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INCENDIANDO A ESCURIDÃO
25 de Janeiro de 2013

 

Uma nova imagem obtida pelo telescópio APEX (Atacama Pathfinder Experiment), mostra uma bela vista de nuvens de poeira cósmica na região de Orionte. Embora estas nuvens densas interestelares pareçam escuras em imagens obtidas no visível, a câmara LABOCA do APEX consegue detectar o calor emitido pelos grãos de poeira e revelar os locais secretos onde novas estrelas se estão a formar. No entanto, uma destas nuvens escuras não é o que parece.

No espaço, nuvens densas de gás e poeira cósmica são os locais onde nascem novas estrelas. Na radiação visível, a poeira aparece-nos escura e obscurante, escondendo as estrelas que estão por trás. Tanto que, quando o astrónomo William Herschel observou uma destas nuvens na constelação do Escorpião em 1774, pensou inicialmente tratar-se de uma região vazia de estrelas e diz-se que terá exclamado," Existe de facto aqui um buraco no céu!"

De modo a compreender melhor a formação estelar, os astrónomos utilizam telescópios que podem observar em maiores comprimentos de onda, tais como no domínio do submilímetro, no qual os grãos de poeira escuros brilham em vez de absorverem radiação. O APEX, no Planalto do Chajnantor, nos Andes chilenos, é o maior telescópio composto por uma única antena parabólica, no hemisfério Sul, a trabalhar no submilímetro, o que o torna ideal para ajudar os astrónomos a estudar o nascimento das estrelas.

Situado na constelação de Orionte, a 1500 anos-luz de distância da Terra, o Complexo da Nuvem Molecular de Orionte é a região mais próxima de nós onde se formam estrelas em vastos números, contendo, por isso, um tesouro de nebulosas brilhantes, nuvens escuras e estrelas jovens. A nova imagem mostra apenas parte deste vasto complexo observado no visível, com as observações submilimétricas do APEX sobrepostas em tons de laranja brilhante, que parecem incendiar as nuvens escuras. Muitas vezes, os nodos brilhantes observados pelo APEX correspondem a regiões mais escuras no visível - um sinal claro de uma nuvem densa de poeira que absorve radiação visível, mas que brilha nos comprimentos de onda submilimétricos, sendo possivelmente um local de formação estelar.

A zona brilhante por baixo do centro da imagem é a nebulosa NGC 1999. Esta região - quando vista no visível - é o que os astrónomos chamam de nebulosa de reflexão, onde o brilho azul pálido da radiação estelar de fundo é reflectido pelas nuvens de poeira. A nebulosa é principalmente iluminada pela radiação energética emitida pela jovem estrela V380 Orionis, que se encontra no seu coração. No centro da nebulosa encontra-se uma zona escura, a qual se observa ainda melhor numa bem conhecida imagem do Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA.

Normalmente, uma zona escura como esta indicaria uma nuvem densa de poeira cósmica, obscurecendo as estrelas e a nebulosa por trás. No entanto, nesta imagem podemos ver que a região permanece invulgarmente escura, mesmo quando incluímos as observações do APEX. Graças a estas observações APEX, combinadas com observações no infravermelho, obtidas por outros telescópios, os astrónomos pensam que esta zona é de facto um buraco ou cavidade na nebulosa, escavada pelo material que flui da estrela V380 Orionis. Desta vez, existe de facto um buraco no céu!

A região mostrada nesta imagem situa-se a cerca de dois graus a sul da enorme e bem conhecida nebulosa de Orionte (Messier 42), a qual pode ser vista no limite superior da imagem de grande angular, no visível, do Digitized Sky Survey.

Links:

Notícias relacionadas:
ESO (comunicado de imprensa)
Artigo científico (formato PDF)
SPACE.com
Universe Today
PHYSORG
science 2.0
redOrbit

Nebulosa de Orionte (M42):
Wikipedia
SEDS

APEX:
ESO
Wikipedia

ESO:
Página oficial
Wikipedia


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Nova imagem obtida pelo APEX no Chile que mostra lindas nuvens de poeira cósmica na região de Orionte.
Crédito: ESO/APEX (MPIfR/ESO/OSO)/T. Stanke et al./Digitized Sky Survey 2
(clique na imagem para ver versão maior)

 
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