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DESPEDAÇADA POR UM BURACO NEGRO
19 de Julho de 2013

 

Novas observações obtidas com o VLT (Very Large Telescope) do ESO mostram pela primeira vez uma nuvem de gás a ser despedaçada pelo buraco negro de massa extremamente elevada que se encontra no centro da nossa Galáxia. A nuvem está tão esticada que a sua parte da frente já passou pelo ponto mais próximo e desloca-se agora para longe do buraco negro a mais de 10 milhões de quilómetros por hora, enquanto a cauda da nuvem ainda se encontra a cair em direção ao buraco negro.

Em 2011 o VLT descobriu uma nuvem de gás com várias vezes a massa da Terra a acelerar em direcção ao buraco negro que se encontra no centro da Via Láctea. Esta nuvem está agora a efectuar a sua máxima aproximação a este objecto e as novas observações mostram que a nuvem está a ser esticada pelo campo gravitacional extremo do buraco negro.

"O gás que se encontra à cabeça da nuvem está esticado ao longo de mais de 160 mil milhões de quilómetros em torno do ponto mais próximo da órbita do buraco negro. E o ponto de maior aproximação está a apenas um pouco mais do que 25 mil milhões de quilómetros de distância do buraco negro propriamente dito - por pouco não caindo lá para dentro," explica Stefan Gillessen (Instituto Max Planck de Física Extraterrestre, Garching, Alemanha), que liderou a equipa de observação. "A nuvem está tão esticada que atingir o ponto de maior aproximação ao buraco negro é um processo que dura, não apenas um instante, mas um longo período de pelo menos um ano."

À medida que a nuvem de gás se estica, a sua radiação torna-se mais difícil de observar. Mas utilizando o instrumento SINFONI montado no VLT, para observar a região próxima do buraco negro durante mais de 20 horas de exposição - a exposição mais profunda alguma vez feita a esta região com um espectrógrafo de campo integral - a equipa conseguiu medir as velocidades das diferentes partes da nuvem à medida que esta se aproxima o máximo possível do buraco negro central.

"O mais excitante que vemos nestas novas observações é a cabeça da nuvem a deslocar-se outra vez na nossa direcção, ao longo da órbita, a mais de 10 milhões km/h - cerca de 1% da velocidade da luz," acrescenta Reinhard Genzel, líder do grupo de investigação que estuda esta região há quase vinte anos. "O que significa que a parte dianteira da nuvem já passou pelo ponto da órbita mais próximo do buraco negro."

A origem da nuvem de gás permanece um mistério, embora não haja falta de ideias sobre este assunto (os astrónomos pensam que a nuvem de gás possa ter sido criada por ventos estelares emitidos por estrelas que orbitam o buraco negro. Ou pode também ser o resultado de um jacto emitido a partir do Centro Galáctico. Outra opção era a de uma estrela estar no centro da nuvem e neste caso o gás viria, ou de um vento desta estrela, ou de um disco planetário de gás e poeira que se encontrasse em redor da estrela). As novas observações diminuem, no entanto, as possibilidades.

"Tal como um desafortunado astronauta num filme de ficção científica, vemos que a nuvem está a ficar tão esticada que parece esparguete, o que quer dizer que provavelmente não terá uma estrela no seu interior," conclui Gillessen. "Neste momento pensamos que o gás veio muito provavelmente das estrelas que orbitam o buraco negro."

O culminar deste evento cósmico único no centro da nossa Galáxia está a acontecer e a ser observado de perto por astrónomos em todo o mundo. A extensa campanha de observação fornecerá imensos dados, não apenas revelando mais sobre a nuvem de gás, mas também observando as regiões próximas do buraco negro, as quais não tinham ainda sido estudadas anteriormente, e os efeitos da gravidade extremamente elevada.

Links:

Notícias relacionadas:
ESO (comunicado de imprensa)
Artigo científico (formato PDF)
PHYSORG
New Scientist
Astronomy
SPACE.com
Universe Today
redOrbit
Expresso
AstroPT

Sagitário A*:
Wikipedia
WolframAlpha

Buracos negros supermassivos:
Wikipedia
O que é um buraco negro (Hubblesite)

Via Láctea:
Núcleo de Astronomia do CCVAlg
Wikipedia
Centro Galáctico (Wikipedia)
SEDS

VLT:
Página oficial
Wikipedia

ESO:
Página oficial
Wikipedia


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A imagem mostra as observações VLT de 2006, 2010 e 2013, a azul, verde e vermelho, respectivamente. Devido à distância e ao facto de vermos a órbita num plano muito inclinado à medida que a nuvem cai em direção ao buraco negro, apenas podemos ver a posição e não a forma da nuvem na imagem. O modo como a nuvem se encontra esticada pode ser visto em observações da sua velocidade, as quais permitem aos astrónomos descobrir onde se situam as diferentes partes da nuvem na órbita.
Crédito: ESO/S. Gillessen
(clique na imagem para ver versão maior)


Estas observações obtidas pelo instrumento SINFONI, montado no Very Large Telescope do ESO, mostram como é que uma nuvem de gás está a ser esticada e despedaçada à medida que passa perto do buraco negro de massa extremamente elevada situado no centro da nossa Galáxia. O eixo horizontal mostra a extensão da nuvem ao longo da sua órbita e o eixo vertical mostra as velocidades das diferentes partes da nuvem durante os últimos dez anos. A nuvem está agora (2013) esticada de modo dramático e a velocidade da parte dianteira é vários milhões de km/h diferente da velocidade da cauda.
Crédito: ESO/S. Gillessen
(clique na imagem para ver versão maior)

 
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