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Cientistas encontram evidências de que um asteroide atingiu o Mar do Norte há mais de 43 milhões de anos
26 de setembro de 2025
 

Ilustração, gerada por inteligência artificial, de um asteroide em direção à Terra.
Crédito: ChatGPT (Dall·E)
 
     
 
 
 

Um debate científico com décadas, acerca das origens da cratera Silverpit, no sul do Mar do Norte, foi resolvido. Novas evidências confirmam que foi causada pelo impacto de um asteroide ou cometa há cerca de 43-46 milhões de anos.

Uma equipa liderada pelo Dr. Uisdean Nicholson, da Universidade Heriot-Watt, em Edimburgo, Escócia, utilizou imagens sísmicas, análises microscópicas de fragmentos de rocha e modelos numéricos para fornecer as evidências mais sólidas até à data de que Silverpit é uma das raras crateras de impacto da Terra. As suas descobertas foram publicadas na revista Nature Communications.

Novos dados põem fim a uma longa controvérsia

A cratera Silverpit encontra-se a 700 metros de profundidade no Mar do Norte, a quase 130 km da costa de Yorkshire, Inglaterra. Desde a sua descoberta em 2002 que a cratera com três quilómetros de diâmetro, rodeada por uma zona de falhas circulares com 20 km de largura, tem estado no centro de um aceso debate entre geólogos.

Estudos iniciais sugeriram que se tratava de uma cratera de impacto. Os cientistas que a descobriram apontaram para o seu pico central, forma circular e falhas concêntricas, características frequentemente associadas a impactos de hipervelocidade.

No entanto, teorias alternativas argumentaram que a estrutura da cratera foi causada pelo movimento do sal nas profundezas do fundo da cratera ou pelo colapso do fundo do mar devido à atividade vulcânica.

Em 2009, geólogos submeteram a formação da cratera a votação, conforme relatado na edição de dezembro desse ano da revista Geoscientist - a maioria votou contra a hipótese de cratera de impacto. Novas evidências provaram que estavam errados.

Um asteroide de 160 metros de diâmetro atingiu o Mar do Norte

A equipa liderada pela Universidade Heriot-Watt utilizou novos dados de imagens sísmicas e evidências do fundo do mar para provar a teoria de impacto.

O Dr. Uisdean Nicholson, sedimentologista da Faculdade de Energia, Geociências, Infraestrutura e Sociedade da Universidade Heriot-Watt, afirmou: "As novas imagens sísmicas proporcionaram-nos uma visão sem precedentes da cratera. Amostras de um poço de petróleo na área também revelaram cristais raros de quartzo e feldspato 'chocados' na mesma profundidade do fundo da cratera.

"Tivemos uma grande sorte ao encontrá-los - um verdadeiro esforço de 'encontrar uma agulha no palheiro'. Comprovam a hipótese de cratera de impacto sem sombra de dúvida, pois têm uma estrutura que só pode ser criada por pressões de choque extremas".

 
Mapa sísmico da Cratera Silverpit.
Crédito: Phil Allen (Production Geoscience Ltd.) e Simon Stewart (BP)
 

Tsunami de 100 metros de altura

O Dr. Nicholson disse: "As nossas evidências mostram que um asteroide de 160 metros de largura atingiu o fundo do mar num ângulo baixo vindo de oeste. Em poucos minutos, criou uma cortina de rocha e água com 1,5 km de altura que então desabou no mar, criando um tsunami com mais de 100 metros de altura".

Encontrando a "arma fumegante"

O professor Gareth Collins, do Imperial College London, participou no debate sobre a cratera Silverpit em 2009 e também forneceu os modelos numéricos para o novo estudo. Afirmou: "Sempre achei que a hipótese de impacto era a explicação mais simples e mais consistente com as observações.

"É muito gratificante ter finalmente encontrado a 'arma fumegante'. Agora podemos prosseguir com o trabalho excitante de usar os novos e surpreendentes dados para aprender mais sobre como os impactos moldam os planetas abaixo da superfície, o que é realmente difícil de fazer noutros planetas".

Rara e excecionalmente bem preservada

O Dr. Nicholson continuou: "Silverpit é uma cratera de impacto hiperveloz rara e excecionalmente bem preservada. São raras porque a Terra é um planeta muito dinâmico - a tectónica de placas e a erosão destroem quase todos os vestígios da maioria desses eventos.

"Existem cerca de 200 crateras de impacto confirmadas em terra, e apenas cerca de 33 foram identificadas no fundo do oceano. Podemos usar estas descobertas para entender como os impactos de asteroides moldaram o nosso planeta ao longo da história, bem como prever o que poderia acontecer se tivéssemos uma colisão de um asteroide no futuro".

A confirmação de Silverpit como cratera de impacto coloca-a ao lado de estruturas como a cratera Chicxulub, no México - associada à extinção em massa dos dinossauros - e a cratera Nadir, na costa oeste da África, que foi recentemente confirmada como local de impacto.

 

// Universidade Heriot-Watt (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (Nature Communications)

 


Quer saber mais?

Cratera Silverpit:
Wikipedia

Cratera de impacto:
Wikipedia
Lista de crateras de impacto na Terra (Wikipedia)

Asteroides:
The Nine Planets
Wikipedia

 
   
 
 
 
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