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Núcleo de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve
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ASTROBOLETIM N.º 628
De 12/03 a 15/03/2010
 
 
 

Dia 12/03: 71.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1824, nascia Gustav Kirchhoff, físico alemão que contribuíu para o conhecimento fundamental dos circuitos eléctricos, da espectroscopia e da emissão de radiação de corpo-negro por objectos aquecidos.

Observações: A Ursa Maior brilha alta a Nordeste estas noites, suportada pela sua "pega". Provavelmente sabe que as duas estrelas da parte da frente da "frigideira" apontam para a Estrela Polar, actualmente para a sua esquerda. E será que sabe também que se seguir a curvatura da pega da Ursa Maior, irá chegar a Arcturo (agora nascendo a Este)? Mas sabe que se seguir as estrelas-"ponteiro" na direcção oposta, "aterra" em Leão? Desenhe uma linha diagonalmente através da "frigideira" e da sua "pega" (em Ursa Maior) e alcançará Gémeos. E utilize as duas estrelas que formam o topo aberto da frigideira para chegar a Capella.

Dia 13/03: 72.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1781, William Herschel descobre Urano.
Em 1855, nascia Percival Lowell, astrónomo americano que alimentou a especulação da existência de canais em Marte, construídos por marcianos.
Em 1930, a notícia da descoberta de Plutão é telegrafada para o Observatório de Harvard College.
Em 1969, a missão Apollo 9 regressava à Terra após testar o módulo lunar.
Em 2000, foram descobertos buracos negros solitários à deriva na Galáxia.

Observações: Esta é a altura do ano em que Sirius, a estrela mais brilhante do céu a seguir ao Sol, se situa na sua mais alta posição a Sul ao anoitecer. Sirius forma o canto de baixo do grande e equilátero, Triângulo de Inverno. Os outros dois cantos do triângulo são Betelgeuse para cima e para a direita, e Procyon para cima e para a esquerda.

Dia 14/03: 73.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1835, nascia Giovanni Schiaparelli, astrónomo italiano que observou Marte e afirmou que via grandes sistemas de canais em Marte. Foi também o primeiro a demonstrar que as Perseídas e as Leónidas estavam associadas com os cometas, e descobriu o asteróide 69 Hesperia.
Em 1879, nascia Albert Einstein.

Mundialmente famoso pela sua teoria da relatividade, e especificamente pela equivalência massa-energia. Recebeu em 1921 o Nobel da Física, graças à descoberta do efeito fotoeléctrico.
Em 1995, o astronauta Norman Thagard torna-se o primeiro americano a ir para o espaço a bordo de um veículo de lançamento russo.
Observações: Mercúrio em conjunção superior, pelas 13:09.

Dia 15/03: 74.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1713 nascia Nicolas Lacaille, cujas medições confirmaram o bojo equatorial da Terra; deu nome a 14 constelações do Hemisfério Sul.

Em 1972, a NASA anunciava o seu programa do Vaivém Espacial.
Em 2004, foi anunciada a descoberta de 90377 Sedna, o objecto natural mais longínquo já observado no Sistema Solar.
Observações: Lua Nova, pelas 21:02.

 
 
 
Em 1955, Walt Disney introduz pessoalmente a série de televisão 'Man In Space', na ABC. Wernher von Braun, engenheiro aerospacial e Walt Disney, o artista, usaram o novo meio televisivo para mostrar que os humanos poderiam ir à Lua e voltar com base em tecnologias futuras e no desejo de explorar e descobrir.
 
 
 
  SENHOR DOS ANÉIS EM OPOSIÇÃO  
 

O planeta Saturno vai em breve alcançar a oposição, colocando-se na posição exactamente oposta ao Sol no céu da Terra. A oposição terá lugar na Segunda-feira, dia 22 de Março, pelas 00:16.

Saturno em oposição traz com ele vários efeitos. Principalmente, significa que Saturno nasce ao pôr-do-Sol e põe-se ao nascer-do-Sol, por isso é visível toda a noite em qualquer sítio do mundo. Ao pôr-do-Sol, Saturno está a nascer a Este, e ao nascer-do-Sol está a pôr-se a Oeste. À meia-noite (local), Saturno está alto no céu a Sul [no hemisfério Norte], ou alto no céu a Norte no hemisfério Sul.

