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Núcleo de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve
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ASTROBOLETIM N.º 528
De 24/04 a 26/04/2009
 
 
 

Dia 24/04: 114.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1066, foi observado o cometa Halley.
Em 1967, o cosmonauta Vladimir Komarov morre a bordo da Soyuz 1, quando o pára-quedas se recusa a abrir. É o primeiro humano a morrer numa missão espacial.
Em 1990, STS-31: o telescópio espacial Hubble é lançado a bordo do vaivém Discovery.

Observações: Uma vez que identifique Acturo e Vega, tente observar os padrões estelares mais ténues entre elas. A um terço da distância entre Arcturo e Vega encontra-se o pequeno semi-círculo da Coroa Boreal. A dois-terços está Hércules. Se a poluição luminosa for um problema, tente a uma hora mais tardia, ou num mês seguinte, quando tudo o que está agora a Este estará mais alto.

Dia 25/04: 115.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1983 a sonda Pioneer passava para além da órbita de Plutão.
Em 1990, astronautas a bordo do Space Shuttle Discovery (STS-31) colocam o Telescópio Espacial Hubble em órbita.

Observações: Lua Nova, pelas 03:23.

Dia 26/04: 116.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1920 decorria o debate Shapley-Curtis sobre a natureza e distância das "nebulosas" espirais, na Academia Nacional de Ciências em Washington, D.C.. Shapley acreditava que a Via Láctea era todo o Universo, enquanto que Curtis apoiava a teoria de um "universo ilha".
Em 1933 nascia Arno Penzias, que ganhou o prémio Nobel pelo seu contributo na descoberta da radiação cósmica de fundo.

Em 1962, a sonda Ranger 4 da NASA colide com a Lua.
Observações: Antes do amanhecer, aponte o seu telescópio para Júpiter a Sudeste. A estrela 44 Capricorni atrapalha directamente o sistema joviano, particularmente Ganimedes, o satélite mais brilhante do planeta.
Após o pôr-do-Sol, um elusivo e finíssimo Crescente mostra um de sua graça mesmo por cima do horizonte a Oeste-Noroeste. Perto da Lua encontra-se o planeta Mercúrio.

 
 
 
Cientistas estimam que entre três e cinco estrelas nascem todos os anos dentro da nossa Via Láctea.
 
 
 
AIA 2009
 
 
  SUGERIDA NOVA ORIGEM PARA OS PILARES DA CRIAÇÃO  
 

A origem dos majestosos "pilares da criação", uma das mais familiares e coloridas cenas no espaço, é algo misteriosa. Agora, os investigadores dizem que podem ter começado como aglomerados gasosos empurrados para áreas sombreadas por radiação de estrelas vizinhas.

De acordo com novas simulações, tais aglomerados de gás arrastam-se para regiões mais escuras de gás e poeira e criam nós densos. As sombras em torno dos nós então separam a intensa radiação ultravioleta que pode interferir com a seguinte formação gasosa, indica o modelo.

Uma imagem clássica dos "Pilares da Criação" na Nebulosa da Águia, obtida pelo Telescópio Espacial Hubble.
Crédito: J. Hester/P. Scowen/ASU/HST/NASA
(clique na imagem para ver versão maior)
 

A pesquisa poderá ajudar os astrónomos a melhor compreender os pilares e os ambientes gasosos similares que actuam como úteros estelares, dando à luz novas estrelas.

"Não existe, até agora, nenhum consenso na literatura no que respeita à formação dos pilares, excepto que muito provavelmente estão relacionados com processos de foto-ionização de estrelas massivas vizinhas," disse Andrew Lim, astrofísico do Instituto Dublin para Estudos Avançados na Irlanda.

A foto-ionização ou foto-evaporação ocorre quando a intensa radiação de estrelas energiza as nuvens de gás neutro para criar uma camada exterior e quente de gás ionizado. O gás quente então expande rapidamente como uma explosão e liberta ondas de choque exteriores na direcção de aglomerados vizinhos, explica Lim.

O processo pode explicar como os Pilares da Criação se formaram na Nebulosa da Águia, localizada a 7000 anos-luz de distância e avistados pela primeira vez pelo Telescópio Espacial Hubble da NASA em 1995. Um ano-luz é a distância que a luz percorre num ano, cerca de 10 biliões de quilómetros.

"Fomos capazes de produzir pilares [virtuais] que são aproximadamente consistentes com os tamanhos e tempos de vida inferidos nas observações," afirma Lim.

