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Núcleo de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve
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ASTROBOLETIM N.º 599
De 13/11 a 15/11/2009
 
 
 

Dia 13/11: 317.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1833, deu-se a Grande Chuva de Meteoros Leónidas. Durante as quatro horas que precederam o nascer-do-dia, os detritos do cometa Tempel-Tuttle iluminaram o céu nocturno, causando pânico a quem os observava.
Em 1971, a sonda americana Mariner 9 torna-se na primeira a orbitar Marte.

Em 1999, a falha de um quarto giroscópio deixa em maus lençóis o Telescópio Espacial Hubble até que o encontro SM3A (missão STS-103 do vaivém espacial) o repara a 20 de Dezembro de 1999.
Observações: Antes das 21 horas, observe a sombra de Io passar pela atmosfera de Júpiter.

Dia 14/11: 318.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1969, lançamento da Apollo 12 às 11:22 EST do Centro Espacial Kennedy.

A segunda aterragem lunar aterrou no Oceano das Tempestades, perto do local de aterragem da Surveyor 3.
Em 1971, programa Mariner: a Mariner 9 chega a Marte, tornando-se na primeira sonda a orbitar outro planeta.
Em 1999, primeira confirmação de um planeta extrasolar.
Em 2003, os astrónomos Michael E. Brown, Chad Trujillo e David L. Rabinowitz descobrem 9033 Sedna, um objecto trans-Neptuniano.
Observações: Fomalhaut, a "Estrela de Outono", está na sua altura máxima a Sul ao princípio da noite em Novembro. Para a encontrar, siga o lado direito (oeste) do Grande Quadrado de Pégaso e bem para baixo. Fomalhaut é uma versão ligeiramente mais pequena e fria de Vega - e tal como Vega, os astrónomos detectaram um grande disco de detritos em torno da estrela. Ambas estão a 25 anos-luz. Estão separadas no nosso céu por quase 90º, o que nos diz que estão 35 anos-luz entre si no espaço.

Dia 15/11: 319.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1738, nascia William Herschel.

Foi o primeiro astrónomo a fazer observações sistemáticas do espaço para além do nosso Sistema Solar. Descobriu Urano (1781), o movimento do Sol na Via Láctea (1785), a companheira do binário de Castor (1804, e de acordo com as leis de Kepler), e a radiação infravermelha. Herschel também descobriu muitos enxames, nebulosas e galáxias enquanto observava o céu nocturno e compilou catálogos cujos dados básicos são ainda hoje utilizados.
Em 1966, a Gemini 12 regressa à Terra caindo no Atlântico em segurança.
Em 1988, a União Soviética lança o seu primeiro e último vaivém espacial, o Buran.
Em 1990, O Space Shuttle Atlantis é lançado na missão STS-38.
Observações: Neptuno na sua quadratura Este, pelas 23:10.
Aproveite a noite para observar com binóculos o enxame duplo de Perseu.

 
 
 
Numa colisão entre galáxias existe formação e desaparecimento de estrelas. No entanto, a colisão é na sua maior parte colisão entre gás e poeiras e não colisão de estrelas propriamente ditas.
 
 
 
AIA 2009
 
 
  EXOPLANETAS FORNECEM PISTAS PARA EXPLICAR A ESTRANHA QUÍMICA DO SOL  
 

Com base num censo de 500 estrelas, 70 das quais conhecidas por possuírem planetas, estabeleceu-se uma relação entre o "mistério do lítio" observado no Sol e a presença de sistemas planetários. Utilizando o espectrógrafo do ESO, HARPS, uma equipa de astrónomos descobriu que estrelas do tipo do Sol que albergam planetas destroem o seu lítio com muito mais eficácia do que as estrelas sem planetas. Esta descoberta não só ajuda a compreender a falta de lítio na nossa estrela, como também fornece aos astrónomos um método muito eficaz para procurar estrelas com sistemas planetários.

"Durante quase 10 anos tentámos descobrir o que diferencia as estrelas que apresentam sistemas planetários das que não os possuem," diz Garik Israelian, primeiro autor do artigo que aparece esta semana na revista Nature. "Acabámos de descobrir que a quantidade de lítio em estrelas do tipo solar depende da existência ou não de planetas na sua órbita."

