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SUPERNOVA DESCOBERTA EM M82
24 de Janeiro de 2014

 

Uma estrela que explodiu apareceu subitamente no céu nocturno, deslumbrando os astrónomos que não viam uma supernova tão perto do nosso Sistema Solar há mais de 20 anos.

Só nos últimos dias, a supernova emergiu como uma luz brilhante (magnitude 10,5) em Messier 82 - também conhecida como a Galáxia do Charuto - a cerca de 12 milhões de anos-luz de distância na direcção da constelação de Ursa Maior. A supernova, que um astrónomo descreveu como um potencial "Santo Graal" para os cientistas, foi descoberta pelos estudantes Ben Cooke, Tom Weight, Matthew Wilde e Guy Pollack, da University College London (UCL). A descoberta foi feita por acaso - um workshop telescópico de 10 minutos para os alunos - e levou a uma correria mundial para adquirir imagens e espectros do objecto.

Posicionada entre a Ursa Maior e a Ursa Menor, a nova supernova deve ser fácil de avistar por observadores celestes no Hemisfério Norte; pode até chegar a ser brilhante o suficiente para ser observada por um pequeno par de binóculos, realça o astrónomo Brad Tucker, da Universidade Nacional da Austrália e da Universidade da Califórnia, em Berkeley.

Nova supernova no céu

Mas além da criação de um espectáculo celeste, o evento cósmico também dá aos astrónomos uma oportunidade rara para estudar um objecto que pode ajudá-los a compreender a energia escura.

A supernova foi observada pela primeira vez na Terça-feira passada (21 de Janeiro) às 19:20 (hora local, bem como hora portuguesa) por um grupo de estudantes liderados por Steve Fossey da University College London. Segundo a UCL, o objecto pode ser a supernova mais próxima desde a intensa supernova 1987A que foi avistada em Fevereiro de 1987 na Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia anã companheira da Via Láctea a cerca de 168.000 anos-luz da Terra.

"Foi uma experiência surreal e emocionante, obter imagens do objecto não identificado enquanto Steve corria pelo observatório a verificar o resultado," realça o estudante Guy Pollack num comunicado.

Os astrónomos do Caltech confirmaram a supernova e classificaram-na como uma supernova Tipo Ia jovem e avermelhada. Pensa-se que estes tipos de objectos sejam originários de um sistema binário íntimo onde pelo menos uma estrela é uma anã branca, o núcleo denso e pequeno de uma estrela que cessou as suas reacções nucleares. Se a anã branca desviar muita massa da sua companheira, começa dentro da estrela morta uma reacção nuclear em fuga, levando a uma supernova brilhante.

Acredita-se que as supernovas Tipo Ia brilhem com intensidade igual nos seus picos, por isso são usadas como "velas padrão" para medir distâncias em todo o Universo. Na verdade, a medição detalhada de supernovas Ia levou à descoberta, recompensada com um Prémio Nobel, da aceleração da expansão do Universo.

O "Santo Graal" das supernovas

Para aprender mais sobre a causa desta aceleração (o que os cientistas chamam de energia escura), Tucker disse que os astrónomos precisam de medidas mais precisas.

"Os dois grandes problemas no uso de supernovas Ia para medições de distância, são os progenitores, o tipo de estrela que explode, e como a poeira afecta estas medições," explicou Tucker. "Por isso o facto de esta [supernova] ser do Tipo Ia, descoberta em tenra idade, significa que temos uma boa hipótese de encontrar pistas sobre a explosão."

O Telescópio Espacial Hubble também capturou imagens detalhadas da Galáxia do Chaturo antes da estrela ter explodido, o que significa que os astrónomos podem ser capazes de observar directamente a estrela em observações passadas, explica Tucker.

Além do mais, esta é uma supernova "avermelhada", o que significa que ocorreu num ambiente empoeirado.

"Ao saber que existe muita poeira, podemos analisar a forma como esta afecta as cores [da supernova] e, portanto, as medidas da distância, e usá-la para calibrar outras [supernovas]," acrescenta Tucker. "Em suma, este é o Santo Graal".

O Departamento Central de Telegramas Astronómicos da União Astronómica Internacional listou algumas das observações da supernova sob a designação temporária PSN J09554214+6940260 (agora chama-se SN 2014J), começando com uma observação de 22 de Janeiro por um grupo de astrónomos amadores na Rússia.

As imagens do telescópio robótico KAIT do Observatório Lick na Califórnia, caçador de supernovas, confirmam que o objecto não estava presente até 15 de Janeiro, o que significa que a supernova tem apenas poucos dias de idade," comenta Tucker.

Links:

Notícias relacionadas:
University College London (comunicado de imprensa)
Universe Today
SPACE.com
Sky & Telescope
New Scientist
PHYSORG
Astronomy Now
BBC News
AstroPT

SN 2014J:
Wikipedia
Observatório Remanzacco
Telegrama do Astrónomo

Messier 82:
Wikipedia
SEDS

Supernovas:
Wikipedia 
Tipo Ia (Wikipedia)
NASA
Restos de supernovas (Núcleo de Astronomia do CCVAlg)


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Animação que mostra uma imagem obtida no dia 23 de Janeiro de 2014 com uma imagem de arquivo (de 22/11/2014), ambas capturadas pelo telescópio Faulkes North de 2 metros (operado pelo LCOGT)
Crédito: Ernesto Guido, Nick Howes e Martino Nicolini
(clique na imagem para ver versão maior)


Imagem obtida ontem (23 de Janeiro) da supernova em M82. A seta aponta para SN 2014J.
Crédito: Adam Block, Mt. Lemmon SkyCenter, U. Arizona
(clique na imagem para ver versão maior)


Mapa que mostra o céu na direcção Norte-Nordeste por volta das 21:30 (hora de Portugal), no final de Janeiro. A supernova está localizada a cerca de um "punho cerrado" por cima da Ursa Maior em M82. Mesmo ao lado está a igualmente brilhante galáxia M81. É fácil distinguir entre uma e outra. M81 é redonda com um núcleo brilhante; M82 parece um risco desfocado.
Crédito: Miguel Montes, Starry Night
(clique na imagem para ver versão maior)


Um dos telescópios C14 de 0,35 metros da Celestron da ULO da UCL. Estes foram usados para encontrar a supernova em M82.
Crédito: UCL MAPS/O. Usher
(clique na imagem para ver versão maior)

 
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