligência extraterrestre na nossa Galáxia e além. Esperamos que pesquisas futuras do SETI também façam bom uso desta abordagem."

"Os nossos resultados ajudam a colocar limites significativos na prevalência de transmissores comparáveis aos que nós próprios podemos construir usando a tecnologia do século XXI," salientou Wlodarczyk-Sroka.

"Sabemos agora que menos de uma em 1600 estrelas até mais ou menos 330 anos-luz hospeda transmissores apenas algumas vezes mais potentes do que o radar mais potente que temos aqui na Terra. Mundos habitados com transmissores muito mais poderosos do que podemos atualmente produzir devem ser ainda mais raros."

O grande número de estrelas estudadas permitiu que Wlodarczyk-Sroka colocasse alguns dos limites mais rígidos até agora no que toca à prevalência de poderosos transmissores de rádio nesta região da nossa Galáxia. Além disso, pela primeira vez, a equipa foi capaz de fazer isto em função do tipo estelar - a maior amostra inclui não apenas uma ampla gama de estrelas na sequência principal, mas também inúmeras estrelas gigantes e anãs brancas.

// Universidade de Manchester (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (arXiv.org)
// Estendendo a pesquisa "Breakthrough Listen" (Breakthrough via YouTube)

 


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Investigadores prevêem localização de novo candidato à misteriosa energia escura
 
O cenário GEODE não muda a formação padrão da estrutura do Universo. O Universo cresce da esquerda para a direita. As regiões azuis correspondem à matéria. Os GEODEs formam-se em regiões verdes e migram para regiões escuras.
Crédito: Volker Springel e Instituto Max Planck para Astrofísica
 

Os astrónomos sabem há duas décadas que a expansão do Universo está a acelerar, mas a física desta expansão permanece um mistério. Agora, uma equipa de investigadores da Universidade do Hawaii em Manoa fez uma nova previsão - a energia escura responsável por este crescimento acelerado vem de um vasto mar de objetos compactos espalhados pelos vazios entre as galáxias. Esta conclusão faz parte de um novo estudo publicado na revista The Astrophysical Journal.

Em meados da década de 1960, os físicos sugeriram pela primeira vez que o colapso estelar não deveria formar buracos negros verdadeiros, mas ao invés formar GEODEs (Generic Objects of Dark Energy, em português Objetos Genéricos de Energia Escura). Ao contrário dos buracos negros, os GEODEs não "quebram" as equações de Einstein com singularidades. Em vez disso, uma camada giratória envolve um núcleo de energia escura. Vistos de fora, os GEODEs e os buracos negros parecem os mesmos, mesmo quando os "sons" das suas colisões são medidos por observatórios de ondas gravitacionais.

Dado que os GEODEs imitam buracos negros, supôs-se que se moviam pelo espaço da mesma forma que os buracos negros. "Isto torna-se um problema se quisermos explicar a expansão acelerada do Universo," disse Kevin Croker, do Departamento de Física e Astronomia da Universidade do Hawaii em Manoa, autor principal do estudo. "Embora tenhamos provado no ano passado que os GEODEs, em princípio, podiam fornecer a energia escura necessária, seriam precisos muitos GEODEs antigos e massivos. Se se movessem como buracos negros, permanecendo perto da matéria visível, galáxias como a nossa Via Láctea teriam sido perturbadas."

Croker colaborou com o estudante Jack Runburg e com Duncan Farrah, professor do Instituto de Astronomia e do departamento de Física e Astronomia da mesma universidade, para investigar como os GEODEs se movem pelo espaço. Os investigadores descobriram que a camada giratória em torno de cada GEODE determina como se movem uns em relação aos outros. Se as suas camadas externas girarem lentamente, os GEODEs aglomeram-se mais depressa do que os buracos negros. Isto ocorre porque os GEODEs ganham massa com o crescimento do próprio Universo. No entanto, para os GEODEs com camadas externas que giram perto da velocidade da luz, o ganho de massa é dominado por um efeito diferente e os GEODEs começam a repelir-se. "A dependência da rotação foi realmente inesperada," disse Farrah. "Se confirmado por observações, seria uma classe inteiramente nova de fenómenos."

