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  Arquivo | CCVAlg - Astronomia
Com o apoio do Centro Ciência de Tavira
   
 
 
  Astroboletim #1825  
  03/09 a 06/09/2021  
     
 

Astronomia no Verão pelo Centro Ciência Viva de Tavira

Observação noturna do céu de Tavira no Parque do Palácio da Galeria
Datas:
03-09-2021 21:00 - Data esgotada - Lista de espera

Observação noturna do céu na Mata da Conceição
10-09-2021 21:30 - Data esgotada - Lista de espera

Consulte sempre a página das atividades para informações mais detalhadas como o itinerário, ponto de encontro, coordenadas GPS, etc., e para fazer a sua inscrição obrigatória.
Todas as atividades estão dependentes de condições meteorológicas favoráveis.
Não dispensa a consulta do FAQ no site da Ciência Viva no Verão

 
     
 
Efemérides

Dia 03/09: 246.º dia do calendário gregoriano.
História:
Em 1976, a sonda Viking 2 aterrava na Planície Utopia, em Marte

Em 1985, aterragem da missão STS-51-I, do vaivém espacial Discovery da NASA.
Observações: A chegada de setembro significa que Escorpião, a orgulhosa constelação do céu de julho a sul, está a inclinar-se e bastante baixa a sudoeste após o cair da noite, preparando-se para dizer adeus.

Dia 04/09: 247.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1958, nascia Jacqueline Hewitt, astrofísica e primeira descobridora dos anéis de Einstein - a deformação da luz a partir de uma fonte, como por exemplo uma galáxia, num anel conhecido como lente gravitacional.

Observações: Antes do amanhecer, a fina Lua Minguante encontra-se para a esquerda do enxame do Presépio, em Caranguejo.

Dia 05/09: 248.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1977, era lançada a sonda Voyager 1.

Com um custo de 860 milhões de dólares (até à passagem por Neptuno), a missão foi uma "ninharia" considerando o vasto retorno científico de dados e conhecimento do Sistema Solar exterior.
Em 1984, o vaivém espacial Discovery completava o seu voo inaugural.
Observações: Olhe cuidadosamente para Vénus, bem baixo a oeste-sudoeste ao anoitecer. Hoje, Espiga, com apenas 1/100 do seu brilho, brilha 1,8º para baixo e para a esquerda do planeta.

Dia 06/09: 249.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1892, nascia Edward Victor Appleton, físico inglês que em 1947 ganhou o Prémio Nobel da Física ao provar a existência da ionosfera em 1924.
Em 1899, era fundada a Sociedade Astronómica e Astrofísica da América, agora com o nome Sociedade Astronómica Americana.
Em 1997 era descoberta a primeira lua irregular de ÚranoCaliban, por Brett J. Galdman (Instituto Canadiano para a Astrofísica Teórica), Philip D. Nicholson (Universidade de Cornell), Joseph A. Burns (Universidade de Cornell) e JJ Kavelaars (Universidade McMaster). 

Estavam usando o telescópio Hale de 5 metros do monte PalomarÚrano tem 27 luas conhecidas.
Observações: Mesmo com um telescópio modesto e um céu medíocre, sabia que consegue observar o buraco negro Cygnus X-1 - ou seja, a estrela de 9.ª magnitude (HIP 98298) que o alimenta? Está a 0,3º da estrela de quarta magnitude Eta Cygni, bem por cima das nossas cabeças.

 
 
   
Uma descoberta acidental sugere uma população oculta de objetos cósmicos
 
Este mosaico mostra todo o céu fotogfrafado pelo WISE (Wide-field Infrared Survey Explorer). A radiação infravermelha refere-se a comprimentos de onda que são mais longos do que aqueles visíveis a olho humanos. Muitos objetos cósmicos irradiam no infravermelho, incluindo gás e nuvens de poeira onde as estrelas se formam, e anãs castanhas.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/UCLA
 

Um novo estudo fornece uma explicação tentadora de como um objeto cósmico peculiar chamado WISEA J153429.75-104303.3 - que recebeu a alcunha de "O Acidente" - teve origem. O Acidente é uma anã castanha. Embora se formem como estrelas, estes objetos não têm massa suficiente para dar início a fusão nuclear, o processo que faz com que as estrelas brilhem. Embora as anãs castanhas às vezes desafiem a caracterização, os astrónomos têm uma boa compreensão das suas características gerais.

Ou tinham, até terem encontrado esta.

