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Edição n.º 1319
28/10 a 31/10/2016
 
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28/10/16 - APRESENTAÇÃO ÀS ESTRELAS + OBSERVAÇÃO COM TELESCÓPIO
19:30 - Este evento inclui uma apresentação sobre um tema a determinar, seguido de observação astronómica noturna com telescópio (dependente de meteorologia favorável). Este mês iremos tratar da mudança de hora sob o ponto de vista astronómico.
Local: CCVAlg
Preço: 2€ - adultos, 1€ jovens (crianças até 12 anos grátis)
Pré-inscrição: siga este link
Telefone: 289 890 922
E-mail: info@ccvalg.pt

 
EFEMÉRIDES

Dia 28/10: 302.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1971 a Grã-Bretanha lança o Prospero, o seu primeiro satélite. 
Em 1974, lançamento da sonda Luna 23, missão soviética de recolha de amostras lunares. Mas o dispositivo de recolha falhou e nenhumas amostras foram enviadas.
Em 2009, a NASA lança com sucesso a sua missão Ares I-X, o único lançamento do cancelado programa Constellation

Observações: O alinhamento baixo a sudoeste, ao lusco-fusco, de Saturno, Vénus e Antares, começa agora a "dobrar-se" para o outro lado, à medida que Vénus se move para este.
Por volta da mesma hora, procure Arcturo baixo a oeste-noroeste.

Dia 29/10: 303.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1991, a sonda Galileu faz a sua maior aproximação de 951 Gaspra, a primeira a visitar um asteroide.
Em 1998, o vaivém espacial Discovery partia para o espaço na missão STS-95, levando a bordo o astronauta John Glenn de 77 anos.

Glenn, que fora o primeiro norte-americano a orbitar a Terra em 1962, tornou-se deste modo a pessoa mais velha a alguma vez ter estado no espaço.
Observações: O "Fantasma dos Sóis de Verão". O "Halloween" aproxima-se, e isto significa que Arcturo, a estrela reluzente baixa a oeste-noroeste depois do pôr-do-Sol, está a tomar o lugar como "o Fantasma dos Sóis de Verão". Durante os vários dias que rodeiam o dia 29 de outubro, todos os anos, Arcturo ocupa um lugar especial acima do horizonte. Marca o local onde o Sol esteve, à mesma hora, durante os quentes meses de junho e julho - durante o dia, claro está.
Por isso, durante os últimos dias deste mês, cada ano, pode pensar de Arcturo como o frio fantasma de "Halloween" correspondente ao Sol do verão que já passou.
Não se esqueça que amanhã é dia de atrasar a hora!

Dia 30/10: 304.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1981, lançamento da soviética Venera 13. A Venera 13 transmitiu fotografias e dados de Vénus até março de 1983.
Em 1985, o vaivém espacial Challenger é lançado na STS-61-A, a sua última missão bem sucedida.

Observações: Mudança de hora. Às 02:00 de dia 30 de outubro, atrase os seus relógios 60 minutos.
Lua Nova, pelas 18:40.

Dia 31/10: 305.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1992, o Vaticano (Papa João Paulo II) anuncia que a Igreja Católica errou em condenar Galileu, que afirmava que a Terra não era o centro do Universo.
Em 2000, lançamento da Soyuz TM-31, transportando a primeira tripulação residente da Estação Espacial Internacional. A ISS permanece tripulada continuamente desde aí.

Observações: Volte a observar o trio constituído por Vénus, Saturno e Antares, baixos a sudoeste ao lusco-fusco. Reparou que Vénus deslocou-se bastante em relação aos dias anteriores? Assim continuará durante alguns meses.
Por volta das 20 ou 21 horas, dependendo de onde vive, a brilhante Capella está exatamente à mesma altura no céu, a nordeste, que Fomalhaut a sul.

 
CURIOSIDADES


Apesar das anãs vermelhas serem, de longe, o tipo estelar mais comum na Via Láctea (pelo menos na vizinhança do Sol), devido à sua baixa luminosidade não são facilmente observáveis. Da Terra, nenhuma é visível a olho nu.
A anã vermelha mais brilhante é Lacaille 8760, com magnitude 6,7, situada a 12,9 anos-luz. Em comparação, Proxima Centauri, a 4,25 anos-luz, tem magnitude 11,05.