Desde há várias décadas que se tem vindo a observar níveis baixos deste elemento químico no Sol, quando comparados com outras estrelas do tipo solar, e os astrónomos têm sido incapazes de explicar esta discrepância. A descoberta de uma tendência para baixos valores de lítio em estrelas que albergam planetas explica de forma natural este mistério de longa data. "Para nós, a explicação deste mistério com mais de 60 anos é bastante simples," acrescenta Israelian. "O Sol tem lítio a menos porque tem planetas."

Combustão do lítio no interior de uma estrela.
Crédito: ESO/L. Calçada
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Esta conclusão baseia-se na análise de 500 estrelas, incluindo 70 que albergam planetas. A maioria destas estrelas foram monitorizadas durante vários anos com o instrumento do ESO, High Accuracy Radial Velocity Planet Searcher. Este espectrógrafo, conhecido como HARPS, está montado no telescópio de 3.6 metros do ESO e é o principal descobridor de exoplanetas do mundo. "Esta é a melhor amostra disponível até à data, que nos permite estudar o que torna únicas as estrelas que possuem sistemas planetários," diz o co-autor Michel Mayor.

Os astrónomos observaram particularmente estrelas do tipo do Sol, as quais perfazem quase um quarto da amostra. Descobriram que a maioria das estrelas que albergam planetas possuem menos de 1% da quantidade de lítio observado nas outras estrelas. "Tal como o nosso Sol, estas estrelas foram muito eficazes na destruição do lítio que tinham aquando da sua formação," diz Nuno Santos, membro da equipa. "Utilizando a nossa amostra, bastante extensa e única, podemos também demonstrar que o motivo desta redução de lítio não se relaciona com nenhuma outra propriedade da estrela, como por exemplo a sua idade."

Contrariamente à maioria dos elementos mais leves que o ferro, os núcleos leves de lítio, berílio e boro não são produzidos em grande quantidade nas estrelas. Com efeito, pensa-se que o lítio, composto por apenas três protões e quatro neutrões, foi produzido essencialmente depois do Big Bang, há cerca de 13.7 mil milhões de anos. A maioria das estrelas têm, por isso, a mesma quantidade de lítio, a não ser que este elemento tenha sido destruído no interior da estrela.

Este resultado proporciona igualmente aos astrónomos um novo método, bastante eficaz, na procura de sistemas planetários: ao verificar a quantidade de lítio presente numa estrela os astrónomos podem decidir quais as estrelas que terão provavelmente planetas e que por isso necessitarão de observações complementares.

Agora que a relação entre a presença de planetas e os curiosos baixos níveis de lítio se estabeleceu, o mecanismo físico por detrás deste efeito tem que ser estudado. "Existem vários processos pelos quais um planeta pode perturbar os movimentos internos da matéria no interior da estrela hospedeira, alterando a distribuição dos vários elementos químicos e possivelmente provocando a destruição de lítio. Cabe agora aos teóricos descobrir quais destes processos terão maior probabilidade de se produzir," conclui Mayor.

Links:

Notícias relacionadas:
ESO (comunicado de imprensa)
Artigo científico (formato PDF)
Nature
SPACE.com
Scientific American
PHYSORG.com
Universe Today
Science Daily
National Geographic
BBC News
The Register
MSNBC

Planetas extrasolares:
Wikipedia
Wikipedia (lista)
Wikipedia (lista de extremos)
Catálogo de planetas extrasolares vizinhos (PDF)
PlanetQuest
Enciclopédia dos Planetas Extrasolares
Exosolar.net
Extrasolar Visions

ESO:
Página oficial
Wikipedia

VLT:
Página oficial
Wikipedia

 
     
 
 
  SERÁ QUE O "FLYBY" DA ROSETTA INDICA UMA NOVA FÍSICA EXÓTICA?  
 

O que faz com que as sondas acelerem misteriosamente? O voo rasante da caçadora de cometas, Rosetta, pela Terra no dia 13 de Novembro, é uma oportunidade perfeita para descobrir realmente o que se passa.

A anomalia emergiu em 1990, quando a sonda Galileu da NASA passou pela Terra para receber um impulso da gravidade do planeta e ganhou 3,9 milímetros por segundo mais do que o esperado. E a sonda Rosetta da ESA teve um inesperado aumento de aproximadamente 1,8 mm/s durante um anterior flyby da Terra em 2005.

