SMART-1 COLIDE COM A LUA
Uma sonda lunar europeia deliberadamente colidiu com a superfície na madrugada do passado Domingo.
A tecnologicamente avançada "Small Missions for Advanced Research and Technology" pertence à Agência Espacial Europeia (ESA), e é mais conhecida como SMART-1.
A colisão controlada da sonda foi planeada de modo a permitir a uma rede terrestre de astrónomos a possibilidade de examinar o material libertado da Lua pelo impacto, e assim espremer mais um pouco de ciência da missão.
Os efeitos previstos da colisão a alta-velocidade variavam entre um rápido "flash" e uma possível bola de fogo se a sonda ricochetasse pela superfície lunar devido ao resto do combustível a bordo da SMART-1. Momentos antes do impacto, os cientistas não sabiam o que esperar.
"Nisto, perdemos o sinal da sonda," disse Detlef Koschny, cientista da SMART-1 no centro de controlo na Alemanha. "Tudo o que sabemos é que o impacto realmente ocorreu."
Koschny disse que o impacto teve lugar poucos segundos depois da hora prevista. O impacto foi indicado pela falha de comunicação com a sonda, que foi destruída. O impacto ocorreu às 05:42:22 UT.
A colisão a alta-velocidade esperava-se que criasse ainda outra cratera na Lua - talvez com um tamanho entre os 5 e os 10 metros. A poeira e outros materiais libertados da Lua previa-se que fossem avistados por observadores com grandes telescópios aqui na Terra. Um "flash" do impacto foi registado pelo Telescópio do Canadá-França-Hawaii no topo do Mauna Kea.
Sequência do impacto vista pelo Telescópio CFHT. Note o brilho na imagem do meio, que é o "flash" da colisão.
Crédito: Telescópio CFHT
(clique na imagem para ver versão maior)
Astrónomos amadores com grandes telescópios não viram nada nos momentos iniciais depois do impacto.
Entretanto, por todo o globo, observatórios que participavam nas observações, esperavam e observavam, todos prontos a ajudar a ESA a monitorizar o impacto da SMART-1 na Lua. Instalações na Austrália, América do Sul, Europa, África, bem como nos EUA, estiveram a postos para observar o final da vida da sonda.
Os engenheiros da ESA, durante o seu período de extensão da missão, estiveram afinando a SMART-1 para permitir que o impacto acontecesse no lado visível da Lua - numa parte mais escura perto do terminador - e para que houvessem boas condições de observação para os instrumentos terrestres.
Até ao final, a SMART-1 permaneceu ocupada tirando imagens.
Os cientistas e a equipa de controlo da sonda testaram um modo rápido de captura de imagem com o apontador estelar da sonda, normalmente utilizado para orientar a SMART-1 no espaço. Este orientador produziu imagens da Lua enquando a sonda voava cada vez mais perto da rugosa superfície lunar.
Imagem oblíqua da superfície lunar tirada a 2 de Setembro pela câmara AMIE a bordo da SMART-1 durante as últimas órbitas anteriores ao impacto.
Crédito: ESA/SPACE-X (Space Exploration Institute)
(clique na imagem para ver versão maior)
Os controladores terrestres da ESA também tiveram que lidar com um problema anterior à colisão, quando a sonda entrou no seu modo de segurança. Após um longo e intenso período de recuperação, que demorou seis horas, finalmente conseguiram retirar o estado de segurança à sonda.
A SMART-1 foi a percursora da nova geração de sondas lunares de outras nações - nomeadamente China, Índia, Japão, bem como os EUA.
Para a campanha de impacto da SMART-1, Bernard Foind, da ESA e cientista do projecto, disse que outros membros de equipas de impactores foram convidados a fazer parte da campanha. Como exemplo, membros do projecto "Lunar CRater Observation and Sensing Satellite" (LCROSS).
Uma das últimas imagens tiradas pela SMART-1, mostrando uma bonita cratera dupla.
Crédito: ESA/SPACE-X (Space Exploration Institute)
(clique na imagem para ver versão maior)
LCROSS é uma pequena "bagagem secundária", que irá de boleia até à Lua com a sonda da NASA Lunar Reconnaissance Orbiter, com lançamento previsto para Outubro de 2008. A LCROSS alcançará uma órbita lunar independente da sonda maior.
A europeia SMART-1 foi levada para o espaço a 27 de Setembro de 2003. Fazendo uso de um motor iónico - bem como de difíceis manobras celestes - a sonda demorou 14 meses a alcançar a Lua. A captura de órbita lunar teve lugar no dia 13 de Novembro de 2004.
Inicialmente planeada para operar seis meses em torno da Lua, mais tarde foi-lhe dada uma extensão de mais um ano.
A SMART-1 foi a primeira sonda europeia a viajar e a orbitar a Lua.
Links:
Notícias relacionadas:
Comunicado de imprensa 1 (ESA)
Comunicado de imprensa 2 (ESA)
Comunicado de imprensa 3 (ESA)
Reuters
Washington Post
The Register
ABC News
Aljazeera
BBC News
SMART-1:
http://www.esa.int/SPECIALS/SMART-1/index.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Smart-1
Lua:
Núcleo de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve
Wikipedia
Nine Planets
|