E-mail em HTML com imagens e propriedades CSS. Caso não o consiga visualizar correctamente, clique aqui.
Núcleo de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve
Página PrincipalRSS Sindicação RSSRemover da lista

ASTROBOLETIM N.º 666
De 23/07 a 26/07/2010
 
 
 
 

Dia 23/07: 204.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1972, os Estados Unidos lançavam o satélite LandSat 1.

Em 1995, é descoberto o Cometa Hale-Bopp e torna-se visível a olho nu quase um ano depois.
Observações: A estranha e selvagem lua de Saturno, Titã, está para Oeste do planeta esta noite. Um pequeno telescópio é capaz de o observar (magnitude 8,6).

Dia 24/07: 205.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1969, a Apollo 11 regressava à Terra em segurança caindo a cápsula com os astronautas em segurança no Oceano Pacífico.

Observações: Uma linha a começar em Deneb e passando por Altair (o lado mais longo do Triângulo de Verão) aponta para a Lua esta noite.

Dia 25/07: 206.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1973 era lançada a sonda russa Mars 5.

Em 1984 a cosmonauta russa Svetlana Savitskaya torna-se a primeira mulher a caminhar no espaço ao abandonar a estação Salyut 7.
Observações: Tem um telescópio com grande abertura e um céu escuro? Explore o enxame galáctico Abell 2199, a pouco mais de 4 graus de M13.

Dia 26/07: 207.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1958, lançamento do Explorer 4.
Em 1963, era lançado o Syncom 2, o primeiro satélite geoestacionário.

Em 1971 era lançada a Apollo 15, a quarta aterragem do Homem na Lua.
Em 2005, lançamento da missão STS-114 do vaivém espacial Discovery, o primeiro voo desde o desastre do Columbia em 2003.
Observações: Lua Cheia, pelas 02:38.

 
 
 
Em contraste com a estrela mencionada na notícia do lado, a estrela mais pequena conhecida é OTS 44 (anã vermelha), com 0,014 massas solares ou 15 vezes a massa de Júpiter. Está a 550 anos-luz na direcção da constelação de Camaleão, no hemisfério Sul.
 
 
 
  AS ESTRELAS TORNARAM-SE MAIORES  
 

Combinando instrumentos do Very Large Telescope do ESO, os astrónomos descobriram as estrelas de maior massa conhecidas até agora, uma delas com mais de 300 vezes a massa do Sol na altura do seu nascimento, ou seja, com duas vezes mais massa que o actual limite superior aceite de 150 massas solares. A existência destes monstros - milhões de vezes mais luminosos que o Sol, e que perdem massa através de poderosos ventos estelares - poderá bem responder à pergunta "Qual é a maior massa que podem ter as estrelas?"

Uma equipa de astrónomos liderada por Paul Crowther, Professor de Astrofísica na Universidade de Sheffield, utilizou o Very Large Telescope do ESO (VLT), assim como dados de arquivo do Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA, para estudar detalhadamente dois enxames estelares jovens, NGC 3603 e RMC 136a. NGC 3603 é uma fábrica cósmica, onde estrelas se formam freneticamente a partir das extensas nuvens de gás e poeira da nebulosa, situada a cerca de 22.000 anos-luz de distância. RMC 136a (mais conhecido por R136) é outro enxame estelar composto por estrelas jovens, quentes e de grande massa, que se situa no interior da Nebulosa da Tarântula, numa das nossas galáxias vizinhas, a Grande Nuvem de Magalhães, a cerca de 165.000 anos-luz de distância.

O jovem enxame RMC 136a.
Crédito: ESO/P. Crowther/C.J. Evans
(clique na imagem para ver versão maior)
 

A equipa encontrou várias estrelas com temperaturas à superfície de mais de 40.000 graus, ou seja, mais de sete vezes mais quentes que o nosso Sol, algumas dezenas de vezes maiores e vários milhões de vezes mais brilhantes. Comparações com modelos estelares levam à conclusão de que várias destas estrelas nasceram com massas superiores a 150 massas solares. A estrela R136a1, situada no enxame R136, é a estrela de maior massa conhecida até agora, com uma massa actual de cerca de 265 massas solares e com uma massa de 320 vezes a massa do Sol na altura do seu nascimento.

Para NGC 3603, os astrónomos puderam igualmente medir directamente a massa de duas estrelas que pertencem a um sistema duplo, de modo a validar os modelos utilizados. As estrelas A1, B e C neste enxame têm massas estimadas, no momento do seu nascimento, acima ou próximas de 150 massas solares.

Estrelas de grande massa produzem ventos muito poderosos. "Contrariamente aos humanos, estas estrelas nascem muito pesadas e vão perdendo peso à medida que envelhecem," diz Paul Crowther. "Com um pouco mais de um milhão de anos, a estrela mais extrema, R136a1, encontra-se já na 'meia-idade' e submeteu-se a um intenso programa de perda de peso, tendo já perdido um quinto da sua massa inicial durante este tempo, o que corresponde a mais de cinquenta massas solares."

Se a R136a1 substituísse o Sol no nosso Sistema Solar, seria muito mais brilhante que este, na mesma proporção que o Sol é mais brilhante que a Lua Cheia. "A sua elevada massa reduziria o tamanho do ano na Terra de cerca de três semanas, e a Terra seria banhada por radiação ultravioleta incrivelmente intensa, o que tornaria impossível a existência de vida no nosso planeta," diz Raphael Hirschi da Universidade de Keele, também pertencente à equipa.

Estas estrelas super-pesadas são extremamente raras, formando-se apenas no interior dos enxames estelares mais densos. Distinguir estrelas individuais - o que foi agora conseguido pela primeira vez - requer um poder resolvente extraordinário por parte dos instrumentos infravermelhos do VLT.