A maioria dos astrónomos afirma que a primeira vez que observam Saturno por um telescópio é um dos pontos altos astronómicos das suas vidas. Até que se observe os anéis de Saturno com os nossos próprios olhos, é difícil acreditar que algo tão estranho e lindo possa existir.

Que poder óptico é necessário para observar os anéis? Embora haja quem afirme ter conseguido observá-los com menos, uma ampliação de 25 vezes é um mínimo realista. A esta ampliação, serão pequenos mas inconfundíveis. Observados num bom telescópio com 150 vezes de ampliação, os anéis e os seus detalhes tornam-se fascinantes.

Saturno estará em oposição no dia 22 de Março e será visível toda a noite.
Crédito: Miguel Montes, Stellarium
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Estranhamente, a oposição é a pior altura para observar os anéis, porque a luz solar directamente em frente não permite o aparecimento de sombras. As melhores alturas para observar os anéis vêm um mês antes e depois da oposição, quando o Sol brilha num ângulo. Isto provoca uma sombra dos anéis no globo de Saturno, reforçando o efeito tri-dimensional.

Existem outras coisas para observar além dos anéis. Em primeiro lugar, os detalhes dentros dos anéis. Uma banda escura, denominada Divisão de Cassini, em honra ao seu descobridor Giovanni Domenico Cassini (1625-1712), divide o escuro anel exterior do anel interior mais brilhante. Por vezes é possível observar um ténue anel interior, conhecido como o Anel Crepe.

Enquanto Júpiter tem quatro luas brilhantes, Saturno tem um maior número e mais variedade de luas. A mais brilhante é Titã, a única lua do Sistema Solar grande o suficiente para ter uma densa atmosfera. As imagens de Titã obtidas pela sonda Cassini mostram-nos uma paisagem estranhamente familiar com montes e lagos, à excepção que esses lagos são de metano líquido e não água. Titã é facilmente visível em pequenos telescópios como um pequeno ponto de luz.

Com atenção e uma maior abertura, são visíveis mais luas de Saturno. Grande parte das maiores luas movem-se no mesmo plano dos anéis, inclinados relativamente a um observador na Terra. Um programa que simula um planetário, como o Stellarium, mostra as posições exactas das luas numa dada noite.

Jápeto é particularmente interessante. A sua órbita situa-se num plano que não os dos anéis e de outras luas brilhantes, e está regularmente longe do planeta. É aí necessária a ajuda de um destes planetários informáticos para a diferenciar das estrelas de fundo. Mas a sua característica mais estranha é a forma como muda de brilho, de um lado da sua órbita para o outro. Quando se encontra na elongação Este, como estará no dia 30 de Março, Jápeto terá magnitude 11,9. Na elongação Oeste, dia 7 de Maio, terá magnitude 10,1, quase duas magnitudes mais brilhante.

Posição do satélite Jápeto em relação ao planeta Saturno.
Crédito: Miguel Montes, Stellarium
 

A variação no brilho de Jápeto era um mistério até que a Cassini enviou de volta imagens detalhadas da lua, que mostraram que o seu hemisfério principal (que se apresenta na nossa direcção a 30 de Março) é escurecido por material recolhido à medida que orbita Saturno, enquanto o seu hemisfério oposto é pristinamente esbranquiçado.

A mudança no brilho da Jápeto é facilmente observável se o seguir ao longo de uma órbita completa, 79 dias.

Links:

Saturno:
Solarviews
Wikipedia

Cassini:
Página oficial (NASA)
Wikipedia

 
     
 
 
  NÃO SÃO SÓ OS ASTRONAUTAS A ENVELHECER  
 

Representando o que poderá ser o primeiro estudo de impacto lunar ambiental a longo prazo, dados laser recolhidos pelo Observatório Apache Point no Novo México, EUA, sugerem que as experiências LRRR (Lunar Ranging Retro Reflectors), deixadas na Lua pelas missões Apollo 11, 14 e 15, estão começando a mostrar sinais de idade.

