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A ESTRELA MAIS PEQUENA JÁ DESCOBERTA PELOS ASTRÓNOMOS
14 de julho de 2017

 


Uma estrela do tamanho de Saturno - a mais pequena já medida - foi identificada pelos astrónomos.
Crédito: A. Boetticher et al., 2017

A estrela mais pequena já medida foi descoberta por uma equipa de astrónomos liderados pela Universidade de Cambridge. Com um tamanho ligeiramente superior ao de Saturno, a atração gravitacional à sua superfície estelar é quase 300 vezes mais forte do que os humanos sentem na Terra.

A estrela é provavelmente tão pequena quanto as estrelas podem ser, pois tem apenas massa suficiente para permitir a fusão de núcleos de hidrogénio em hélio. Se fosse mais pequena, a pressão no centro da estrela já não seria suficiente para permitir a ocorrência deste processo. A fusão do hidrogénio é também o que impulsiona o Sol e os cientistas estão a tentar replicar este processo como uma poderosa fonte de energia aqui na Terra.

Estas estrelas muito pequenas e fracas são também as melhores candidatas possíveis à deteção de planetas parecidos com a Terra que podem ter água líquida à superfície, como TRAPPIST-1, uma anã ultrafria rodeada por sete mundos temperados do tamanho da Terra.

A estrela recém-medida, chamada EBLM J0555-57Ab, está localizada a cerca de 600 anos-luz de distância. Faz parte de um sistema binário e foi identificada enquanto passava em frente da sua muito maior companheira, um método normalmente usado para detetar planetas, não estrelas. Os detalhes serão publicados na revista Astronomy & Astrophysics.

"A nossa descoberta revela quão pequenas as estrelas podem ser," realça Alexander Boetticher, o autor principal do estudo e estudante de mestrado no Laboratório Cavendish e Instituto de Astronomia de Cambridge. "Caso esta estrela tivesse uma massa ligeiramente menor, a reação de fusão do hidrogénio no seu núcleo não podia ser sustentada, e a estrela ao invés tornar-se-ia numa anã castanha."

EBLM J0555-57Ab foi identificada pelo WASP, uma experiência de caça exoplanetária gerida pelas Universidades de Keele, Warwick, Leicester e St. Andrews. EBLM J0555-57Ab foi detetada quando passava em frente, ou transitava, a sua maior estrela companheira, formando o que chamamos de sistema binário eclipsante. A estrela principal tornou-se mais ténue de forma periódica, a assinatura de um objeto em órbita. Graças a esta configuração especial, os investigadores podem medir com precisão a massa e o tamanho de quaisquer companheiras em órbita, neste caso uma estrela pequena. A massa de EBLM J0555-57Ab foi determinada graças ao método Doppler (oscilação ou velocidade radial), usando dados do espectrógrafo CORALIE.

"Esta estrela é mais pequena e provavelmente mais fria do que muitos dos exoplanetas gigantes gasosos que identificámos até agora," explica von Boetticher. "Embora seja uma característica fascinante da física estelar, muitas vezes é mais difícil medir o tamanho dessas estrelas ténues de baixa massa do que o tamanho de muitos dos planetas maiores. Felizmente, podemos encontrar estas estrelas pequenas com o equipamento que usamos para descobrir exoplanetas, quando orbitam uma estrela companheira maior num sistema binário. Pode parecer incrível, mas encontrar uma estrela pode, por vezes, ser mais difícil do que encontrar um planeta."

Esta estrela recentemente medida tem uma massa comparável à estimativa atual para TRAPPIST-1, mas tem um raio quase 30% menor. "As estrelas mais pequenas fornecem condições ideais para a descoberta de planetas parecidos com a Terra e para a exploração remota das suas atmosferas," afirma o coautor Amaury Triaud, investigador sénior do Instituto de Astronomia de Cambridge. "No entanto, antes que possamos estudar planetas, precisamos de entender a sua estrela; isso é fundamental."

Embora sejam as estrelas mais numerosas do Universo, as estrelas com menos de 20% do tamanho e da massa do Sol são ainda pouco compreendidas, uma vez que são difíceis de detetar devido ao seu pequeno tamanho e baixo brilho. O projeto EBLM, que identificou a estrela deste estudo, visa eliminar esse lapso no conhecimento. "Graças ao projeto EBLM, atingiremos uma compreensão muito maior dos planetas em órbita das estrelas mais comuns, planetas como aqueles que orbitam TRAPPIST-1," conclui o professor Didier Queloz, coautor do estudo e do Laboratório Cavendish de Cambridge.

 


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Universidade de Cambridge (comunicado de imprensa)
Artigo científico (arXiv.org)
Astronomy & Astrophysics
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ZAP.aeiou

EBLM J0555-57Ab:
Wikipedia

TRAPPIST-1:
Wikipedia

WASP:
Site oficial
Wikipedia

 
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