 
JOVEM SISTEMA APANHADO A FORMAR ESTRELAS MÚLTIPLAS

Pela primeira vez, astrónomos observaram um disco poeirento de material em redor de uma estrela jovem a fragmentar-se num sistema estelar múltiplo. Os cientistas há muito que suspeitavam da existência deste processo, provocado pela instabilidade gravitacional, mas novas observações com o ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array) e com o VLA (Karl G. Jansky Very Large Array) revelaram o processo em ação.

"Este novo trabalho suporta diretamente a conclusão de que existem dois mecanismos que produzem sistemas estelares múltiplos - fragmentação de discos circunstelares, como vemos aqui, e fragmentação da maior nuvem de gás e poeira a partir da qual se formam estrelas jovens," afirma John Tobin, da Universidade de Oklahoma e do Observatório de Leiden na Holanda.

Imagem ALMA do sistema L1448 IRS3B, com duas jovens estrelas no seu centro e uma terceira distante delas. A estrutura espiral no disco de poeira em seu redor indica instabilidade.
Crédito: Bill Saxton, ALMA (ESO/NAOJ/NRAO), NRAO/AUI/NSF
(clique na imagem para ver versão maior)
 

As estrelas formam-se em nuvens gigantes de gás e poeira, quando o material nas nuvens colapsa gravitacionalmente em núcleos mais densos que começam a atrair material adicional para dentro. O material em queda forma um disco em redor de uma estrela jovem. Eventualmente, a estrela jovem reúne massa suficiente para criar temperaturas e pressões, no seu centro, que desencadeiam reações termonucleares.

Os estudos anteriores haviam indicado que os sistemas estelares múltiplos tendem a ter companheiras, ou relativamente perto, até cerca de 500 vezes a distância Terra-Sol, ou significativamente separadas, mais de 1000 vezes essa distância. Os astrónomos concluíram que as diferenças de distância resultam de diferentes mecanismos de formação. Os sistemas mais separados, dizem, são formados quando os fragmentos maiores da nuvem se formam através de turbulência, e observações recentes têm apoiado essa ideia.

Imagem do sistema L1448 IRS3B que reúne dados do ALMA e do VLA.
Crédito: Bill Saxton, ALMA (ESO/NAOJ/NRAO), NRAO/AUI/NSF
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Pensava-se que os sistemas mais íntimos resultavam da fragmentação do disco mais pequeno em redor da jovem protoestrela, mas essa conclusão era baseada principalmente na relativa proximidade das estrelas companheiras.

"Agora, vimos esta fragmentação do disco em ação," comenta Tobin.

Tobin, Kaitlin Kratter da Universidade do Arizona, e seus colegas usaram o ALMA e o VLA para estudar um jovem sistema triplo chamado L1448 IRS3B, localizado numa nuvem de gás na direção da constelação de Perseu, a cerca de 750 anos-luz da Terra. A mais central das estrelas jovens está separada das outras duas por 61 e 183 vezes a distância Terra-Sol. Todas as três são cercadas por um disco de material que o ALMA revelou ter uma estrutura espiral, uma característica que, segundo os astrónomos, indica instabilidade no disco.

Impressão de artista de como o sistema estelar triplo se desenvolve. À esquerda, o disco de material fragmenta-se em protoestrelas separadas. À direita, o sistema estelar resultante.
Crédito: Bill Saxton, NRAO/AUI/NSF
(clique na imagem para ver versão maior)
 

"Este sistema tem provavelmente menos de 150.000 anos," acrescenta Kratter. "A nossa análise indica que o disco é instável e a mais separada das três protoestrelas pode ter-se formado apenas nos últimos 10.000 a 20.000 anos," realça.

O sistema L1448 IRS3B, concluíram os astrónomos, fornece evidências observacionais diretas de que a fragmentação no disco pode produzir sistemas estelares múltiplos muito cedo no seu desenvolvimento.

"Nós esperamos agora encontrar outros exemplos deste processo e aprender qual a sua contribuição para a população de estrelas múltiplas," conclui Tobin.

Os cientistas apresentaram os seus achados na edição de 27 de outubro da revista Nature.