APOLLO (Apache Point Observatory’s Lunar Laser-ranging Operation) tem recolhido dados dos LRRRs desde 2006, através de um telescópio de 3,5 metros e de um laser de 532 nm.

Uma típica sessão de observação do APOLLO envolve o disparo do laser ao maior dos LRRRs (o da Apollo 15), entre 4 e 8 minutos. Cada disparo envia cerca de 1017 fotões à Lua, a partir dos quais apenas pode ser detectado, por sessão, um fotão que é enviado de volta. É por isto que o laser é disparado milhares de vezes a um grau de repetição de 20 Hz em cada sessão.

O Lunar Laser Ranging Experiment da missão Apollo 11.
Crédito: NASA; Apollo Archive
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Se o sinal de retorno do LRRR da Apollo 15 é bom, o laser é então redireccionado aos reflectores da Apollo 11 e da Apollo 14. O laser pode até ser dirigido ao reflector do soviético Lunokhod 2, que aterrou na Lua em 1973, embora este não envie de volta um bom sinal se se encontrar no lado diurno do satélite, provavelmente porque o calor afecta o índice refractivo dos reflectores e distorce o sinal de retorno.

Os LRRRs das Apollo foram desenhados para permanecer isotérmicos, mesmo em luz solar directa, para evitar o problema que aparentemente assola o Lunokhod 2. Mas uma análise de dados actuais e recentes revelou um declínio perceptível no seu desempenho a cada Lua Cheia. Dado que os reflectores estão apontados directamente à Terra, apanham a maior quantidade de luz solar directa durante a Lua Cheia.

Dados recentes do Observatório Apache Point foram comparados com dados históricos recolhidos por observatórios mais antigos, envolvidos na experiência do laser lunar. Entre 1973 e 1976, não há nenhum défice de Lua Cheia nos registos dos dados, mas começou a emergir claramente no conjunto de dados entre 1979 e 1984. A equipa de pesquisa estima que a eficiência do sinal de retorno durante a Lua Cheia foi reduzida por um factor de 15 ao longo dos cerca de 40 anos desde que os reflectores Apollo foram colocados na Lua.

Embora os efeitos do aquecimento possam desempenhar um papel na degradação do desempenho dos LRRRs, a poeira lunar parece ser o candidato mais provável, pois seria mais consistente com a degradação muito gradual do desempenho - e onde a perda de performance é mais substancial é durante a Lua Cheia. Estes achados podem necessitar de alguma consideração no desenho de instrumentos ópticos futuros, com o objectivo de permanecerem na superfície lunar durante longos períodos de tempo.

Isto tem também um lado positivo - todos os reflectores, incluíndo o do Lunokhod 2, estão ainda a funcionar. Com esperança, décadas antes que o seu declínio lento mas constante assinale o fim, novos instrumentos ainda mais eficientes serão colocados de novo na superfície lunar - talvez cuidadosamente posicionados por astronautas ou, ao invés, por meios robóticos.

Links:

Artigo científico:
arXiv.org (formato PDF)

LRRR:
APOLLO
Wikipedia

Lua:
Núcleo de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve
Wikipedia

 
     
 
 
     
  Aurora no Yukon com Traços Estelares - Crédito: Yuichi Takasaka / TWAN / www.blue-moon.ca  
  Foto  
  (clique na imagem para ver versão maior)  
     
 

Fixa a um tripé, uma câmara fotográfica pode registar os traços graciosos das estrelas à medida que o planeta Terra roda sobre o seu eixo. Mas a altas latitudes durante Março e Abril, pode também capturar uma aurora cintilando durante a noite. De facto, as noites que se seguem ao equinócio, tanto na Primavera como no Outono, oferecem uma estação favorável para os caçadores de auroras. As possibilidades são aqui demonstradas nesta paisagem espantosa e iluminada pela Lua, do território canadiano do Yukon. A imagem foi capturada nas primeiras horas da madrugada de dia 1 de Março, 60 km para sul de Dawson City. Para compôr a imagem, foram combinadas digitalmente muitas exposições curtas para seguir os arcos estelares, incluíndo ao mesmo tempo as cortinas aurorais também conhecidas como auroras boreais.

 


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