KEPLER DESCOBRE PRIMEIRO PLANETA DO TAMANHO DA TERRA NA ZONA HABITÁVEL DE OUTRA ESTRELA
18 de Abril de 2014
Com o Telescópio Espacial Kepler, astrónomos descobriram o primeiro planeta do tamanho da Terra que orbita uma estrela na "zona habitável" - a gama de distâncias de uma estrela onde a água líquida pode existir à superfície de um planeta. A descoberta de Kepler-186f confirma que planetas do tamanho da Terra existem na zona habitável de outras estrelas que não o nosso Sol.
Embora já se conheçam planetas na zona habitável, são todos pelo menos 40% maiores que a Terra e compreender a sua composição é um desafio. Kepler-186f é mais parecido com a Terra.
"A descoberta de Kepler-186f é um importante passo no sentido de encontrar mundos como o nosso planeta Terra," afirma Paul Hertz, director da Divisão de Astrofísica da NASA na sede da agência em Washington, EUA. "As missões futuras da NASA, como a TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite) e o Telescópio Espacial James Webb, vão descobrir os exoplanetas rochosos mais próximos e determinar a sua composição e condições atmosféricas, continuando a busca da humanidade em encontrar mundos verdadeiramente parecidos com a Terra."
Embora se saiba o tamanho de Kepler-186f, não se sabe a sua massa e a sua composição. No entanto, pesquisas anteriores sugerem que um planeta do tamanho de Kepler-186f é provavelmente rochoso.
"Conhecemos apenas um planeta onde existe vida - a Terra. Quando procuramos vida para lá do nosso Sistema Solar, focamo-nos em encontrar planetas com características que imitam as da Terra," realça Elisa Quintana, investigadora do Instituto SETI do Centro de Pesquisa Ames da NASA em Moffett Field, no estado americano da Califórnia, e autora principal do artigo publicado ontem na revista Science. "Encontrar um planeta na zona habitável, comparável em tamanho com a Terra, é um grande passo em frente."
Kepler-186f reside no sistema Kepler-186, a cerca de 500 anos-luz da Terra na direcção da constelação de Cisne. O sistema também contém outros quatro planetas, que orbitam uma estrela com metade da massa do nosso Sol. A estrela está classificada como uma anã M, ou anã vermelha, uma classe de estrelas que perfaz 70% das estrelas na nossa Via Láctea.
"As anãs M são as estrelas mais numerosas," comenta Quintana. "Os primeiros sinais de outras formas de vida na Galáxia podem muito bem vir de planetas em órbita de uma anã M."
Kepler-186f orbita a sua estrela a cada 130 dias e recebe um-terço da energia da sua estrela que a Terra recebe do Sol, colocando-o mais próximo da orla exterior da zona habitável. À superfície de Kepler-186f, o brilho da sua estrela ao meio-dia corresponde ao brilho do nosso Sol cerca de uma hora antes do pôr-do-Sol.
"Lá por estar na zona habitável, não quer dizer que sabemos que este planeta é habitável. A temperatura do planeta depende fortemente do tipo de atmosfera que tem," realça Thomas Barclay, investigador do Instituto de Pesquisa Ambiental de Bay Area em Ames, co-autor do artigo. "Kepler-186f pode ser visto como um primo da Terra em vez de um gémeo da Terra. Tem muitas propriedades parecidas às da Terra."
Os outros quatro planetas, Kepler-186b, Kepler-186c, Kepler-186d e Kepler-186e, orbitam a sua estrela-mãe a cada 4, 7, 13 e 22 dias, respectivamente, o que os torna demasiado quentes para a vida como a conhecemos. Estes quatro planetas interiores têm todos menos que 1,5 vezes o tamanho da Terra.
Os próximos passos na busca por vida distante incluem observar verdadeiros gémeos da Terra - planetas do tamanho da Terra dentro da zona habitável de uma estrela como o Sol - e medir as suas composições químicas. O Telescópio Espacial Kepler, que simultaneamente e continuamente mediu o brilho de mais de 150.000 estrelas, é a primeira missão da NASA capaz de detectar planetas do tamanho da Terra em torno de estrelas como o nosso Sol.
Impressão de artista de Kepler-186f, o primeiro planeta do tamanho da Terra validado, em órbita de uma estrela distante, na sua zona habitável.
Crédito: NASA Ames/Instituto SETI/JPL-Caltech
(clique na imagem para ver versão maior)
O diagrama compara os planetas do nosso Sistema Solar interior com Kepler-186, um sistema com cinco planetas a cerca de 500 anos-luz de distância na constelação de Cisne. Os cinco planetas de Kepler-186 orbitam uma anã M, uma estrela com metade do tamanho e massa do Sol.
Crédito: NASA Ames/Instituto SETI/JPL-Caltech
(clique na imagem para ver versão maior)