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NASA PODERÁ ENVIAR FROTA DE SONDAS PARA VÉNUS
20 de Março de 2009

 

De acordo com uma equipa da NASA, dois balões de alta-altitude construídos para pairar em nuvens de ácido sulfúrico poderão ser parte de uma frota futura de sondas a serem enviadas para Vénus.

A missão de múltiplos milhares de milhões de dólares - que está sendo considerada para lançamento daqui a 15 anos - poderá ajudar a revelar mais acerca do efeito de estufa de Vénus, quaisquer oceanos que já possa ter tido, e possíveis sinais de actividade vulcânica actual.

Poderá ser a próxima grande missão planetária, após a missão planeada para Júpiter e suas luas, com lançamento previsto para 2020.

A missão a Vénus poderá custar algures entre os 3 e os 4 mil milhões de dólares, e teria lançamento previsto para algures entre 2020 e 2025, segundo a NASA, que em 2008 ordenou a um grupo de cientistas e engenheiros que formulasse objectivos para a missão.

O estudo da equipa, que será anunciado em Abril, traça um plano geral de estudo do planeta nublado, que tem mais em comum com a Terra do que qualquer outro em termos de distância do Sol, tamanho e massa, mas que evoluíu num mundo inóspito onde as temperaturas à superfície atingem os 450ºC e onde chove ácido sulfúrico.

O conceito da missão da equipa inclui uma sonda orbital, dois balões e dois "landers" com um curto tempo de vida, que seriam todos lançados para o espaço em dois foguetões Atlas V.

"O nosso conhecimento de Vénus é tão pequeno, que precisamos realmente desta armada," diz o cientista planetário Mark Bullock do Instituto de Pesquisa do Sudoeste em Boulder, Colorado, EUA, um dos líderes da equipa.

Num todo, a sonda poderia ajudar a revelar o que aconteceu aos oceanos de Vénus. Os cientistas acreditam que água já poderá ter existido em grandes quantidades, o suficiente para cobrir a totalidade do planeta com uma camada de 100 metros de profundidade.

Mas o clima escaldante de Vénus eventualmente evaporou a maioria desta água, um processo que poderá também ter diminuído a velocidade, e eventualmente parado, a actividade tectónica no planeta.

Os dois "landers", que durariam apenas umas poucas horas sob o calor intenso, poderiam procurar provas de minerais formados pela água. Dado que os minerais hidratados têm um tempo de vida limitado, poderiam revelar quanto tempo duraram os oceanos em Vénus, uma questão que poderá ajudar a determinar se a vida pode ou não ter surgido no planeta.

Os dois balões da missão tranportariam, cada um, um conjunto completo de instrumentos científicos com o objectivo de estudar a atmosfera a uma altitude de 55 quilómetros.

Os últimos balões a estudar Vénus, enviados pela União Soviética, desceram para a atmosfera nublada do planeta em 1985. Pensa-se que cada tenha durado uns poucos dias. Mas os balões da NASA poderão ser desenhados para durar um mês, tempo suficiente para cada um circum-navegar o planeta sete vezes.

A missão poderá também revelar mais acerca da origem da actual atmosfera venusiana de dióxido de carbono, que produz enormes pressões superficiais, 90 vezes a da Terra.

É incerto se o planeta já perdeu grande parte da sua atmosfera num impacto cataclísmico, tal como a Terra aquando do impacto que formou a Lua, mais tarde reabastecida graças à actividade vulcânica, ou se permaneceu com a sua atmosfera original.

Os balões e os "landers" poderão estudar esta teoria ao medir isótopos de xénon, um gás inerte relativamente pesado e que por isso permaneceria na atmosfera, impedindo quaisquer impactos violentos. Se os isótopos leves do gás forem relativamente abundantes, isto então poderia sugerir que o planeta manteve grande parte da sua atmosfera original.

Os balões também poderiam testar partículas que poderiam ser usadas para estudar os ventos super-rápidos de Vénus, os quais, por razões ainda desconhecidas, se movem em torno do planeta 60 vezes mais depressa que a sua velocidade de rotação.

A sonda orbital também poderia revelar se a actividade geológica ainda está presente no planeta, ao estudar protuberâncias na superfície que poderiam assinalar actividade vulcânica actual.

Esta actividade tem sido sugerida devido à presença de ácido sulfúrico na atmosfera, mas nunca foi observada. Vénus tem mais vulcões do que qualquer outro planeta no Sistema Solar, e quase 90% da sua superfície está coberta por fluxos de lava basáltica. A descoberta de actividade vulcânica em certos locais ajudaria a explicar o clima extremo do planeta.

Embora tal missão esteja pelo menos a uma década de distância, os trabalhos preliminares precisam de começar agora. "Por esta missão ser um desafio gigantesco, vamos recomendar que a NASA comece a investigar agora a tecnologia necessária," afirma Bullock.

No JPL (Jet Propulsion Laboratory) da NASA, alguma pesquisa está já em andamento, na esperança de eventualmente arranjar fundos para lançar uma missão de apenas um balão para Vénus, de nome VALOR.

O balão é constituído de polímeros muito fortes e contém uma camada de alumínio para deflectir a maioria da radiação solar, que aqueceria o balão e poderia então rebentar. Uma camada de Teflon protege o balão do ácido sulfúrido presente na atmosfera de Vénus.

Ainda este ano, a equipa planeia fazer o primeiro teste do balão. Será usado um helicóptero para levar o protótipo, dobrado, até uma altitude de 2 a 3 km, onde será libertado e enchido com hélio, enquanto cai para a Terra agarrado a um pára-quedas.

Links:

Notícias relacionadas:
New Scientist

Vénus:
Núcleo de Astronomia do CCVAlg
Wikipedia

 


Concepção de artista de um balão flutuando por cima da superfície de Vénus.
Crédito: NASA/JPL
(clique na imagem para ver versão maior)


Um protótipo do balão de Vénus, no JPL.
Crédito: NASA/JPL-Caltech
(clique na imagem para ver versão maior)

 
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