Links:

Notícias relacionadas:
Observatório ALMA (comunicado de imprensa)
NRAO (comunicado de imprensa)
Artigo científico (PDF)
Nature
COSMOS
ScienceDaily
SPACE.com
PHYSORG
Discover
The Verge
Gizmodo

Formação estelar:
Wikipedia
Sistema estelar (Wikipedia)

ALMA:
Página principal
ALMA (NRAO)
ALMA (NAOJ)
ALMA (ESO)
Wikipedia

VLA:
Página oficial
Wikipedia

 
ESTUDO: PLANETA EM ÓRBITA DE ESTRELA MAIS PRÓXIMA PODE SER HABITÁVEL
Esta impressão artística mostra uma vista da superfície do planeta Proxima b, o qual orbita a estrela anã vermelha Proxima Centauri, a estrela mais próxima do Sistema Solar. A estrela dupla Alfa Centauri AB também pode ser vista na imagem por cima e à direita de Proxima Centauri. Proxima b é um pouco mais massivo que a Terra e orbita na zona habitável de Proxima Centauri, zona onde a temperatura permite a existência de água líquida à superfície do planeta.
Crédito: ESO/M. Kornmesser
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Um planeta extrasolar com uma massa parecida com a da Terra foi recentemente detetado em torno de Proxima Centauri, a estrela mais próxima do Sol. Este exoplaneta, chamado Proxima b, está numa órbita que lhe permite ter água líquida à superfície, levantando assim a questão da sua habitabilidade. Num estudo que será publicado na revista The Astrophysical Journal Letters, uma equipa internacional liderada por investigadores do Laboratório de Astrofísica de Marselha determinou as dimensões do planeta e as propriedades da sua superfície, o que na verdade favorecem a sua habitabilidade.

A equipa diz que Proxima b pode ser um "planeta oceânico," com um oceano que cobre toda a sua superfície, a água talvez idêntica à dos oceanos subterrâneos detetados no interior de luas geladas de Júpiter e Saturno. Os investigadores também mostram que a composição de Proxima b pode ser parecida com a de Mercúrio, com um núcleo de metal que corresponde a dois-terços da massa do planeta. Estes resultados fornecem a base para estudos futuros a fim de determinar a habitabilidade de Proxima b.

Proxima Centauri, a estrela mais próxima do Sol, tem um sistema planetário que consiste em, pelo menos, um planeta. O novo estudo analisa e complementa observações anteriores. Estas novas medições mostram que o exoplaneta, chamado Proxima Centauri b ou simplesmente Proxima b, tem uma massa parecida com a da Terra (1,3 massas terrestres) e orbita a sua estrela a uma distância de 0,05 UA (um-décimo da distância Sol-Mercúrio). Ao contrário do que se poderia pensar, esta pequena distância não implica uma alta temperatura à superfície de Proxima b porque a sua estrela hospedeira, Proxima Centauri, é uma anã vermelha com apenas um-décimo da massa e do raio do Sol e um brilho mil vezes mais fraco. Assim sendo, Proxima b está na zona habitável da sua estrela e pode abrigar água líquida à sua superfície.

No entanto, sabe-se muito pouco sobre Proxima b, particularmente o seu raio. Por isso, é impossível saber o aspeto do planeta ou a sua composição. A medição do raio de um exoplaneta é normalmente feita durante um trânsito, quando eclipsa a sua estrela. Mas Proxima b parece não transitar Proxima Centauri.

Esta impressão artística mostra o planeta Proxima b em órbita da estrela anã vermelha Proxima Centauri, a estrela mais próxima do Sistema Solar. A estrela dupla Alfa Centauri AB também pode ser vista na imagem entre o planeta e Proxima Centauri. Proxima b é um pouco mais massivo que a Terra e orbita na zona de habitabilidade da Proxima Centauri, zona onde a temperatura permite a existência de água líquida à superfície do planeta.
Crédito: ESO/M. Kornmesser
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Existe outro método para estimar o raio de um planeta. Se conhecermos a sua massa, podemos simular o comportamento dos materiais constituintes. Este é o método usado por uma equipa franco-americana do Laboratório de Astrofísica de Marselha e do Departamento de Astronomia da Universidade de Cornell. Com a ajuda de um modelo de estrutura interna, exploraram as diferentes composições que podem estar associadas com Proxima b e deduziram os valores correspondentes para o raio do planeta. Eles restringiram o seu estudo para o caso de planetas potencialmente habitáveis, simulando planetas densos e sólidos, formados com o núcleo metálico e manto rochoso encontrado em planetas terrestres no nosso Sistema Solar. Também permitiram a incorporação de uma grande massa de água na sua composição.

