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Edição n.º 1003
15/10 a 17/10/2013
 
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EFEMÉRIDES

Dia 15/10: 288.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1582, o papa Gregório XIII implementava o calendário gregoriano. O dia 4 de Outubro deste ano é seguido directamente pelo 15 de Outubro.
Em 1608 nascia Evangelista Torricelli, físico italiano famoso por ter inventado o barómetro. 
Em 1829 nascia Asaph Hall, astrónomo americano famoso por ter descoberto as luas de Marte, Phobos e Deimos.

Determinou também as órbitas de satélites de outros planetas e de estrelas duplas, a rotação de Saturno e a massa de Marte.
Em 1997, era lançada a sonda Cassini para Saturno a partir de Cabo Canaveral. 
Em 2001, a sonda Galileu da NASA passa a 181 km da lua de Júpiter, Io.
Em 2003, a China lança a Shenzhou 5, a sua primeira missão espacial tripulada.
Observações: O canto inferior direito do Quadrado de Pégaso aponta para a Lua esta noite.

Dia 16/10: 289.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 2012, é descoberto o planeta extrasolar Alpha Centauri Bb.

Observações: Antares brilha 1,5º para baixo de Vénus, ao lusco-fusco.

Dia 17/10: 290.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1604, o astrónomo Johannes Kepler observa uma supernova na constelação de Ofíuco.

Observações: A Lua, quase Cheia, brilha para baixo do Quadrado de Pégaso esta noite.

 
CURIOSIDADES


As constelações do Hemisfério Sul da Quilha, Popa e Vela formam Argo Navis, o navio usado por Jasão e os Argonautas para resgatar o Tosão de Ouro.

 
LEVANTAMENTO MAPEIA LOCAIS ONDE AS ESTRELAS NASCEM

Uma equipa de astrónomos liderada por Yancy Shirley do Observatório Steward da Universidade do Arizona completou o maior levantamento de sempre de densas nuvens de gás na Via Láctea - zonas de gás e poeira onde novas estrelas estão a nascer. Catalogando e mapeando mais de 6000 nuvens de gás, o estudo permite com que os astrónomos compreendam melhor as primeiras fases da formação estelar.

"Quando observamos a Via Láctea numa clara noite de Verão, apercebemo-nos que não é uma corrente contínua de estrelas," afirma Shirley. "Ao invés, notamos todas aquelas pequenas manchas escuras onde parece não existir estrelas. Mas essas regiões não estão desprovidas de estrelas - são nuvens escuras que contêm gás e poeira, a matéria-prima a partir da qual as estrelas e planetas se formam na Via Láctea."

Impressão de artista da Via Láctea.
Crédito: Nick Risinger
(clique na imagem para ver versão maior)
 

De acordo com Shirley, o estudo é um importante passo em frente na Astronomia porque permite com que os astrónomos estudem as fases iniciais da formação estelar, quando o gás e poeira nas nuvens estelares estavam começando a coalescer, antes de dar origem a aglomerados de estrelas. Ele explicou que grande parte da pesquisa ao longo dos últimos 30 a 40 anos tem sido muito direccionada para regiões onde potenciais estrelas, as chamadas proto-estrelas, já começaram a tomar forma.

"Todas as grandes e famosas regiões de formação estelar na nossa Galáxia têm sido estudadas em grande detalhe," realça Shirley. "Mas sabemos muito pouco sobre o que acontece naqueles aglomerados sem estrelas, antes do nascimento das proto-estrelas, e onde."

O levantamento fornece o primeiro mapa imparcial da Galáxia, que mostra onde todas essas regiões estão, em diferentes ambientes galácticos e em diferentes estágios evolutivos. Isto ajuda os astrónomos a melhor entender como as propriedades destas regiões mudam com o avançar da formação estelar.

"Os aglomerados sem estrelas só foram detectados, até à data, em pequenos números," afirma Shirley. "Agora, pela primeira vez, vimos esta primeira fase de formação estelar, antes da formação do enxame, em grandes números e de forma imparcial."

De acordo com o astrónomo, a taxa de formação estelar na Via Láctea era maior no passado, e actualmente as estrelas formam-se a um ritmo de uma massa solar por ano.

Quanto tempo é preciso para uma se tornar "adulta"?

Impressão de artista da Via Láctea, sobreposta com os resultados do levantamento de nuvens de formação estelar nas fases iniciais. Cada ponto representa uma densa nuvem escura de gás e poeira no processo de colapsar para dar origem a um futuro enxame de estrelas. A maioria destas regiões encontram-se nos braços espirais da Galáxia.
Crédito: Renderização R. Hurt: NASA/JPL-Caltech/SSC
(clique na imagem para ver versão maior)
 

"Isto é algo que nós esperamos ser capazes de calcular, comparando o número de fontes naquela fase inicial, com o número de fontes numa fase posterior," explicou Shirley. "A relação entre os dois diz-nos quanto tempo dura cada fase. No nosso levantamento parecem haver menos regiões que ainda não começaram a formar estrelas do que aquelas que já começaram, o que nos diz que a fase inicial deve ser mais curta. Se essa fase durasse mais tempo, deviam existir em maior número."

