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Núcleo de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve
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ASTROBOLETIM N.º 609
De 18/12 a 20/12/2009
 
 
 

Dia 18/12: 352.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1966, foi descoberta por Richard L. Walker, a lua de Saturno Epimeteu, que depois foi "perdida" durante 12 anos.

Em 1973, é lançada a Soyuz 13, tripulada pelos cosmonautas Valentin Lebedev e Pyotr Klimuk, de Baikonur, União Soviética.
Observações: À medida que o lusco-fusco desaparece, procure Mercúrio bem baixo a Sudoeste. Encontra-se um pouco abaixo da fina Lua. Hoje Mercúrio encontra-se na sua maior elongação Este, por isso não há melhor altura para o observar.

Dia 19/12: 353.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1972, a Apollo 17, a última missão lunar tripulada, regressava à Terra.

Observações: Júpiter e Neptuno estão em conjunção. O planeta de 8.ª magnitude está a 0,4º do sistema galileano. Tem um tom azulado, pelo que a sua cor ajudará a identificá-lo entre as outras estrelas.

Dia 20/12: 354.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1904, era fundado o Observatório Solar do Mt. Wilson.

Em 1996, morria Carl Sagan, considerado por muitos o maior divulgador da História da Astronomia.
Observações: Em Dezembro, Cassiopeia está mesmo quase por cima das nossas cabeças, com a sua forma em zigzag oritentada como uma letra M espalmada.

 
 
 
A Lua tem sempre a mesma face virada para a Terra, o que faz com que muitas pessoas digam que a Lua não roda. O que de facto acontece é que o período de rotação da Lua é síncrono com o de translação, o que faz com que o observador da Terra veja sempre a mesma face da Lua; Se estivéssemos no exterior da órbita da Lua vê-la-íamos rodar dando exactamente uma volta em torno do seu eixo no mesmo tempo que dá uma volta em redor da Terra.
 
 
AIA 2009
 
 
  ASTRÓNOMOS ENCONTRAM MUNDO COM ATMOSFERA DENSA, INÓSPITA E COM CORAÇÃO GELADO  
 

Os astrónomos descobriram um segundo exoplaneta do tipo super-Terra, para o qual determinaram a massa e o raio, o que forneceu pistas vitais sobre a sua estrutura. É igualmente a primeira super-Terra onde foi encontrada uma atmosfera. O exoplaneta, que orbita uma pequena estrela a cerca de 40 anos-luz de distância, abre novas perspectivas na procura de mundos habitáveis. O planeta, GJ1214b, tem uma massa de cerca de seis vezes a massa terrestre e o seu interior é provavelmente constituído por gelo de água. A sua superfície parece ser relativamente quente e o planeta encontra-se envolvido por uma atmosfera densa, o que o torna inóspito para albergar formas de vida tais como as que conhecemos sobre a Terra.

No número desta semana da revista Nature, uma equipa de astrónomos anuncia a descoberta de um planeta em torno da estrela próxima de pequena massa GJ1214. É a segunda vez que uma super-Terra em trânsito é detectada, depois da recente descoberta do planeta Corot-7b. Um trânsito ocorre quando a órbita do planeta está alinhada da tal maneira que o vemos atravessar a face da sua estrela-mãe. O recentemente descoberto planeta tem uma massa de cerca de seis vezes a massa da nossa casa terrestre e 2.7 vezes o seu raio, ficando em termos de tamanho entre a Terra e os gigantes gelados do Sistema Solar, Urano e Neptuno.

Impressão de artista da super-Terra em torno da estrela GJ1214.
Crédito: ESO/L. Calçada
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Embora a massa de GJ1214b seja similar à do Corot-7b, o seu raio é muito maior, o que sugere que a composição dos dois planetas seja muito diferente. Enquanto que Corot-7b tem provavelmente um núcleo rochoso e poderá estar coberto de lava, os astrónomos pensam que três quartos do GJ1214b seja composto por gelo de água, sendo o restante constituído por silício e ferro.

GJ1214b orbita a sua estrela em cerca de 38 horas a uma distância de apenas dois milhões de quilómetros - 70 vezes mais próximo da sua estrela do que a Terra está do Sol. "Estando tão perto da estrela hospedeira, o planeta deve ter uma temperatura à superfície de cerca de 200º Celsius, quente demais para que a água se encontre no estado líquido," diz David Charbonneau, autor principal do artigo que apresenta esta descoberta.

Quando os astrónomos compararam o raio medido de GJ1214b com modelos teóricos de planetas, descobriram que o raio observado excede a predição dos modelos: existe algo mais do que a superfície sólida do planeta a bloquear a luz da estrela - uma atmosfera circundante, com 200 km de espessura. "Esta atmosfera é muito mais espessa do que a da Terra, por isso a alta pressão e a ausência de luz excluem a possibilidade de vida, tal como a conhecemos," diz Charbonneau, "mas estas condições são igualmente interessantes, uma vez que podem originar uma química bastante complexa."