Estes pressupostos permitem uma grande variedade de composições para Proxima b. O raio do planeta pode variar entre 0,94 e 1,40 vezes o raio da Terra (6371 km). O estudo mostra que Proxima b tem um raio mínimo de 5990 quilómetros, e a única maneira de obter este valor é tendo um planeta muito denso, composto por um núcleo metálico com uma massa igual a 65% do planeta, sendo o resto manto rochoso (formado por silicatos). A fronteira entre estes dois materiais está, então, localizada a uma profundidade de 1500 quilómetros. Com uma tal composição, Proxima b é muito parecido com o planeta Mercúrio, que também tem um núcleo metálico muito sólido. Este primeiro caso não exclui a presença de água à superfície do planeta, pois na Terra o conteúdo de água não ultrapassa os 0,05% da massa do planeta. Em contraste, Proxima b também pode ter um raio de 8920 quilómetros, desde que seja composto por 50% rocha rodeada por 50% de água. Neste caso, Proxima b estaria coberto por um único oceano líquido com 200 quilómetros de profundidade. Abaixo, a pressão seria tão alta que a água estaria sob a forma de gelo antes de atingir o limite do manto a 3100 km de profundidade. Nestes casos extremos, uma fina atmosfera de gás podia cobrir o planeta, como na Terra, tornando Proxima b potencialmente habitável.

Estes resultados fornecem informações adicionais importantes para diferentes cenários de composição que foram propostos para Proxima b. Alguns envolvem um planeta completamente seco, enquanto outros permitem a presença de uma quantidade significativa de água na sua composição. O trabalho da equipa de investigação incluiu o fornecimento de uma estimativa do raio do planeta para cada um destes cenários. Do mesmo modo, isto restringiria a quantidade de água disponível em Proxima b, onde a água é propensa à evaporação devido aos raios ultravioleta e raios-X da estrela hospedeira, que são muito mais violentos do que os do Sol.

As observações futuras de Proxima Centauri irão aperfeiçoar este estudo. Em particular, a medição das abundâncias estelares de elementos pesados (magnésio, ferro, silício) irá diminuir o número de composições possíveis para Proxima b, permitindo a determinação mais precisa do seu raio.

Links:

Núcleo de Astronomia do CCVAlg:
14/10/2016 - Proxima Centauri pode ser mais parecida com o Sol do que se pensava
26/08/2016 - Encontrado planeta na zona habitável da estrela mais próxima

Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
Laboratório de Astrofísica de Marselha (comunicado de imprensa)
SPACE.com
Popular Science
Space Daily

Proxima Centauri:
Wikipedia
Proxima Centauri b (Wikipedia)
Proxima Centauri b (Exoplanet.eu)

Anãs vermelhas:
Wikipedia
Habitabilidade de sistemas com anãs vermelhas (Wikipedia)

Planetas extrasolares:
Wikipedia
Lista de planetas (Wikipedia)
Lista de exoplanetas potencialmente habitáveis (Wikipedia)
Lista de extremos (Wikipedia)
Open Exoplanet Catalogue
PlanetQuest
Enciclopédia dos Planetas Extrasolares

Zona habitável:
Wikipedia
Simulador de zonas habitáveis (Universidade do Nebraska-Lincoln)

 
PREFERENCIALMENTE, PLANETAS DO TAMANHO DA TERRA COM MUITA ÁGUA
Esta impressão de artista mostra dois planetas do tamanho da Terra, TRAPPIST-1b e TRAPPIST-1c, passando em frente da sua estrela hospedeira, que é muito mais pequena e fria que o nosso Sol.
Crédito: NASA/ESA/STScI/J. de Wit (MIT)
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Simulações de computador, por astrofísicos da Universidade de Berna, da formação de planetas em órbita na zona habitável de estrelas baixa massa, como Proxima Centauri, mostram que são mais propensos a ser aproximadamente do tamanho da Terra e a conter grandes quantidades de água.

