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CIENTISTAS DESCOBREM EVIDÊNCIAS METEORÍTICAS DE RESERVATÓRIO MARCIANO DE ÁGUA
23 de Dezembro de 2014

 

A NASA e uma equipa internacional de cientistas planetários encontraram evidências em meteoritos cá na Terra que indicam que Marte teve um reservatório distinto e global de água ou gelo perto da sua superfície.

Apesar da controvérsia que ainda rodeia a origem, abundância e história da água em Marte, esta descoberta ajuda a resolver a questão de para onde foi a "água marciana que falta". Os cientistas continuam a estudar o registo histórico do planeta, tentando entender a aparente mudança de um clima húmido e quente para as condições secas e frias de hoje.

A existência do reservatório também pode ser uma chave para a compreensão da história e do potencial de vida em Marte. Os resultados da equipa foram apresentados na revista Earth and Planetary Science Letters.

"Tem havido sugestões de um terceiro reservatório planetário de água em estudos anteriores de meteoritos marcianos, mas os nossos novos dados exigem a existência de um reservatório de água ou gelo que parece também ter interagido com um conjunto diverso de amostras marcianas," afirma Tomohiro Usui do Instituto de Tecnologia de Tóquio no Japão, autor principal do artigo e ex-colega de pós-doutorado do Instituto Lunar e Planetário da NASA. "Até este estudo não existiam evidências directas deste reservatório ou da sua interacção com rochas que vieram parar à Terra a partir da superfície de Marte."

Os investigadores do Instituto de Tecnologia de Tóquio, do Instituto Lunar e Planetário de Houston, da Instituição Carnegie para a Ciência em Washington e da Divisão Científica de Pesquisa e Exploração de Astromateriais da NASA, localizada no Centro Espacial Johnson da agência em Houston, estudaram três meteoritos marcianos.

As amostras revelaram água composta por átomos de hidrogénio que têm uma proporção de isótopos diferente da água do manto e atmosfera actuais do Planeta Vermelho. Os isótopos são átomos do mesmo elemento com números diferentes de neutrões.

Embora as missões orbitais recentes tenham confirmado a presença de gelo à subsuperfície, e se acredite que em certas características geomorfológicas de Marte ainda exista formação de gelo que derrete à superfície, este estudo usou meteoritos de idades diferentes para mostrar que uma quantidade significativa de água gelada no solo pode ter permanecido relativamente intacta ao longo do tempo.

Os investigadores enfatizam que a distinta assinatura isotópica do hidrogénio do reservatório de água deve ter um tamanho suficiente para não atingir um equilíbrio isotópico com a atmosfera.

"A composição isotópica do hidrogénio na atmosfera actual pode ser corrigida por um processo quási-constante que envolve a perda rápida de hidrogénio para o espaço e pela sublimação de uma camada de gelo generalizada," afirma John Jones, co-autor do estudo, petrologista experimental do Centro Espacial Johnson e membro da equipa do rover Curiosity da NASA.

As observações do Curiosity num leito de um lago, numa área chamada Monte Sharp, indicam que Marte perdeu a sua água num processo gradual durante um período de tempo significativo.

"Na ausência de amostras trazidas de Marte até à Terra, este estudo enfatiza a importância de descobrir mais meteoritos marcianos e de continuar a estudar os que temos com as técnicas analíticas cada vez mais avançadas que temos ao nosso dispor," afirma Conel Alexander cosmoquímico da Instituição Carnegie para a Ciência.

Nesta investigação, os cientistas compararam água, outras concentrações de elementos voláteis e composições isotópicas de hidrogénio em vidros no interior dos meteoritos, que se podem ter formado em erupções vulcânicas no passado de Marte ou por eventos de impacto que atingiram a superfície marciana, expelindo-os do planeta.

"Nós examinámos duas possibilidades, que a assinatura do reservatório de hidrogénio recentemente identificado ou reflecte gelo perto da superfície misturado com sedimentos ou que reflecte rochas hidratadas perto do topo da crosta marciana," afirma Justin Simon, co-autor do artigo e cosmoquímico do Centro Espacial Johnson. "Ambos os cenários são possíveis, mas o facto das medições com maiores concentrações de água parecem não estar relacionadas com as concentrações de alguns dos outros elementos voláteis medidos, em particular do cloro, sugere que o reservatório de hidrogénio provavelmente existiu sob a forma de gelo."

A informação recolhida sobre Marte a partir de estudos na Terra, e os dados enviados por uma frota de naves robóticas e rovers em órbita e à superfície do Planeta Vermelho, estão pavimentando o caminho para futuras missões humanas numa viagem até Marte na década de 2030.

Links:

Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
Artigo científico (Earth and Planetary Science Letters)
redOrbit
PHYSORG
spaceref

Meteoritos marcianos:
JPL
Wikipedia

Marte:
Núcleo de Astronomia do CCVAlg
Wikipedia


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Esta ilustração mostra os reservatórios marcianos de água. Pesquisas recentes fornecem evidências para a existência de um terceiro reservatório que é intermédio em composição isotópica entre o manto do Planeta Vermelho e a sua atmosfera actual. Estes resultados suportam a hipótese que uma criosfera enterrada corresponde a uma grande parte do orçamento inicial de água de Marte.
Crédito: NASA
(clique na imagem para ver versão maior)

 
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