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TELESCÓPIO SPITZER TESTEMUNHA COLISÃO ENTRE ASTERÓIDES
2 de Setembro de 2014

 

O Telescópio Espacial Spitzer da NASA avistou uma erupção de poeira em redor de uma estrela jovem, possivelmente o resultado de uma colisão entre dois asteróides grandes. Este tipo de colisão pode eventualmente conduzir à formação de planetas.

Os cientistas rastreavam regularmente a estrela, com o nome NGC 2547-ID8, quando entre Agosto de 2012 e Janeiro de 2013 surgiu uma enorme quantidade de poeira fresca.

"Nós achamos que dois grandes asteróides colidiram um com o outro, criando uma enorme nuvem de partículas do tamanho de grãos de areia muito fina, que agora estão quebrando-se em pedaços e lentamente afastando-se da estrela," afirma o autor principal Huan Meng, da Universidade do Arizona em Tucson, EUA.

O Spitzer já observou vários episódios empoeirados de colisões suspeitas entre asteróides, mas esta é a primeira vez que os cientistas recolheram dados do "antes e depois" de uma colisão deste género noutro sistema planetário. A observação fornece um vislumbre do violento processo de formação de planetas rochosos como o nosso.

Os planetas rochosos começam a sua vida como material poeirento em redor de estrelas jovens. O material agrupa-se para formar asteróides que chocam uns com os outros. Muitas vezes os asteróides são destruídos, mas alguns crescem ao longo do tempo e transformam-se em protoplanetas. Depois de aproximadamente 100 milhões de anos, os objectos tornam-se planetas terrestres plenamente desenvolvidos. Pensa-se que a nossa Lua tenha sido formada a partir de um impacto gigante entre a proto-Terra e um objecto do tamanho de Marte.

No novo estudo, o Spitzer observou a estrela NGC 2547-ID8 no infravermelho, que tem mais ou menos 35 milhões de anos e está situada a 1200 anos-luz de distância na direcção da constelação de Vela. As observações anteriores já tinham registado variações na quantidade de poeira em redor da estrela, sugerindo a possível existência de colisões entre asteróides. Na esperança de testemunhar um impacto ainda maior, um passo fundamental no nascimento de um planeta terrestre, os astrónomos observaram regularmente a estrela com o Spitzer. A partir de Maio de 2012, o telescópio começou a observar a estrela, às vezes diariamente.

A mudança dramática na estrela surgiu quando o Spitzer teve de apontar para longe de NGC 2547-ID8 porque o Sol estava no caminho. A equipa científica ficou em estado de choque quando retomou as observações da estrela, cinco meses depois, e recebeu os dados novos.

"Nós não só testemunhámos o que parecem ser os restos de uma enorme colisão, mas fomos capazes de seguir as mudanças - o sinal está desaparecendo à medida que a nuvem se autodestrói, moendo os grãos para que possam escapar da estrela," afirma Kate Su da Universidade do Arizona e co-autora do estudo. "O Spitzer é o melhor telescópio para monitorizar estrelas regularmente e com precisão, em busca de pequenas mudanças na radiação infravermelha, durante meses e até mesmo anos."

Uma nuvem muito espessa de detritos de poeira orbita agora a estrela na zona onde os planetas rochosos se formam. À medida que os cientistas observam o sistema estelar, o sinal infravermelho da nuvem varia com base no que é visível da Terra. Por exemplo, quando a nuvem alongada está de frente para nós, mais da sua área de superfície é exposta e o sinal é maior. Quando a cabeça ou a cauda da nuvem são visíveis, recebemos menos luz infravermelha. Ao estudar as oscilações infravermelhas, a equipa está a recolher dados nunca antes obtidos do processo e resultado das colisões que criam planetas rochosos como a Terra.

"Estamos assistindo ao vivo à formação de planetas rochosos," afirma George Rieke, co-autor do novo estudo, também da mesma universidade. "É uma oportunidade única para estudar este processo quase em tempo real."

A equipa continua a estar atenta à estrela com o Spitzer. Vão ver durante quanto tempo estes níveis elevados de poeira persistem, o que vai ajudar a calcular a frequência destes eventos, nesta e noutras estrelas, e com sorte conseguem observar outra colisão gigantesca.

Os resultados deste estudo foram publicados online Quinta-feira passada na revista Science.

Links:

Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
Science (requer subscrição)
SPACE.com
redOrbit
ScienceDaily
PHYSORG
io9
AstroPT

NGC 2547:
Wikipedia

Telescópio Espacial Spitzer:
Página oficial 
NASA
Centro Espacial Spitzer 
Wikipedia


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Ilustração de artista que mostra o rescaldo imediato de um grande impacto de asteróide em torno de NGC 2547-ID8, uma estrela parecida com o Sol e com apenas 35 milhões de anos. O Spitzer testemunhou um grande surto de poeira em redor da estrela, provavelmente o resultado da colisão entre dois asteróides.
Crédito: NASA/JPL-Caltech
(clique na imagem para ver versão maior)


Os astrónomos ficaram surpreendidos ao ver estes dados do Telescópio Espacial Spitzer em Janeiro de 2013, que mostravam uma grande erupção de poeira em redor de uma estrela chamada NGC 2547-ID8. Neste gráfico, o brilho infravermelho é representado no eixo vertical, o tempo no horizontal.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Universidade do Arizona
(clique na imagem para ver versão maior)

 
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