AS CHUVAS DE ESTRELAS DE AGOSTO
Para os astrónomos amadores
do Hemisfério Norte o mês de Agosto é normalmente
considerado o "mês dos meteoros", com uma das melhores chuvas de
estrelas a ocorrer cerca do meio do mês. Essa chuva de estrelas
constitui um espectáculo que é conhecido como
"Perseidas".

Uma chuva de estrelas tem origem num ponto que recebe o nome de radiante.
Neste caso trata-se de uma concepção de artista acerca de umas Leónidas sendo
visível a constelação de Leão, com a "juba" no radiante.
Este ano prevê-se que as
Perseidas venham a ser espectaculares, pois coincidem com a Lua nova, o
que significa a existência de céus escuros para os
meteoros poderem brilhar. No entanto, para além das Perseidas,
existem outros espectáculos que se podem observar para já.
Em geral as chuvas de estrelas
são mais visíveis durante a segunda metade da noite. A
razão para isto prende-se com a nossa posição na
Terra. Devido aos movimentos de rotação e
translação da Terra ocorrerem no sentido directo (o
sentido oposto ao dos ponteiros do relógio) quando observados de
sobre o Pólo Norte, até à meia-noite (tempo
universal) encontramos-nos nas traseiras do movimento da Terra em torno
do Sol. Isso implica que para um meteoro ser visto, ele terá que
mover-se no mesmo sentido mas com uma velocidade superior à da
Terra. Entre a meia-noite e o meio dia, deslocamo-nos na "parte da
frente" da Terra, à medida que esta se movimenta pelo
espaço, o que faz com que choquemos contra os grãos de
poeira que são, entre outros, restos de caudas de cometas que
ficaram abandonados na região do espaço que a Terra
está a atravessar.
Nestas colisões frontais,
os meteoros atingem a nossa atmosfera a velocidades que variam os 12 e
os 70 km/s. A sua energia cinética é rapidamente
dissipada sob a forma de calor e radiação, que por
ionização criam os rastos de vida curta conhecidos como
estrelas cadentes.
Os meteoros de Verão
são particularmente visíveis entre o meio de Junho e a
terceira semana de Agosto. As chuvas de estrelas recebem o nome de
acordo com o ponto de uma constelação onde se encontra o
seu radiante, que é o ponto do céu de onde todos os
meteoros de uma chuva de estrelas parecem aparecer. Entre hoje e o dia
15 existem 6 espectáculos menores que são (entre
parentesis apresenta-se a data do máximo):
-
Delta Aquaridas do Sul, desde 12 de Julho a 19 de Agosto (28 de Julho). Ocorrem cerca de 15 por hora, ténues e com pouca velocidade.
-
Alfa Capricórnidas, de 3 de Julho a 15 de Agosto (30 de Julho). Ocorrem 4 a 5 por hora, lentos, brilhantes com algumas "bolas de fogo"..
-
Iota Aquaridas do Sul, de 25 de Julho a 15 de Agosto (4 de Agosto). Ocorrem 1 a 2 por hora, ténues e com velocidade média.
-
Delta Aquaridas do Norte, de 15 de Julho a 25 de Agosto (8 de Agosto). Ocorrem 1 a 4 por hora, ténues e com velocidade média.
-
K Cisnidas, de 3 de Agosto a 25 de Agosto (18 de Agosto). Ocorrem 1 a 3 por hora, movendo-se lentamente e por vezes brilhantes.
-
Iota Aquaridas do Norte, de 11 de Agosto a 31 de Agosto (20 de Agosto). Ocorrem 1 a 3 por hora, ténues e com velocidade média.
Para observar a única coisa
necessária são os olhos e alguma paciência. Os
telescópios e binóculos são perfeitamente
inúteis quando se trata de meteoros rápidos.
O máximo de meteoros que um
observador consegue ver depende largamente das condições
do céu. Os valores apresentados acima são para
céus onde a magnitude observável seja a partir de 6,5, o
que significa um céu bastante escuro sem
contaminação da poluição luminosa de
povoações humanas.
A visibilidade também
depende da altura a que se encontra o radiante. O nosso punho fechado e
com o braço esticada representa cerca de 10º no céu.
Se o radiante estiver 30º acima do horizonte, o número de
meteoros observável será metade do indicado, se estiver
15º acima do horizonte será um terço.
Não se esqueça de
reservar a noite de 12 para 13 de Agosto para observar a maior das
chuvas de estrelas do Verão: as Perseidas.

As Perseidas olhando para nordeste no dia 12 de Agosto.
As perseidas requerem menos
paciência que as outras chuvas de estrelas para que se possam
observar meteoros. Sob um céu escuro é possível
observar um a dois meteoros por minuto.
Não deixe de tentar
observar os meteoros ao longo do mês de Agosto e aproveite para
ver as outras maravilhas que apenas são visíveis com
binóculos ou telescópio. Um pouco por todo o país
pode encontrar astrónomos a fazer "Astronomia no Verão"
que não deixarão de o tentar ajudar a ver tudo o que
é possível nesta altura do ano. Para saber onde observar
próximo de si, consulte as informações constantes
na página oficial da Astronomia no Verão, da
Agência Ciência Viva em http://www.cienciaviva.pt/veraocv/astronomia/astro2007/.
Se estiver no Algarve, venha a Faro observar ao Centro Ciência Viva do Algarve.
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