Imagem perto do infravermelho do enxame R136, obtido em alta resolução com ópticas adaptivas do VLT do ESO. R136a1, a estrela mais massiva conhecida, está localizada no centro da imagem.
Crédito: ESO/P. Crowther/C.J. Evans
(clique na imagem para ver versão maior)
 

A equipa também estimou a massa máxima possível das estrelas pertencentes a estes enxames e o número relativo de estrelas de maior massa. "As estrelas mais pequenas têm um limite inferior para a massa de aproximadamente oitenta vezes a massa de Júpiter, limite abaixo do qual se tornam 'estrelas falhadas' ou anãs castanhas," diz o membro da equipa Olivier Schnurr do Astrophysikalisches Institut Potsdam. "Os nossos novos resultados apoiam a ideia anterior de que também existe um limite superior para a massa das estrelas, embora os resultados subam este limite de um factor dois, para cerca de 300 massas solares."

No interior de R136, apenas quatro estrelas pesavam mais do que 150 massas solares no momento do seu nascimento, no entanto são estas que são responsáveis por praticamente metade do vento estelar e da radiação libertada por todo o enxame. R136a1 liberta energia para o meio envolvente de mais de um factor cinquenta quando comparada com o enxame da Nebulosa de Orion, a região de formação de estrelas de grande massa mais próxima da Terra.

Compreender a formação de estrelas de grande massa é, já de si, bastante complexo, devido às suas vidas muito curtas e ventos poderosos, no entanto a identificação de casos tão extremos como a R136a1 complica ainda mais o já elevado desafio posto às teorias. "Ou estas estrelas se formaram já muito grandes ou então estrelas mais pequenas fundiram-se entre si para as produzirem," explica Crowther.

Impressão de artista que mostra o tamanho relativo de jovens estrelas, desde as mais pequenas "anãs vermelhas", pesando cerca de 0,1 massas solares, passando por "anãs amarelas" de baixa massa como o Sol, a estrelas "anãs azuis" massivas com mais de 8 vezes a massa da nossa estrela, até à estrela R136a1 com 300 vezes massas solares.
Crédito: ESO/M. Kornmesser
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Estrelas com massas compreendidas entre 8 e 150 massas solares explodem no final das suas curtas vidas sob a forma de supernovas, das quais restam objectos exóticos, tais como estrelas de neutrões ou buracos negros. Tendo agora estabelecido a existência de estrelas com massas compreendidas entre 150 e 300 massas solares, os astrónomos levantam a hipótese da existência de objectos excepcionalmente brilhantes, "supernovas instáveis", que explodem completamente sem deixar restos de espécie alguma e que libertam até cerca de dez massas solares de ferro para o meio interestelar. Alguns candidatos a tais explosões foram já propostos há alguns anos atrás.

R136a1 não é apenas a estrela de maior massa alguma vez encontrada, mas é também a que apresenta maior luminosidade, sendo cerca de 10 milhões de vezes mais brilhante que o Sol. "Devido à raridade de tais objectos, penso que será bastante improvável que este novo recorde seja batido nos tempos mais próximos," conclui Crowther.

Links:

Notícias relacionadas:
ESO (comunicado de imprensa)
Artigo científico (formato PDF)
Sky & Telescope
SPACE.com
Astronomy Now Online
New Scientist
PHYSORG.com
National Geographic
Discover
COSMOS
Discovery News
Wired
AFP
CNN
Euronews
BBC News
MSNBC

R136:
Wikipedia

Lista das estrelas mais massivas:
Wikipedia

ESO:
Página oficial
Wikipedia

VLT:
Página oficial
Wikipedia

 
     
 
 
TAMBÉM EM DESTAQUE
 

Astrofísicos descobrem um quasar que actua como lente gravitacional (via arXiv.org)
Foi observado pela primeira vez um quasar que actua como lente gravitacional. Esta descoberta, feita pelo Laboratório de Astrofísica do EPFL em cooperação com a Caltech, representa um avanço no campo, dado que irá permitir aos cientistas pesar e medir uma galáxia que contém um quasar. [Ler fonte]

Impacto cometário em Neptuno (via Sociedade Max Planck)
Um cometa pode ter atingido Neptuno há cerca de dois séculos atrás. Isto é indicado pela distribuição do monóxido de carbono na atmosfera do gigante gasoso que os investigadores agora estudaram com base em dados obtidos pelo observatório espacial Herschel. [Ler fonte]

 
     
 
     
  As Galáxias das Antenas em Colisão - Crédito: NASA, ESA & B. Whitmore (STScI) et al.; Processamento de imagem: Davide De Martin  
  Foto  
  (clique na imagem para ver versão maior)  
     
 

Duas galáxias estão interagindo em Corvo e aqui estão as imagens mais recentes. Quando duas galáxias colidem, no entanto, as estrelas que as compõem regularmente não colidem. Isto é devido às galáxias serem na maioria espaço vazio e, por mais brilhantes que sejam, as estrelas ocupam apenas uma pequena porção desse mesmo espaço. Durante a lenta colisão de cem milhões de anos, uma galáxia pode desfazer a outra gravitacionalmente, e a poeira e o gás comum a ambas as galáxias colide. Na imagem do lado, os pilares escuros de poeira marcam as massivas nuvens moleculares que estão a ser comprimidas durante o encontro galáctico, causando o rápido nascimento de milhões de estrelas, algumas das quais juntas pela gravidade em gigantescos enxames estelares.

 


Centro Ciência Viva do Algarve
Arquivo de Astroboletins Observações Astronómicas Fórum de discussão CCVAlg.pt