Left Marker
Logo
Com dificuldades em ler o boletim?
Veja online | No site | Feed RSS | Remover da lista
BOLETIM ASTRONÓMICO - EDIÇÃO N.º 472
De 03/12 a 05/12/2008
Right Marker
Menu
 
  UMA NOVA CLASSE DE COMETAS? E DONDE VEM?
   

Todos os cometas são quase iguais, certo? Não necessariamente. O astrónomo David Schleicher tem estudado 150 cometas, medindo a abundância de cinco diferentes moléculas em cada cometa. Um destes cometas, o Cometa 96P/Machholz 1, é diferente de todos os outros, mostrando um química extremamente invulgar. Schleicher acredita que a sua composição invulgar pode revelar a existência de uma nova classe de cometas. O que torna o Machholz 1 diferente é que o cianogénio molecular, CN, é quase não-existente. No Machholz 1, o CN está em falta por um factor de aproximadamente 72, derivado da média de outros cometas, isto é, apenas um pouco acima de 1% do normal. "Este esgotamento de CN é muito maior do que em qualquer outro cometa previamente estudado, e apenas outro cometa mostrava uma baixíssima abundância de CN," disse Schleicher. A causa desta anomalia química é desconhecida.

No entanto, Schleicher, astrónomo planetário do Observatório Lowell, desenvolveu três cenários intrigantes para explicar as origens do Machholz 1, e cada um fornecerá coacções importantes mas diferentes sobre a formação ou evolução dos cometas.


Composição de três imagens obtidas em 2002 pela sonda SOHO.
Crédito: SOHO

Uma possível explicação é que o Machholz 1 não é originário do nosso Sistema Solar. Ou seja, deve ter escapado de outra estrela. Neste cenário, o disco proto-planetário da outra estrela pode ter tido uma baixa abundância de carbono, resultando numa menor concentração em todos os compostos carbonáceos. "Uma grande fracção dos cometas do nosso Sistema Solar escapou para o espaço interestelar, por isso é provável que muitos cometas formados à volta de outras estrelas possam também ter escapado," disse Schleicher. "Alguns destes podem ter-se cruzado com o Sol, e o Machholz 1 pode ser um clandestino interestelar."

Outra possível explicação para a composição anómala do Machholz 1 é que se formou mais longe do Sol do que o "normal", num ambiente mais frio ou extremo do que qualquer outro cometa já estudado até agora. Se fosse este o caso, então a escassez de tais objectos está provavelmente associada com a significativa dificuldade em explicar como tais cometas se moveram para o Sistema Solar interior, onde podem ser descobertos e observados.

Uma terceira possibilidade é que o Machholz nasceu como um cometa sem uma corrente de compostos de carbono mas que a sua composição química foi subsequentemente alterada devido ao calor extremo. Embora nenhum outro cometa tenha exibido mudanças na sua química devido a um aquecimento pelo Sol, o Machholz 1 tem a distinção de ter uma órbita que o leva bem dentro da órbita de Mercúrio a cada cinco anos (outros cometas aproximam-se ainda mais do Sol, mas não tão regularmente). "Dado que a sua órbita é rara, temos que suspeitar que esta 'cozedura' frequente e a altas temperaturas possa ser a causa da sua composição invulgar," disse Schleicher. "No entanto, o outro único cometa a mostrar uma escassez de CN não alcançou tais altas temperaturas. Isto implica que a depleção de cianogénio não necessita das reacções químicas associadas com o calor extremo."

Embora o cometa 96P/Machholz 1 tenha sido avistado pela primeira vez em 1986 e orbite o Sol com um período de ligeiramente mais que cinco anos, as medições da sua composição apenas tiveram lugar durante a recente aparição do cometa em 2007. O programa de estudos do Observatório Lowell, actualmente liderado por Schleicher, inclui medições de mais de 150 cometas obtidas durante os últimos 33 anos. Esta pesquisa é única porque compara e contrasta o Machholz 1 contra esta grande base de dados de 150 cometas.

Actualmente existem duas classes composicionais de cometas, estes sendo identificados por um programa do mesmo observatório no começo da década de 90. Uma classe, contendo a maioria dos cometas observados, tem uma composição denominada "típica". A maioria dos membros desta classe tradicional habitaram durante muito tempo a Nuvem de Oort nas partes frias e longínquas do nosso Sistema Solar, mas acredita-se que se tenham formado por entre os planetas gigantes, particularmente entre Saturno, Urano e Neptuno. Outros membros desta classe composicional vieram da Cintura de Kuiper, localizada para lá de Neptuno.

A segunda classe de cometas tem variações na abundância de duas das cinco espécies químicas medidas. Dado que ambas as duas moléculas em baixa concentração, C2 e C3, são compostas na sua totalidade por átomos de carbono, esta classe foi apelidada como "pobre em correntes de carbono". Mais, quase todos os cometas nesta segunda classe têm órbitas consistentes com a sua chegada à Cintura de Kuiper. Por esta e por outras razões, pensa-se que a causa do esgotamento esteja associada com as condições que existiram quando os cometas se formaram, talvez numa região mais fria e longínqua da Cintura de Kuiper.

