A origem dos majestosos "pilares da criação", uma das mais familiares e coloridas cenas no espaço, é algo misteriosa. Agora, os investigadores dizem que podem ter começado como aglomerados gasosos empurrados para áreas sombreadas por radiação de estrelas vizinhas.
De acordo com novas simulações, tais aglomerados de gás arrastam-se para regiões mais escuras de gás e poeira e criam nós densos. As sombras em torno dos nós então separam a intensa radiação ultravioleta que pode interferir com a seguinte formação gasosa, indica o modelo.
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Uma imagem clássica dos "Pilares da Criação" na Nebulosa da Águia, obtida pelo Telescópio Espacial Hubble.
Crédito: J. Hester/P. Scowen/ASU/HST/NASA
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A pesquisa poderá ajudar os astrónomos a melhor compreender os pilares e os ambientes gasosos similares que actuam como úteros estelares, dando à luz novas estrelas.
"Não existe, até agora, nenhum consenso na literatura no que respeita à formação dos pilares, excepto que muito provavelmente estão relacionados com processos de foto-ionização de estrelas massivas vizinhas," disse Andrew Lim, astrofísico do Instituto Dublin para Estudos Avançados na Irlanda.
A foto-ionização ou foto-evaporação ocorre quando a intensa radiação de estrelas energiza as nuvens de gás neutro para criar uma camada exterior e quente de gás ionizado. O gás quente então expande rapidamente como uma explosão e liberta ondas de choque exteriores na direcção de aglomerados vizinhos, explica Lim.
O processo pode explicar como os Pilares da Criação se formaram na Nebulosa da Águia, localizada a 7000 anos-luz de distância e avistados pela primeira vez pelo Telescópio Espacial Hubble da NASA em 1995. Um ano-luz é a distância que a luz percorre num ano, cerca de 10 biliões de quilómetros.
"Fomos capazes de produzir pilares [virtuais] que são aproximadamente consistentes com os tamanhos e tempos de vida inferidos nas observações," afirma Lim.
Estudos anteriores investigaram apenas como solitários aglomerados gasosos podem levar à criação de pilares. O efeito-sombra representa um dos suspeitos principais por trás do processo de criação, embora a instabilidade do gás, derivada do bombardeamento de radiação, possa também contribuir.
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Uma imagem 3-D de formações gasosas semelhantes aos "Pilares da Criação" da Nebulosa da Águia, obtida a partir de simulações computacionais no Instituto Dublin para Estudos Avançados na Irlanda. Este modelo em particular mostras estruturas gasosas após 100.000 anos de formação.
Crédito: A. Lim/J. Mackey/DIAS
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Talvez o resultado mais surpreendente das novas simulações, é que os maiores aglomerados não necessariamente servem como fundações para as estruturas tipo-pilar, nota Lim.
Mas outro efeito interessante vem da modelação de uma fonte de radiação, tal como uma estrela - o efeito de foto-ionização do bombardeamento de radiação teve uma influência mais forte em nós gasosos, que poderia potencialmente formar pilares, pois estes tinham uma área superficial maior que apenas uma superfície lisa.
"Deste modo, o campo de radiação tende a 'martelar no prego saliente,' o que torna mais difícil a formação de um pilar," afirma Lim. Isto novamente sugere a importância do efeito sombreado que protege os recém-nascidos pilares.
Lim e seus colegas usaram modelos computacionais a 2-D e a 3-D para testar diferentes cenários com muitos tamanhos e configurações de aglomerados gasosos. O próximo passo é estudar os efeitos dos campos magnéticos e os efeitos gravitacionais nos pilares da criação.
No Universo real, e de acordo com um estudo prévio, os pilares da Nebulosa da Águia podem já ter sido destruídos por uma gigante explosão de supernova. Mas os pilares permanecerão intactos aos olhos dos observadores terrestres durante mais 1000 anos e talvez permitam ainda mais estudos, porque a luz que agora vemos saíu desta paisagem há já muito tempo atrás.
Os resultados desta simulação foram apresentados na Semana Europeia de Astronomia e Ciência Espacial na Universidade de Hertfordshire, Reino Unido.
Links:
Notícias relacionadas:
Instituto Dublin para Estudos Avançados (comunicado de imprensa)
Universe Today
Sociedade Astronómica Real
SPACE.com
PHYSORG.com
SpaceRef
"Pilares da Criação" (e M16):
Wikipedia
SEDS.org |