Dado que as densas acumulações de poeira são impermeáveis à luz no espectro visível, os astrónomos não podem observá-las com telescópios ópticos.

"Para aqueles de nós que querem estudar a formação das estrelas, isto constitui um problema real, porque se queremos observar uma estrela jovem ou um aglomerado de estrelas que se forma nessas nuvens escuras, toda a poeira fica no caminho," afirma Shirley.

No entanto, verifica-se que a mesma poeira que bloqueia a luz visível, brilha em comprimentos de onda longos, especificamente no rádio, que são cerca de um milhão de vezes maiores do que a luz visível.

"O calor que emana dos jovens enxames estelares que se formam dentro das nuvens, combinado com a radiação ambiente e até mesmo a luz estelar da galáxia circundante, tudo isso aquece esses grãos de poeira um pouco acima do zero absoluto," afirma Shirley. "Como resultado, brilham, permitindo-nos espreitar o interior das nuvens com um radiotelescópio em comprimentos de onda longos."

Para o seu estudo, que cobre todas as partes do plano galáctico visível a partir do Hemisfério Norte, o grupo usou o Telescópio Sub-Milimétrico do Observatório Rádio do Arizona, equipado com um novo receptor sensível. Shirley acrescenta que foi a proximidade e acessibilidade do telescópio operado pela sua universidade que tornou este projecto possível.

O estudo foi publicado na revista The Astrophysical Journal.

Links:

Notícias relacionadas:
Universidade do Arizona (comunicado de imprensa)
Artigo científico (formato PDF)
PHYSORG

Via Láctea:
Núcleo de Astronomia do CCVAlg
Wikipedia
SEDS

Formação estelar:
Wikipedia

Observatório Steward:
Universidade do Arizona
Wikipedia

 
ASTERÓIDE EM REDOR DE ESTRELA MORIBUNDA APONTA PARA EXOPLANETAS HABITÁVEIS

As investigações mais recentes sobre relíquias rochosas num sistema planetário distante, agora para lá do seu "leito de morte", sugerem que tinha um "sistema de entrega" de água muito semelhante ao nosso e, consequentemente, o potencial para criar exoplanetas habitáveis com água.

Astrónomos descobriram os destroços de um asteróide que continha grandes quantidades de água em órbita de uma estrela exausta, ou anã branca. Isto sugere que a estrela GD 61 e seu sistema planetário - localizado a cerca de 150 anos-luz e no final da sua vida - tinha o potencial para albergar exoplanetas semelhantes à Terra. Esta é a primeira vez que a água e uma superfície rochosa - dois "ingredientes-chave" dos planetas habitáveis - foram encontrados juntos para lá do nosso Sistema Solar.

A Terra é essencialmente um planeta "seco", com apenas 0,02% da sua massa como água superficial, por isso os oceanos vieram muito depois da sua formação: muito provavelmente quando asteróides ricos em água do Sistema Solar colidiram com o nosso planeta. A nova descoberta mostra que o mesmo "sistema de entrega" pode ter ocorrido no distante sistema solar desta estrela moribunda - como as evidências mais recentes apontam contendo um tipo similar de asteróide rico em água que teria trazido as primeiras águas até à Terra.

Impressão de artista de um asteróide rochoso e rico em água, sendo despedaçado pela gravidade da anã branca GD 61.
Crédito: Mark Garlick
(clique na imagem para ver versão maior)
 

O asteróide analisado é composto por 26% de água, muito semelhante a Ceres, o maior asteróide na cintura principal de asteróides do nosso Sistema Solar. Em comparação com a Terra, ambos são muito mais ricos em água. Astrónomos das Universidades de Cambridge e Warwick dizem que esta é a primeira evidência confiável de material rochoso e rico em água em qualquer sistema exoplanetário.

Descrevem-na como um "olhar para o nosso futuro", pois daqui a seis mil milhões de anos, os astrónomos alienígenas estudando os restos rochosos em torno do nosso Sol podem chegar à mesma conclusão - que planetas terrestres já orbitaram a nossa estrela-mãe.

As novas descobertas da pesquisa fizeram uso do Telescópio Espacial Hubble da NASA e foram publicadas na edição de 10 de Outubro da revista Science.

Todos os planetas rochosos formaram-se a partir da acumulação de asteróides, crescendo até ao seu tamanho final, por isso os asteróides são essencialmente os "blocos de construção" de planetas. "A descoberta de água num grande asteróide significa que os blocos de construção de planetas habitáveis existiram - e talvez ainda existem - no sistema de GD 61, e provavelmente também em torno de um número substancial de estrelas semelhantes," afirma o autor principal Jay Farihi, do Instituto de Astronomia de Cambridge.

"Estes blocos de construção ricos em água, e os planetas terrestres que criam, podem de facto ser comuns - um sistema não pode criar coisas tão grandes como asteróides e evitar a construção de planetas, e GD 61 tinha os ingredientes para transportar muita água até às suas superfícies," afirma Farihi. "Os nossos resultados demonstram que definitivamente havia potencial para planetas habitáveis neste sistema exoplanetário."