Pensa-se que os cometas sejam na sua maioria os objectos mais pristinos disponíveis para estudo detalhado que restam da época da formação do Sistema Solar. Como tal, os cometas podem ser usados como sondas do material proto-planetário que foi incorporado no nosso Sistema Solar. As diferenças entre os cometas, no que respeita à sua composição química actual, pode indicar ou diferenças nas condições primordiais ou efeitos evolucionários.

Embora o local de origem não possa ser definitivamente determinado para nenhum cometa, o curto período orbital do Machholz 1 significa que os astrónomos podem pesquisar por espécies moleculares carbonáceas durante aparições futuras. "Se outros compostos de carbono tiverem também extremamente baixas concentrações, então o caso da sua origem extrasolar seria fortalecido," disse Schleicher. A próxima janela de oportunidades para observações será em 2012.

O estudo foi publicado na edição de Novembro da revista Astronomical Journal.

Links:

Notícias relacionadas:
Artigo científico (do Astronomical Journal, requer subcrição)
Observatório Lowell (comunicado de imprensa)
Sky & Telescope
Astronomy
New Scientist
SPACE.com
SpaceRef
Universe Today

Cometa 96P/Machholz 1:
Wikipedia
NASA
Página de Seiichi Yoshida
Gary W. Kronk's Cometography

 
  ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS
   
 
   
 
Panorama da Apollo 15 - Crédito: Tripulação da Apollo, USGS, NASA
Como seria explorar a Lua? As missões Apollo da NASA deram aos humanos esta oportunidade no final dos anos 60 e começo da década de 70. Especificamente, a missão Apollo 15 foi dedicada a melhor compreender a superfície da Lua pela exploração de montanhas, vales, mares e terras-altas. Os astronautas David Scott e James Irwin passaram quase três dias na Lua enquanto Alfred Worden orbitava por cima no Módulo de Comando. A missão, que partiu da Terra no dia 26 de Julho de 1971, foi a primeira a transportar um veículo lunar. Na imagem acima, neste mosaico panorâmico digitalmente composto, David Scott examina uma rocha em frente do cume do Monte Hadley Delta. A sombra de James Irwin é visível na parte de baixo. À direita está um diverso e bem iluminado terreno lunar. A missão Apollo 15 trouxe cerca de 76 kg de rochas lunares para estudo detalhado. No futuro, a NASA e outras agências espaciais planeiam continuar a liderar a exploração da Lua e Marte.
Ver imagem em alta-resolução
 
 
 
EFEMÉRIDES:

Dia 03/12: 338.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1958, o JPL era transferido do controlo do exército americano para o controlo da NASA.
Em 1971, a sonda soviética Mars 3 torna-se na primeira a aterrar com sucesso em Marte
Em 1973, a Pioneer 10 enviava para a Terra as primeiras imagens de Júpiter.
Em 1974, voo rasante da sonda Pioneer 11 por Júpiter.
Em 1999, a NASA perdia o contacto com a Mars Polar Lander, minutos antes da entrada na atmosfera de Marte.

Observações: Aviste o bonito enxame das Plêiades a Este após a hora de jantar esta semana. Por baixo das Plêiades brilha laranja Aldebarã. Muito mais para baixo, Orionte sobe para uma boa observação pelas 20:30. Ainda para baixo de Orionte, a brilhante Sirius sobe para cima do horizonte após as 21.

Dia 04/12: 339.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1965, lançamento da missão Gemini 7. Frank Borman e James A. Lovell Jr. completam um voo de 14 dias, ao todo 220 órbitas. A missão tinha dois objectivos: estudar os efeitos a longo-prazo do voo espacial e fazer o "rendezvous" com a Gemini 6.
Em 1978, a sonda americana Pioneer/Venus torna-se na primeira a orbitar Vénus.
Em 1996, é lançada a Mars Pathfinder.

Observações: Aproveite a noite para observar de binóculos a Galáxia de Andrómeda (M31).

Dia 05/12: 340.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1990, a primeira fotografia (galáxia NGC 1232 em Erídano) tirada com o telescópio Keck é publicada no Los Angeles Times.

Em 2001, é lançada a missão Expedition 4, rumo à ISS.
Observações: Lua em Quarto Crescente, pelas 21:26.

 
 
CURIOSIDADES:

Vénus (Grécia: Afrodite; Babilónia: Ishtar) é a deusa do amor e da beleza. O planeta é assim chamado por ser o planeta com o maior brilho conhecido pelas antigas culturas.
 
 
Fórum de Astronomia
 
Bottom thingy left    
Browser recomendado
 
"Feed" RSS do nosso site
 
Página do Centro Ciência Viva do Algarve
  Bottom thingy right
Boletim informativo. Por favor não responda a este e-mail.
Compilado por: Miguel Montes e Alexandre Costa
 
Leitor de e-mail recomendado Browser recomendado Calendário de actividades astronómicas Arquivos de todas as edições dos boletins astronómicos Fórum de discussão sobre Astronomia Página do Centro Ciência Viva do Algarve Browser recomendado Software recomendado para a leitura correcta desta newsletter