"Uma vez que o planeta é quente demais para manter uma atmosfera durante muito tempo, GJ1214b dá-nos a primeira oportunidade de estudar uma atmosfera recentemente formada, envolvendo um planeta que orbita outra estrela," acrescenta o membro da equipa Xavier Bonfils. "Como o planeta se encontra bastante próximo de nós, será possível estudar a sua atmosfera mesmo com as infraestruturas de que dispomos actualmente."

O planeta foi descoberto inicialmente como um objecto em trânsito, no seio do projecto MEarth, que segue cerca de 2000 estrelas de pequena massa no sentido de procurar trânsitos de exoplanetas. Para confirmar a natureza planetária de GJ1214b e obter a sua massa (utilizando o chamado efeito Doppler), os astrónomos necessitaram de toda a precisão do espectrógrafo HARPS, montado no telescópio de 3,6 metros do ESO em La Silla. Sendo um instrumento com uma estabilidade sem precedentes e uma grande precisão, o HARPS é o mais bem sucedido descobridor de pequenos exoplanetas de todo o mundo.

"Esta é a segunda super-Terra para a qual a massa e o raio foram calculados, permitindo assim determinar a densidade e daí inferir sobre a sua estrutura interna," acrescenta o co-autor Stephane Udry. "Em ambos os casos, os dados do HARPS foram essenciais para caracterizar o planeta."

"As diferenças em composição entre estes dois planetas são relevantes na procura de mundos habitáveis," conclui Charbonneau. Se os planetas super-Terra estão, em geral, envolvidos por uma atmosfera similar à de GJ1214b, poderá bem acontecer que sejam inóspitos ao desenvolvimento da vida, tal como a conhecemos sobre o nosso próprio planeta.

Links:

Núcleo de Astronomia do CCVAlg:
4 de Fevereiro de 2009 - CoRoT descobre o planeta extrasolar mais pequeno até agora
18 de Setembro de 2009 - Primeiras sólidas provas da existência de um planeta extrasolar rochoso
2 de Outubro de 2009 - Chovem rochas em CoRoT-7b

Notícias relacionadas:
ESO (comunicado de imprensa)
CfA (comunicado de imprensa)
Artigo científico (em formato PDF)
Nature (requer subscrição)
Universe Today
SPACE.com
New Scientist
National Geographic
PHYSORG.com
Wired
MSNBC
BBC News
Scientific American
UPI

GJ1214b:
Wikipedia

Planetas extrasolares:
Wikipedia
Wikipedia (lista)
Wikipedia (lista de extremos)
Catálogo de planetas extrasolares vizinhos (PDF)
PlanetQuest
Enciclopédia dos Planetas Extrasolares
Exosolar.net
Extrasolar Visions

MEarth:
Página oficial
Wikipedia

ESO:
Página oficial
Wikipedia

VLT:
Página oficial
Wikipedia

 
     
 
 
  HUBBLE DESCOBRE MAIS PEQUENO KBO CONHECIDO  
 

O Telescópio Espacial Hubble da NASA descobriu o mais pequeno objecto visível na Cintura de Kuiper, um vasto anel de detritos gelados que rodeia o exterior do Sistema Solar para lá de Neptuno.

O objecto, tal como uma agulha num palheiro, descoberto pelo Hubble, mede apenas 975 metros e está a 6,7 mil milhões de quilómetros. O KBO (Objecto da Cintura de Kuiper) mais pequeno anteriormente observado no visível, media 48 km, ou quase 50 vezes mais.

Esta é a primeira prova observacional de uma população de corpos com o tamanho de cometas na Cintura de Kuiper, dilacerados através de colisões. A Cintura de Kuiper está por isso em contínua evolução, o que significa que o conteúdo gelado da região tem sido modificado ao longo dos últimos 4,5 mil milhões de anos.

O objecto detectado pelo Hubble é extremamente ténue - magnitude 35 -, 100 vezes mais que a sua capacidade de observação directa.

Então como é que o telescópio espacial descobriu um corpo tão pequeno?

Diagrama que ilustra como é que o KBO foi detectado.
Crédito: NASA, ESA e A. Feild (STScI)
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Num artigo publicado na edição de 17 de Dezembro da revista Nature, Hilke Schlichting do Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena, Califórnia, EUA, e seus colaboradores, anunciam que a tantalizante assinatura do pequeno vagabundo foi extraída dos dados de calibração do Hubble, e não por observação directa.