O Acidente recebeu este nome depois de ser descoberto por pura sorte. Escapou aos levantamentos normais porque não se parece com nenhuma das pouco mais de 2000 anãs castanhas que foram encontradas na nossa Galáxia até agora.

À medida que as anãs castanhas envelhecem, arrefecem e o seu brilho em diferentes comprimentos de onda muda. Não é diferente de como alguns metais, quando aquecidos, vão do branco brilhante ao vermelho profundo à medida que arrefecem. O Acidente confundiu os cientistas porque era ténue em alguns comprimentos de onda importantes, sugerindo que era muito fria (e antiga), mas brilhante noutros, indicando uma temperatura mais alta.

 

Consegue ver a mancha escura movendo-se em baixo à esquerda? É uma anã castanha denominada "O Acidente", que foi descoberta pelo cientista cidadão Dan Caselden. Ela havia escapado aos levantamentos normais porque não se parecia com nenhuma outra anã castanha conhecida.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Dan Caselden

 

"Este objeto desafiou todas as nossas expetativas," disse Davy Kirkpatrick, astrofísico do IPAC do Caltech em Pasadena, no estado norte-americano da Califórnia. Ele e coautores postulam, num novo artigo publicado na revista The Astrophysical Journal Letters, que o Acidente pode ter entre 10 e 13 mil milhões de anos - pelo menos o dobro da média de idades de outras anãs castanhas conhecidas. Isto significa que teria sido formada quando a nossa Galáxia era muito mais jovem e tinha uma composição química diferente. A ser esse o caso, provavelmente há muitas mais destas anãs castanhas antigas à espreita na nossa vizinhança galáctica.

Um Perfil Peculiar

O Acidente foi detetado pela primeira vez pelo NEOWISE (Near-Earth Object Wide-Field Infrared Survey Explorer) da NASA, lançado em 2009 sobre o apelido WISE e gerido pelo JPL da NASA no sul da Califórnia. Dado que as anãs castanhas são objetos relativamente frios, irradiam principalmente luz infravermelha, ou comprimentos de onda maiores do que o olho humano pode ver.

 
As anãs castanhas partilham certas características com ambas as estrelas e os planetas. Em geral, são menos massivas do que as estrelas e mais massivas do que os planetas. Uma anã castanha torna-se uma estrela se a pressão no seu núcleo se tornar suficientemente alta para dar início à fusão nuclear, o processo que faz com que as estrelas brilhem.
Crédito: NASA/JPL-Caltech
 

Para descobrir como O Acidente poderia ter propriedades tão contraditórias - algumas sugerindo que é muito fria, outras indicando que é muito mais quente - os cientistas precisaram de mais informações. Então, observaram o objeto em comprimentos de onda infravermelhos adicionais com um telescópio terrestre no Observatório W. M. Keck no Hawaii. Mas a anã castanha aparecia tão ténue nesses comprimentos de onda, que nem sequer a conseguiram detetar, aparentemente confirmando a sua sugestão de que era muito fria.

De seguida, decidiram determinar se o baixo brilho resultava de O Acidente estar mais distante da Terra do que o esperado. Mas não foi esse o caso, de acordo com medições precisas da distância pelos telescópios espaciais Hubble e Spitzer da NASA. Tendo determinado a distância do objeto - cerca de 50 anos-luz da Terra - a equipa percebeu que estava a mover-se rapidamente - cerca de 800.000 km/h. Este valor é muito superior ao de todas as outras anãs castanhas conhecidas por estarem a esta distância da Terra, o que significa que provavelmente viaja pela Galáxia há muito tempo, encontrando objetos massivos que a aceleram com a sua gravidade.

Com um monte de evidências que sugerem que O Acidente é extremamente antigo, os investigadores propõem que as suas estranhas propriedades não são de todo estranhas e que podem ser uma pista da sua idade.

Quando a Via Láctea se formou há cerca de 13,6 mil milhões de anos, era composta quase inteiramente de hidrogénio e hélio. Outros elementos, como o carbono, formaram-se dentro das estrelas; quando as estrelas mais massivas explodiram como supernovas, espalharam os elementos por toda a Galáxia.

O metano, composto por hidrogénio e carbono, é comum na maioria das anãs castanhas que têm uma temperatura semelhante à de O Acidente. Mas o perfil de luz de O Acidente sugere que contém muito pouco metano. Tal como todas as moléculas, o metano absorve comprimentos de onda específicos, de modo que uma anã castanha rica em metano seria fraca nestes comprimentos de onda. O Acidente, por contraste, é brilhante nestes comprimentos de onda, o que pode indicar baixos níveis de metano.