Em agosto de 2016, o anúncio da descoberta de um exoplaneta terrestre a orbitar na zona habitável de Proxima Centauri estimulou a imaginação dos especialistas e do público em geral. Afinal de contas, esta é a estrela mais próxima do Sol apesar de ser dez vezes menos massiva e 500 vezes menos luminosa. Esta descoberta, juntamente com a de maio de 2016 de um planeta parecido em órbita de uma estrela ainda mais leve (TRAPPIST-1), convenceu os astrónomos de que as anãs vermelhas (estas duas estrelas são anãs vermelhas) podem ser as anfitriãs de uma grande população de planetas parecidos com a Terra.

Como é que estes objetos são? Qual a sua constituição? Yann Alibert e Willy Benz do NCCR PlanetS e Centro do Espaço e Habitabilidade da Universidade de Berna realizaram as primeiras simulações de computador da população de planetas que se espera orbitarem estrelas dez vezes menos massivas que o Sol.

"Os nossos modelos conseguem reproduzir planetas semelhantes com os observados recentemente em termos de massa e período," Yann Alibert explica acerca do resultado do estudo que foi aceite para publicação na revista Astronomy and Astrophysics. "Curiosamente, descobrimos que os planetas em órbitas íntimas em torno deste tipo de estrelas são de pequeno tamanho. Normalmente, variam entre 0,5 e 1,5 raios terrestres com um pico a rondar o raio da Terra. As descobertas futuras vão dizer-nos se estamos corretos!" comenta o investigador.

Gelo no fundo do oceano global

Além disso, os astrofísicos determinaram o teor de água dos planetas em órbita da sua pequena hospedeira na zona habitável. Descobriram que, considerando todos os casos, cerca de 90% dos planetas contêm mais do que 10% de água. Em comparação: a água corresponde a apenas 0,02% da massa total da Terra. Assim, a maioria destes planetas alienígenas são, literalmente, mundos de água! A situação pode até ser ainda mais extrema caso os discos protoplanetários, a partir dos quais estes planetas se formam, perdurem mais tempo do que o previsto nos modelos. Em qualquer caso, estes planetas estariam cobertos por oceanos muito profundos, no fundo dos quais, devido à enorme pressão, a água estaria na forma de gelo.

A água é necessária para a vida como a conhecemos. Será que estes planetas podem ser, de facto, habitáveis? "Pensa-se que a água líquida é um ingrediente essencial, mas demasiada água também pode ser mau," afirma Willy Benz. Em estudos anteriores, os cientistas de Berna mostraram que um demasiado alto conteúdo de água pode impedir a regulação da temperatura à superfície e destabilizar o clima. "Mas esse seria um cenário para a Terra, aqui lidamos com planetas consideravelmente mais exóticos que podem ser submetidos a um ambiente de radiação muito mais duro, e/ou encontrarem-se em rotação síncrona," acrescenta.

Seguindo o crescimento de embriões planetários

Para dar início aos seus cálculos, os cientistas consideraram uma série de algumas centenas a milhares de estrelas de massa baixa e idêntica e em redor de cada uma um disco protoplanetário de gás e poeira. Os planetas são formados pela acreção deste material. Alibert e Benz assumiram que, no início, em cada disco encontravam-se 10 embriões planetários com uma massa inicial igual à massa da Lua. Ao fim de alguns dias de processamento de computador, para cada sistema, o modelo calculou como estes embriões localizados aleatoriamente cresceram e migraram. O tipo de planetas que se formaram depende da estrutura e evolução dos discos protoplanetários.

"Habitável ou inabitável, o estudo de planetas em órbita de estrelas de baixa massa trará, provavelmente, novos e excitantes resultados, melhorando o nosso conhecimento da formação, evolução e habitabilidade planetária," resume Willy Benz. Dado que estas estrelas são consideravelmente menos luminosas do que o Sol, os planetas podem estar muito mais próximos da estrela antes da sua temperatura à superfície se tornar demasiado elevada para a existência de água líquida. Se se considerar que este tipo estelar também representa a esmagadora maioria de estrelas na vizinhança solar e que os planetas íntimos são, atualmente, mais fáceis de detetar e estudar, compreende-se a importância da existência desta população de planetas parecidos com a Terra.

