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FORMAÇÃO DA LUA TROUXE ÁGUA À TERRA
24 de maio de 2019

 


O nascer-da-Terra, a partir de uma perspetiva lunar.
Crédito: NASA Goddard

 

A Terra é ímpar no nosso Sistema Solar: é o único planeta terrestre com uma grande quantidade de água e uma lua relativamente grande, que estabiliza o eixo da Terra. Ambos foram essenciais para a Terra desenvolver a vida. Os planetologistas da Universidade de Munique puderam agora mostrar, pela primeira vez, que a água chegou à Terra com a formação da Lua há cerca de 4,4 mil milhões de anos. A Lua foi formada quando a Terra foi atingida por um corpo com mais ou menos o tamanho de Marte, também chamado Theia. Até agora, os cientistas supunham que Theia era originário do Sistema Solar interior. No entanto, os investigadores de Munique podem agora mostrar que Theia veio do Sistema Solar exterior e que forneceu grandes quantidades de água à Terra. Os resultados foram publicados na revista Nature Astronomy.

Do Sistema Solar exterior para o Sistema Solar interior

A Terra foi formada no Sistema Solar interior "seco" e, portanto, é um tanto ou quanto surpreendente que exista água na Terra. Para entender porque este é o caso, temos que viajar para o passado, para quado o Sistema Solar foi formado há cerca de 4,5 mil milhões de anos. Graças a estudos anteriores, sabemos que o Sistema Solar se tornou estruturado de tal forma que os materiais "secos" foram separados dos materiais "húmidos": os chamados meteoritos "carbonáceos", que são relativamente ricos em água, vêm do Sistema Solar exterior, ao passo que os meteoritos "não-carbonáceos" vêm do Sistema Solar interior. Embora estudos anteriores tenham mostrado que os materiais carbonáceos provavelmente foram os responsáveis por fornecer a água à Terra, não se sabia quando e como esse material carbonáceo - e, portanto, a água - chegou à Terra. "Nós usámos isótopos de molibdénio para responder a esta pergunta. Os isótopos de molibdénio permitem-nos distinguir claramente materiais carbonáceos e não-carbonáceos e, como tal, representam uma 'impressão genética' do material do Sistema Solar exterior e interior," explica o Dr. Gerrit Budde do Instituto de Planetologia em Munique e autor principal do estudo.

As medições feitas pelos investigadores de Munique mostram que a composição isotópica do molibdénio da Terra está entre as dos meteoritos carbonáceos e dos não-carbonáceos, demonstrando que parte do molibdénio da Terra teve origem no Sistema Solar exterior. Neste contexto, as propriedades químicas do molibdénio desempenham um papel fundamental pois, dado que é um elemento que gosta de ferro, a maior parte do molibdénio da Terra está localizado no núcleo. "O molibdénio que é hoje acessível no manto da Terra, portanto, teve origem nos últimos estágios de formação da Terra, enquanto o molibdénio das fases anteriores está inteiramente no núcleo," explica o Dr. Christoph Burkhardt, segundo autor do estudo. Os resultados dos cientistas mostram, assim sendo, e pela primeira vez, que o material carbonáceo do Sistema Solar exterior chegou tarde à Terra.

Mas os cientistas deram ainda outro passo em frente. Eles mostram que a maioria do molibdénio no manto da Terra foi fornecido pelo protoplaneta Theia, cuja colisão com a Terra há 4,4 mil milhões de anos levou à formação da Lua. No entanto, uma vez que grande parte do molibdénio no manto da Terra teve origem no Sistema Solar exterior, isto significa que Theia, propriamente dito, também teve origem no Sistema Solar exterior. Segundo os cientistas, a colisão forneceu material carbonáceo suficiente para explicar a quantidade total de água na Terra. "A nossa abordagem é única porque, pela primeira vez, permite-nos associar a origem da água na Terra com a formação da Lua. Para simplificar, sem a Lua provavelmente não haveria vida Na Terra," comenta Thorsten Kleine, professor de planetologia na Universidade de Munique.

 


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// Universidade de Munique (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (Nature Astronomy)

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CCVAlg - Astronomia
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