Assim, o perfil de luz de O Acidente poderia corresponder ao de uma anã castanha muito velha que se formou quando a Galáxia ainda era pobre em carbono; muito pouco carbono aquando da formação significa muito pouco metano na sua atmosfera hoje.

"Não é uma surpresa encontrar uma anã castanha tão velha, mas é uma surpresa encontrar uma no nosso quintal," disse Federico Marocco, astrofísico do IPAC no Caltech que liderou as novas observações usando os telescópios Keck e Hubble. "Esperávamos que anãs castanhas tão antigas existissem, mas também esperávamos que fossem incrivelmente raras. A chance de encontrar uma tão perto do Sistema Solar pode ser uma coincidência feliz, ou diz-nos que são mais comuns do que pensávamos."

 
Esta impressão de artista mostra uma anã castanha ténue e fria no espaço. As anãs castanhas formam-se como estrelas, mas não têm massa suficiente para dar início à fusão nuclear nos seus núcleos - o processo que faz com que as estrelas brilhem. Como resultado, partilham algumas características físicas com os planetas gigantes, como Júpiter.
Crédito: IPAC/Caltech
 

Um Acidente Fortuito

Para encontrar anãs castanhas mais antigas como O Acidente - se é que existem - os investigadores podem ter que mudar a forma como procuram estes objetos.

O Acidente foi descoberto pelo cientista cidadão Dan Caselden, que estava a usar um programa online que ele desenvolveu para encontrar anãs castanhas em dados do NEOWISE. O céu está repleto de objetos que irradiam luz infravermelha; no geral, estes objetos parecem permanecer fixos no céu, devido à sua grande distância da Terra. Mas dado que as anãs castanhas são tão fracas, são visíveis apenas quando estão relativamente perto da Terra, e isso significa que os cientistas podem observá-las movendo-se pelo céu durante meses ou anos (o NEOWISE mapeia todo o céu uma vez a cada seis meses).

O programa de Caselden tentou remover os objetos infravermelhos estacionários (como estrelas distantes) dos mapas do NEOWISE e destacar objetos em movimento que tinham características semelhantes às das anãs castanhas conhecidas. Ele estava a olhar para uma destas candidatas a anã castanha quando avistou outro objeto muito mais fraco movendo-se rapidamente pelo ecrã. Este acabaria por ser WISEA J153429.75-104303.3, que não havia sido destacado porque não correspondia ao perfil de anã castanha do programa. Caselden avistou-a por acidente.

"Esta descoberta está a dizer-nos que há mais variedade nas composições das anãs castanhas do que vimos até agora," disse Kirkpatrick. "Provavelmente existem mais estranhas por aí, e precisamos de pensar em como procurá-las."

// NASA (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (The Astrophysical Journal Letters)
// Artigo científico (arXiv.org)

 


Saiba mais

WISEA J153429.75-104303.3:
Wikipedia

Anãs castanhas:
Wikipedia
NASA
Andy Lloyd's Dark Star Theory

WISE:
Wikipedia
NEOWISE (NASA)
U. Berkeley

Observatório W. M. Keck:
Página principal
Wikipedia

Telescópio Espacial Hubble:
Hubble, NASA 
ESA
Hubblesite
STScI
SpaceTelescope.org
Base de dados do Arquivo Mikulski para Telescópios Espaciais

Telescópio Espacial Spitzer:
Caltech
NASA
Centro Científico Spitzer 
Wikipedia

 
   
"Lupa" de raios-X melhora visão de buracos negros distantes

Tirando proveito de uma lente natural no espaço, os astrónomos capturaram uma visão sem precedentes dos raios-X de um sistema de buracos negros no início do Universo.

Esta lupa foi usada para melhorar pela primeira vez a nitidez das imagens de raios-X usando o Observatório de raios-X Chandra da NASA. Capturou detalhes sobre buracos negros que normalmente estariam demasiado distantes para estudar usando os telescópios de raios-X existentes.

