O SEGREDO DAS ESTRELAS MÚLTIPLAS
A investigação daquilo que deveria ser um sistema estelar duplo revelou uma terceira estrela a brilhar por detrás das espessas nuvens de gás e poeiras. Os cientistas acreditam que se encontra gravitacionalmente ligada às outras duas tendo sido capturada quando passava próximo do sistema.
Ao invés do que se passa com o nosso Sol, a maioria das estrelas do Universo possuem pelo menos uma companheira à qual estão gravitacionalmente ligadas. A questão da formação desses sistemas tem sido o objecto de discussão entre os especialistas de formação estelar ao longo dos últimos anos.
Crédito: NASA
Existem duas linhas evolutivas a considerar.
Numa delas, um grande disco de poeiras fragmenta-se originando dois objectos protoestelares que depois evoluem para formar estrelas individuais. Na outra, a estrela companheira é capturada quando passa próximo do sistema estelar.
A equipa de cientistas liderada por Jeremy Lim do Instituto de Astronomia e Astrofísica, da Academia Sinica, na China Formosa, examinou as protoestrelas emL1551 IRS5, um sistema estelar em deformação localizado a 450 anos-luz da Terra. Usando o radiotelescópio Very Large Array (VLA) a equipa descobriu uma terceira estrela que não era anteriormente conhecida. A análise dos objectos revelou detalhes que parecem suportar ambas as teorias.
Em entrevistas à SPACE.com, Lim declarou que: "O novo estudo mostra que os discos das duas protoestrelas principais se encontram alinhados um com o outro e alinhados com o disco circundante do sistema. Além disso, o seu movimento orbital assemelha-se ao do disco circundante. Estes facto são provas semelhantes a "uma pistola fumegante" no suporte ao modelo de fragmentação."
Modelação de uma formação de sistema binário de protoestrelas.
Crédito: Illinois Mathematics and Science Academy
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A formação de um sistema estelar individual ou múltiplo depende da intensidade das interacções que se estabelecem entre as várias partes do disco protoestelar. Alice Goodman do Harvard Smithsonian, que não esteve envolvida directamente no estudo, considera que as possibilidades de interacção entre material estelar são semelhantes às de pessoas que vivem no meio rural, em meio suburbano ou em ambiente urbano. As pessoas que vivem numa grande cidade têm maior probabilidade de encontrar outras que aquelas que vivem num ambiente rural, disse Goodman.
"A razão porque o sistema [L1551 IRS5] é interessante para mim é porque se trata de um ambiente quase rural, ou suburbano onde ocorreu o que só se espera que ocorra em ambiente urbano" disse Goodman à SPACE.com.
De facto, como foi descoberto pela equipa de Lim, a terceira estrela está alinhada segundo um plano diferente das outras, o que sugere que se terá formado noutro local. "O desalinhamento da terceira protoestrela e do seu disco apenas permite concluir que se terá formado noutro local," disse Lim.
A estrela desalinhada não é uma evidência conclusiva de um cenário de captura, pois as interacções gravitacionais com duas estrelas de maior massa poderiam provocar o desalinhamento durante o colapso de material que originou as protoestrelas. A equipa de Lim espera agora testar as duas teorias.
Este trabalho pode ser estudado em detalhe na edição de 10 de Dezembro do Astrophysical Journal.
Links:
SPACE.com (Fonte)
Artigo Científico:
Astrophysical Journal
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