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A LUZ E ESCURIDÃO DE VÉNUS
23 de Fevereiro de 2008
 

A Venus Express revelou um planeta extraordinariamente dinâmico e com uma meteorologia em extrema larga-escala. Brilhantes neblinas aparecem num espaço de dias, prolongando-se desde o pólo sul até baixas latitudes Sul e desaparecendo tão rapidamente quanto chegaram. Tal 'clima global', nada parecido ao da Terra, deu aos cientistas um novo mistério para resolver.

O mundo coberto por nuvens de Vénus não é, de todo, um globo sem características e estático, observável no visível. Mude para o ultravioleta e revela-se de uma natureza verdadeiramente dinâmica. Marcas transientes, escuras e brilhantes, listam o planeta, indicando regiões onda a radiação ultravioleta do Sol é absorvida ou reflectida, respectivamente.

A Venus Express observou o comportamento da atmosfera do planeta com a sua câmara VMC (Venus Monitoring Camera). Já viu coisas espectaculares. No passado mês de Julho, a VMC capturou uma série de imagens que mostra o desenvolvimento da brilhante neblina Sul. Em poucos dias, o véu a alta-altitude aumentou e diminuiu de brilho, movendo-se para latitudes equatoriais e retrocedendo novamente para o pólo.

Tal clima global sugere que rápidos processos dinâmicos, químicos e microfísicos estão em acção no planeta. Durante estes episódios, o brilho das latitudes polares sul aumentaram por um terço e diminuiram de brilho tão rapidamente, à medida que as partículas de ácido sulfúrico coagulam.

"Esta brilhante camada brilhante de neblina é feita de ácido sulfúrico," diz Dmitri Titov, co-investigador da VMC e Coordenador Científica da Venus Express, do Instituto Max Planck para a Pesquisa no Sistema Solar, Alemanha. Esta composição sugere à equipa do VMC a existência de um processo de formação.

A uma altitude de 70 km e mais abaixo, a atmosfera de Vénus, rica em dióxido de carbono, contém pequenas quantidades de vapor de água e dióxido de enxofre. Estes estão regularmente enterrados na camada de nuvens que bloqueia a nossa visão da superfície em comprimentos de onda do visível.

No entanto, se alguns processos atmosféricos fazem subir estas moléculas para bem mais alto do que o topo das nuvens, são expostas à radiação solar ultravioleta. Isto quebra as moléculas, tornando-as altamente reactivas. Os fragmentos combinam-se rapidamente para formar partículas de ácido sulfúrico, criando a neblina.

"O processo é um pouco semelhante ao que acontece com o 'smog' urbano por cima das cidades," diz Titov. Com mais de 600 órbitas, a equipa do VMC agora planeia procurar padrões de comportamento repetidos na criação e diminuição da camada de neblina.

O que faz com que o vapor de água e o dióxido de enxofre subam até tão grandes altitudes? A equipa ainda não sabe. Titov diz que é provavelmente um processo dinâmico interno na atmosfera do planeta. Também, a influência da actividade solar na formação da neblina não foi ainda completamente posta de parte.

Quando a equipa descobrir o que provoca as neblinas e o seu vigoroso dinamismo, existe ainda outro problema por resolver. As marcas escuras nestas imagens são um dos maiores mistérios que ainda permanece na atmosfera de Vénus. São provocados por algumas espécies químicas, absorvendo a radiação solar ultravioleta. No entanto, os cientistas planetários não sabem ainda a identidade do químico. Agora que conseguem rapidamente detectar estas manchas negras com o VMC, a equipa espera usar outro instrumento da Venus Express, o VIRTIS, para descobrir a composição química exacta destas regiões.

Links:

Notícias relacionadas:
ESA (comunicado de imprensa)
Universe Today
Science Daily

Venus Express:
Página da ESA
NSSDC (NASA)
Wikipedia

Vénus:
Núcleo de Astronomia do CCVAlg
Wikipedia

 


Imagem da atmosfera de Vénus, tirada pela câmara VMC, durante a órbita n.º 443 a 8 de Julho de 2007. Mostra o hemisfério Sul do planeta.
Crédito: ESA/MPS/DLR/IDA
(clique na imagem para ver versão maior)


Imagem da atmosfera de Vénus, tirada pela câmara VMC, durante a órbita n.º 458 a 23 de Julho de 2007. Mostra o hemisfério Sul do planeta.
Crédito: ESA/MPS/DLR/IDA
(clique na imagem para ver versão maior)


Imagem da atmosfera de Vénus, tirada pela câmara VMC, durante a órbita n.º 459 a 24 de Julho de 2007. Mostra o hemisfério Sul do planeta.
Crédito: ESA/MPS/DLR/IDA
(clique na imagem para ver versão maior)


Imagem da atmosfera de Vénus, tirada pela câmara VMC, durante a órbita n.º 462 a 27 de Julho de 2007. Mostra o hemisfério Sul do planeta.
Crédito: ESA/MPS/DLR/IDA
(clique na imagem para ver versão maior)


Imagem da atmosfera de Vénus, tirada pela câmara VMC, durante a órbita n.º 463 a 28 de Julho de 2007. Mostra o hemisfério Sul do planeta.
Crédito: ESA/MPS/DLR/IDA
(clique na imagem para ver versão maior)


Imagem da atmosfera de Vénus, tirada pela câmara VMC, durante a órbita n.º 465 a 30 de Julho de 2007. Mostra o hemisfério Sul do planeta.
Crédito: ESA/MPS/DLR/IDA
(clique na imagem para ver versão maior)


Imagem da atmosfera de Vénus, tirada pela câmara VMC, durante a órbita n.º 470 a 4 de Agosto de 2007. Mostra o hemisfério Sul do planeta.
Crédito: ESA/MPS/DLR/IDA
(clique na imagem para ver versão maior)

 
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