 
Os astrónomos usaram lentes gravitacionais para obter uma visão sem precedentes de um sistema composto por buracos negros no início do Universo. Uma impressão de artista mostra como os raios-X de um dos objetos à esquerda (roxo) foram distorcidos pela gravidade de uma galáxia interveniente para produzir duas fontes detetadas na imagem do Chandra (inserção no canto superior esquerdo). A luz do objeto mais ténue (azul) foi ampliada pela galáxia para ser 300 vezes mais brilhante do que seria sem a lente. Os dois objetos ou são dois buracos negros supermassivos em crescimento, ou um buraco negro e o seu jato.
Crédito: NASA/CXC/M. Weiss; imagem de raios-X (inserção) - NASA/CXC/SAO/D. Schwartz et al. (ver versão sem legendas; ver ampliação da inserção)
 

Os astrónomos aplicaram um fenómeno conhecido como "lente gravitacional" que ocorre quando o percurso da luz de objetos distantes é curvado por uma grande concentração de massa, como uma galáxia, que fica ao longo da linha de visão. Estas lentes podem ampliar e amplificar a luz em grandes quantidades e criar imagens duplicadas do mesmo objeto. A configuração destas imagens duplicadas pode ser usada para decifrar a complexidade do objeto e tornar as imagens mais nítidas.

No novo estudo, o sistema de lentes gravitacionais é denominado MG B2016+112. Os raios-X detetados pelo Chandra foram emitidos por este sistema quando o Universo tinha apenas 2 mil milhões de anos, em comparação com a sua idade atual de quase 14 mil milhões de anos.

"Os nossos esforços para ver e entender estes objetos distantes em raios-X estariam condenados se não tivéssemos uma lupa natural como esta," disse Dan Schwartz do Centro para Astrofísica | Harvard & Smithsonian, que liderou o estudo.

A investigação mais recente baseia-se em trabalhos anteriores liderados pela coautora Cristiana Spingola, atualmente no INAF (Instituto Nacional para Astrofísica) em Bolonha, Itália. Usando observações de rádio de MG B2016+112, a sua equipa encontrou evidências de um par de buracos negros supermassivos em rápido crescimento separados por apenas mais ou menos 650 anos-luz. Descobriram que ambos os candidatos a buraco negro possivelmente têm jatos.

Usando um modelo de lente gravitacional baseado nos dados de rádio, Schwartz e colegas concluíram que as três fontes de raios-X que detetaram no sistema MG B2016+112 devem ter resultado da lente de dois objetos distintos. Estes dois objetos que emitem raios-X são provavelmente um par de buracos negros supermassivos em crescimento ou um buraco negro supermassivo em crescimento e o seu jato. A separação estimada destes dois objetos é consistente com o trabalho no rádio.

As medições anteriores, pelo Chandra, de pares ou trios de buracos negros supermassivos em crescimento geralmente envolveram objetos muito mais próximos da Terra, ou com separações muito maiores entre os objetos. Já foi observado um jato de raios-X a uma distância ainda maior da Terra, com luz emitida quando o Universo tinha apenas 7% da sua idade atual. No entanto, a emissão do jato está separada do buraco negro por cerca de 160.000 anos-luz.

Este resultado é importante porque fornece informações cruciais sobre a velocidade de crescimento dos buracos negros no início do Universo e a deteção de um possível buraco negro duplo. A lente gravitacional amplia a luz destes objetos distantes que, de outra forma, seriam demasiado ténues para serem detetados. Os raios-X detetados de um dos objetos em MG B2016+112 podem ser até 300 vezes mais brilhantes do que seriam sem as lentes.

"Os astrónomos descobriram buracos negros com massas equivalentes a milhares de milhões de vezes a do nosso Sol, sendo formados apenas centenas de milhões de anos após o Big Bang, quando o Universo tinha apenas uns pontos percentuais da sua idade atual," disse Spingola. "Queremos resolver o mistério de como estes buracos negros supermassivos ganharam massa tão depressa."

As ampliações pelas lentes gravitacionais podem permitir aos investigadores estimar quantos sistemas contendo dois buracos negros supermassivos têm separações pequenas o suficiente para produzir ondas gravitacionais observáveis no futuro com detetores espaciais.

"De muitas maneiras, este resultado é uma prova de conceito empolgante de como esta 'lupa' pode ajudar-nos a revelar a física dos buracos negros supermassivos distantes numa nova abordagem. Sem este efeito, o Chandra teria que observá-lo durante um espaço de tempo centenas de vezes maior e mesmo assim não revelaria as estruturas complexas," disse a coautora Anna Barnacka do CfA e da Universidade Jagiellonian, que desenvolveu as técnicas para transformar lentes gravitacionais em telescópios de alta resolução e assim melhorar as imagens.

"Graças às lentes gravitacionais, observações mais longas do Chandra podem ser capazes de determinar se é efetivamente um par de buracos negros ou um buraco negro e o seu jato. Também estamos ansiosos para aplicar esta técnica no futuro, especialmente tendo em conta que levantamentos por novas e importantes instalações óticas e no rádio, que em breve entrarão em operação, vão fornecer dezenas de milhares de alvos," concluiu Schwartz.