Os cientistas dizem que a água detectada veio provavelmente de um planeta menor, com pelo menos 90 km em diâmetro mas provavelmente muito maior, que já orbitou a estrela GD 61 antes de se tornar anã branca há cerca de 200 milhões de anos atrás.

As observações astronómicas anteriores e actuais mediram o tamanho e densidade dos exoplanetas, mas não a sua composição. Isto porque o trabalho convencional foi feito em planetas que orbitavam estrelas "vivas". Mas a única maneira de ver do que um planeta distante é feito é desmontá-lo, dizem os investigadores, e a natureza faz isso por nós num sistema com uma anã branca moribunda graças à sua atracção gravitacional extrema - sugando e triturando o material circundante.

Estes detritos, que "poluem" a atmosfera da anã branca, podem ser quimicamente analisados usando poderosas técnicas espectrográficas que "destilam todo o asteróide, núcleo e tudo," realçam.

A equipa detectou uma gama de "abundância elementar" na atmosfera contaminada da anã branca - tal como magnésio, silício e ferro que, em conjunto com o oxigénio, são os principais componentes de rochas. Ao calcular o número desses elementos em relação ao oxigénio, os cientistas foram capazes de prever a quantidade de oxigénio que deve existir na atmosfera da anã branca - mas encontraram "significativamente" mais oxigénio do que se houvessem apenas rochas.

"Este excesso de oxigénio pode ser transportado por água ou carbono, e nesta estrela não existe praticamente nenhum carbono - indicando que deve ter havido água substancial," afirma o co-autor Boris Gänsicke, da Universidade de Warwick. "Isto exclui também cometas, que são ricos em água e em compostos de carbono, por isso sabíamos que estávamos a observar um asteróide rochoso com um teor substancial de água - talvez sob a forma de gelo no subsolo - como os asteróides que conhecemos no nosso Sistema Solar, tais como Ceres, afirma Gänsicke.

As observações ultravioletas são a única maneira de obter medições tão precisas dos níveis de oxigénio nos detritos em redor de uma anã branca - o que só pode realizado acima da atmosfera da Terra. A equipa usou o instrumento COS (Cosmic Origins Spectrograph) a bordo do Hubble para obter os dados necessários, com a análise química calculada pelo membro da equipa Detlev Koester, da Universidade de Kiel.

Os "corpos planetários", como estes asteróides que caem e poluem esta estrela moribunda - que, no seu auge, foi três vezes "mais pesada" que o nosso Sol - também revelam que os exoplanetas gigantes provavelmente ainda existem neste sistema remoto e minguante. "A fim de que os asteróides passem suficientemente perto da anã branca para serem destruídos, e depois comidos, têm que ser perturbados desde a cintura de asteróides - essencialmente empurrados - por um planeta gigante," acrescenta Farihi.

"Estes asteróides dizem-nos que o sistema GD 61 teve - ou ainda tem - planetas rochosos, terrestres, e a forma como poluem a anã branca diz-nos que planetas gigantes provavelmente ainda lá existem. "Isto reforça a ideia de que a estrela originalmente tinha em órbita um conjunto completo de planetas terrestres e provavelmente gigantes gasosos - um sistema complexo semelhante ao nosso."

Links:

Notícias relacionadas:
Hubble (comunicado de imprensa)
Universidade de Cambridge (comunicado de imprensa)
Universidade de Warwick (comunicado de imprensa)
Science (requer subscrição)
PHYSORG
Nature
ScienceNews
New Scientist
Science World Report
io9
BBC News

GD 61:
Wikipedia
SIMBAD

Planetas extrasolares:
Wikipedia
Lista de planetas confirmados (Wikipedia)
Lista de planetas não confirmados (Wikipedia)
Lista de exoplanetas potencialmente habitáveis (Wikipedia)
Lista de extremos (Wikipedia)
PlanetQuest
Enciclopédia dos Planetas Extrasolares
Exosolar.net

Telescópio Espacial Hubble:
Hubble, NASA 
ESA
STScI
SpaceTelescope.org
Wikipedia

 
ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS - Glóbulos Cometários
(clique na imagem para ver versão maior)
Crédito: Telescópio Subaru (NAOJ) e DSSMontagem e Processamento: Robert Gendler
 
Formas brilhantes e fluidas reúnem-se perto do centro deste rico campo estelar na direcção das fronteiras das constelações Sul de Popa e Vela. Composto por gás e poeira interestelar, este agrupamento de glóbulos cometários está a 1300 anos-luz de distância. A energética luz ultravioleta de estrelas quentes e vizinhas moldou os glóbulos e ionizou os seus limites brilhantes. Os glóbulos também se afastam do resto de supernova da Vela, resto este que pode ter influenciado as suas formas. No seu interior, núcleos de gás frio e poeira estão provavelmente em colapso para criar estrelas de baixa massa, cuja formação acabará por dispersar os glóbulos. De facto, o glóbulo cometário CG30 (para cima e para a direita no grupo) ostenta um pequeno brilho avermelhado perto da sua cabeça, um sinal revelador de jactos energéticos oriundos de uma estrela nos estágios iniciais de formação.
 

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