O Hubble tem três instrumentos ópticos com a sigla FGS (Fine Guidance Sensors). Os FGSs providenciam informações navigacionais de alta-precisão para os sistemas de controlo do observatório espacial através da observação de estrelas-guia para calibração. Os sensores exploram a natureza ondulatória da luz para fazer medições precisas da localização das estrelas.

Schlichting e seus investigadores determinaram que os instrumentos FGS são tão bons que podem observar os efeitos de um pequeno objecto passando em frente da estrela. Isto provoca uma breve assinatura de ocultação e difração nos dados FGS à medida que a luz da estrela-guia de fundo é distorcida em torno do KBO à sua frente.

Eles seleccionaram 4 anos e meio de observações dos FGS para análise. O Hubble passou já um total de 12.000 horas durante este período, a observar uma faixa do céu até 20 graus do plano da eclíptica do Sistema Solar, onde habita a maioria dos KBOs. A equipa analisou as observações dos FGS, num total de 50.000 estrelas-guia.

Ao vasculhar pela gigantesca base de dados, Schlichting e a sua equipa descobriram um único evento de ocultação que durou 0,3 segundos. Isto foi apenas possível porque a amostra dos instrumentos FGS muda 40 vezes por segundo. A ocultação foi de curta duração devido em grande parte ao movimento orbital da Terra em torno do Sol.

Impressão de artista de um pequeno KBO a ocultar uma estrela. O Telescópio Espacial Hubble da NASA registou este breve evento, o que permitiu aos astrónomos determinar que o KBO tinha menos de um quilómetro em diâmetro, um novo recorde do mais pequeno objecto da Cintura de Kuiper já descoberto.
Crédito: NASA, ESA e G. Bacon (STScI)
(clique na imagem para ver versão maior)
 

A equipa assumiu que o KBO se encontrava numa órbita circular e inclinado 14 graus em relação à eclíptica. A distância do KBO foi estimada a partir da duração da ocultação, e a quantidade de atenuamento de luz da estrela-guia foi usada para calcular o tamanho do objecto. "Fiquei muito surpresa ao descobri-lo nos dados," afirma Schlichting.

As observações do Hubble, de estrelas vizinhas, mostra que um determinado número delas tem discos tipo-Cintura de Kuiper em seu redor. Estes discos são os restos da formação planetária. A previsão é que ao longo de milhares de milhões de anos, os detritos colidem, despedaçando os objectos tipo-KBO em objectos mais pequenos, que não faziam parte da população original da Cintura de Kuiper.

A descoberta é uma poderosa ilustração da capacidade dos dados arquivados do Hubble em produzir importantes novas descobertas. Num esforço de revelar outros KBOs pequenos, a equipa planeia alagar o seu estudo aos restantes dados dos FGS, para a quase totalidade da duração das operações do Hubble, desde o seu lançamento em 1990.

Links:

Notícias relacionadas:
HubbleSite (comunicado de imprensa)
Nature (requer subscrição)
Universe Today
PHSORG.com

Cintura de Kuiper:
NASA
Wikipedia
UAI - Centro de Planetas Menores

Telescópio Espacial Hubble:
Hubble, NASA
ESA
STScI
HubbleSite
Wikipedia

 
     
 
 
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  Cometa Hyakutake Passa Pela Terra - Crédito: Doug Zubenel (TWAN)  
  Foto  
  (clique na imagem para ver versão maior)  
     
 

Em 1996, um cometa brilhante e inesperado passou pelo planeta Terra. Descoberto menos de dois meses antes, o Cometa C/1996 B2 Hyakutake aproximou-se do nosso planeta a apenas um-décimo da distância entre a Terra e o Sol, em Março desse ano. Nessa altura, o Cometa Hyakutake, apelidado de Grande Cometa de 1996, tornou-se no cometa mais brilhante a passar pela Terra nos últimos 20 anos. Durante a sua visita anterior, o Cometa Hyakutake pode muito bem ter sido observado na idade da Pedra, há 17.000 anos. Na imagem acima, capturada dia 26 de Março de 1996, perto da maior aproximação, as longas caudas inónicas e de poeira do Cometa Hyakutake são visíveis para a esquerda, em frente de um distante campo estelar que inclui a Ursa Maior e Menor. Perto do canto superior esquerdo, a longa e azul cauda iónica parece ter passado por uma desconexão magnética. À direita, o tom esverdeado da cabeleira do cometa obscurece um denso núcleo de gelo estimado em 5 km de diâmetro. Poucos meses depois, o Cometa Hyakutake começou a sua longa viagem de volta ao Sistema Solar exterior. Devido ao desvio gravitacional dos planetas gigantes, só se espera que nos faça uma visita daqui a 100.000 anos.

 


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