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Núcleo de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve
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ASTROBOLETIM N.º 600
De 18/11 a 19/11/2009
 
 
 

Dia 18/11: 322.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1923 nascia Alan Shepard, a segunda pessoa (e o primeiro americano) no espaço. Mais tarde comandou a missão Apollo 14, e foi a quinta pessoa na Lua. Morreu em 1998.
Em 1989 a NASA lança o COBE (Cosmic Background Explorer).

Os instrumentos a bordo estudaram toda a esfera celeste a cada seis meses. As operações terminaram a 23 de Dezembro de 1993. A partir de Janeiro de 1994, foi transferido para o Wallops e serviu como satélite de teste.
Em 1999, usando câmaras de vídeo, David Palmer, Brian Cudnick e Pedro Sada registam um impacto de uma Leónida na Lua. O evento torna-se no primeiro impacto cósmico lunar confirmado. Os outros únicos impactos cósmicos observados da Terra foram a colisão dos restos do Cometa Shoemaker-Levy 9 com Júpiter em 1994 e o recente evento de Julho de 2009 (sem contar com outros criados artificialmente).
Observações: Aproveite a noite para observar Júpiter, brilhando a Sul ou Sudoeste estas noites. Para baixo e para a esquerda está Fomalhaut. Para cima e para a direita do planeta está Altair.

Dia 19/11: 323.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1881, um meteorito aterra perto da vila de Grossliebenthal, no Sudoeste de Odessa, Ucrânia.
Em 1969, a Apollo 12 faz a segunda aterragem humana na Lua.
Em 1999, a China lança a primeira missão Shenzhou não tripulada para órbita às 22:30 GMT.

Torna-se assim na terceira nação da História a lançar um veículo capaz de transportar uma pessoa até ao espaço depois da antiga União Soviética e dos Estados Unidos.
Observações: Aproveite a noite para observar com uns binóculos o famoso enxame aberto das Plêiades (M45). Contém cerca de 500 membros visuais, com pelo menos seis das suas quentes estrelas de primeira magnitude visíveis a olho nu.

 
 
 
A sonda Dawn - a caminho do asteróide Vesta e do planeta anão Ceres - adquiriu permanência residente na cintura de asteróides, desde 13 de Novembro. A sonda Dawn é oficialmente o primeiro objecto feito pelo Homem a tornar-se parte da cintura de asteróides, que se encontra entre as órbitas de Marte e Júpiter.
 
 
 
AIA 2009
 
 
  PROJECTO RECORDE DE RADIOASTRONOMIA MEDE O CÉU COM EXTREMA PRECISÃO  
 

Astrónomos irão juntar a maior colecção de radiotelescópios do mundo para trabalhar como uma única ferramenta de observação num projecto com o objectivo de melhorar a precisão do quadro de referência que os cientistas usam para medir posições no céu.

Distribuição geográfica da rede.
Crédito: IVS
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Durante 24 horas, começando hoje, 18 de Novembro, e acabando amanhã, Quinta, dia 19, 35 rádiotelescópios localizados em sete continentes irão observar 243 quasares distantes. Os quasares, galáxias com buracos negros supermassivos nos seus núcleos, são pródigos emissores de ondas de rádio, e estão também tão distantes que, apesar dos seus reais movimentos no espaço, parecem estacionários vistos da Terra. Esta falta de movimento aparente torna-os marcos celestes ideais para ancorar um sistema de rede, parecido à latitude e longitude terrestres, usado para marcar as posições dos objectos celestes.

Dados de todos os radiotelescópios serão combinados num todo para funcionarem como um único sistema capaz de medir posições celestes com uma precisão extremamente alta. A técnica usada, denomada VLBI (very long baseline interferometry ou interferometria astronómica), é já usada há décadas, tanto para a pesquisa geodésica como para a astronómica. No entanto, nenhuma prévia observação tinha usado tantos radiotelescópios ou observado tantos objectos numa única sessão. O recorde actual situa-se nos 23 telescópios.

Numa reunião no Brazil no passado mês de Agosto, a União Astronómica Internacional adoptou um novo quadro de referência para as posições celestes que entrará em uso a partir de 1 de Janeiro. Este novo quadro de referência usa um conjunto de 295 quasares para definir posições, tal como as marcas de referência de um perito numa subdivisão suburbana. Mesmo com os 35 radiotelescópios espalhados por todo o mundo, existem algumas falhas na cobertura do céu, e a observação de hoje irá observar 243 desses 295.