A incerteza na posição de raios-X de um dos objetos em MG B2016+112 é de 130 anos-luz numa dimensão e de 2000 anos-luz na outra dimensão perpendicular. Isto significa que o tamanho da área onde a fonte provavelmente está localizada é mais de 100 vezes menor do que a área correspondente a uma típica fonte do Chandra sem lente. Esta precisão na determinação de uma posição é incomparável na astronomia de raios-X para uma fonte a esta distância.

O artigo que descreve estes resultados foi publicado na edição de agosto da revista The Astrophysical Journal e uma versão de pré-publicação está disponível no site arXiv.org.

// Chandra/Harvard (comunicado de imprensa)
// NASA (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (The Astrophysical Journal)
// Artigo científico (arXiv.org)
// Um Olhar Rápido Sobre MG B2016+112 (Observatório de raios-X Chandra via YouTube)
// Uma "tour" de MG B2016+112 (Observatório de raios-X Chandra via YouTube)

 


Saiba mais

Buracos negros:
Wikipedia

Lentes gravitacionais:
Wikipedia

Observatório de raios-X Chandra:
NASA
Universidade de Harvard
Wikipedia

 
   
O que pode uma jovem estrela ensinar-nos sobre o nascimento do nosso planeta, do Sol e do Sistema Solar?

A conhecida estrela no centro do nosso Sistema Solar teve milhares de milhões de anos para amadurecer e fornecer energia que nos é vital, cá na Terra. Mas, há muito tempo atrás, o nosso Sol era apenas uma estrela bebé em crescimento. Qual o aspeto do Sol quando era tão jovem? Este é um mistério que, se resolvido, pode ensinar-nos mais sobre a formação do nosso Sistema Solar e de outros sistemas estelares compostos de planetas e objetos cósmicos que orbitam estrelas.

"Detetámos milhares de planetas noutros sistemas estelares na nossa Galáxia, mas como é que surgiram todos estes planetas? Como é que a Terra foi formada? Isto é o que realmente me motiva," diz Catherine Espaillat, autora principal do artigo e professora associada de astronomia na Faculdade de Artes e Ciências da Universidade de Boston.

 
Esta imagem ilustra uma jovem estrela chamada GM Aurigae a comer partículas de gás e poeira de um disco protoplanetário, que está representado pelo material verde em redor da estrela brilhante.
Crédito: M. M. Romanova
 

Um novo artigo científico, publicado na revista Nature por Espaillat e colaboradores, finalmente fornece novas pistas sobre quais as forças que estavam em jogo quando o nosso Sol estava na sua infância, detetando, pela primeira vez, uma mancha invulgar numa estrela bebé que revela novas informações sobre como as estrelas jovens crescem.

Quando uma estrela bebé está a formar-se, explica Espaillat, devora partículas de poeira e gás que giram à sua volta no que é chamado de disco protoplanetário. As partículas atingem a superfície da estrela num processo denominado acreção.

"Este é o mesmo processo pelo qual o Sol passou," diz Espaillat.

Os discos protoplanetários podem ser encontrados dentro de nuvens moleculares magnetizadas, que em todo o Universo são conhecidas pelos astrónomos como berçários de novas estrelas. Foi teorizado que os discos protoplanetários e as estrelas estão ligados por um campo magnético e que as partículas seguem o campo até à estrela. À medida que as partículas colidem com a superfície da estrela em crescimento, formam-se manchas quentes - regiões extremamente quentes e densas - nos pontos focais do processo de acreção.

Olhando para uma jovem estrela a cerca de 450 anos-luz da Terra, as observações de Espaillat e da sua equipa confirmam, pela primeira vez, a precisão dos modelos de acreção dos astrónomos desenvolvidos para prever a formação de manchas quentes. Esses modelos de computador até agora baseavam-se em algoritmos que calculam como a estrutura dos campos magnéticos direciona as partículas dos discos protoplanetários para colidirem com pontos específicos na superfície de estrelas em crescimento. Agora, os dados observáveis apoiam estes cálculos.

