O COROT descobriu o planeta terrestre mais pequeno detectado até agora fora do Sistema Solar. O espectacular planeta tem menos do dobro do tamanho da Terra e orbita uma estrela tipo-Sol. A sua temperatura é tão alta que provavelmente está coberto por lava e vapor de água.
Já foram descobertos até agora cerca de 330 planetas extrasolares, a maioria dos gigantes gasosos com características semelhantes a Júpiter e a Neptuno.
A nova descoberta, COROT-Exo-7b, é diferente: o seu diâmetro é menos do dobro do da Terra e orbita a sua estrela a cada 20 horas. Está localizado muito perto da estrela-mãe, e tem uma alta temperatura, entre os 1000 e os 1500ºC. Os astrónomos detectaram o novo planeta enquanto transitava a sua estrela-mãe, diminuindo a sua luz enquanto passava em frente.
A densidade do planeta está ainda sobre investigação: pode ser rochoso como a Terra e coberto por lava líquida. Também pode pertencer a uma classe de planetas que se pensa serem constituídos de água e rocha em quantidades quase iguais. Tendo em conta as altas temperaturas medidas, o planeta será um local muito quente e húmido.
"A descoberta de um planeta tão pequeno não foi uma completa surpresa", disse Daniel Rouan, investigador do Observatório de Paris Lesia, que coordena o projecto com Alain Léger, do Instituto de Astrofísica Espacial (em Paris, França). "O COROT-Exo-7b pertence a uma classe de objectos cuja existência foi prevista há já algum tempo. O COROT foi desenhado precisamente na esperança de descobrir alguns destes objectos," acrescenta.
Muito poucos exoplanetas descobertos até agora têm uma massa comparável à da Terra e à dos outros planetas terrestres: Vénus, Marte e Mercúrio. Isto porque os planetas terrestres são extremamente difíceis de detectar. A maioria dos métodos usados até agora são indirectos e sensíveis à massa do planeta, enquanto o COROT pode medir directamente o tamanho da sua superfície, o que é uma vantagem. Além do mais, a sua localização no espaço permite maiores períodos de observação ininterrupta do que na Terra.
Esta descoberta é importante porque medições recentes tinham indicado a existência de planetas de pequena massa, mas o seu tamanho permanecia por determinar até agora.
A estrutura interna de COROT-exo-7b, em particular, confunde os cientistas; não têm a certeza se é um 'planeta oceano', um tipo de planeta cuja existência nunca foi até agora provada. Em teoria, tais planetas seriam inicialmente cobertos parcialmente por gelo e mais tarde afastariam-se da sua estrela, enquanto este derretia para ficar coberto por líquido.
"Esta descoberta é um passo muito importante no objectivo de compreender a formação e evolução do nosso planeta," disse Malcolm Fridlund, cientista do projecto COROT da ESA. "Pela primeira vez, detectámos inequivocamente um planeta que é 'rochoso' no mesmo sentido que a nossa própria Terra. Agora temos que compreender ainda mais este objecto para o pôr em contexto, e com o COROT continuar a nossa pesquisa por mais objectos tipo-Terra," acrescentou.
A descoberta beneficiou de observações complementares graças a uma extensa rede de telescópios europeus operados por vários institutos e países: o Observatório Europeu do Sul (ESO) em Paranal e La Silla (Chile), o telescópio de 80-cm no Instituto de Astrofísica das Ilhas Canárias, e o Telescópio do Canadá-França-Hawaii em Mauna Kea, Hawaii (CNRS, CNRC e Universidade do Hawaii)
As descobertas aparecerão em breve num artigo já submetido à revista Astronomy and Astrophysics.
O COROT (COnvection ROtation and planetary Transits) é uma missão liderada pela Agência Espacial Francesa (CNES), com contribuições da ESA, Áustria, Bélgica, Alemanha, Espanha e Brazil. É um telescópio colocado em órbita terrestre que foi lançado em Dezembro de 2006, transportando um telescópio com uma abertura de 27 cm desenhado para detectar ténues mudanças no brilho de estrelas vizinhas. Os objectivos principais da missão são a pesquisa por planetas extrasolares e o estudo dos interiores estelares.
Links:
Notícias relacionadas:
ESA (comunicado de imprensa)
Universidade de Exeter (comunicado de imprensa)
Observatório de Paris (comunicado de imprensa)
New Scientist
Sky & Telescope
Science Daily
PHYSORG.com
Universe Today
SPACE.com
Nature
Wired
Reuters
Público
COROT-exo-7b:
Wikipedia
Exoplanet.eu
Planetas extrasolares:
Wikipedia
Wikipedia (lista)
Wikipedia (lista de extremos)
Catálogo de planetas extrasolares vizinhos (PDF)
PlanetQuest
Enciclopédia dos Planetas Extrasolares
Exosolar.net
Extrasolar Visions
COROT:
Página oficial
ESA
Wikipedia |
|

Um dos métodos de detecção exoplanetária é o estudo da diminuição do brilho que provocam quando passam em frente da sua estrela-mãe. Tal alinhamento celeste é conhecido como trânsito planetário. Da Terra, tanto Mercúrio como Vénus ocasionalmente passam em frente do Sol. Quando tal acontece, parecem pequenos pontos negros passando pela brilhante superfície. Tais trânsitos bloqueiam uma pequena fracção da luz que o COROT é capaz de detectar.
Crédito: CNES
(clique na imagem para ver versão maior)

Impressão de artista do satélite COROT a observar um trânsito planetário (obviamente não à escala).
Crédito: CNES
(clique na imagem para ver versão maior)
|