Posição dos quasares em estudo nesta sessão.
Crédito: IVS
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Ao observar tantos quasares numa única sessão de observação, podem ser evitados os problemas de ligação de posição de uma sessão de observação para outra, dizem os astrónomos. O resultado será uma grelha de referência muito mais forte e precisa. Irão participar nesta iniciativa telescópios na Ásia, Austrália, Europa, América do Norte, América do Sul, Antártica e no Pacífico.

O melhoramento da grelha celeste permitirá aos astrónomos melhor localizar as posições e medir os movimentos dos objectos no céu. À medida que os astrónomos estudam cada vez mais os objectos usando múltiplos telescópios e em diferentes comprimentos de onda, tal como no visível, no rádio, infravermelho, etc., o melhorado quadro de referência permitirá uma maior e mais precisa sobreposição de diferentes imagens.

Este novo quadro de referência celeste também fortalece um quadro de referência terrestre usado para as medições dos radiotelescópios que contribui para a pesquisa geofísica. As precisas medições geodésicas ajudam os geofísicos a melhor compreender fenómenos como as placas tectónicas, as marés, e os processos que afectam a orientação do nosso planeta no espaço.

A observação com múltiplos telescópios será acompanhada por actividades públicas em conjunto com a celebração do Ano Internacional da Astronomia. Uma página web dedicada à observação será alojada pelo Observatório de Bordeaux, e alguns dos telescópios participantes terão webcams disponíveis para consulta.

Links:

Sessão Astrométrica VLBI (AIA 2009):
Página oficial (Observatório de Bordeaux)
NRAO
IVS

Quasares:
Wikipedia
Quasars and Reshift

Ano Internacional da Astronomia:
Página portuguesa
Página internacional

 
     
 
 
  GRANDES QUANTIDADES DE ÁGUA DESCOBERTAS NA LUA  
 

É oficial: há água na Lua, e muita. Quando derretida, a água pode potencialmente ser usada para consumo dos astronautas ou para extraír hidrogénio para combustível.

A sonda LCROSS da NASA descobriu camadas de água gelada no pólo sul da Lua quando aí colidiu no mês passado, anunciaram na semana passada os cientistas da missão. As descobertas confirmam as suspeitas anteriormente anunciadas, e em grande.

"É verdade, descobrimos água. E não foi pouca, descobrimos uma grande quantidade," disse Anthony Colaprete, cientista do projecto LCROSS e seu investigador principal, do Centro de Pesquisa Ames da NASA em Moffett Field, Califórnia, EUA.

A sonda LCROSS colidiu no pólo sul lunar, numa cratera chamada Cabeus, no passado dia 9 de Outubro. A sonda, que custou 79 milhões de dólares, e que foi precedida pelo estágio do foguetão Centaur, atingiu a superfície lunar num esforço de criar uma pluma de detritos para os cientistas analisarem em busca de sinais de água gelada.

Dados do espectómetro infravermelho. A curva vermelha mostra como o especto seria para uma nuvem de poeira, amena (230º C), "cinzenta" ou "incolor". As áreas amarelas indicam as bandas da absorção da água.
Crédito: NASA
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Estes sinais foram visíveis nos dados de medições espectográficas (que medem a luz absorvida em diferentes comprimentos de onda, revelando diferentes elementos) da cratera do estágio Centaur e da pluma de detritos, bi-partida, que o impacto criou. A assinatura da água foi observada tanto em medições no infravermelho como no ultravioleta.

"Vemos evidência de água em dois instrumentos," afirma Colaprete. "E é isso que nos torna realmente confiantes nas nossas descobertas."

Com base nas medições dos seus instrumentos, a equipa estima ter observado cerca de 100 kg de água na área da cratera de impacto (com cerca de 20 metros de diâmetro) e no manto de detritos libertados (entre 60 e 80 metros de diâmetro), acrescenta Colaprete. "Estou impressionado com a quantidade de água que vimos na nossa pequena cratera com 20 metros".

"O que é realmente excitante é que atingimos apenas um local. É como procurar petróleo: uma vez que o descubramos num lugar, é muito provável que exista também nas redondezas," disse Peter Schultz, professor de ciências geológicas na Universidade de Brown e co-investigador da missão LCROSS.

Imagem da câmara no vísivel, que mostra a pluma de detritos, cerca de 20 segundos após o impacto da LCROSS na Lua.
Crédito: NASA
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Esta descoberta de água não significa que a Lua é molhada como a Terra, mas é provavelmente mais molhada que alguns dos desertos mais secos da Terra, afirma Colaprete. E mesmo esta pequena quantidade é valiosa para as possíveis missões futuras, realça Michael Wargo, cientista lunar para os Sistemas de Exploração na sede da NASA.

