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KEPLER FORNECE INFORMAÇÕES SOBRE PLANETAS ENIGMÁTICOS MAS UBÍQUOS, CINCO NOVOS PLANETAS ROCHOSOS
7 de Janeiro de 2014

 

Mais de três-quartos dos candidatos a planeta descobertos pelo telescópio Kepler da NASA têm tamanhos que variam entre o da Terra e o de Neptuno, que é quase quatro vezes maior que o nosso planeta. Estes planetas dominam o censo galáctico mas não estão representados no nosso próprio Sistema Solar. Os astrónomos não sabem como se formam ou se são feitos de rocha, água ou gás.

A equipa do Kepler falou ontem numa reunião da Sociedade Astronómica Americana acerca de quatro anos de observações terrestres de acompanhamento visando sistemas exoplanetários do Kepler. Estas observações confirmam que as numerosas descobertas do Kepler são realmente planetas e produzem medições da massa destes mundos enigmáticos que variam entre o tamanho da Terra e de Neptuno.

Incluídos nos resultados estão cinco novos planetas rochosos com tamanhos que variam entre os 10 e 80 por cento superiores à Terra. Dois dos novos mundos de rocha, Kepler-99b e Kepler-406b, são ambos 40% maiores que a Terra e têm uma densidade semelhante à do chumbo. Os planetas orbitam as suas estrelas hospedeiras em menos de cinco e três dias, respectivamente, o que torna estes mundos demasiado quentes para a vida como a conhecemos.

As medições Doppler das estrelas-mãe dos planetas foram um componente importante destas observações de acompanhamento. A equipa mediu a oscilação reflexo da estrela, provocada pela força gravitacional que exerce sobre o planeta em órbita. Esta oscilação medida revela a massa do planeta: quanto maior a massa do planeta, maior a força gravitacional sobre a estrela e, portanto, maior é a oscilação.

"Esta avalanche maravilhosa de informação sobre os planetas mini-Neptuno diz-nos mais sobre a sua estrutura que envolve o núcleo, não muito diferente de um pêssego com o seu caroço no centro," afirma Geoff Marcy, professor de astronomia da Universidade da Califórnia, em Berkeley, que liderou a análise Doppler de alta-precisão. "Enfrentamos agora perguntas assustadoras acerca da formação destes planetas e o porquê do nosso Sistema Solar não ter dos moradores mais populosos da Galáxia."

Usando um dos maiores telescópios terrestres no Observatório W. M. Keck no Hawaii, os cientistas confirmaram 41 dos exoplanetas descobertos pelo Kepler e determinaram as massas de 16. Com a massa e diâmetro, os cientistas podem imediatamente determinar a densidade dos planetas, caracterizando-os como rochosos, gasosos ou uma mistura dos dois.

Estas medições da densidade ditam a possível composição química destes planetas estranhos mas omnipresentes. As medições da densidade sugerem que os planetas mais pequenos que Neptuno - ou mini-Neptunos - têm um núcleo rochoso mas as proporções de hidrogénio, hélio e moléculas ricas em hidrogénio no invólucro que rodeia o núcleo variam drasticamente, alguns até nem tendo nenhum.

A pesquisa de observação terrestre valida 38 novos planetas, seis dos quais são planetas que não transitam, vistos apenas nos dados de Doppler. O documento que detalha a pesquisa foi publicado na revista Astrophysical Journal.

Uma técnica complementar usada para determinar a massa, e consequentemente a densidade de um planeta, tem o nome de Variações no Tempo de Trânsito (Transit Timing Variations - TTV). Tal como a força gravitacional que um planeta exerce sobre a sua estrela, os planetas vizinhos podem puxar-se uns aos outros, fazendo com que um planeta acelere e outro desacelere ao longo da sua órbita.

Ji-Wei Xie da Universidade de Toronto usou o método TTV para validar 15 pares de planetas Kepler que vão desde o tamanho da Terra a um pouco maior que Neptuno. Xie mediu massas de 30 planetas, aumentando assim o compêndio de características planetárias para esta nova classe de planetas. O resultado foi também publicado na Astrophysical Journal em Dezembro de 2013.

"O objecto principal do Kepler é determinar a prevalência de planetas de diversos tamanhos e órbitas. A prevalência de planetas com o tamanho da Terra na zona habitável é de particular interesse para a busca de vida," realça Natalie Batalha, cientista da missão Kepler no Centro de Pesquisa Ames da NASA em Moffett Field, no estado americano da Califórnia. "Mas a questão no fundo das nossas mentes é: será que todos os planetas do tamanho da Terra são rochosos? Será que alguns são versões reduzidas de Neptunos gelados ou mundos de água fumegante? Que fracção é reconhecível como parente do nosso mundo terrestre?"

As medições de massa produzidas pelas análises Doppler e TTV vão ajudar a responder a estas perguntas. Os resultados sugerem que uma grande fracção dos planetas com um raio inferior a 1,5 vezes o da Terra podem ser compostos por silicatos, ferro, níquel e magnésio, que são encontrados nos planetas terrestres do nosso Sistema Solar.

Armados com este tipo de informação, os cientistas serão capazes de transformar a fracção de estrelas que abrigam planetas com o tamanho da Terra na fracção de estrelas que abrigam planetas realmente rochosos. E este é um passo em frente para encontrar um ambiente habitável para lá do nosso Sistema Solar.

Links:

Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
Artigo científico - G. Marcy et al. (formato PDF)
The Astrophysical Journal (requer subscrição)
Artigo científico - Ji-Wei Xie (formato PDF)
SPACE.com
SPACE.com - 2
redOrbit
PHYSORG
National Geographic

Planetas extrasolares:
Wikipedia
Lista de planetas confirmados (Wikipedia)
Lista de planetas não confirmados (Wikipedia)
Lista de exoplanetas potencialmente habitáveis (Wikipedia)
Lista de extremos (Wikipedia)
Open Exoplanet Catalogue
PlanetQuest
Enciclopédia dos Planetas Extrasolares
Exosolar.net

Telescópio Espacial Kepler:
NASA (página oficial)
Arquivo de dados do Kepler
Descobertas planetárias do Kepler
Mapa das zonas de estudo do Kepler (formato PDF)
Wikipedia

Observatório W. M. Keck:
Página oficial
Wikipedia


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Gráfico dos candidatos a planeta do Kepler, em Janeiro de 2014.
Crédito: NASA, Ames
(clique na imagem para ver versão maior)

 
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