Links:

Núcleo de Astronomia do CCVAlg:
14/10/2016 - Proxima Centauri pode ser mais parecida com o Sol do que se pensava
16/09/2016 - Conheça a estrela, conheça o planeta
26/08/2016 - Encontrado planeta na zona habitável da estrela mais próxima
22/07/2016 - Hubble faz o primeiro estudo atmosférico de exoplanetas do tamanho da Terra
03/05/2016 - Três mundos potencialmente habitáveis em torno de uma estrela anã muito fria

Notícias relacionadas:
Universidade de Berna (comunicado de imprensa)
PlanetS (comunicado de imprensa)
Artigo científico (arXiv.org)
Astronomy Now
PHYSORG

Proxima Centauri:
Wikipedia
Proxima Centauri b (Wikipedia)
Proxima Centauri b (Exoplanet.eu)

TRAPPIST-1:
Open Exoplanet Catalogue
Wikipedia
TRAPPIST-1b (Wikipedia)
TRAPPIST-1b (Exoplanet.eu) 
TRAPPIST-1c (Wikipedia) 
TRAPPIST-1c (Exoplanet.eu)

Anãs vermelhas:
Wikipedia
Habitabilidade de sistemas com anãs vermelhas (Wikipedia)

Planetas extrasolares:
Wikipedia
Lista de planetas (Wikipedia)
Lista de exoplanetas potencialmente habitáveis (Wikipedia)
Lista de extremos (Wikipedia)
Open Exoplanet Catalogue
PlanetQuest
Enciclopédia dos Planetas Extrasolares

Zona habitável:
Wikipedia
Simulador de zonas habitáveis (Universidade do Nebraska-Lincoln)

 
VLT DO ESO DETETA HALOS GIGANTES, BRILHANTES E INESPERADOS EM TORNO DE QUASARES DISTANTES
Esta imagem composta mostra 18 dos 19 quasares observados por uma equipa internacional de astrónomos, liderada pelo ETH de Zurique, na Suíça. Cada um dos quasares observados encontra-se rodeado por um halo gasoso brilhante. Esta é a primeira vez que um rastreio de quasares mostra tais halos brilhantes em torno de todos os quasars observados.
A descoberta foi feita com o auxílio do instrumento MUSE montado no Very Large Telescope do ESO.
Crédito: ESO/Borisova et al.
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Uma equipa internacional de astrónomos descobriu nuvens de gás brilhante em torno de quasares distantes. Esta é a primeira vez que todos os quasares num rastreio apresentam estes halos, dos quais as assinaturas inconfundíveis foram observadas pelo instrumento MUSE montado no VLT (Very Large Telescope) do ESO. As propriedades dos halos desta descoberta surpreendente encontram-se também em total desacordo com as atuais teorias aceites para a formação de galáxias no Universo primordial.

Uma colaboração internacional de astrónomos, liderada por um grupo do Instituto Federal de Tecnologia da Suíça (ETH), em Zurique, usou o poder sem precedentes do instrumento MUSE montado no VLT, instalado no Observatório do Paranal do ESO, para estudar o gás que rodeia galáxias ativas distantes, observadas a menos de dois mil milhões de anos após o Big Bang. Estas galáxias ativas, chamadas quasares, contêm buracos negros supermassivos nos seus centros, os quais consomem estrelas, gás e qualquer outro material a um ritmo extremamente elevado. Este fenómeno, por sua vez, faz com que os centros destas galáxias emitam enormes quantidades de radiação, tornando os quasares os objetos mais luminosos e ativos do Universo.

O estudo envolveu 19 quasares, selecionados entre os mais brilhantes que podiam ser observados com o MUSE. Estudos anteriores tinham mostrado que cerca de 10% de todos os quasares examinados se encontram rodeados por halos compostos de gás do meio intergaláctico, halos estes que se estendem até cerca de 300.000 anos-luz de distância do centro dos quasares. No entanto, este novo estudo revelou-se surpreendente, detetando halos enormes em torno de todos os 19 quasares observados — muito mais do que os dois halos que se esperavam estatisticamente. A equipa suspeita que este efeito se deva ao enorme aumento de poder de observação do MUSE comparativamente aos instrumentos do mesmo tipo anteriormente utilizados, no entanto são necessárias mais observações para se determinar se este é efetivamente o caso.