Estudos anteriores investigaram apenas como solitários aglomerados gasosos podem levar à criação de pilares. O efeito-sombra representa um dos suspeitos principais por trás do processo de criação, embora a instabilidade do gás, derivada do bombardeamento de radiação, possa também contribuir.

Uma imagem 3-D de formações gasosas semelhantes aos "Pilares da Criação" da Nebulosa da Águia, obtida a partir de simulações computacionais no Instituto Dublin para Estudos Avançados na Irlanda. Este modelo em particular mostras estruturas gasosas após 100.000 anos de formação.
Crédito: A. Lim/J. Mackey/DIAS
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Talvez o resultado mais surpreendente das novas simulações, é que os maiores aglomerados não necessariamente servem como fundações para as estruturas tipo-pilar, nota Lim.

Mas outro efeito interessante vem da modelação de uma fonte de radiação, tal como uma estrela - o efeito de foto-ionização do bombardeamento de radiação teve uma influência mais forte em nós gasosos, que poderia potencialmente formar pilares, pois estes tinham uma área superficial maior que apenas uma superfície lisa.

"Deste modo, o campo de radiação tende a 'martelar no prego saliente,' o que torna mais difícil a formação de um pilar," afirma Lim. Isto novamente sugere a importância do efeito sombreado que protege os recém-nascidos pilares.

Lim e seus colegas usaram modelos computacionais a 2-D e a 3-D para testar diferentes cenários com muitos tamanhos e configurações de aglomerados gasosos. O próximo passo é estudar os efeitos dos campos magnéticos e os efeitos gravitacionais nos pilares da criação.

No Universo real, e de acordo com um estudo prévio, os pilares da Nebulosa da Águia podem já ter sido destruídos por uma gigante explosão de supernova. Mas os pilares permanecerão intactos aos olhos dos observadores terrestres durante mais 1000 anos e talvez permitam ainda mais estudos, porque a luz que agora vemos saíu desta paisagem há já muito tempo atrás.

Os resultados desta simulação foram apresentados na Semana Europeia de Astronomia e Ciência Espacial na Universidade de Hertfordshire, Reino Unido.

Links:

Notícias relacionadas:
Instituto Dublin para Estudos Avançados (comunicado de imprensa)
Universe Today

Sociedade Astronómica Real
SPACE.com
PHYSORG.com
SpaceRef

"Pilares da Criação" (e M16):
Wikipedia
SEDS.org

 
     
 
 
  MISTERIOSA BOLHA CÓSMICA DESCOBERTA NO INÍCIO DO UNIVERSO  
 

Astrónomos avistaram a bolha de gás mais distante já observada e estão confusos acerca do que é. Data de muito cedo no Universo e o seu enorme tamanho poderá ser um desafio para os modelos actuais, que afirmam que objectos tão massivos tendem a crescer lentamente ao longo do tempo através de fusões.

A nuvem de gás - que pode esconder uma galáxia - é conhecida como uma bolha Lyman-alpha, denominada em honra de um particular comprimento de onda libertado quando um electrão perde energia num átomo de hidrogénio.

Esta imagem do objecto denominado Himiko é uma composição em cores falsas. A barra branca no canto inferior direito indica uma escala com o tamanho de 10.000 anos-luz.
Crédito: M. Ouchi et al.
 

Mede uns 55.000 anos-luz de comprimento, cerca de metade do diâmetro da Via Láctea, e está localizado a uns 12,9 mil milhões de anos-luz da Terra. Isto significa que estamos a observá-lo como era há 12,9 mil milhões de anos atrás, quando o Universo tinha apenas 800 milhões de anos. É a bolha Lyman-alpha mais longínqua já observada e o quarto objecto mais distante já avistado.

Masami Ouchi dos Observatórios da Instituição Carnegie em Pasadena, Califórnia, e colegas, avistaram pela primeira vez o gás em imagens de céu-profundo obtidas com o Telescópio Subaru em Mauna Kea, no Hawaii.

A natureza exacta do objecto não é ainda conhecida. Poderá ser uma galáxia iluminada, ou por um gigantesco buraco negro supermassivo no seu centro, ou pelo calor de uma intensa erupção de formação estelar. Mas também pode ser duas galáxias em fusão, ou uma galáxia em desenvolvimento que está a devorar uma grande quantidade de gás.

O que se sabe é o seu tamanho massivo. O objecto tem uma massa estimada em 40 mil milhões de vezes a massa do Sol, o que o torna 10 vezes mais massivo que outras galáxias do seu tempo, afirma Ouchi.