Os cientistas excluíram algumas explicações mundanas, como a resistência atmosférica ou o efeito de divergências na forma da Terra. Isto levou alguns investigadores a propôr como consequência uma nova física exótica, tal como modificações da relatividade geral de Einstein, a teoria actualmente aceite da gravidade.

Impressão de artista do "flyby" da Rosetta pela Terra.
Crédito: ESA
 

Todos os olhos estão agora na Rosetta, que passa pela Terra às 07:45 (hora de Portugal) de hoje, dia 13. Está a caminho de um cometa, e vai passar a cerca de 2500 km da superfície a mais de 13 km/s. Se ganhar uns extra 1,1 mm/s, relativamente à Terra, justifica uma fórmula que reproduz as anomalias observadas até agora.

A fórmula, publicada em 2008 por um ex-cientista da NASA, John Anderson, e sua equipa, sugere que a rotação da Terra pode estar a distorcer o espaço-tempo mais do que o esperado e por isso a influenciar sondas vizinhas, embora ninguém consiga explicar como. A relatividade geral prevê que corpos com rotação distorçam a estrutura do espaço em redor, mas o valor esperado é demasiado pequeno para explicar as anomalias observadas.

"Estou definitivamente ansioso por este flyby," afirma Anderson, que está a trabalhar com os membros da equipa da Rosetta para observar qualquer anomalia.

No entanto, qualquer anomalia não será imediatamente óbvia porque a mudança esperada é minúscula. "Penso que vai demorar alguns dias ou semanas até que tenhamos confirmação da ocorrência de uma anomalia," acrescenta.

Curiosamente, a anterior passagem rasante da Rosetta pela Terra, em 2007, não produziu qualquer anomalia. Será provavelmente devido à sua muito maior altitude, cerca de 5300 km por cima da superfície da Terra, diz Anderson. Ele sugere que o efeito pode ficar mais fraco com a distância à Terra: "Muito provavelmente existe uma dependência com a distância - apenas não sabemos qual é."

Links:

Núcleo de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve:
Sonda Rosetta finalmente lançada (09/03/2004)
Escolhidos os dois asteróides para aproximação da Rosetta (12/03/2004)
Primeira observação científica da Rosetta (01/06/2004)
A semana dos "flybys" (28/02/2007)
Contagem decrescente para "fly-by" por asteróide (03/09/2008)
Rosetta passa por Steins: um diamante no céu (06/09/2008)
Rosetta faz último "flyby" pela Terra a 13 de Novembro (06/11/2009)

Notícias relacionadas:
ESA (comunicado de imprensa)

Sonda Rosetta:
ESA
Blog da Rosetta (ESA)
Wikipedia

 
     
 
 
     
  Grandes Observatórios Exploram Centro Galáctico - Crédito: NASA, ESA, SSC, CXC, e STScI  
  Foto  
  (clique na imagem para ver versão maior)  
     
 

Onde nos pode levar o telescópio? Há quatrocentos anos atrás, o telescópio levou Galileu à Lua para descobrir crateras, a Saturno para descobrir anéis, a Júpiter para descobrir luas, a Vénus para descobrir fases, e ao Sol para descobrir manchas solares. Em celebração dos feitos telescópicos de Galileu e como parte do Ano Internacional da Astronomia, a NASA usou toda a sua frota de Grandes Observatórios, e a Internet, para nos mostrar o centro da Galáxia. Na imagem, em grande detalhe e em mais cores, estão as imagens combinadas do Hubble perto do infravermelho, do Spitzer no infravermelho, e do Chandra em raios-X. São aqui visíveis vastos campos estelares, bem como densos enxames, longos filamentos de gás e poeira, grandes restos de supernova, e os arredores energéticos do que é provavelmente o buraco negro central da Via Láctea. Muitas destas características podem ser consultadas com legenda numa imagem complementar. Claro, a ampliação de um telescópio e a sua capacidade para recolher luz, cria apenas uma imagem do que uma pessoa pode ver se visitar esses lugares. Para realmente lá ir, precisamos foguetões.

 


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