A equipa resolveu as equações de Einstein partindo do pressuposto de que muitas das estrelas mais antigas, que nasceram quando o Universo tinha menos de 2% da sua idade atual, formaram GEODEs quando morreram. À medida que estes antigos GEODEs se alimentavam de outras estrelas e de gás interestelar abundante, começaram a girar muito rapidamente. Uma vez atingida uma velocidade de rotação suficientemente alta, a repulsão mútua dos GEODEs fez com que a maioria deles "se distanciassem socialmente" para regiões que eventualmente se tornariam os vazios entre as galáxias atuais.

Este estudo suporta a posição de que os GEODEs podem resolver o problema da energia escura enquanto permanecerem em harmonia com diferentes observações ao longo de grandes distâncias. Os GEODEs ficam longe das galáxias atuais, de modo que não interrompem os delicados pares de estrelas contados na Via Láctea. O número de GEODEs antigos necessários para resolver o problema da energia escura é consistente com o número de estrelas antigas. Os GEODEs não interrompem a distribuição medida das galáxias no espaço porque se separam da matéria luminosa antes que forme as galáxias atuais. Finalmente, os GEODEs não afetam diretamente as ondulações suaves no brilho remanescente do Big Bang, porque nascem de estrelas mortas centenas de milhões de anos após a libertação dessa radiação cósmica de fundo.

Os investigadores estavam cautelosamente otimistas sobre os seus resultados. "Pensava-se que, sem uma deteção direta de algo diferente de uma assinatura Kerr [Buraco Negro] do LIGO-Virgo [observatórios de ondas gravitacionais], nunca seríamos capazes de dizer que os GEODEs existiam," disse Farrah. Croker acrescentou, "mas agora que temos uma compreensão mais clara de como as equações de Einstein ligam o grande e o pequeno, conseguimos fazer contacto com dados de muitas comunidades, e está a começar a formar-se uma imagem coerente."

De acordo com Runburg, cujo principal interesse de pesquisa não está relacionado com os GEODEs, "a consequência mais emocionante, para mim, é que as comunidades de investigadores, antes separadas, têm agora algo em comum. Quando diferentes comunidades trabalham juntas, o todo torna-se sempre maior do que a soma das partes."

// Universidade do Hawaii (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (The Astrophysical Journal)

 


Saiba mais

GEODEs:
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Universo:
A expansão acelerada do Universo (Wikipedia)
Universo (Wikipedia)
Idade do Universo (Wikipedia)
Estrutura a grande-escala do Universo (Wikipedia)
Big Bang (Wikipedia)
Cronologia do Big Bang (Wikipedia)

Energia escura:
Wikipedia

 
   
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  A Lua está a enferrujar e os cientistas querem saber porquê (via JPL/NASA)
Há muito tempo que Marte é conhecido pela sua ferrugem. Ferro à sua superfície, combinado com água e oxigénio do passado distante, dá ao Planeta Vermelho a sua cor. Mas os cientistas ficaram recentemente surpreendidos por encontrar evidências de que a nossa Lua, que não tem ar, também tem ferrugem. Ler fonte
 
   
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Crédito: Robert Fedez
 
Quantas luas vê? Muitas pessoas diriam uma, referindo-se à Lua da Terra, proeminente no canto inferior esquerdo. Mas observe mais de perto o objeto no canto superior direito. Esta aparente estrela é na verdade o planeta Júpiter, e uma olhada mais de perto pode revelar que não está sozinho - está cercado por algumas das suas maiores luas. Da esquerda para a direita, estas luas galileanas são Io, Ganimedes, Europa e Calisto. Estas luas orbitam o mundo joviano tal como os planetas do nosso Sistema Solar orbitam o Sol, numa linha quando vistos de lado. Esta exposição foi capturada a partir de Cancun, México, a semana passada, enquanto o nosso satélite natural, na sua órbita ao redor da Terra, "deslizava" pelo planeta distante. A sonda Juno da NASA está a capturar imagens ainda melhores de Júpiter, agora numa órbita em "loop" ao redor do maior planeta do Sistema Solar. A Lua da Terra vai continuar a passar quase na frente de Júpiter e Saturno uma vez por mês à medida que os dois planetas gigantes se aproximam da sua própria grande conjunção em dezembro.
 
   
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