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Astrónomos obtêm a primeira imagem de grande plano de uma estrela fora da nossa Galáxia
26 de novembro de 2024
 

Imagem da estrela WOH G64, obtida pelo instrumento GRAVITY montado no VLTI (Very Large Telescope Interferometer) do ESO. Trata-se da primeira imagem de grande plano de uma estrela que se situa fora da nossa Galáxia, a Via Láctea. WOH G64 está localizada na Grande Nuvem de Magalhães, a mais de 160.000 anos-luz de distância da Terra. A oval brilhante que vemos no centro da imagem é um casulo de poeira que envolve a estrela. O anel elíptico mais ténue à sua volta pode corresponder à orla interior de um toro de poeira, no entanto serão necessárias mais observações para confirmar a existência desta estrutura.
Crédito: ESO/K. Ohnaka et al.
 
     
 
 
 

"Pela primeira vez, conseguimos obter uma imagem de grande plano de uma estrela moribunda numa galáxia que não a nossa Via Láctea", afirma Keiichi Ohnaka, astrofísico da Universidade Andrés Bello, no Chile. A estrela WOH G64 situa-se a uns impressionantes 160.000 anos-luz de distância da Terra, mas ainda assim foi possível obter-se uma imagem extremamente nítida graças à elevada resolução atingida pelo VLTI (Very Large Telescope Interferometer) do ESO. As novas observações revelam que esta estrela se encontra a expelir gás e poeira, estando nas últimas fases de vida antes de explodir sob a forma de supernova.

"Descobrimos um casulo em forma de ovo a rodear a estrela", diz Ohnaka, o autor principal do estudo que relata estas observações e que foi publicado na revista da especialidade Astronomy & Astrophysics. "Isso deixou-nos muito entusiasmados porque pode estar relacionado com a drástica ejeção de material por parte da estrela moribunda antes da sua explosão sob a forma de uma supernova".

Embora os astrónomos tenham obtido cerca de várias dezenas de imagens de grande plano de estrelas na nossa Galáxia, revelando assim as suas propriedades, existem inúmeras estrelas noutras galáxias tão distantes que observá-las em pormenor tem-se revelado extremamente difícil, pelo menos até agora.

A estrela recentemente observada, WOH G64, situa-se na Grande Nuvem de Magalhães, uma das galáxias anãs que orbitam a Via Láctea, e os astrónomos sabem da sua existência desde há décadas. Com um tamanho cerca de duas mil vezes superior ao do nosso Sol, WOH G64 está classificada como uma estrela supergigante vermelha.

Há muito tempo que a equipa de Ohnaka se interessa por esta estrela gigante. Em 2005 e 2007, a equipa de investigadores utilizou o VLTI do ESO, no deserto chileno do Atacama, para aprender mais sobre as características da estrela, tendo continuado a estudá-la nos anos seguintes. No entanto, obter uma imagem real da estrela revelava-se difícil.

Com o desenvolvimento de um dos instrumentos de segunda geração do VLTI, o GRAVITY, a equipa viu surgir a sua oportunidade de obter uma imagem desta estrela. Ao comparar os novos resultados com observações anteriores de WOH G64, os investigadores ficaram surpreendidos ao descobrir que a estrela se foi tornando cada vez mais ténue ao longo da última década.

 
Esta imagem mostra uma reconstrução artística da estrela WOH G64, a primeira estrela fora da nossa Galáxia da qual se obteve uma imagem de grande plano. Esta estrela situa-se a uma distância de mais de 160.000 anos-luz, na Grande Nuvem de Magalhães. Esta imagem artística mostra as suas principais estruturas: um casulo de poeira em forma de ovo que rodeia a estrela e um anel ou toro de poeira. A existência e a forma deste último requerem mais observações para poderem ser confirmadas.
Crédito: ESO/L. Calçada
 

"Descobrimos que a estrela tem estado a sofrer uma mudança significativa nos últimos 10 anos, o que nos dá uma oportunidade rara de testemunhar a vida de uma estrela em tempo real", diz Gerd Weigelt, professor de astronomia no Instituto Max Planck de Radioastronomia em Bona, na Alemanha, coautor deste estudo. Na fase final da sua vida, as supergigantes vermelhas como WOH G64 libertam as suas camadas exteriores de gás e poeira, num processo que pode durar milhares de anos. "Esta estrela é uma das mais extremas do seu género e qualquer mudança drástica pode aproximá-la de um fim explosivo", acrescenta o coautor Jacco van Loon, Diretor do Observatório Keele da Universidade de Keele, no Reino Unido, que observa WOH G64 desde a década de 1990.

A equipa pensa que este material perdido pode ser igualmente responsável pelo escurecimento da estrela e pela forma invulgar apresentada pelo casulo de poeira que a rodeia. A nova imagem mostra que o casulo está esticado, o que surpreendeu os cientistas, que esperavam uma forma diferente com base em observações anteriores e modelos de computador. A equipa acredita que a forma em ovo do casulo pode ser explicada pela ejeção das camadas exteriores da estrela ou pela influência de uma estrela companheira ainda por descobrir.

À medida que WOH G64 se torna cada vez mais ténue, obter outras imagens de grande plano é cada vez mais difícil, mesmo com o VLTI. No entanto, as atualizações planeadas para a instrumentação do telescópio, como o futuro GRAVITY+, prometem mudar isto em breve. "Observações de seguimento semelhantes com instrumentos do ESO serão importantes para compreendermos o que se está a passar com esta estrela", conclui Ohnaka.

 

// ESO (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (Astronomy & Astrophysics)

 


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Notícias relacionadas:
SPACE.com
Universe Today
ScienceAlert
PHYSORG
ScienceNews
Newsweek
CNN
SIC Notícias
SAPO
Notícias ao Minuto

WOH G64:
Wikipedia

Supergigante vermelha:
Wikipedia

Grande Nuvem de Magalhães:
Wikipedia
SEDS.org

VLT:
ESO
Wikipedia
VLTI (ESO)
GRAVITY (ESO)

 
   
 
 
 
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