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OBTIDA IMAGEM DO EXOPLANETA MAIS LEVE ENCONTRADO ATÉ À DATA?
4 de Junho de 2013

 

Uma equipa de astrónomos utilizou o VLT (Very Large Telescope) do ESO para obter a imagem de um objecto ténue que se desloca próximo de uma estrela brilhante. Com uma massa estimada em quatro a cinco vezes a massa de Júpiter, este pode bem ser o planeta com menos massa a ser observado fora do Sistema Solar de forma directa. A descoberta é uma contribuição importante ao estudo da formação e evolução de sistemas planetários.

Embora quase um milhar de exoplanetas tenham sido até agora detectados indirectamente - a maioria dos quais pelo método dos trânsitos ou das velocidades radiais - e muitos mais candidatos aguardem confirmação, apenas para cerca de uma dúzia de exoplanetas foi possível obter imagens directamente. Nove anos depois do VLT ter capturado a primeira imagem de um exoplaneta, o companheiro planetário da anã castanha 2M1207, a mesma equipa obteve agora a imagem do que parece ser o mais leve destes objectos observado até agora.

"Obter imagens de planetas de forma directa requer técnicas extremamente complexas, utilizando os instrumentos mais avançados, estejam eles no solo ou no espaço," diz Julien Rameau, do Instituto de Planetologia e Astrofísica de Grenoble, França, autor principal do artigo científico que descreve a descoberta. "Apenas alguns planetas foram até agora observados directamente, o que faz de cada descoberta destas um importante marco no caminho da compreensão dos planetas gigantes e da sua formação."

Nas novas observações, o provável planeta aparece como um ponto ténue mas bem definido próximo da estrela HD 95086. Uma observação posterior mostrou também que o objecto se desloca lentamente com a estrela ao longo do céu, o que sugere que este corpo, designado por HD 95086 b, está em órbita em torno da estrela. O seu brilho indica igualmente que terá uma massa de apenas quatro a cinco vezes a massa de Júpiter.

A equipa usou o NACO, o instrumento de óptica adaptativa montado num dos telescópios principais do VLT do ESO. Este instrumento permite obter imagens muito nítidas, ao corrigir os efeitos de distorção na imagem devido à turbulência atmosférica. As observações foram feitas no infravermelho com uma técnica chamada imagem diferencial, que faz aumentar o contraste entre o planeta e a ofuscante estrela hospedeira.

O planeta recém-descoberto orbita a jovem estrela HD 95086 a uma distância de cerca de 56 vezes a distância entre a Terra e o Sol, o que corresponde a duas vezes a distância entre o Sol e Neptuno. A estrela propriamente dita tem um pouco mais massa do que o Sol e encontra-se rodeada por um disco de detritos. Estas propriedades permitiram aos astrónomos identificá-la como um candidato ideal a possuir planetas jovens de grande massa em sua órbita. O sistema situa-se a cerca de 300 anos-luz de distância da Terra.

A juventude da estrela, com apenas 10 a 17 milhões de anos, levou os astrónomos a pensar que este novo planeta se formou muito provavelmente no interior do disco gasoso e poeirento que a circunda. "A sua posição actual levanta questões relativas ao processo de formação. O planeta pode ter crescido ao assimilar rochas que formaram o núcleo sólido e depois acumulando lentamente gás do meio circundante de modo a formar a atmosfera densa ou então, começou a formar-se a partir de uma acumulação de matéria gasosa com origem em instabilidades gravitacionais no disco," explica Anna-Marie Lagrange, outro membro da equipa. "Interacções entre o planeta e o disco propriamente dito, ou até outros planetas, podem ter feito deslocar o planeta do local onde nasceu."

Outro membro da equipa, Gaël Chauvin, conclui: "O brilho das estrelas dá a HD 95086 b uma temperatura à superfície estimada de cerca de 700 graus Celsius, o que é suficientemente frio para que vapor de água e possivelmente metano existam na atmosfera. Este será um belo objecto para estudar com o futuro instrumento SPHERE, a ser montado no VLT. Talvez possamos até revelar planetas interiores no sistema - se eles existirem."

Links:

Notícias relacionadas:
ESO (comunicado de imprensa)
Artigo científico (formato PDF)
PHYSORG
redOrbit
tvi24

Planetas extrasolares:
Wikipedia
Lista de planetas confirmados (Wikipedia)
Lista de planetas não confirmados (Wikipedia)
Lista de exoplanetas potencialmente habitáveis (Wikipedia)
Lista de extremos (Wikipedia)
PlanetQuest
Enciclopédia dos Planetas Extrasolares
Exosolar.net

ESO:
Página oficial
Wikipedia

VLT:
Página oficial
Wikipedia


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Esta imagem obtida pelo Very Large Telescope do ESO (VLT) mostra o planeta recém descoberto HD 95086 b próximo da sua estrela progenitora. As observações foram feitas no infravermelho com o NACO, instrumento de óptica adaptativa montado no VLT, e com o auxílio de uma técnica chamada imagem diferencial, que aumenta o contraste entre o planeta e a sua estrela hospedeira ofuscante. A estrela propriamente dita foi removida da imagem durante o processamento, embora a sua posição se encontre marcada. Deste modo, o planeta aparece-nos mais destacado, em baixo à esquerda. A circunferência azul corresponde ao tamanho da órbita de Neptuno no Sistema Solar.
Crédito: ESO/J. Rameau
(clique na imagem para ver versão maior)

 
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