Espectro do objecto Himiko. Os dados a duas e a uma dimensões do Keck/DEIMOS são apresentados nos painéis de topo e no de baixo, respectivamente.
Crédito: M. Ouchi et al.
(clique na imagem para ver versão maior)
 

A descoberta de uma galáxia tão grande e tão cedo - quando as primeiras estrelas e galáxias do Universo ainda estavam a formar-se - pode constituír um desafio para o modelo de formação galáctica prevalecente, no qual as galáxias massivas crescem lentamente a partir de fusões sucessivas com galáxias mais pequenas. A descoberta pode dar a entender que os "modelos padrões de formação galáctica podem estar errados ou que precisem de algumas correcções," diz Ouchi.

Mas Avi Loeb do Centro Harvard-Smithsonian para Astrofísica diz que uma galáxia enorme não constitui um problema de imediato, pois os modelos permitem a formação de algumas pouco depois do Big Bang, em berços relativamente grandes de matéria escura. "O modelo padrão prevê a existência de tais sistemas tão cedo e à abundância apropriada," disse Loeb.

A equipa espera que imagens futuras em raios-X possam revelar se o objecto é iluminado por um buraco negro supermassivo que se encontra a devorar os seus arredores, um processo que emite raios-X.

Imagens em maior resolução podem também discernir se o objecto é na realidade um par de galáxias em fusão. Estas poderão ser obtidas com a nova câmara WFC3 (Wide Field Camera 3) do Telescópio Espacial Hubble, que será instalada em Maio.

Links:

Notícias relacionadas:
Instituição Carnegie para a Ciência (comunicado de imprensa)
Telescópio Subaru (comunicado de imprensa)

Artigo científico (formato PDF)
SPACE.com
Universe Today
New Scientist
PHYSORG.com
Science Daily
COSMOS
National Geographic
Newsweek
Associated Press
AFP
BBC News

Bolha Lyman-alpha:
Wikipedia
Vídeo da série "Universo" (via Youtube)

Telescópio Subaru:
Página oficial
Wikipedia

 
     
 
 
TAMBÉM EM DESTAQUE
 

Será que o "engolir escuro" criou buracos negros no início do Universo? (via Sociedade Astronómica Real)
Os buracos negros supermassivos são um mistério. Estes gigantes podem ter a massa de milhares de milhões de Sóis e encontram-se no centro de grandes galáxias como a Via Láctea. Mas os cientistas não sabem como nasceram nem como se tornaram tão grandes. Um novo modelo computacional sugere o "engolir escuro" como um modo possível de formar estes monstros. A ideia envolve matéria escura invisível, que é algo de uma natureza desconhecida e que os astrónomos sabem existir porque observam os seus efeitos gravitacionais nas galáxias. [Ler fonte]

Asteróides também "trabalham para o bronze" (via ESO)
Um novo estudo publicado esta semana na Nature revela que as superfícies dos asteróides envelhecem e ficam avermelhadas mais depressa do que pensava - em menos de um milhão de anos, um piscar de olho para um asteróide. O estudo finalmente confirmou que o vento solar é a causa mais provável para o bronzear rápido dos asteróides. Este resultado fundamental irá ajudar os astrónomos a relacionar a aparência de um asteróide com a sua história e a identificar quaisquer efeitos de um impacto catastrófico com outro asteróide. [Ler fonte]

 
     
 
     
  Sharpless 308 - Crédito: Don Goldman  
  Foto  
  (clique na imagem para ver versão maior)  
     
 

Soprado por ventos velozes oriundos de uma estrela quente e massiva, esta bolha cósmica é gigantesca. Catalogada como Sharpless 308, situa-se a uns 5200 anos-luz de distância na direcção da constelação de Cão Maior e cobre 2/3 de um grau no céu (comparado com o meio grau da Lua Cheia). Isto corresponde a um diâmetro de 60 anos-luz à sua distância estimada. A própria estrela massiva, uma estrela Wolf-Rayet, é a brilhante estrela azul perto do centro da nebulosa. As estrelas Wolf-Rayet têm mais de 20 vezes a massa do Sol e pensa-se que estejam numa breve fase pré-supernova da sua evolução estelar. Os ventos desta estrela Wolf-Rayet criam a nebulosa em forma de bolha à medida que varrem material mais lento de uma fase anterior da sua evolução. A nebulosa esculpida pelos ventos tem uma idade aproximada de 70.000 anos. A relativamente ténue emissão capturada nesta bela imagem é dominada pelo brilho de átomos de oxigénio ionizado, alterado para tons azulados.

 


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