"Ainda é cedo para dizer se este resultado se deve à nossa nova técnica observacional ou se se trata de algo peculiar nos quasares da nossa amostra. Ainda temos muito que aprender; começámos agora uma nova era de descobertas", disse a autora principal do trabalho Elena Borisova, do ETH de Zurique.

O objetivo inicial do estudo era analisar as componentes gasosas do Universo a larga escala: a estrutura por vezes referida como rede cósmica, da qual os quasares são nodos brilhantes. As componentes gasosas desta rede são normalmente extremamente difíceis de detetar, por isso os halos iluminados de gás que rodeiam os quasares fornecem-nos uma oportunidade quase única para estudar o gás no seio desta estrutura cósmica de larga escala.

Os 19 halos recentemente detetados revelaram também outra surpresa: são constituídos por gás intergaláctico relativamente frio — com cerca de 10.000 graus Celsius. Esta descoberta está em perfeito desacordo com os atuais modelos aceites geralmente para a estrutura e formação de galáxias, os quais sugerem que gás tão próximo das galáxias deve apresentar temperaturas superiores a um milhão de graus.

A descoberta mostra o potencial do instrumento na observação deste tipo de objetos. Sebastiano Cantalupo, coautor do trabalho, está muito entusiasmado com o novo instrumento e as oportunidades que este nos traz: "Neste estudo explorámos as capacidades únicas do MUSE, o que nos abre caminho para futuros rastreios. Combinada com uma nova geração de modelos teóricos e numéricos, esta aproximação continuará a proporcionar-nos uma nova janela para a formação da estrutura cósmica e evolução de galáxias."

Links:

Notícias relacionadas:
ESO (comunicado de imprensa)
Artigo científico (PDF)
Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço
EurekAlert!
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AstroPT

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TAMBÉM EM DESTAQUE
  "Ferradura" cósmica não é um símbolo de sorte (via Universidade da Califórnia, Riverside)
Mil milhões de anos após o Big Bang, quase todos os átomos foram destruídos (ionizados), mas os astrónomos não sabem o que levou a isto. Eles assumem que as galáxias emergentes emitiram luz ultravioleta energética suficiente para ionizar todos os átomos. No entanto, os astrónomos não compreendem a velocidade de fuga dos fotões ionizantes destas primeiras galáxias. Ler fonte
     
  STEREO: 10 anos de ciência solar revolucionária (via NASA)
Lançadas há 10 anos atrás, no dia 25 de outubro de 2006, as naves gémeas da missão STEREO (Solar and Terrestrial Relations Observatory), têm-nos dado imagens sem precedentes do Sol, incluindo as primeiras vistas da totalidade de uma estrela ao mesmo. Juntaram-se a uma frota de naves da NASA que estudam o Sol e a sua influência sobre a Terra e sobre o espaço. Ler fonte
 
ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS - Uma Lula Gigante e Um Morcego
(clique na imagem para ver versão maior)
Crédito: Rolf Geissinger
 
Muito ténue, mas também muito grande no céu do planeta Terra, a Nebulosa da Lula, catalogada como Ou4, e Sh2-129, também conhecida como a Nebulosa do Morcego, foram aqui fotografadas nesta cena cósmica na direção da constelação de Cefeu. Composta por quase 17 horas de dados de banda estreita, o campo telescópico mede 4 graus ou 8 Luas Cheias. Descoberta em 2011 pelo astrofotógrafo francês Nicolas Outters, a forma bipolar e sedutora da Nebulosa da Lula distingue-se pela reveladora emissão azul-verde dos átomos duplamente ionizados de oxigénio. Embora, aparentemente, completamente rodeada pela emissão avermelhada do hidrogénio da região Sh2-129, uma investigação recente sugere que Ou4 está situada dentro de Sh2-129 a cerca de 2300 anos-luz de distância. Consistente com esse cenário, Ou4 representaria um fluxo espetacular impulsionado por HR8119, um sistema triplo de estrelas quentes e massivas que podem ser vistas perto do centro da nebulosa. A verdadeiramente gigante Nebulosa da Lula mede quase 50 anos-luz de comprimento.
 

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