O físico e futurista Freeman Dyson diz que deveríamos pesquisar vida extraterrestre onde é mais fácil de a descobrir, mesmo se as condições aí não forem ideais para a vida como a conhecemos. Especificamente, diz que sondas poderiam partir em busca de flores - semelhantes àquelas encontradas nas regiões árticas da Terra - em luas geladas e cometas no Sistema Solar exterior.
"Eu diria que a estratégia da busca de vida no Universo devia ser a de procurar o que é detectável, não o que é provável," disse Sábado passado numa conferência em Cambridge, Massachusetts, EUA. "Nós temos uma tendência, entre os teóricos deste campo, de adivinhar o que é provável. De facto, as nossas hipóteses estão provavelmente erradas," disse Dyson. "Nunca tivémos tanta imaginação como a Natureza."
Ele afirma que as sondas deveriam procurar sinais de vida na lua gelada de Júpiter, Europa, dado que ela aí seria detectável. Europa, que se pensa ter um oceano de água líquida por baixo da sua concha gelada, há muito que é um alvo para os astrobiólogos, que suspeitam que o interior possa ser salubre para a vida. Mas procurar por baixo da superfície gelada da lua é difícil. As estimativas da espessura do gelo já têm variado entre menos de 1 km e mais de 100 km.
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Esta flor do ártico e outras flores a altas-latitudes têm formas parabólicas para focar a luz solar nas partes reproductivas nos seus centros. O físico Freeman Dyson diz que tais plantas podem evoluír também noutros mundos.
Crédito: Ansgar Walk
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A vida, no entanto, pode ser visível a partir de sondas em órbita, se habitasse em fendas no gelo de Europa, que ligassem a superfície ao interior, afirma Dyson. Tal vida poderia tomar a forma de flores com uma forma parabólica que se focasse na ténue luz solar caíndo sobre Europa, e sobre o interior da planta. As flores com tais formas existem em climas árticos aqui na Terra, onde as plantas evoluíram para maximizar a energia solar.
As flores de Europa poderiam ser detectáveis através de um fenómeno chamado retroreflexão, no qual a luz é reflectida de volta para a sua origem, acrescenta Dyson. Este efeito óptico é visto em luz reflectida a partir dos olhos dos animais, e é usada no desenho de sinais rodoviários, e também em espelhos deixados na Lua pelos astronautas das missões Apollo.
Embora os "girassóis" de Dyson possam desabrochar em Europa, podem até estar espalhadas por outros locais no Sistema Solar. "Podemos imaginar que uma vez que tenhamos flores alimentadas através das raízes, poderiam evoluír na direcção de ficarem independentes," disse Dyson.
Se as plantas se espalhassem para objectos mais distantes e pequenos dos dois reservatórios cometários do Sistema Solar, a cintura de Kuiper e a nuvem de Oort, poderiam estar menos sujeitas à gravidade e poderiam facilmente crescer em tamanho para maximizar a recolha solar, conclui Dyson.
Europa será uma das duas luas exploradas em profundidade por uma colaboração planeada entre a NASA e a ESA a começar em 2026, quando se espera que um par de sondas alcancem Júpiter.
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New Scientist
Universe Today
Europa:
Núcleo de Astronomia do CCVAlg
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