Os cientistas há muito que suspeitavam que as crateras em sombra perpétua no pólo sul da Lua poderiam ser frias o suficiente para manter água gelada à superfície, com base em detecções de hidrogénio por prévias missões lunares. A água já tinha sido detectada na Lua por um instrumento a bordo da agora defunta Chandrayaan-1, uma sonda da Índia, embora em muito pequenas quantidades e ligada à poeira da superfície lunar.

A água não foi o único composto observado na pluma de detritos do impacto LCROSS.

"Há ali muitas coisas". O que são exactamente esses compostos, ainda não se determinou, mas podem incluir materiais orgânicos que apontariam para impactos cometários no passado.

As descobertas mostram que "os pólos lunares são uma espécie de registo" da história lunar e da história do Sistema Solar, porque estas regiões permanentemente à sombra são muito frias "e isso significa que tendem a capturar e a manter coisas que aí se encontrem," disse Greg Delory, do Laboratório de Ciências Espaciais e do Centro de Ciências Planetárias Integrativas da Universidade da Califórnia, Berkeley. "Por isso contam uma história acerca do clima da Lua e do Sistema Solar."

Dados do espectómetro visível/ultravioleta obtidos pouco depois do impacto, mostrando linhas de emissão (indicado pelas setas). Estas linhas de emissão são compostos na nuvem de detritos.
Crédito: NASA
(clique na imagem para ver versão maior)
 

"Isto é gelo que potencialmente lá esteve durante milhares de milhões de anos," disse Doug Cooke, administrador associado do Directorado de Sistemas de Exploração da NASA em Washington, EUA.

A confirmação que há água na Lua não é o fim da história. Uma questão fundamental ainda por responder é de onde veio. Algumas teorias já foram propostas para explicar a origem da água, incluíndo detritos de impactos cometários, interacção da superfície lunar com o vento solar, e até mesmo gigantes nuvens moleculares passando perto do Sistema Solar, afirma Delory.

Os cientistas também querem continuar a examinar os dados para descobrir em que estado está esta água. Colaprete diz que com base em observações iniciais, é provável que a água gelada esteja intercalada entre partículas de poeira na superfície lunar.

Outras questões que os cientistas querem ver respondidas: que tipos de processos movem, destroem e criam a água à superfície e há quanto tempo lá está, acrescenta Delory.

Os cientistas também estão à procura de uma ligação entre a água observada pela LCROSS e a descoberta pela Chandrayaan-1.

Imagens da câmara no visível, da LCROSS, revelam uma pluma com 6 a 8 km de altura meros segundos após a sonda ter colidido na Lua.
Crédito: NASA
(clique na imagem para ver versão maior)
 

"A sua observação foi inteiramente única e complementar à que fizémos," realça Colaprete. Os cientistas ainda precisam de determinar se a água observada pela Chandrayaan-1 está lentamente a migrar para os pólos, ou se não tem relação.

Em última análise, esta descoberta muda completamente a nossa visão da Lua. Proporciona "uma imagem muito maior e potencialmente mais complicada da água na Lua", do que se pensava mesmo há poucos meses atrás, afirma. "Esta não é a Lua dos nossos pais; este não é um corpo planetário morto."

A NASA planeia enviar astronautas novamente à Lua em 2020, para missões prolongadas na superfície lunar. A descoberta de quantidades utilizáveis de gelo na Lua seria de grande vantagem para esse esforço, dado que poderá ser um recurso local de importância vital para o suporte de uma base lunar.

"A água é essencialmente um dos constituintes de um dos mais poderosos combustíveis para foguetões, oxigénio e hidrogénio," afirma Wargo. A água que a LCROSS detectou "seria água que poderíamos beber, água como qualquer outra água," afirma Colaprete. "Se a conseguíssemos limpar, seria água potável."

O impacto foi observada pela irmã da LCROSS, a Lunar Reconnaissance Orbiter, bem como por outros telescópios espaciais e terrestres. A pluma de detritos dos impactos não foi observada imediatamente e só se revelou uma semana após o impacto, quando os cientistas da missão tiveram tempo de vasculhar pelos dados da sonda.

A NASA lançou a LCROSS (Lunar Crater Observation and Sensing Satellite) e a LRO em Junho.

Links:

Núcleo de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve:
25/09/09 - Água pode agarrar-se à superfície da Lua
30/09/09 - Como os astronautas poderiam "recolher" água na Lua

Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
Sky & Telescope
Astronomy
Universe Today
Universe Today - 2
New Scientist
SPACE.com
PHSORG.com
Spaceflight Now
Scientific American
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Lua:
Núcleo de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve
Wikipedia

LCROSS:
NASA
Wikipedia

Chandrayaan-1:
Página oficial
Wikipedia

Lunar Reconnaissance Orbiter:
NASA
Wikipedia

 
     
 
 
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