A equipa da Universidade de Boston, que inclui o estudante John Wendeborn e o investigador pós-doutorado Thanawuth Thanathibodee, estudou detalhadamente uma jovem estrela chamada GM Aurigae, localizada na nuvem molecular de Touro-Cocheiro da Via Láctea. Atualmente é impossível fotografar a superfície de uma estrela tão distante, diz Espaillat, mas são possíveis outros tipos de imagens, uma vez que diferentes partes da superfície de uma estrela emitem luz em diferentes comprimentos de onda. A equipa passou um mês a obter instantâneos diários da superfície de GM Aurigae, compilando conjuntos de dados em raios-X, no ultravioleta, infravermelho e no visível. Para espiar GM Aurigae, confiaram nos "olhos" do Hubble, do TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite), do Swift e da rede global de telescópios do Observatório Las Cumbres.

Esta estrela em particular, GM Aurigae, completa uma rotação em cerca de uma semana, e nesse tempo os níveis de brilho devem atingir o pico e o mínimo à medida que a mancha quente se desloca para o lado oculto da estrela (da perspetiva da Terra) e novamente para o lado visível. Mas quando a equipa alinhou os seus dados lado a lado pela primeira vez, ficaram perplexos com o que viram.

"Vimos que houve um deslocamento [nos dados] de um dia," acrescentou Espaillat. Em vez de todos os comprimentos de onda atingirem o pico ao mesmo tempo, a radiação UV estava no seu brilho máximo cerca de um dia antes de todos os outros comprimentos de onda atingirem o seu. Ao início, pensaram que podiam ter recolhido dados imprecisos.

"Revimos os dados muitas vezes, verificámos os tempos e percebemos que não era um erro," diz. Eles descobriram que a mancha quente propriamente dita não é totalmente uniforme e que tem uma área dentro dela que é ainda mais quente que o resto.

"A mancha quente não é um círculo perfeito... é mais como um arco, em que uma parte desse arco é mais quente e densa do que o resto," explica Espaillat. A forma única explica o desalinhamento nos dados dos comprimentos de onda. Este é um fenómeno que nunca tinha sido visto antes numa mancha quente.

"Este [estudo] ensina-nos que as manchas quentes são pegadas na superfície estelar criadas pelo campo magnético," diz Espaillat. No passado, o Sol também teve manchas quentes - que são diferentes das manchas solares, áreas do nosso Sol que são mais frias do que o resto da superfície - concentradas nas áreas onde estava a comer partículas de um disco protoplanetário circundante de gás e poeira.

Eventualmente, os discos protoplanetários desaparecem, deixando para trás estrelas, planetas e outros objetos cósmicos que compõem um sistema estelar, diz Espaillat. Ainda há evidências do disco protoplanetário que alimentou o nosso Sistema Solar, salienta, que podem ser encontradas na existência da nossa cintura de asteroides e de todos os planetas. Espaillat diz que estudar estrelas jovens que partilham propriedades semelhantes com o nosso Sol é a chave para compreender o nascimento do nosso próprio planeta.

// Universidade de Boston (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (Nature)
// Artigo científico (arXiv.org)

 


Saiba mais

Discos protoplanetários:
Wikipedia

Telescópio Espacial Hubble:
Hubble, NASA 
ESA
Hubblesite
STScI
SpaceTelescope.org
Base de dados do Arquivo Mikulski para Telescópios Espaciais

TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite):
NASA
NASA/Goddard
Programa de Investigadores do TESS (HEASARC da NASA)
MAST (Arquivo Mikulski para Telescópios Espaciais)
Exoplanetas descobertos pelo TESS (NASA Exoplanet Archive)
Wikipedia

Telescópio Swift:
NASA
Wikipedia

Observatório Las Cumbres:
Página principal
Wikipedia

 
   
Álbum de fotografias - M51: A Galáxia do Rodamoinho
(clique na imagem para ver versão maior)
Crédito: Josep Drudis
 
Encontre a Ursa Maior e siga a "pega" para longe da "frigideira" até chegar à sua última estrela brilhante. Aí, deslize o seu telescópio um pouco para sul e oeste e encontrará este par impressionante de galáxias em interação, a 51.ª entrada no famoso catálogo de Charles Messier. Talvez a "nebulosa espiral" original, a grande galáxia com estrutura espiral bem definida também está catalogada como NGC 5194. Os seus braços espirais e correntes de poeira claramente varrem a frente da sua galáxia companheira (topo), NGC 5195. O par está a cerca de 31 milhões de anos-luz de distância e estão oficialmente dentro dos limites angulares da pequena constelação de Cães de Caça. Embora M51 pareça ténue e difusa a olho nu, imagens profundas como esta revelam as suas cores marcantes e detritos galácticos de maré.
 
   
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